Sombras do Passado – Capítulo 29 (Penúltimo Capítulo)
Capítulo 29: O segredo está no sangue!
” O impossível é quase sempre o que nunca se tentou”.
É claro que o único modo de impedir Alexia teria que envolver sangue. Não sei como não adivinhei. Eu já estava com raiva por conta do livro Sombras do Passado. Eu quase morri por causa desse livro e esse tempo todo Roger tinha livre acesso á ele. Então Roger me diz que vai precisar do meu sangue para matar Alexia de uma vez por todas. Tem ideia do quanto eu fiquei possessa de raiva?
O único jeito de quebrar a profecia era matando Alexia com uma espada com o sangue de um filho legítimo de um demônio e de um filho legítimo de um anjo, ou seja, Pedro e eu. Quando soubemos eu entrei em desespero, mas Pedro conseguiu me acalmar o suficiente para que eu não desmaiasse. Depois que Roger explicou que ninguém iria cortar minha cabeça para tirar eu sangue, nós fomos até a nossa enfermaria, uma sala com uma cama, e um monte de poções em uma prateleira, para tirar meu sangue com uma siringa.
Marcos havia passado a manhã inteira tentando descobrir onde ficava o mais poderoso dos altares. Assim que terminamos de tirar o sangue de Pedro, nós dois fomos até o escritório saber como andavam as coisas.
– Pai. _ eu o chamei assim que entrei, seguida por Pedro.
– Oi, filha. _ ele respondeu. _ acho que já sei onde fica o altar. _ ele cumprimentou Pedro com um aseno de cabeça.
– Mesmo? _ eu perguntei.
– Sim. Existe um altar ao norte do submundo. Ele é muito poderoso. _ Marcos disse.
– No submundo? _ eu perguntei surpresa. _ Pensei que ela iria evocar os demônios para o mundo dos humanos.
– Do submundo para o mundo humano é um pulo. Não vai ser difícil ela levar seu exercito para o mundo humano. O altar mas poderoso está no submundo, ela não tem outra alternativa _ ele disse.
Depois de mais uma pequena reunião, nós descobrimos que naquela noite teria lua cheia e ela deixaria o poder do altar ainda maior. Provavelmente Alexia tentaria fazer o feitiço naquela noite. Poderíamos estar enganados, mas era melhor não arriscar. Quando terminamos nossa reunião, saímos para nos preparar para a batalha. Alexia não devia estar sozinha nessa, então tentamos nos preparar para o pior. Eu não viia a hora de isso tudo terminar, e quem sabe eu poder ter sua vida normal. Ter amigos novamente. Conversar com meu pai, com Roger e Pâmela. Passar mais tempo com Pedro. Ser feliz e completa, sem me preocupar e salvar o mundo.
Alguém bate na porta do meu quarto.
– Entre. _ eu autorizei.
A porta se abriu e Pedro entrou.
– Oi, Pedro. _ eu abri um sorriso.
– Oi. _ ele sorriu também e andou até mim.
– Sente-se aqui comigo. _ eu indiquei um lugar ao meu lado na cama.
– Nervosa? _ ele disse se sentando onde eu havia indicado.
– Sim. Mas também ansiosa para que isso acabe logo. _ eu disse.
– Eu também. _ ele disse.
– Acha que vamos mesmo conseguir impedir Alexia? _ eu perguntei.
– Acho sim. _ ele disse.
– Você é bem confiante. _ eu disse olhando para baixo. Eu não conseguia ter essa mesma confiança, não naquele momento.
– Eu tenho motivos para ter esperança de que vamos vencer e poder ter uma vida normal. _ ele disse colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.
Eu levantei a cabeça e meus olhos encontraram os seus. Eu suspirei.
– Vai ficar tudo bem. _ ele sorriu. _ venha aqui. _ ele e puxou para o seu peito e me deu um abraço forte, acariciando meu cabelo.
Ficamos assim por alguns instantes, até que chegou a hora de ir.
Desci as escadas de mãos dadas com Pedro. Eu adorava a sensação de sua mão na minha. Na sala de estar fizemos um círculo. Parecíamos uma legião do mal. Todos estava usando preto e nem tínhamos combinado isso. Cada um estava com sua própria arma e Roger levava a espada com o sangue meu e de Pedro.
Pâmela, Roger, Marcos, Daiana, Pedro e eu demos as mão e Roger começou seu feitiço que nos levaria até o local mais próximo o altar. Geralmente era difícil fazer esses feitiços. Muitas vezes era preciso algumas pedras mágicas ou exóticas, entre outras coisas, mas Roger era muito poderoso e experiente, então conseguia fazer magia do nada. O ambiente ao nosso redor se dissolveu e deu lugar a um cenário totalmente novo. Estávamos em um espaço aberto. O chão era de terra. No céu a lua cheia vermelha brilhava, muito maior que a lua do mundo humano, deixando a noite mais clara. Em nossa frente estava o que deveria ser o altar negro. Havia uma mesa de cimento com cerca de dois metros de comprimento, com muitas escrituras em sua superfície. Os altares negros eram usados para fazer sacrifícios para satã. Mas se algum ser fosse muito poderoso e muito bem treinado, poderia evocar demônios, ou fazer feitiços mais elaborados. As escrituras que cobriam a superfície do altar eram o que determinava o quanto de poder aquele altar aguentaria evocar.
– Fez a lição de casa, Alicia? _ uma voz disse logo atrás de nós.
Nós nos viramos. Alexia estava de pé juntamente com cerca de mais quinze demônios. Ela já sabia que nós a encontraríamos e estava preparada para isso. Não havia evocado seu exército ainda, mas estava cercada por demônios da mesma espécie que os guardas de Roger.
– Pois é. _ eu disse.
Ela sorriu.
– Que bom ver você, papai. _ ela disse para Marcos.
– Não queria que fosse assim, Alexia. Sabe que se quiser pode voltar a morar conosco. Podemos ser uma família. _ Marcos disse.
– Ai, por favor. _ Alexia revirou os olhos. _ vamos pular a parte dramática da história. Não quero ter uma família feliz. Eu quero poder. Quero ser invencível.
– Por quê? _ eu perguntei.
– Por que eu sou assim. É isso o que eu quero. _ Alexia respondeu.
– Sabe que vamos impedir você. _ eu afirmei.
– Não. Eu sei que vocês vão tentar, mas não vão conseguir. _ ela disse sorrindo. Debochando. _ o papo está ótimo, mas eu tenho mais o que fazer, então vamos acabar com isso. Acabem com eles. _ ela ordenou para seus demônios.
Os demônios correram em nossa direção e uma luta brutal se iniciou. Nós eramos seis e haviam cerca de quinze tentando nos matar. Em meio a luta e a confusão, vi Alexia sorrindo e nos observando de longe, então fui atrás dela. Começamos uma briga apenas entre nós duas. Eu me transformei e tentei usar todas as técnicas e estratégias de luta que meu pai havia me ensinado. Nós duas eramos igualmente fortes. Mas em algum momento da luta, Alexia começou a ter vantagens sobre mim e eu não estava conseguindo me reerguer. Roger estava com a espada que mataria Alexia, e eu tinha apenas uma adaga comigo. Tirei a adaga escondida em minha bota, eu já tinha perdido todas as outras que eu havia trazido e só me restara essa. Era minha última chance. Quando me virei para acerta-la, ela me surpreendeu, enterrando uma adaga em meu peito, acertando meu coração. Arregalei os olhos. Senti a lâmina fria dentro do meu corpo. Meu peito parecia que iria explodir de tanta dor. Caí de joelhos e deitei de costas no chão de terra. Alexia sorria para mim.
– Agora você sabe o que Rodrigo sentiu quando você enfiou uma adaga em seu peito, a diferença é que essa que está em você está envenenada. Você vai morrer, irmãzinha, e o papai não vai conseguir te trazer de volta. _ ela disse e se afastou.
Meu peito explodia de dor. Não conseguia dizer uma palavra.
– Alicia. _ ouvi Pedro gritar ao longe.
Minha visão já estava ficando embaçada. Meu corpo estava formigando e uma dor parecia estar nadando em meu sangue dentro de minhas veias, se espalhando pelo meu corpo. Eu estava morrendo.
– Alicia. _ Pedro estava debruçado sobre mim. Seu rosto estava em choque. Ele tocou meu rosto.
– Veneno. _ eu sussurrei antes de cair na inconsciência.