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Yakuza - 1ª Temporada

YAKUZA – 1º Capítulo

No mundo existem três tipos de pessoas: as boas, as más e as que você não deve conhecer.

(Hayori Rayako)

Era mais um dia comum. Na verdade, não tão comum com os outros. Naquela manhã o sol se erguia no imenso céu azul, os pássaros cantavam ansiosamente em cima dos telhados, em árvores ou nas fiações dos postes, uma suave brisa refrescava toda a cidade, era o início do verão na badalada cidade de Seoul.

Em Gangnam, um bairro nobre, havia acabado de se mudar uma família para uma enorme mansão, eram os Rayakos. Segundo os comentários de vizinhos, eram japoneses e coreanos, pareciam ser pessoas de boa índole, mas não se socializavam muito, o que despertava ainda mais a curiosidade deles. Apenas observavam, a mulher Seon Wa Rayako era coreana, era realmente muito bonita e refinada, dava para ver em suas roupas que sua conta bancária alimentava a África. O homem, Tetsu Rayako era culto, de poucas palavras, sempre vestia um terno preto. Tinham dois filhos, uma garota, Hayori Rayako e um garoto Jackie Rayako . Hayori era arrogante, mal olhava para os lados quando saia de casa, sempre de nariz empinado, adorava mostrar suas roupas, sapatos e bolsas de marca por ai, já Jackie era diferente, sempre sorrindo, tinha um jeito descontraído, isso aliviava os vizinhos.

Bem longe de Gangnam, em um bairro de classe média, uma família comum, morava em um simpático prédio, a família Lee. A mulher, Chiong Lee era sempre divertida morava com seus dois filhos. O mais velho, Jay Yankee Lee, mais conhecido como Yakee, era um pouco marrento, mas sempre foi uma ótima pessoa, o mais novo Cheng Lee era divertido e transbordava felicidades. Davam-se bem com seus vizinhos, os garotos ainda mais com suas “vizinhas”.

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Seoul é realmente um ótimo lugar para se viver. –se olhando no espelho de seu quarto, Tetsu falava com sua esposa enquanto terminava de abotoar sua camisa-

Seon Wa se aproximou do mesmo:- Qualquer lugar seria bom para nós neste momento, exceto o Japão. –olhava friamente para seu reflexo no espelho-

Tetsu:- Às vezes queria esquecer o sofrimento que essa máfia nos causou. –virou-se para sua esposa para que a mesma pudesse dar o nó em sua gravata- Mas, as marcas estão em meu corpo, essas tatuagens só provam que ela nunca sairá de nós.

Seon Wa sorriu:- Esqueça o sofrimento querido. Você é a Yakuza, e você deve á ela todo o respeito que tem hoje.

Tetsu sorriu:- Você é realmente incrível querida. –deu-lhe um beijo em sua testa- Vamos tomar café com as crianças? –pegava sua maleta-

Seon Wa descia as escadas:- Aposto que estão dormindo ainda. –sorriu-

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Estou gato! Eu sou um gato! –Jackie falava para si se olhando no espelho- As “mina” vão cair matando em cima de mim no primeiro dia de aula.

Se não descer para tomar café, quem vai cair matando em cima de você sou eu. –disse Tetsu que o observava da porta-

Que isso pai? –Jackie colocava rapidamente uma camisa- Me pegou todo desprevenido, quase nu. –pegava sua mochila-

Em seu quarto Hayori terminava de se maquiar.

Filha? –Seon Wa abriu a porta- Desça rapidamente ou irá se atrasar para o primeiro dia de aula.

Hayori a olhou:- Tudo bem mãe, mas… –se levantou- Estou com uma dúvida cruel, qual sapato eu uso? Jimmy Choo? Ou Louboutin

Seria melhor que não usasse nenhum dos dois. –disse Tetsu-

Hayori bufou colocando qualquer um e logo desceu.

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Eu acho que a Rânia ta na sua, irmão! –Cheng falava com Yankee no caminho da escola-

Rânia era vizinha de Yankee, era uma garota muito bonita e atraente, seus longos cabelos tingidos de vermelho cereja deixavam sua pele mais branca do que a neve.

Yankee sorriu:- Você acha mesmo é?

É claro. –Cheng deu um leve tapa em seu ombro- Se você não pegar, eu pego.

Pega nada. –Yankee o empurrou- Estou de olho nela á um bom tempo já. –começou a rir- Já prestou atenção no corpo que ela tem?

Mais é claro. –Cheng ria- Eu não consigo parar de olhar para ela.

Yankee:- Não fala assim da sua cunhada. –riu-

Está apaixonado Yankee? –Cheng parou em sua frente-

Não diria apaixonado. –Yankee desviou seu olhar- Você sabe que para eu cair de amores por uma garota ela tem que ser incrivelmente diferente. Que carrão aquele que parou do outro lado da rua não? –disse mudando de assunto-

Cheng cruzou os braços se colocando do lado do irmão:- São os alunos novos, fiquei sabendo nas férias que são podres de rico.

Devem ser mesmo. –Yankee concordou vendo Hayori descendo do carro- Não entendo muito bem de riqueza, mas usar um sapato de cada par é sinônimo de riqueza? –riu encarando Cheng-

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Hayori e Jackie se despediam de seu pai.

Tetsu:- Vão direto para casa depois da aula.

Hayori olhava:- Pai, essa escola está realmente á nossa altura?

Tetsu entrava no carro:- Mas é claro que está. –fechou o vidro.

Jackie e Hayori atravessavam a rua.

Jackie:- Quantas garotas doces.

Bando de pobre. –disse Hayori irritada- Não sou obrigada á conviver com esse tipo de gente.

Jackie:- Lá vem você com esse papinho de novo, nojenta!

Cheng os olhava:- Realmente a garota está com um sapato de cada par. –riu-

Hayori e Jackie passaram por Yankee e Cheng.

Yankee olhou Hayori por alguns segundos, o suficiente para reconhecê-la se a visse novamente. Não tinha um corpão como o de Rânia, e nem era tão bonita e atraente, mas tinha algo nela que despertou a curiosidade do mesmo.

Já Hayori não reparou em nenhum detalhe, olhava apenas para si, caminhou para o corredor afim de char sua sala de aula sem ao menos olhar para os lados.

Estou indo para a minha sala. –disse Jackie ajeitando seu moletom-

Hayori:- Olha como as pessoas nos olham. –sorriu maliciosamente- Se soubessem quem realmente somos…

Você não vai querer terminar essa frase vai? –disse Jackie a interrompendo- Te encontro no final da aula.

Hayori respirou fundo e entrou em um corredor. Procurava seu nome nas listas.

Ei? –uma garota a chamou- Você deve estar um pouco perdida não?

Hayori pensou em xingá-la, mas após observar tudo o que a garota usava, sorriu ao ver Galliano, Jeremy Scotty, Dior entre outras marcas.

Sim, estou. –respondeu-

Qual é seu nome? –a garota perguntou-

Hayori, Hayori Rayako. –sorriu-

A garota deslizava suas enormes unhas em um papel que estava pregado na parece.

Sou Xenghua. –disse- Estamos na mesma sala de aula. –olhou para Hayori- Prazer em conhecer você.

As duas saíram rindo e entraram na sala de aula.

Aqui é realmente uma escola de elite? –disse Hayori se sentando em sua carteira-

Xenghua se sentou ao seu lado:- Sim, mas tem muitos bolsistas por aqui.

Maldição. –Hayori resmungou- Sou contra essa miscigenação de classes. –cruzou seus braços-

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Te vejo no intervalo então. –disse Yankee a Rania-

Rania sorriu:- Eu venho te buscar aqui. –acenou e saiu andando-

Yankee se virou entrando em sua sala.

Esse por exemplo. –Xenghua abria seu caderno- É um bolsista-

Dessa vez Hayori observou Yankee por alguns instantes, vestia roupas largas e de marcas desconhecidas.

Dá pra ver na cara, ou melhor, na roupa dele que é um bolsista. – caiu na risada-

Sem entender Yankee sorriu para a mesma e caminhou para o fundo da sala.

Ele riu pra gente? –Hayori perguntou com desprezo-

Xenghua:- É acho que ele riu pra gente.

As duas caíram na risada.

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Como foi o primeiro dia de aula? –Tetsu perguntou sentado no centro da mesa-

Jackie colocava um pouco de salada em seu prato:- Foi divertido pai, fiz alguns amigos, eles me chamaram para jogar basquete toda terça e quinta.

Quem bom meu filho. –disse Seon Wa que bebia um pouco de suco-

Você não irá dizer nada filha? –Tetsu encarou Hayori-

Hayori:- Fiz uma amiga. –sorriu- E ela é bem rica.

Tetsu:- Riqueza não é sinônimo de lealdade.

Claro que é pai. –Hayori comia seu peixe- No meu aniversário ela vai me dar um Valentino, ou então uma viagem para o Hawaí, o que os bolsistas vão me dar? Uma caixa de chocolate?

Tetsu:- Às vezes acho que criei um mostro.

Aprendi com o chefão deles. –Hayori o encarou-

Tetsu:- Se está se referindo a mim, saiba que isso não me atingiu.

Quantas vezes teremos que mudar de escola novamente? –Hayori aumentou seu tom de voz- Quantas vezes teremos que fugir, porque você pai, você é um criminoso!

Tetsu se levantou batendo na mesa:- Vá para o seu quarto agora.

Espantada Seon Wa os olhava.

Fumei maconha hoje. –Jackie logo soltou-

Tetsu o olhou:- O que é isso que acabou de dizer?

Jackie riu:- Foi apenas uma brincadeira para descontrair todo esse caos.

Está de castigo para aprender á não brincar com esse tipo de coisa. –Tetsu o olhou friamente-

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Não sei por que irritar o nosso pai daquele jeito. –Jackie falava deitado em sua cama rebatendo uma bola de basquete na parede-

Eu fiquei irritada. –Hayori lixava suas unhas- Já parou para pensar quantas vezes mudamos de país? Eu não agüento mais, eu não crio vínculos com ninguém, não crio laços.

Jackie:- Agora estou de castigo, sem internet e sem vídeo-game.

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Como estão indo as coisas Kataiama? –Tetsu falava com um de seus homens ao celular- Quero o relatório contábil no final do mês. –tragava seu charuto olhando a movimentação pela janela- Não diga onde estou, mas diga que estou observando tudo. –desligando-

Pai? –Hayori abriu a porta-

Tetsu a olhou:- Você ainda não foi dormir? Amanhã tem que levantar cedo.  –se sentava em sua mesa guardando algumas pastas em uma gaveta-

Pai. –Hayori o encarou- Me desculpe por hoje. O senhor não é um criminoso, e eu sei que o que faz é para o nosso bem e para nos proteger.

Tetsu a olhou:- Eu era exatamente como você quando era jovem. Não pedia desculpas à toa e nem perdoava qualquer um, mas quando pedia eram desculpas sinceras, e eu sei que está sendo sincera.

Hayori fez uma reverência:- Boa noite.

Tetsu: Hayori?

Hayori o olhou atentamente.

Tetsu:- As pessoas têm aquilo que merecem, as pessoas colhem o que plantam, tanto pessoalmente, profissionalmente e financeiramente. Boa noite.

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Acreditando ou não, a desigualdade social sempre existirá. –falava a professora em sua aula de geografia- Poucos com muito e muitos com poucos.

Acredito que as pessoas têm aquilo que merecem. –Hayori logo soltou-

Como? –a professora se levantou indo em sua direção- Explique seu ponto de vista.

Meu pai me disse que as pessoas colhem o que plantam, tanto profissionalmente, quanto pessoalmente ou financeiramente. –disse Hayori-

A professora a olhava:- Vendo por este ângulo ele está certo senhorita Hayori, mas isso não justifica que devemos concordar com a desigualdade social.

Discordo. –disse Hayori.

Ao ouvir a palavra “discordo” Yankee que estava rabiscando uma folha voltou sua atenção totalmente para Hayori.

O meu pai é extremamente rico e poderoso, e ele cultivou isso desde cedo. –continuava Hayori- Como eu disse, as pessoas têm o que merecem o que cultivam. Algumas nasceram para ser pobres, para que outras sejam tão ricas. –sorriu olhando para Xenghua-

Professora:- Você precisa de um psicólogo.

Não eu não preciso. –Hayori a interrompeu- Preciso daquilo que o meu pai cultivou para mim, escola com ótimos professores e alunos de classe alta, não bolsistas como eu vejo por aqui.

Qual é o seu problema garota? –Yankee se levantou-

Hayori sorriu:- Eu não tenho problema algum. Já você…

Nojenta. –Yankee a interrompeu- A desigualdade social e metade dos problemas do mundo existem porque pessoas como você e seu pai habitam a terra.

As pessoas olhavam assustadas para os dois.

Garotos! Vamos parar com isso. –a professora tentava os acalmar.

Não! –Hayori se levantou- Eu não vou parar- Lave a sua boca suja antes de falar do meu pai, você não sabe quem ele é você não sabe quem eu sou.

Yankee:- Tanto faz você e seu pai não merecem o mínimo do meu respeito.

Hayori:- Se o conhecesse o respeitaria até a morte. –olhou para a professora- Deviam ver bem os alunos que entram nessa escola, este garoto está a ponto de me agredir. –soltou uma risada-

Xenghua puxava seu braço:- Hayori é melhor você abaixar seu tom de voz.

Se estiver tão incomodada saia da escola você. –disse Yankee-

PAREM OS DOIS. –a professora bateu com a régua no quadro-

Eu quero que ele me peça desculpas, afinal ele se sentiu ofendido com razão, mas eu o ofendi indiretamente, já ele me ofendeu diretamente, então ele começou. –disse Hayori se sentando-

Você está de brincadeira, só pode. –disse Yankee revirando seu solhos-

Eu vou dar a minha humilde opinião. –disse Jun um garoto que se sentava no fundo da sala- Na verdade foi a professora quem começou o assunto que é matéria de prova, então a culpa é dela, ela deve te pedir desculpas. –alterava seu tom de voz- ENTÃO POR FAVOR, SERÁ QUE VOCÊS PODEM PARAR!? EU QUERO TER AULA! EU QUERO SER ALGUÉM NA VIDA, ESTOU CULTIVANDO MEU FUTURO, VOCÊS PODEM RESPEITAR ISSO?

Hayori e Yankee permaneceram em silêncio.

Jun se sentava:- Obrigado.

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A garota é nojenta, é mesquinha. –Yankee falava com Rânia e Cheng enquanto caminhava para a mesa do refeitório- Ela falou com um desprezo dos menos favorecidos. Eu não pude ficar quieto. –se sentava-

Rânia se sentou ao seu lado:- Você está um pouco tenso. –precisa relaxar. –segurou em sua mão-

Yankee puxou sua mão se sentiu um pouco desconfortável.

Eu não admito esse tipo de comportamento. –Yankee continuava- Não na minha frente.

Você está falando de mim? –disse Hayori que passava por ali-

Yankee se levantou a encarando:- É de você mesma, sua fresca.

Hayori abaixou seus óculos escuros o analisando:- Você é desprezível, e outra, ridículo.

Ridícula é você. –Yankee se aproximou da mesma- É preconceituosa, preconceito é crime sabia? –riu- É claro que você não sabia não é? Sua mente é pequena de mais, deve completar apenas com assuntos de moda e beleza.

Eu sou extremamente inteligente se você quer saber. –disse Hayori se aproximando ainda mais de Yankee.

As pessoas pararam de fazer suas refeições para assistir o tal “showzinho”. Os dois estavam tão próximos, que podiam quase se tocar.

Não estou nem um pouco a fim de saber da sua extrema inteligência. –Yankee deu um leve sorriso de canto- Eu tenho nojo de você.

Hayori que pensou em sair andando se aproximou mais:- Eu é que tenho nojo de você, de todos vocês. –apontava para Cheng e Rânia que estavam sentados na mesa-

Você não vai calar a sua boca? –Yankee segurou forte em seu pulso-

Um pouco nervosa Hayori tentou puxar seu braço, mas não teve sucesso.

As pessoas não me mandam calar a boca assim tão fácil. –disse ela ironicamente-

Cala a boca dela Yankee! –Cheng gritou empolgado-

Yankee puxou Hayori para si fazendo com que seus corpos ficassem extremamente colados.

É parece que ela quer que eu faça isso. –sorriu maliciosamente-

Hayori engoliu em seco, enquanto encarava Yankee.

Com raiva e um pouco curioso Yankee se aproximou beijando Hayori a força.

Hayori o empurrava, mas ele a segurava tão forte que ela não conseguia pará-lo, ou melhor, ela não queria que aquele beijo parasse.

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