Sombras do Passado – Capítulo 24
Capítulo 24: O corpo!
” O destino não é uma questão de sorte, é uma questão de escolha”.
Não parecia certo, mas eu já tinha feito. Eu deveria me arrepender, mas não conseguia. Rodrigo estava morto e seu corpo, separado de sua cabeça, estava jogado em frente a casa de Karina. Agora, Pedro, Karina e eu torcíamos para que ninguém tivesse visto tudo aquilo, mas era difícil ter certeza. A policia não havia aparecido por ali até agora e isso era um bom sinal. Pedro havia pegado sua espada de volta e agora estávamos parados olhando para o corpo de Rodrigo jogado no chão.
– Você matou ele na porta da minha casa. _ Karina disse enquanto se aproximava perplexa.
– Ele mereceu. _ eu disse em voz baixa.
– Eu espero que vocês dois estejam falando a verdade. Vou dar um voto de confiança á vocês somente por confiar em Pedro. Mas é melhor não mentire para mim. _ ela disse muito séria.
– Estamos falando a verdade. Você também ouviu Rodrigo dizer que eu deveria ter morrido naquela noite. Ele praticamente confessou o que fez. _ eu disse encarando o chão.
– Certo. Vamos deixar as conversas para depois, agora temos que nos livrar do corpo. _ Pedro disse.
– Pedro tem razão. Prometo que contarei toda a história para você, Karina. Mas agora precisamos arrumar essa bagunça. _ eu disse.
– Tudo bem. Mas como faremos isso? _ Karina perguntou.
Pedro e eu nos entreolhamos.
– Acho que fogo não será uma boa ideia desta vez. _ ele disse.
– Não. A fumaça chamaria a atenção. _ eu disse.
– Podemos enterrar. _ Karina sugeriu.
– Não. Se alguém tiver visto alguma coisa com certeza a policia aparecerá por aqui. Se existe um corpo, existe um assassino. _ Pedro disse.
– Talvez Daiana tenha algum feitiço para nos ajudar. Ela parece ser ótima com feitiços. _ eu sugeri.
– Mas onde Daiana está? _ Pedro perguntou á Karina.
– Não vi ela hoje. Deve ter passado o dia com Alicia, quero dizer, Alexia. _ Karina disse. _ vou tentar ligar para ela. Enquanto isso levem o corpo para os fundos da casa e tirem esse sangue da grama. _ ela disse já se virando e entrando na casa.
Pedro e eu olhamos um para o outro.
– Você está bem? _ ele perguntou.
– Acho que sim. _ eu respondi.
– Ótimo. _ ele disse. _ pegue a cabeça. Eu levo o corpo.
E foi o que fizemos. Pedro carregou o corpo de Rodrigo até os fundos da casa enquanto eu carreguei a cabeça. Colocamos em um canto no quintal dos fundos. Pegamos uma mangueira. Pedro lavou e guardou sua espada, em seguida comecei a jogar água na grama onde havia sangue. Assim que terminamos entramos na cassa de Karina.
– Conseguiu falar com Daiana? _ eu perguntei.
– Sim. Ela já está vindo. _ Karina disse. Ela estava sentada á mesa da cozinha. _ Alicia. _ ela chamou.
– O quê? _ eu perguntei.
– Você sabe que Rodrigo era irmão de Daiana. Eu não contei para ela do que se tratava e não sei qual será sua reação quando descobrir que você o matou. _ Karina disse.
Eu assenti. A verdade é que eu não tinha pensado nisso. Rodrigo era irmão gêmeo de Daiana, e eu havia o matado.
– Acham que Daiana pode estar do lado de Alexia? _ eu perguntei.
Pedro e Karina olharam para mim.
– É uma possibilidade. _ Pedro disse.
Nesse momento a campainha tocou.
– Deve ser Daiana. Fiquem aqui. _ Karina disse e saiu.
Pedro e eu sentamos á mesa.
– Pedro. Obrigada. _ eu disse.
– Por quê? _ ele disse olhando para mim.
– Por ter me ajudado e por não ter tentado me impedir de matar Rodrigo. _ eu disse sendo sincera.
– Não precisa me agradecer. _ ele disse. _ você fez o que deveria ser feito. Se você não tivesse feito eu teria.
– Sei que sim. _ eu disse.
Ouvimos passos andando em nossa direção. Olhamos para a porta da cozinha e vimos Karina e Daiana entrarem. Daiana estava diferente. Seu cabelo castanho escuro agora estava loiro mel, e isso lhe dava um ar mais leve. Ela me olhou atentamente. As próximas cenas você já deve imaginar. Daiana se negou a acreditar em mim, me chamou de louca, disse que talvez poderia estar sonhando, me acusou de ter enfeitiçado Pedro e Karina para que acreditassem mim e depois que eu apresentei todos os fatos e contei tudo o que havia acontecido, ela finalmente concordou que eu poderia estar falando a verdade.
– Não posso acredita que Rodrigo tenha feito isso. Onde ele está agora? _ Daiana disse decepcionada.
Pedro, Karina e eu não respondemos. Eu tinha contado grande parte do que havia acontecido comigo, mas ainda não tinha chegado na parte que eu havia matado Rodrigo para me vingar do que ele havia feito.
– Onde está Rodrigo? _ Daiana perguntou novamente com preocupação.
Silencio novamente.
– Eu o matei. _ eu confessei.
– Matou? Você matou meu irmão? _ Daiana perguntou com tristeza.
– Desculpe. Mas ele mereceu. Karina chamou você aqui por quê precisamos nos livrar do corpo e achamos que você poderia fazer algum feitiço para nos ajudar. _ eu disse.
– Quer que eu esconda o corpo do meu próprio irmão? Que você matou? _ Daiana disse levantando as sobrancelhas.
– Desculpe, mas é isso sim. _ Pedro disse.
– Não posso acreditar. Ele pode ter errado, mas não precisava mata-lo! _ Daiana disse e ficamos em silencio por alguns instantes.
Então a campainha tocou.
– Vamos nos preparar, pode ser Alexia. _ eu disse.
Karina saiu da cozinha e foi atender a porta. Pouco tempo depois ela retornou acompanhada de Alexia. Alexia usava um short jeans preto, uma blusa roxa e tênis. Seu cabelo preto estava amarrado em um rabo de cavalo. Ela era minha copia idêntica. Alexia entrou na cozinha sorrindo, mas seu sorriso desapareceu quando seu olhar encontrou o meu. Ela havia me reconhecido e a situação mostrava que ela já havia sido desmascarada.
– O que está rolando? _ ela perguntou.
– Chega dessa brincadeira, Alexia. Eu já contei para todo mundo sobre você. _ eu disse. _ e eu já acertei as contas com Rodrigo.
– Do que você está falando? _ ela perguntou franzindo o cenho.
– Você matou minha mãe, então eu matei Rodrigo. _ eu disse andando até ficar de frente para ela.
Ela sorriu, mas eu sabia que aquilo tinha ferido seu coração.
– Acha que me importo com Rodrigo? _ ela disse.
– Acho. _ eu respondi.
– Então achou errado. _ ela disse. _ você apenas me fez um favor.
– Que bom que você nem se deu ao trabalho de negar. _ eu disse.
– Eu já consegui o que eu queria. Alem disso, mais cedo ou mais tarde eu teria de me livrar de Rodrigo e eu já não aguentava mais fingir ser você. Sua vida é muito chata, pode pegar ela de volta. _ ela disse com desdem. _ foi papai quem salvou você, não foi?
– Foi sim. _ eu disse.
– Aquele velhote não perde uma chance de me atrapalhar. Mas acho que pelo menos agora as coisas serão mais divertidas. Vamos brinca de gato e rato? Eu vou fugir e você terá que descobrir como e quando eu vou acabar com os mestiços. Eu vou adorar ver você tentar me impedir. Não posso dizer que foi um prazer conhecer vocês. Tchau, queridos. _ ela disse sorrindo.
De repente a lâmpada logo acima de nós explodiu. Nós assustamos e olhamos para cima. Quando olhei novamente para Alexia, ela já tinha fugido.
– Droga. _ eu disse com raiva.
Então ouvimos o barulho de um carro parando na rua da frente. Karina foi até a janela da frente e espiou.
– É a Policia. _ ela disse preocupada.
– Policia? _ Daiana se espantou.
– Alguém deve ter denunciado a gente, por que tem três carros de Policia aí na frente e parece que eles vão cercar a casa. _ Karina disse.
– O que faremos agora? _ eu perguntei. _ o corpo de Rodrigo está nos fundos da casa.
– Vamos ter que fugir. _ Pedro disse.
Era só o que faltava. Agora nós seríamos também fugitivos da policia.