Sombras do Passado – Capítulo 3
Capítulo 3: Está tudo uma droga… E só vai piorar!
“Você pode fechar os olhos para as coisas que você não quer ver, mas não pode fechar seu coração para as coisas que não quer sentir!”
– O quê? Mas… Onde? Quando? _ eu não podia acreditar. Minha amiga… Morta?
Meus olhos se enchem de lágrimas.
Minha mãe parecia não querer dizer as palavras, mas nós duas sabiamos que elas precisavam ser ditas. Daiana era minha amiga. Eu tinha o direito de saber.
– Encontraram o corpo dela em uma mansão abandonada. Ela foi espancada até a morte. Eu sinto muito filha. _ ela veio em minha direção e me abraçou forte.
– Quer que eu fique aqui com você hoje? _ ela me perguntou.
– Não precisa, mãe! Eu vou ficar bem! _ eu disse, enquanto uma lágrima descia pelo meu rosto.
– Você tem certeza? Eu posso desmarcar os compromissos desta tarde!
– Tenho certeza sim!
– Está bem! Vou descer para terminar de preparar o almoço! _ ela me beijou na testa e em seguida saiu do quarto.
Eu já sabia que a policia não encontraria a Daiana a tempo. Devia ter feito alguma coisa. Agora é tarde. Ela está morta, e não a nada que eu possa fazer.
Na verdade, eu ainda posso me vingar.
Levantei-me da cama e corri para o telefone, torcendo para ele estar funcionando perfeitamente. E estava. Disquei o número da Karina o mais rápido que eu pude. Logo começou a chamar.
– Alô! _ disse uma voz masculina do outro lado da linha. Era o pai da Karina.
– Olá, senhor Fortunato! Será que eu poderia falar com a Karina? É a Alicia.
– Claro, Alicia! Só um instante, eu vou chama-la.
Alguns instantes depois.
– Alô!
– Oi, Karina. Você já está sabendo sobre a Daiana?
– Já sim, amiga! Estou em choque!
– Eu também. _ faço uma pequena pausa _ Mas na verdade eu liguei para marcar uma reunião.
– Como assim reunião? _ ela diz, espantada.
– Nós combinamos de esperar pra ver o que acontecia, e olha só o que aconteceu, nossa amiga está morta e, eu quero descobrir o que houve.
– Não acredito! Você vai vim novamente com aquela história de investigar por conta própria?
– Nós só vamos tentar descobrir algo Karina!
– Alícia, isso não vai dar certo.
– Você vem ou não?
Uma pausa. Eu podia ouvir a respiração de Karina pelo telefone.
– Está bem! Que horas vai ser essa reunião? _ ela disse, finalmente.
– Duas e meia desta tarde.
– Ok! Eu vou avisar os outros. Até mais tarde. Beijo!
– Ok! Beijo!
Desliguei o telefone, e fui para a cozinha. O almoço estava pronto, minha mãe estava se servindo e, eu fui me servir também.
– Você está bem? _ minha mãe perguntou.
– Sim. Estou bem na medida do possível.
– Eu sei o quanto está sendo difícil tudo isso, mas nós vamos superar! _ ela me beija na testa, e eu apenas concordo.
Almocei e, depois subi pro meu quarto. Deitei-me na cama para pensar, e acabei pegando no sono.
…
Quando acordei, já eram duas e vinte, faltavam dez minutos para meus amigos chegarem. Fui até o banheiro, escovei os dentes, passei uma água no rosto e, fiz uma maquiagem bem marcada no olho, do jeito que eu gosto. Então ouvi baterem na porta. Eles chegaram. Desci para abrir a porta. Ao abrir olhei nos rostos dos meus amigos, fazendo um rápido reconhecimento de cada um.
– Oi pessoal! Vamos entrar? _ eu os convidei.
Todos foram entrando e, se se sentando à mesa da cozinha, e eu os acompanhei, me sentando também.
-Bem! O motivo de ter convocado essa reunião foi o seguinte: nossa amiga Daiana, foi brutalmente assassinada. Eu sei que nós somos apenas um bando de adolescentes, mas talvez, nós possamos fazer uma pequena investigação, para tentar descobrir alguma coisa. Eu quero saber o que aconteceu. O que vocês acham se a gente tentar descobrir alguma coisa sobre o relatório da policia? _ Todos me observavam atentamente, até que quebraram o silêncio.
– Amiga, eu acho que você tem razão! _ a Karina começou a dizer _ A Daiana era nossa amiga, e os policiais dessa cidade não são nada bons. Eles não encontraram a Daiana a tempo, e aposto que nunca encontrarão o culpado. Eu estou nessa com você amiga! Nós temos o direito de saber!
– Obrigada, amiga! _ ainda bem que a Karina me apoiou.
– Eu não sei se isso é uma boa ideia, mas eu vou correr o risco e ajudar vocês duas, por que mulheres quando se juntam só da confusão. _ disse o garoto alto e muito lindo, era o Rodrigo, machista como sempre.
Então houve um silêncio!
– E você Pedro? _ a Karina o encarou.
Ele deu um sorrisinho irônico.
– O que vocês pensam que são? Os três mosqueteiros? Ela já está morta. Não podemos fazer mais nada! _ Pedro disse em tom aspero.
– Nós estamos falando de uma de nós, de uma parte de nós, tenha um pouco mais de compaixão. _ a Karina se estressou.
– Calma loirinha! Eu vou ajudar. Mesmo tendo certeza de que essa ideia é ridícula! _ Pedro disse.
Eu odeio ele.
– Ok! Nós temos que descobrir o que aconteceu. Karina, você tem uma grande influencia, o que você acha de ajudar o Rodrigo a entrar na delegacia e invadir os arquivos da policia? _ eu disse.
– Claro Alícia._ ela me responde.
– Ótimo! Será mais fácil se apenas vocês dois forem. Mas se precisarem de ajuda, ou se meterem em encrenca, é só ligar para um de nós! _ eu disse.
Todos concordam, se despedem, e saem. Mas o Pedro se vira e anda em minha direção. Ele se aproxima com um sorriso no rosto. Eu tenho que adimitir que ele até que é bonitinho, mas muito irritante.
Ele chegou bem pertinho de mim, olhando no fundo dos meus olhos. Ele se aproximou até que o seu rosto ficasse a poucos centímetros do meu, então ele sussurrou gentilmente.
– Eu sei o seu segredo Alicia!
– O quê? _ do que esse idiota estava falando?
– O seu segredo. Eu sei de tudo Alicia!
– Eu não sei do que você está falando.
– Vai se fazer de bobinha?
– Eu não sei do que você está falando, seu maluco idiota.
Ele me observou por um pequeno instante.
– Mesmo que você realmente não saiba, eu não vou te poupar só por causa disso.
– Isso é uma ameaça? _ eu perguntei, mas ele não me respondeu.
Então ele saiu e, me deixou lá feito uma tonta. Mas do que será que ele estava falando? Que segredo é esse? Que eu saiba o único segredo que eu tenho é que eu só uso sutiã com bojo, mas isso não é tão grave assim.
Esse Pedro é mais maluco do que eu pensava. Dei uma risada, incrédula.
Fui para a sala e, liguei a televisão.
…
Uma hora e meia depois, o telefone toca, e eu atendo.
– Alô!
– Oi, Alicia. É a Karina.
– Oi, Karina. E então? O que você conseguiu descobrir?
– Nós conseguimos invadir os arquivos da delegacia e, descobrimos algumas coisas.
– Vai Karina, desembucha!
– Calma amiga! Você está sentada? Se não estiver, é melhor se sentar. É o seguinte: a Daiana foi encontrada dentro de uma mansão que já está abandonada há bastante tempo. Ela apresentava vários ferimentos, havia vários fios de cabelo pelo chão. Descobrimos também, que ela começou a ser espancada no andar de cima, pois havia sangue em um quarto da casa, e depois ela foi levada para o andar de baixo, onde ela foi morta, e também onde o corpo foi encontrado. A bolsa dela estava com todos os seus pertences dentro, o que significa que não foi um assalto!
– Nossa! Quem faria uma coisa tão horrível assim?
– Amiga, nós descobrimos também um fato muito curioso!
– E o que é? _ eu perguntei.
– A mansão em que o corpo da Daiana foi encontrado, fica bem perto da sua casa.
– Mas a casa da Daiana fica no caminho oposto ao da minha casa. Como ninguem me falou isso antes?
– Pois é! Eu te disse que era um fato curioso!
– Que estranho! _ pensei por um instante, e então tive uma ideia insana. _ Karina, e se nós fossemos até essa mansão, só para dar uma olhadinha?
– O quê? Alicia, você está maluca? O combinado era apenas descobrir o que a policia sabe. Talvez até elaborar algumas teorias, mas não nos arriscarmos assim. É perigoso!
– Nós só vamos dar uma olhadinha! Talvez a gente até descubra alguma coisa que a policia não descobriu!
– Você perdeu o juízo! Agora você virou Sherlock Holmes?
– Diga que sim! Eu imploro! Você não está curiosa?
Ela não diz nada por um instante.
– Está bem! Mas se nós também morrermos irá ser culpa sua! _ ela disse.
– Nós não vamos morrer! _ eu afirmei _ vamos nos encontrar em minha casa às oito horas da noite. Você avisa os outros?
– Ok! Pode deixar comigo! _ ela disse.
– Está bem! Tchau!
– Você é maluca! Tchau!
Desliguei o telefone e em seguida subi para o meu quarto. Liguei o notebook e, fui navegar na internet.
…
Logo deu sete e meia da noite, então eu fui me arrumar para a grande ocasião. Tomei um banho, escovei os dentes e, sequei meu cabelo, deixando os cachos bem definidos nas pontas. Vesti uma calça jeans na cor preta, uma regatinha roxo escuro, e coloquei meu all star. Agora a maquiagem. Eu sei que é estranho, mas eu não consigo sair de casa sem no mínimo passar um blush, então como eu ainda tinha um tempinho, fiz uma make bem escura nos olhos.
Desci pra cozinha, peguei uma fatia de pizza e, coloquei no microondas. Enquanto ela esquentava, eu fui preparar um suco. Logo o microondas apitou, eu peguei a pizza e o suco e sentei-me à mesa. Quando eu dei a primeira mordida minha mãe apareceu na cozinha.
– Posso saber por que a senhorita está comendo pizza antes do jantar?
– Oi mamãe! Sabe o quê que é? É que eu… _ comecei a gaguejar.
– É que você…? _ minha mãe me insentivou a continuar.
– É que eu… eu vou sair com a Karina, pra dar uma volta. _ eu disse.
– Não sei se é uma boa ideia. A cidade está meio estranha depois do que aconteceu com a sua amiga.
– É. Eu sei, mamãe. Mas eu não tenho medo e, não vai acontecer nada com a gente. A turma toda vai, então nós vamos cuidar uns dos outros.
– Tudo bem então! Não demore. E tome muito cuidado.
– Sim senhora!
Então ela saiu e, eu terminei de comer a pizza e, tomar meu suco. Olhei no relógio, já eram oito e quinze da noite, meus amigos estavam atrasados. Lavei a louça que eu havia sujado.
De repente alguém bate na porta. Fui atender.
– Oi Alícia! Desculpe o atraso, mas é que foi um pouco difícil de convencer meus pais. _ era a karina. Atrás dela estavam o Pedro e o Rodrigo.
– Tudo bem Karina! Mas porque os outros não vieram antes?
– É que nós combinamos de virmos todos juntos, então tivemos que esperar a Karina! _ disse o Rodrigo.
– Ok! Então vamos? _ eu disse.
– Claro! A mansão fica no final da sua rua. _ A Karina apontou com o dedo.
Descemos a rua, que estava um pouco escura. Não demorou muito para avistarmos a mansão e, apesar dela estar abandonada há muito tempo, ela me pareceu bonita.
Não havia muitas casas por perto, e a iluminação estava precária.
Em frente a mansão havia um portão, não muito grande. Nós nos aproximamos dele.
– Bom, aqui estamos! Eu trouxe algumas lanternas. _ o Rodrigo disse, e logo distribuiu as lanternas.
Pedro forçou o portão para abrir, mas ele não se moveu quase nada.
– Está emperrado. Acho que teremos que pular. _ ele disse.
O Rodrigo me deu um impulso e, depois ajudou a Karina. Logo ele e o Pedro também tinham pulado o portão. Andamos pelo jardim da frente, que na verdade tinha mais mato do que flores, mas tudo bem, afinal é uma mansão abandonada. Chegando à porta da frente nós paramos. Ninguém queria fazer o gentil e, corajoso ato de abrir a porta. Então o Rodrigo, como sempre, tomou a frente. Ele não fez muito esforço para abrir a porta, que se abriu rangendo um pouco. Ligamos as lanternas e entramos. A casa não era tão assustadora, pelo menos não como eu estava pensando, por incrível que pareça era até um pouco aconchegante. Ela era toda de madeira, as paredes, o teto, o piso, os móveis… Espera aí… Móveis? Desde quando uma casa abandonada tem móveis em perfeito estado?
Essa história está ficando cada vez mais estranha.