Último Capítulo Parte 1 – Filho Amado
FILHO AMADO.
CAPÍTULO 80 PARTE I( ÚLTIMO CAPÍTULO).
Noronha, chocado: Você matou…Não acredito, foi você quem deu aqueles golpes de enxada na minha mãe?
Betânia ri: Não, eu nem tenho força pra levantar uma enxada, Noronha! Eu envenenei um certo bolinho, sabe…Pra matar um certo homem…
Noronha mata a charada: VOCÊ MATOU O CHICO BRANCO! ENTÃO FOI VOCÊ E NÃO O ÉSSIO!
Betânia confirma: Isso mesmo, tudo pra te ajudar! Lembra que naquela noite você saiu furioso do banheiro e me encontrou? Me lembro como se fosse ontem!
FLASHBACK.
Festa do Pequi há 22 anos atrás/ Noite.
Noronha começa a chorar de ódio: A culpa não foi minha- Fala pra si mesmo- Foi o Éssio, ele é o culpado de tudo- Ele sente uma tontura- É aquilo, Bruno, aquele ódio que faz minha pressão subir, eu não sei o que sou capaz de fazer…
Bruno leva Noronha até uma cadeira: Calma Noronha, eu vou pegar uma coisa pra beber, você não pode deixar esse ódio tomar conta da sua mente.
Noronha, ficando louco: Não tenho como controlar, Bruno, primeiro eu vejo a Aurora com o Éssio, depois minha mãe tenta me matar, meu pai teve um troço… EU NÃO CONSIGO MAIS ME CONTROLAR- Ele põe as mãos até a cabeça.
Bruno tenta conte-lo: Fique calmo, esse estresse todo não vai adiantar de nada, foram horríveis incidentes, eu sei, mas nessas horas temos que agir com calma, vou pegar uma água pra você- Ele sai e passa voando entre a multidão de gente que ainda estava no estádio.
Noronha resolve dar uma volta para esfriar a cabeça, ele anda até que chega no banheiro do estádio, resolve lavar o rosto e o ferimento.
Chico Branco o cutuca: Com licença, você sabe me dizer o que aconteceu na festa? É que eu vim olhar as barracas aqui pra ver se tinha alguma coisa boa pra comer e quando voltei tinha uma multidão espalhada aqui fora…O que aconteceu no estádio?
Noronha se olha no espelho: Por favor, meu amigo, não fale comigo, peça explicações a qualquer outro…Mas me deixe em paz- Ele continua lavando o rosto.
Chico Branco insiste: Eu só queria uma informação mesmo- Ele repara no braço de Noronha- O que aconteceu aqui com o seu braço? Eu posso te ajudar?
Noronha explode: NÃO FALA COMIGO, POR FAVOR- Ele empurra o politico, que cai no chão, assustado com a agressividade do rapaz.
Chico, boquiaberto: Mas o que é isso? Eu não lhe fiz nada!
Noronha está descontrolado: CHEGA! CHEGA- Ele sai correndo do banheiro e acaba esbarrando em Betânia, que está com um drink.
Betânia, preocupada: O que aconteceu, Noronha?
Noronha a abraça: EU VOU MATAR ELE, EU VOU MATAR ELE!- Ele respira ofegantemente.
Betânia se aproveita do abraço: Calma…Calma, eu vou te ajudar, o que tá acontecendo?
Noronha, sem controle: Eu vou matar ele, Betânia. Ele me paga. ME PAGA- E sai correndo de novo.
Betânia, sem entender: Mas de quem ele tava falando afinal? Gente, o Noronha tá sem freio, preciso fazer alguma cois…- Ela vê Chico Branco saindo do banheiro- Só pode ser esse político idoso que tá mexendo com o meu Noronha…Infeliz…- Ela o observa.
Chico, destruído: Deus do céu, aquele rapaz quase me matou sem eu fazer nada pra ele…Deve ser mais um dos que tem problemas psicológicos dessa cidade…- Ele sai lentamente- E ainda não achei nada decente pra comer.
Betânia, furiosa: Ele está querendo prejudicar Noronha de alguma forma, preciso impedir que algo aconteça com o meu homem- Ela vai até a barraca de bolinho e vê que está vazia, entra no local e nota que alguns bolinhos sobraram na cesta- Se ele ainda não achou nada pra comer, agora achará- Ela vê o veneno embaixo da tenda- Já sei o que fazer…
Mostra a cena de Betânia pegando um bolinho e envenenando ele. Depois ela vai até o político e conversa um pouco com ele, e lhe oferece o alimento.
VOLTA A CENA.
Noronha, chocado: Eu não acredito que você envenenou aquele bolinho…Mas como o Éssio está sendo incriminado? Dizem que tem uma foto dele com o veneno!- Ele raciocina- Já sei o que aconteceu…Ele levou o veneno até a barraca mas não o colocou em nenhum bolinho porque não teve tempo e saiu…Depois você voltou lá e fez o serviço sujo!
Betânia ri: Exatamente…Você é tão esperto, meu amor, agora sabe que fiz tudo pra te ajudar. Pro seu bem.
Noronha, grosseiro: Idiota, eu acabei sendo incriminado e sai fugido da cidade por sua culpa, toda essa história da fuga foi culpa sua! E ainda quer bancar a heroína como se tivesse me feito um favor?! Quando eu falei que queria matar “ ELE” era o Éssio e não o Chico, eu e ele discutimos no banheiro mas não foi nada demais….Você entendeu tudo errado, e ainda estragou os meus planos.
Betânia implora: Eu fiz essa ação pra te ajudar porque jamais penso no seu mal, aliás, eu só penso bem de você…Eu te quero- Ela se aproxima de seus lábios.
Noronha, furioso: EU NÃO TE QUERO! E tem mais…É…- Ele abre um sorriso- Nós vamos até a delegacia e você vai se entregar, pra ajudar o Éssio, ele tá prestes a ser executado por ter três crimes na bagagem, mas como considero isso uma confissão, creio que Éssio só tem dois crimes, então não pode ser morto- Ele a pega pelo braço- Vamos lá, agora!
Betânia: Não vou me entregar, e nem estragar a minha vida! Eu tentei te conquistar e deveria ser valorizada porque fiz muita coisa por você, Noronha, mais do que Jasmonga e Aurorinha Sem Sal. Mas quer saber? Agora tá aí o seu castigo por me rejeitar, seu irmão vai morrer! Se bem que não é um castigo…Já que você odiava ele pelo que me lembro!
Noronha, em lágrimas: Eu mudei, Betânia. Agora eu quero salvar o Éssio porque nos arrependemos juntos, e assim como eu, ele merece outra chance! VAMOS PRA DELEGACIA!
Betânia nega: Não, a menos que me dê algo em troca, algo que eu queira. Já que “ mudou” tanto assim, está disposto a tudo pra salvar seu irmão, né? Então me realiza, me dá uma noite de amor que eu me entrego depois e sou presa, posso mofar lá, mas me sentirei uma mulher completa.
Noronha, desesperado: Não tenho tempo pra isso, Betânia, eu preciso ir o mais rápido possível antes que os policiais tomem uma medida mais drástica com o Éssio!
Betânia se aproxima dele: Só um beijo então…Um longo e demorad…- Noronha a beija por um minuto, e ela acaba se envolvendo.
Depois, ele limpa a boca: Satisfeita?! Agora vamos!
Betânia, sem pressa: Você beija muito bem, Noronha, pra quê tanta euforia? O Éssio pode esperar…- Diz, sorrindo.
Noronha a pega pelo braço com toda a força: Vamos lá imediatamente, não estou brincando, e nem ouse me passar a perna, ou não sabe do que sou capaz- Ele abre a porta do escritório e sai com ela.
Na sala, Bruno e Margot continuam conversando mas param pra ver a cena.
Bruno: Algum problema, Noronha?
Noronha sai segurado a Betânia sem responder.
Margot: Não sei porque mas antipatizei com essa tal de Betânia- Diz.
Estradas do Mato Grosso/ Dia.
Clécio está no banco de trás com Aurora e Caio enquanto um dos capanga dirige e o outro fica atento para caso algum perigo apareça.
Capanga1: Nós vamos nos instalar em que hotel de Cuiabá?!
Clécio, firme: Calma, eu tinha bastante dinheiro na minha conta e dará pra ser em uma casa num condomínio bem distante em Cuiabá, deixo vocês dois ficarem lá por um mês e depois se virem…Até lá já estarei na minha nova vida com Aurora e mamãe, que está no porta-malas!- Ele beija o pescoço de Aurora que chora.
Capanga2 que está dirigindo: E esse garoto?- Ele olha para Caio rapidamente- O que faremos com ele?
Clécio ri: Relaxa, eu tô pensando em um ótimo destino pro menino aqui- Ele acaricia o cabelo de Caio- Agora acelerem porque quero chegar na capital o mais rápido possível e sem passar por qualquer tipo de pedágio ou teremos de abrir o vidro da janela e irão perceber o que está acontecendo…Estamos protegidos pelo vidro escuro por enquanto.
Aurora e Caio estão aterrorizados.
Em frente a casa de José do Gado/ Dia.
Jasmine percebe que não há ninguém no carro e olha a redor: Mas onde eles se meteram?- Ela nota que a porta foi deixada aberta e vê o brinquedo que Caio carregava caído no chão próximo ao veículo- Meu filho…Cadê o Caio? Cadê ele?
Lá dentro…
Marinez, séria: Você mandou me chamar e não queria que ninguém soubesse…Por quê?
José lhe mostra algo: Meus remédios…Eu resolvi comprar uma nova leva.
Marinez: Ué, mas você não tinha comprado? Não entendo…
José, em tom triste: Eu tinha desistido de viver, Marinez. Aquele dia que você me contou sobre a troca de remédios, joguei todos os verdadeiros no vaso e dei descarga. Eu tava disposto a acabar com minha vida da pior maneira possível, mas de uns dias pra cá pude perceber que ainda não era hora…Eu quis recomeçar e…Tava conversando com a Conceição…Ela me sugeriu que eu comprasse isso daqui- Ele lhe mostra um anel- Pra você. Eu quero você de volta pra minha vida Marinez, porque sem a sua presença aqui não sou nada…Me senti vazio e oco, sem minha mulher e minha filha, e tomei essa atitude. Cê tá disposta a voltar pra mim? Ou será que…Nosso amor morreu definitivamente?
Marinez observa o anel, mas o joga pra cima: É tudo o que eu mais quero, e não é necessário anel nenhum pra me convencer- Ela o beija- Me desculpa se falhei como esposa…
José nega: Nada disso, quem falhou fui eu, e cheguei ao ápice depois da eleição. Mas prometo que agora sou outra pessoa, Marinez, aquele velho José por quem você se apaixonou- Eles se beijam.
Conceição repara: Finalmente, meus patrões se acertaram e espero que a casa fique cheia novamente!- Ela sorri- Os dois formam um casal tão lindo!
Jasmine escancara a porta da sala, rompendo com a cena de amor: Alguém sequestrou a Aurora e o Caio!- Diz, aos prantos.
Marinez, surpresa: O quê?
Jasmine conta: Um dos vizinhos viu e veio falar comigo, ele falou que era um homem que morava aqui antigamente…Ele pegou a Aurora e o meu filho, levou eles pra um carro com a ajuda de outros homens!
José e Marinez se entreolham: Clécio.
Jasmine, apavorada: Temos que fazer alguma coisa…
Casa em Cuiabá/ Exterior.
Clécio desce, ele e os outros homens levam Aurora e Caio pra dentro da casa, depois voltam para buscar Taléfica, que estava no porta-malas do carro.
Dentro da casa….
Clécio coloca Aurora e Caio no chão e tira a mordaça da boca dos dois: Nosso novo lar, querida.
Taléfica é jogada perto dos outros dois reféns, Clécio faz o mesmo com a mãe.
Aurora, desesperada: SOCORRO! SOCORRO!
Clécio ri: Coitada…Pode gritar até perder a voz, nós somos os primeiros a habitar esse condomínio. Estamos sozinhos. Você não tem a quem recorrer. Apenas aceite.
Aurora: Não faz esse terror comigo, Clécio, e nem com o Caio. Leva ele de volta, o menino não tem culpa de nada e não merece estar aqui!
Clécio olha pra Caio: Ele terá sua serventia!- E sorri, maléficamente.
Aurora, furiosa: Você não vai fazer nada com a gente, seu maníaco, alguém vai aparecer aqui e nos salv…Ai…Ai minha barriga…
Clécio repara na barriga de Aurora: Não me diga que você está…Grávida? Eu vou ser pai? Eu não tinha reparado nisso, mas agora que você falou, mas que felicidade! Vou ser papai, até o destino está a nosso favor, só resta você enxergar a realidade- Ele aperta a boca de Aurora- Seremos a família mais feliz da redondeza!
Caio, irritado: Solta ela! SOLTA!
Clécio: Ah, você é tão bonitinho ficando irritado….
Aurora: Não encosta um dedo nessa criança! Tira a gente daqui, se você não fizer isso vai acabar se dando mal porque agora eu e Noronha estamos juntos, ele vai morrer céus e terras pra me achar e te colocar na cadeia que é o lugar que merece ficar!
Caio: É verdade, meu pai vai nos salvar…
Clécio debocha: Ah, resolveu se unir com seu amor do passado? SÓ QUE EU CONSEGUI TE FISGAR PRIMEIRO, EU FIQUEI CASADO COM VOCÊ, ENTÃO EU SOU O SEU MARIDO E NÓS VAMOS SER FELIZES CUSTE O QUE CUSTAR, NEM QUE EU PRECISE MATAR ESSE IDIOTA DO NORONHA COM AS MINHAS PRÓPRIAS MÃOS.
Caio começa a chorar.
Taléfica, furiosa: Você é a pessoa mais podre que eu conheci, Clécio…E pensar que troquei suas fraldas, te eduquei, tudo em vão pra acabar criando um monstro! Me tira daqui, você já quebrou qualquer direito de um ser humano ao…Você sabe…Abusar de crianças, e agora não tem um pingo de moral pra falar em família feliz e pregar esses seus discursos patéticos pra cima da Aurora! Você merece a morte, isso sim, me dói muito dizer mas é o necessário pra certas pessoas…E nada mais posso fazer, Clécio, apenas rezar pra que seu plano dê errado!
Clécio lhe dá um tapa: Cala a boca, ingrata! Medíocre, gananciosa, quem não tem moral aqui é você que sempre pensou em dinheiro e em mesquinharia…E agora vem com esse sermão?
Taléfica. com o rosto inchado: Depois que saiu lá de casa, eu me tornei outra pessoa, Clécio, e agora sei o valor que temos de dar, acima de tudo, a dignidade e honestidade. Eu paguei minha divida com a sociedade, e com Deus. Mas o que mais me machuca não são os seus tapas…E sim saber que você é meu filho- Ela começa a chorar.
Casa de Noronha/ Tarde.
Helder está no sofá quando Ema se aproxima.
Helder assiste a um jogo de futebol: Mas gente, que juiz horrível, qualquer um consegue ver que foi IMPEDIMENTO CLARO!
A madre está no outro sofá, lendo um livro.
Ema desliga propositalmente a tv: Preciso falar sobre uma coisa que achei…
Helder, irritado: Fala logo, é sobre o romance do Bruno com a Margot?
A madre Costa fecha o livro: Como assim romance? Ela é uma noviça e não pode perder a pureza e se jogar nesse mundo cruel!
Ema: Não é sobre a Margot…
Costa se levanta: Eu irei falar com aquela menina, bem suspeitei da empolgação dela com essa viagem, mas não permitirei romance nenhum!- Ela sai, furiosa a procura do casal.
Ema tira algo do avental: Agora que ela foi, acho que já posso perguntar, de onde saiu tanto dinheiro assim?- Ela mostra as notas- E quem é esse tal João de Oliveira?
Helder fica vermelho: É…O…O dinheiro? Bem eu…- O telefone toca antes que ele responda.
Ema pega: Não pense que nossa conversa parou por aqui- Ela atende- Alô? Isso mesmo aqui é da casa dele…Como é? Ai que boa notícia! Tudo bem…- Ela desliga.
Helder, curioso: Boas novas?
Ema, feliz: O detetive Américo acordou e quer falar com alguém.
Cuiabá/ Casa provisória onde Clécio e os outros estão/ Dia.
Aurora, Caio e Taléfica estão na mesma situação. Clécio conversa com a dupla de bandidos quando de repente se aproxima da criança e lhe tira a mordaça novamente.
Clécio levanta o garoto: Você vem comigo pra um lugarzinho especial…
Aurora implora: Não faz nada com ele…NÃO, CLÉCIO!
Clécio, irritado: Quieta, querida esposa, não intrometa a sua opinião nos meus assuntos a menos que eu peça! Fique aí fazendo companhia pra mamãe que resolverei meus assuntos…
Aurora, chorando: Ele não pode fazer isso…O Clécio não pode traumatizar o Caio!
Em frente a casa de José do Gado/ Manhã.
A polícia percebe um rastro de óleo do carro que havia sequestrado Aurora e os outros.
Policial: Não se preocupe, esse rastro é extenso e poderá nos ajudar, vamos contatar a polícia de Cuiabá para nos ajudar, agora que nos deram a descrição e que esse vizinho deu o testemunho, as chances de encontrar os sequestrados cresceram- Otimiza.
Jasmine está devastada: Obrigado…Por favor façam o possível- Ela tenta ligar pra Noronha- Ele não atende, vou falar com a minha tia- Ela disca.
Marinez e José do Gado estão apavorados.
José: Aquele desgraçado que não ouse fazer mal nenhum a minha filha! Pedófilo, nojento!
Jasmine escuta: Como é? Você disse pedófilo?
Marinez confirma: Isso mesmo, Jasmine…O Clécio foi preso porque abusava das crianças, eu sinto muito, você vai ter que ser forte.
Jasmine deixa o celular cair no chão, está trêmula.
O carro de Noronha estaciona em frente a cadeia, ele e Betânia descem.
Lá dentro…
Mafalda abre a porta da cela onde estão Éssio e Lara e o chama.
Mafalda, com a arma: Vamos Éssio, chegou sua hora!
Lara, apavorada: O que você tá querendo dizer com isso?
Mafalda explica: Resolvemos que, para o bem de todos, e para o maior conforto da polícia, vamos executar o Éssio.
Éssio fica perplexo: Não, por favor, isso não…
Mafalda, séria: Não adianta suplicar porque depois dos seus três crimes, é hora de pagar e acertar as suas contas, infelizmente terá de ser com a sua vida mesmo!- Ela traz a cadeira de rodas, Éssio senta nela, e é levado.
Lara fica apavorada; NÃO, VOCÊS TEM QUE DAR UMA CHANCE A ELE, NÃO PODEM AGIR DESSA MANEIRA!- Ela balança as grades- VOLTA AQUI!
Éssio é levado até uma sala especialmente preparada pra isso.
Lá fora…
Noronha ativa o alarme do carro: Já perdemos tempo demais com isso, vamos…
Leopoldo e Alminha aparecem.
Leopoldo, desesperado: Você também soube o que aconteceu com a Lara, Noronha?
Noronha se vira: A Lara foi presa? Eu suspeitava disso…- Ele se dirige a Betânia- Vamos entrando porqu…- Não há mais ninguém lá- Betânia? BETÂNIA?
Alminha conta: Enquanto você falava com a gente ela virou a esquina correndo…O que aconteceu?
Noronha, furioso: Aquela traidora, vagabunda, a vida do Éssio não pode se perder por conta das atitudes da Betânia, ela não vai fugir por muito tempo…Até lá preciso enrolar os policiais- Ele entra correndo na cadeia.
Leopoldo e Alminha se entreolham: O que tá acontecendo?- Diz ela. Os dois seguem o sobrinho.
Na recepção….
Noronha, apressado: Aonde está a delegada Mafalda? Tenho assuntos urgentes com ela.
Um dos policiais avisa: Tanto ela quanto o Godofredo estão em uma missão especial para executar um detento, e não podem ser incomodados. Eles se encontram na sala 408 mas o acesso é restrit…- Noronha sai correndo pelos corredores ao ouvir aquilo, e como não há nenhum guarda, consegue passar.
Dentro da sala 408…
Éssio está virado de costas, com mãos e pés algemados. Triste, mas não chorando. Os policiais conversam um pouco e decidem que a própria Mafalda, por ter se dedicado tanto ao caso, iria atirar em Éssio.
Godofredo suspira: Eu sinto quando uma pessoa está arrependida, o Éssio está. Pena.
Mafalda, fria: Pena? Esse homem é um criminosos e tenho certeza que por trás dos olhinhos triste e a expressão de arrependimento, tem sentimentos cruéis e perversos. Deve ser o típico psicopata, e você ainda diz que tem PENA? Godofredo, cadê a frieza necessária pra ser um delegado? “ PENA”! Essa é boa- E ri.
Godofredo, tristonho: Se você pensa assim- Ele diminui as luzes- Wagner e Adams, saiam, apenas eu e a delegada ficaremos aqui caso algum imprevisto ocorra- Ele repara em Éssio virado de costas.
Mafalda coloca o equipamento necessário pra atirar: Vamos acabar logo com isso. Sem drama e chororô.
Wagner e Adams abrem a porta e saem, Godofredo vai tranca-la quando Noronha a escancara: Não façam isso, pelo amor de Deus!- Clama.
Mafalda se irrita.
Cuiabá/ Casa provisória de Clécio.
Clécio leva Caio até um comodo.
Caio, desesperado: Solta a Aurora e a outra mulher, agora!- Exige.
Clécio se aproxima de seu rosto: Você é tão bravinho, desse tamanho e com essa atitude? Não se preocupe, vou te acalmar de um jeito muito especial- Ele tapa a boca do menino, que continua gritando.
Aurora chora.
Enquanto isso, a polícia continua seguindo o rastro dos bandidos, mas a marca de óleo na estrada havia acabado em um ponto. José estava acompanhando as investigações junto com Marinez, Jasmine e agora Josélia junto com Benê, que haviam chegado para dar apoio.
Jasmine se abraça a tia: Tem alguma coisa muito séria acontecendo com meu filho…Eu sinto!
Josélia a acalma: A polícia vai conseguir resgatar Caio e Aurora, não se preocupe. Vamos orar e ser fortes.
Cadeia Municipal/ Dia/ Interior/ Sala 408.
Noronha, ofegante: Por favor, me escutem, eu tenho um pedido a fazer.
Mafalda, seca: Chega disso, vamos acabar com essa história que só trouxe dor e sofrimento a todos! Não quero ouvir as suas palavras, senhor Dávila, aliás você deveria estar muito feliz porque estamos livrando o seu nome de assassino!
Noronha fecha a porta, a sala fica escura: Mas vocês vão ter que me escutar, não estou desacatando ninguém, só quero fazer um simples pedido.
Mafalda: Mas nós já sabemos que pedido é esse, não adianta tentar nos convencer do contrário, Noronha!
Godofredo se estressa: CHEGA, Mafalda! Eu quero escuta-lo sim e ele tem esse direito perante a minha autorização, EU sou o delegado principal.
Mafalda larga a arma: Tudo bem, se você prefere assim…Acho que ninguém tem competência pra ser policial aqui.
Noronha suspira: Por muito tempo eu tive ódio do Éssio, achava que por conta dele, eu nunca tinha conseguido o sucesso que me era de direito. Pra mim ele tinha acabado com a minha vida, jogou a minha própria mãe contra mim, estava disposto a me vingar. Cheguei aqui e esfreguei na cara de toda a família minha fortuna, meu prestígio, meu poder. Me candidatei e venci, outra forma de mostrar que eu dominava a situação, mas eu não queria só isso, e sim ver o Éssio e a Anna e ruínas, me obedecendo. Como se eu fosse um chefe. Só que depois de tudo isso, depois de tanta humilhação, tapas, derrubões, maldades…Eu percebi que nada disso adiantava porque eu havia me tornado uma pessoa tão cruel como aquele Éssio era no passado. Paguei com a mesma moeda, e me arrependo disso. E hoje eu tô aqui, tentando salvar meu irmão porque ele se arrependeu muito, assim como eu. Se eu tô livre, ele merece estar mesmo que seja daqui há alguns anos. Só quero que o Éssio pague pelo que fez mas em vida.- Ele se emociona- Por favor, não matem meu irmão! Mesmo que tenha cometido os crimes, não cabe a mim, e nem a vocês tirar a vida dele. E sim a Deus. Nós não podemos fazer justiça e nem nos sobrepor a justiça divina. Não o matem. Não estou defendo o Éssio, só não acho justo ele pagar com uma coisa tão preciosa que não foi dada por nenhum de nós aqui, que é a própria vida.
Éssio, que está virado de costas, começa a chorar.
Mafalda, séria: Eu discordo, se nós podemos fazer a justiça, faremos sim! Chega de papo meloso, já cansei disso. Foi um belo discurso, sei que criou amor pelo seu irmão, mas ele destruiu a vida de muita gente que amavam aquelas pessoas que ele matou! Isso é justo, Noronha? NÃO, A VIDA NÃO É JUSTA! E SE EU TENHO O DIREITO DE FAZER JUSTIÇA, FAREI!
Godofredo está emocionado: CHEGA, Mafalda. Executar um criminoso quando ele tem três crimes é algo opcional, só fazemos se realmente for necessário. Eu percebi o arrependimento do Éssio, a emoção do Noronha ao falar do irmão.
Noronha, chorando: E ele não matou o Chico Branco, não é o culpado, foi tudo um terrível engano e achei a verdadeira culpada! O Éssio só tem dois crimes, como vocês se sentiriam se descobrissem que mataram uma pessoa que…
Mafalda pega a arma: RIDÍCULA ESSA SUA TENTATIVA DE DEFENDER O CRIMINOSO QUE ESTÁ ALI NA FRENTE! JÁ DESCOBRIMOS QUE ELE MATOU O CHICO BRANCO, NÃO TENTE NOS CONTRARIAR!- Ela aponta para Éssio- FIM DE LINHA PRA ELE!
Godofredo: MAFALDA, NÃO FAÇA ISSO!
Noronha a impede: Eu não tenho provas, mas vocês tem que acreditar em mim, o Éssio é inocente, não merece isso, eu tô falando isso com toda a verdade possível! Por favor, acreditem!- Ele chora incondicionalmente- PELO AMOR DE DEUS EU NUNCA ROGUEI ASSIM NA MINHA VIDA, EU AMO O ÉSSIO, ME SINTO CULPADO POR TUDO O QUE FIZ E NÃO POSSO VER ELE NESSA SITUAÇÃO POR MINHA CULPA!
Éssio grita: Não é culpa sua, Noronha!
Noronha, ajoelhado: É SIM, ÉSSIO! VOCÊ ESTÁ NESSA CADEIRA DE RODAS POR MINHA CULPA, EU QUIS FAZER JUSTIÇA, TE TIREI O DIREITO DE ANDAR MAS A VIDA NÃO VOU PERMITIR QUE LHE TIREM!
Mafalda chuta Noronha pra longe: Chega, ninguém está pensando nos sentimentos dos parentes do Zézão, do Fígaro, e principalmente do Chico Branco. O ÉSSIO MATOU O MEU PAI E NÃO VAI SAIR IMPUNE!- Diz, deixando todos surpresos.
Noronha: O Éssio matou o…Seu pai?
Recepção da Cadeia…
Betânia aparece, Alminha está no celular.
Alminha: Ué, voltou? Não entendi porque saiu correndo do Noronha!
Betânia: Eu resolvi me entregar…Não posso passar a perna no Noronha…Onde ele está?
Alminha lembra: Na sala 408, o Leopoldo foi visitar a Lara e…- Betânia sai correndo.
Sala 408…
Mafalda, com a arma em mãos: EXATO! O CHICO BRANCO ERA MEU PAI E MORREU HÁ ANOS, AGORA QUE CONSEGUI VIRAR DELEGADA VIM AQUI PRA INVESTIGAR A MORTE DELE! E SE O ÉSSIO COMETEU ESSE CRIME, TEM QUE PAGAR SIM COM A PRÓPRIA VIDA PORQUE ELE DESTRUIU A VIDA DA MINHA FAMÍLIA QUANDO FEZ ISSO! EU MORAVA NA CAPITAL COM O RESTO DOS PARENTES E FICAMOS POBRES, NA MISÉRIA, COM A MORTE DO MEU PAI! ISSO É JUSTO, NORONHA? É JUSTO?
Noronha se levanta: Não foi o Éssio que matou o seu pai! Não foi!
Mafalda: As provas dizem o contrário, sai da minha frente, eu vou acabar com esse assassino, é o mínimo que posso fazer.
Godofredo ordena: MAFALDA, LARGA ESSA ARMA, AQUI NÃO ESTAMOS PRA DISCUTIR AS QUESTÕES PESSOAIS! EU MANDO EM VOCÊ PORTANTO NÃO IREMOS MATAR O ÉSSIO!
Mafalda não desiste: Vocês são todos uns injustos, mas pra mim isso foi a gota d’água! Vou fazer justiça pelo meu pai!- Ela aperta o gatilho.
Noronha tenta impedir: NÃO- E entra na frente.
Mafalda atira.
Noronha cai no chão.
Betânia entra na mesma hora e presencia a horrível cena.
Éssio não consegue se virar, mas chora: NORONHAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!
Noronha fica caído, sangra muito.
Termina o capítulo 80 parte I.