Ser Humano- ÚLTIMO CAPÍTULO- PARTE I
Ser Humano.
CAPÍTULO 65( ÚLTIMO CAPÍTULO)- PRIMEIRA PARTE.
Cena 01- Apartamento de Yara/ Madrugada.
Yara, furiosa: Perdeu alguma coisa aqui, Maísa?
Maísa, de cabeça erguida: Eu não perdi, vim buscar, e achei. O nome do assassino do Téo, ou, nesse caso, assassina!
Yara lhe pega pelo braço: Você invadiu o meu apartamento, eu vou te denunciar por isso, sua infeliz! E pior, eu vou acabar com a tua raça, pra você parar de atravessar meu caminho, me dá esse papel, agora!
Maísa a empurra: NADA DISSO, YARA, SUA CASA CAIU! VOCÊ VAI SER PRES…
Yara dá um tapa na cara da jovem e pega o papel de volta: SAI DA MINHA CASA OU EU ACORDO TODO O PRÉDIO E DIGO QUE VOCÊ É UMA CRIMINOSA, UMA LADRA.
Maísa, vermelha: EU NÃO SAIO DAQUI SEM QUE VOCÊ E A ASSASSINA DO TÉO SEJAM COLOCADAS EM SEUS DEVIDOS LUGARES. ESSE PAPEL É MEU- Ela doma Yara e consegue pegar o papelzinho- VOU MOSTRAR ELE PRA POLÍCIA!
Yara pega uma tesoura na gaveta: VOCÊ VAI MORRER, ISSO SIM, DE UMA VEZ POR TODAS, PRA PARAR DE ME ATRAPALHAR!
Bernardo invade o quarto na hora, ele acende a luz: MAÍSA- Yara aponta a tesoura pra ele.
Yara, com ódio no olhar: Eu vou matar ela, você, e todos os que passaram pelo meu caminho. A próxima é a Lilian, que devia estar mofando na prisão. Por culpa daquela desgraçada, o Téo enlouqueceu e morreu!
Maísa pega um copo com água, e, aproveitando-se que Yara está de costas, taca-o com toda força na cabeça da mulher, que cai, juntamente com a tesoura. Lilian, Fausto, Natália e Vasco chegam na hora.
Onofre ouve tudo de seu quarto: Mas que barulheira é essa?- Ele calça o chinelos e vai até a porta, quando vê a figura de Fausto de longe e a fecha imediatamente- Mas o que esse desgraçado tá fazendo aqui?
Lilian abraça Maísa: Filha, o que você veio fazer aqui no meio da madrugada, pelo amor de Deus? Me explica- Ela olha pra Bernando- ME EXPLIQUEM, aliás.
Maísa mostra o papel: Eu vim descobrir quem é o verdadeiro assassino do Téo, de quem e Yara é cúmplice. E aqui está- Ela o entrega.
Lilian: Mas como…
Bernardo: Leia Lilian, acaba com isso de uma vez por todas.
Fausto fica apreensivo.
Natália, chorosa: Fala, Lilian, quem matou o Téo? QUEM?
Lilian lê: Foi a…- Ela fica boquiaberta- Não é possível…
Maísa, de braços cruzados: Foi a Flávia, ela matou o Téo. E a Yara é sua cumplice.
Fausto, sem ar: A…Flávia? Eu não acredito, não pode ser!
Na casa de Flávia, a própria escuta o disco de ópera pela enésima vez. Ela carrega uma expressão sombria, e seu pensamento está distante. Ela olha pela janela e tem a visão da rua vazia. Flávia suspira e coloca o disco para rodar novamente.
Cena 02- Apartamento dos Segata/ Madrugada.
Raquel, ainda nervosa: REPETE. – Ela começa a sacudir Rubem. – REPETE O NOME DA MINHA MÃE.
No ato, Rubem acaba batendo a cabeça e fica meio zonzo.
Rubem, zonzo: Eu já disse que a IRACEMA é a sua mãe. Ela é a sua mãe, Raquel.
Raquel pega um jarro e taca na parede: NÃOOOOOOOOOOOOOOO! – Ela chora- NÃO PODE SER, VOCÊ SÓ PODE ESTAR MENTINDO, OU QUERENDO TIRAR SARRO DE MIM!
Geórgia entra desesperada: Meu Deus, que barulho é esse? – Ela percebe Raquel caída no chão, chorando, e se ajoelha diante da filha – RAQUEL, O QUE ACONTECEU?
Raquel empurra Geórgia: SAI DAQUI! – A idosa acaba caindo – Você sabia de tudo, né? CONFESSA. VOCÊ SABIA DE TUDO! E SEMPRE INVENTOU ESSA HISTÓRIA QUE MINHA MÃE ME ABANDONOU. CONFESSA.
Geórgia se levanta: Eu não sei do que você está falando, filha!
Raquel, chorando: A IRACEMA! – Geórgia fica chocada. – ELA É A MINHA MÃE. A MINHA MÃE BIÓLOGICA É A IRACEMA. VOCÊ SABIA DE TUDO. TODO MUNDO AQUI SABIA E ME FEZ DE IDIOTA DURANTE ANOS!
Rubem recupera a memória. Em sua frente se passam vários flashes do passado.
Rubem olha para ela: Raquel! – Todos ficam em silêncio. – Ninguém sabia de nada. Eu sou o único que sei de tudo. Ou melhor, sabia. Agora todo mundo já sabe da sua origem…
Irene se ajoelha: Você lembrou-se de tudo meu amor? Você está bem?!
Rubem alisa o rosto de Irene: Eu estou bem. Fica tranquila. Só estou com dores fortes na cabeça.
Raquel enxuga as lágrimas e se ajoelha diante de Rubem: Por favor, eu preciso que você me diga. Quem é a minha mãe de verdade, Rubem?!
Rubem: Eu já disse Raquel. A sua mãe é a Iracema, antes chamada Gorete. A filha da Acácia!
Raquel volta a chorar. Irene se levanta.
Irene: Eu preciso que vocês deixem o Rubem sozinho. Depois dessa confusão, ele precisa respirar um pouco. Por favor, depois a gente continua essa conversa.
Todos saem. Raquel é arrastada por Geórgia, aos prantos. Irene abraça Rubem. Foca na imagem dos dois, abraçados.
Cena 03- Apartamento de Yara/ Madrugada.
Lilian, desolada: Tem alguma coisa de errada aqui, a Flávia jamais seria capaz de cometer um assassinato, eu conheço ela há anos. Flávia é dócil, amável…
Yara se levanta: Não se engane com isso- Ela sorri- Flávia foi capaz de cometer esse crime com uma maestria impressionante, até eu fiquei boquiaberta…
Natália a pega: Você é uma ordinária, Yara, que viu a Lilian ser presa por um crime que não cometeu, e não fez absolutamente nada, se bem que não esperava outra atitude de uma pessoa tão horrenda como você!
Yara: Eu achei ótimo quando a Lilian foi presa. Senti um prazer interno tão grande que vocês nem imaginam…Ver aquela mulher que estava sempre sorrindo, de bem com a vida, perdendo e sendo humilhada, ah, foi um sonho realizado. Pena que ela logo saiu da cadeia…E a Flávia, que se dizia tão amiga, achou ótimo também.
Lilian, chorando: A Flávia não pode ter feito isso comigo, eu não consigo aceitar ainda…
Maísa pega Yara pelos cabelos: VOCÊ VAI LIGAR PRA ELA E MANDAR ELA VIR AQUI, AGORA.
Yara: ME LARGA, GAROTA, EU VOU DENUNCIAR TODOS VOCÊS POR…
Maísa lhe estapeia: CÍNICA, VOCÊ NÃO PODE DENUNCIAR A GENTE, SENDO QUE É CUMPLICE DE UMA CRIMINOSA- Ela arrasta a mulher até o telefone- VOCÊ VAI LIGAR PRA FLÁVIA…
Yara tenta se soltar: VOCÊ ACHA QUE ELA VAI VIR AQUI NO MEIO DA NOITE? TIRA ESSAS MÃOS DE MIM, GAROTAAA…
Maísa a joga no sofá: Liga pra Flávia, AGORA- Ela dá um forte tapa em Yara.
Fausto consola Natália e Bernardo faz o mesmo com Lilian. Ambas choram muito.
Yara disca, ainda soluçando, Maísa continua pressionando a mulher.
Flávia estranha: O telefone tocando…A essa hora?- Ela espera um pouco, mas decide atender- Alô?
Yara, trêmula: Alô? Flávia…Preciso que venha aqui agora…É urgente…- Ela pigarreia- Sobre nossa parceria…
Flávia estranha.
Meia-Hora depois…
Flávia toca a campainha: Yara, Yara!- Ela encosta na parede- Mas o que pode ter acontecido de tão urgente?- E suspira- São 3 da madrugada, a Yara só pode estar louca de insistir que eu viesse aqui…E parecia muito nervosa no telefone…
A porta abre. A sala está toda escura.
Flávia entra: Finalmente, hein, Yara! O que você quer comigo a essa hora? E por favor, acenda a luz, ninguém aqui tem visão noturn…
Lilian acende a luz. Flávia se assusta. Yara está sentada, entre lágrimas.
Flávia, ofegante: O que significa isso? Lilian? Maísa?- Ela quase tropeça- O que todos vocês estão fazendo aqui?
Lilian se aproxima dela: Já sabemos de tudo, Flávia…VOCÊ MATOU O TÉO!
Flávia nega com a cabeça: Não…Eu…
Lilian cruza os braços: Você tá aqui porquê então? Responde! Não sabia que você tinha ligação com a Yara…- Ela escorre as lágrimas- Não adianta mais negar, Flávia, e nem tem mais como negar…Você matou o Téo, e ainda ajudou a Yara a me incriminar! Meu Deus, o que eu lhe fiz? O QUÊ?
Maísa interfere: Você não fez nada, mas a Flávia sempre teve inveja de você, e viu na sua prisão uma chance de ela assumir a clínica sozinha! Essa é a verdade! Além de tudo, é uma criminosa!
Flávia, querendo chorar: Vocês entenderam tudo errado, eu não tenho nada a ver com iss…
Lilian a segura com toda a força: CHEGA, FLÁVIA. NÃO ADIANTA MAIS, NÓS SABEMOS DE TUDO- Ela joga a amiga no sofá- Eu só quero entender a razão de você fazer isso comigo! FALA!
Flávia, trêmula: EU VOU EMBORA, NÃO TENHO NADA PRA FALAR!
Lilian a puxa: FALA!- Ela enforca a mulher- AGORA VOCÊ VAI FALAR, FLÁVIA, NEM QUE EU TENHA QUE TE DAR UMA SURRA….
Flávia, lacrimejando: ME SOLTE LILIAN, NÃO FIZ NADA, PARA COM ISSO!
Yara se levanta: Olha, cansei desse teatro todo. A Flávia fez isso por dois motivos!
Todos olham para a mulher.
Yara, gesticulando com os dedos: Primeiramente, porque ela estava com ódio do Téo, tinha brigado com ele no dia. Bem, mas muitos tinham brigado com ele…O Segundo motivo é decisivo! Ela fez o que Fausto ia fazer, pra acusar ele depois!
Fausto se levanta: Como é? Flávia…Foi porque eu terminei com você?! Tudo isso por conta de…
Flávia grita: CHEGA! CHEGA, CHEGA, CHEGA- Ela joga a bolsa no chão- Ninguém aqui me entende…Eu tava cansada, estolada! Tudo na minha vida dando errado! Não fiz nada pra merecer isso!- Ela chora- Além de estar pobre, desempregada, já passei dos 40 e nem ao menos me casei, não tenho filho, sou uma insignificante! E aí eu olhava pra Lilian…Da mesma idade, com a mesma profissão, mas tão diferente…Ela parecia que tinha evoluído e eu…Era só uma pessoa parada no tempo. Sem nenhuma relevância.
Fausto: E isso te levou a cometer um crime?!
Flávia o ignora: Então eu comecei um romance com o Fausto…Era tudo perfeito, eu queria inclusive adotar uma criança. Seria minha vida recomeçando, depois de anos congelada no tempo. E aí, num dia qualquer…Ele chegou me dizendo que queria terminar tudo- Ela faz uma pausa- Fiquei muito magoada, furiosa, pra falar a verdade. Mas tentei não demonstrar, resolvi que ia levar esse assunto com humor…Tudo mudou no dia do Rock In Rio.
Flashback.
Flávia vê Fausto com Natália e chora.
VOLTA A CENA.
Flávia: Eu tentei me divertir mas não consegui, sinceramente, porque ver o Fausto com outra era demais pra mim…Eu queria ele, só ele. Nenhum homem jamais tinha olhado pra mim, Fausto havia me beijado…Quando o Téo atirou pro alto e todos saíram correndo atrás dele, eu fazia parte do grupo.
Flashback.
Téo, já fora de si: Me deem a Maísa, ou eu atiro! Em qual dos três eu começo? BERNARDO?- Ele mira a arma pro rapaz- LILIAN? OU SUA AMÁVEL FILHA? Nenhum dos três vale nada! Um se envolve com o outro, o outro trai o outro e o outro…Vocês não passam de lixo! LIXO!- Ele atira pro alto e assusta todos. Lilian sai correndo com Maísa na direção dos banheiros. Téo corre atrás deles e consequentemente, as pessoas correm atrás dele, que continua com arma em punhos.
Bernardo, furioso: NÃO ENCOSTA NELAS!
Uma verdadeira multidão corre atrás de Téo, incluindo Yara, Úrsula, Onofre, Fausto, mesmo machucado.
Téo tenta atirar mas não acerta ninguém, ele tropeça mas não cai. O compositor esquece de Lilian e Maísa. Ele se tranca no banheiro masculino.
VOLTA A CENA.
Flávia narrando: Eu corri atrás do Téo, com sangue nos olhos, disposta a mata-lo, mas logo desisti e voltei, ele correu muito rápido, se trancou no banheiro…Quando estava voltando, vi o Fausto, ele havia levado um tombo e mancava, mas jurava que ia matar o Téo a qualquer custo. Então eu tive uma ideia…Uma ideia macabra…Eu ia matar o Téo e colocar a culpa no Fausto. Só tinha um problema: Eu não possuía arma. Então logo desisti e voltei pro show.
Mas era algo mais forte dentro de mim… Então eu resolvi ir novamente para os banheiros e esperar o Téo sair.
FLASHBACK…
Flávia, mordendo o lábio: Eu preciso dar um jeito de acabar com esse infeliz, e culpar o Fausto…
Flávia narrando: Foram momentos insanos. Eu não estava raciocinando direito, mas sabia que tinha que matar o Téo e depois acusar o Fausto colocando a arma do crime ou sei lá o que fosse em sua casa…Eu estava perto dos banheiros quando vi Lilian tentando abrir a porta do banheiro masculino, a pulseira dela caiu, mas ela nem percebeu… A Yara estava um pouco mais perto de mim, caída, acho que tinha batido a cabeça no extintor.
Mostra a imagem de Lilian tentando arrombar a porta do banheiro masculino, e logo desistindo.
Lilian: DESGRAÇADO! UMA HORA VOCÊ VAI SAIR, TÉO, PRA ACERTARMOS AS CONTAS!
Flávia narrando: Esperei ela voltar para o banheiro feminino. Agora o corredor estava vazio. O show rolando lá, e eu de tocaia, esperando o Téo, com sangue nos olhos…Com ódio…- Ela suspira- Naquela noite, eu era a Flávia que se encontrava adormecida há anos. A Flávia rancorosa…
Lilian, abismada: Então você invadiu o banheiro e matou o Téo?
Natália, tendo crises de choro: Meu Deus do céu, você é um monstro, Flávia!
Flávia se levanta: Eu não…EU NÃO! SÓ QUERIA SER FELIZ, AO LADO DO FAUSTO. EU TINHA ESSE DIREITO, TODO MUNDO TEM, PORQUE EU NÃO?- Todos a olham- O fato é que Téo, depois de alguns minutos, abriu a porta para checar se havia alguém no corredor.
Yara a interrompe: Foi nessa hora que eu acordei, ainda com a vista turva, e vi tudo. Eu vi a cena do crime.
Flávia narrando: Eu vi ele saindo e pensei pra mim mesma…Era hora…Era hora de matar o Téo!
FLASHBACK.
Depois de alguns minutos, o compositor não escuta barulho suspeito, então resolve abrir a porta e sair, ele destranca a fechadura, porém deixa a arma cair e se abaixa pra pegar, ao mesmo tempo alguém escancara a porta e parte pra cima dele.
Flávia, furiosa: VAMOS VER QUEM É MAIS FORTE AGORA, TÉO!
Yara se levanta lentamente: Mas o que…O que ela vai fazer?
Téo pega a arma: SAI DAQUI, FLÁVIA.
Flávia lhe dá uma rasteira e ele acaba caindo, ela pega um papel toalha rapidamente, Téo consegue recuperar a arma, mas por pouco tempo.
Téo, assustado: NÃO! NÃOOO- Flávia pega arma de suas mãos violentamente e atira duas vezes.
Yara, de olhos arregalados: Téo…TÉO!
Flávia, fria: Já foi tarde…- Ela guarda a arma enrolada com bastante papel toalha na bolsa. A mulher vê a pulseira de Lilian no chão- Isso pode me ajudar também…- Ela coloca a pulseira perto do corpo de Téo e sai.
Flávia narrando: Parecia tudo perfeito- Ela sorri- Não havia testemunhas, eu não havia deixado marcas no crime mas…Nem tudo era assim. Yara havia visto tudo, ela me chantageou, e foi aí que viramos cumplices.
Yara conta: Eu impus uma condição para que nossa cumplicidade fosse firmada. Ela teria que te incriminar, Lilian. Flavinha nem pestanejou, aceitou colocar a arma em sua casa. A arma mais a pulseira seriam a combinação perfeita pra que fosse presa. Ah Lilian, como eu te odeio…E funcionou o meu plano! Pena que por pouco tempo!
Maísa lhe dá um tapa: Vagabunda!
Flávia, olhando para baixo: Eu não me arrependo de nada que fiz. Téo era um nojento, merecia morrer, mas infelizmente, por culpa da Yara, não consegui incriminar o Fausto, só nos depoimentos, mas isso não bastou…Ele devia ser preso…
Fausto: Isso não tem coerência, Flávia, você é uma louca, isso sim! Depois que eu fosse preso, o que ia acontecer? Você ia me ter de volta? Ia me separar da Natália?!
Flávia, sussurrando: Eu me livraria da Natália…E ficaria te esperando, de braços abertos.
Lilian fica em silêncio por um tempo: Você tem noção do tamanho do estrago que causou por conta disso, Flávia? E o pior de tudo, é que eu sou a mais machucada com isso…Poxa, nós éramos sócias, amigas, eu tentei te ajudar financeiramente e você faz isso comigo?
Flávia: Vai expor tudo o que fez pra mim? Que grande humildade…
Lilian aponta o dedo em sua cara: Não seja hipócrita, muito menos dissimulada! Eu estou falando que TENTEI te ajudar, Flávia, e você não soube aproveitar, quis ir por lados tortos, caminhos obscuros, mas vai ter seu castigo sim…Nossa amizade acaba aqui, se é que ela existiu pra você, mas pelo crime que cometeu contra si mesma, você vai pagar, pagar muito caro! Você e a Yara…
Flávia: Eu nunca gostei de você mesmo, Lilian…Era puro teatro. Mas atuar cansa muito.
Lilian lhe dá um tapa: CACHORRA- Flávia cai no chão- ORDINÁRIA, VAGABUNDA…
Fausto a contém: CHEGA!- Bernardo o ajuda.
Bernardo: Não alimente nem retruque as palavras dessa psicopata, Lilian…- Ele chama alguém- Ivan, pode sair.
Ivan e vários polícias saem de trás das cortinas.
Yara, chorando: Eu não pude te contar, Flavinha…Mas eles estavam ouvindo tudo.
Ivan respira fundo: Bem…Consideramos isso uma confissão, obviamente. Parece que me enganei quanto ao culpado do crime- Ele pega as algemas- Flávia, você está presa. Yara, tens a mesma sentença. Pelo homicídio do senhor Teodoro Padilha.
Flávia, horrorizada: Era tudo uma…
Lilian, firme: Cilada. Armadilha. Não foi isso que tentou fazer comigo? Estou apenas devolvendo, Flávia…Mas não sabe o quão decepcionada, desolada e destruída eu estou por dentro. Convivi com uma pessoa totalmente diferente do que imaginava…Fizemos planos juntos! Lhe contei meus sentimentos…
Flávia é algemada: Cuida bem da nossa clínica…Amiga…- Ela é levada pelos policiais, Yara também.
Lilian abraça Bernardo e Maísa.
Cena 04- Apartamento dos Segata/ Madrugada.
Rubem está deitado no quarto. Irene o observa dormindo. Ela lhe dá um beijo e sai.
Na sala…
Raquel está sentada no sofá. Geórgia ao seu lado.
Irene chega: Está melhor, Raquel?
Geórgia: Dei um copo de água com açúcar e ela melhorou. Ficou mais tranquila. Que confusão que aconteceu aqui. Rubem como está?
Raquel se levanta: Eu preciso falar com o Rubem. Onde ele está?
Irene: Está dormindo. Fala com ele amanhã, Raquel. Ele não está se sentindo bem e pelo visto recuperou a memória, veja que progresso! É melhor não incomodá-lo, e temos que ver se amanhã ele vai continuar se lembrando quem é…
Geórgia: Tomara que nunca mais ele pense que é Dom Casmurro.
Raquel, respirando com dificuldade: Depois de tanto tempo, eu descubro que minha mãe é…Só pode ser brincadeira- Ela sai pro quarto.
Geórgia: Raquel, filha!
Irene se senta: Deixa, Geórgia. Eu também não esperava por isso, mas ainda nem sabemos se essa história é verdadeira…Melhor ir dormir, e rezar pra que amanhã Rubem e Raquel acordem bem.
No dia seguinte…
O sol nasce radiante. Algumas pessoas se divertem na praia de Ipanema. No apartamento, Irene se levanta e percebe que Rubem não está mais na cama. Ela se preocupa. Na cozinha, Geórgia termina de preparar o café e o coloca na mesa. Lilian está sentada à mesa. Raquel está quieta e cabisbaixa. Lilian repara na menina.
Rubem chega: Esse cheiro de café fresco me fez levantar da cama tão cedo. Só você, Geórgia.
Geórgia sorri: Estou muito feliz que lembra meu nome. Aliás, estou feliz que o nosso Rubem esteja de volta.
Rubem se senta à mesa: Eu nunca estive fora. – Ele sorri e percebe que Raquel está séria – Está tudo bem, Raquel?
Lilian bebendo suco: Eu também estranhei. Ela está quieta, não falou nada desde a hora que se sentou à mesa.
Raquel ergue a cabeça: Rubem. Eu tenho o direito de saber sobre a minha história e sobre a história da minha mãe. Não tente tirar isso de mim. Por favor, eu preciso saber de TUDO, e você vai contar!
Rubem respira fundo. Lilian não entende o que está acontecendo.
Cena 05- Casebre de Sid/ Dia.
Meddeiro entra: Nossa, estou horrorizado, Sid Turner- Debocha- Você? Morando em um lugarzinho classe baixa como esse? E pior! Com ventilador de teto?
Úrsula suspira: Pare de piadas, morto-vivo-italiano! Me surpreendi quando Vanusa me disse que você estava aqui no Brasil…Se recuperou dos problemas mentais?
Meddeiro sorri: Cara Úrsula, Fran inventou tudo aquilo porque eu ia contar pra você que ela desejava vingança! Se eu tivesse realmente contado, nada disso teria acontecido, vocês ainda estariam ricos, e sem a presença daquela nojenta em suas vidas. Mas preferiram me internar e acreditar que eu era louco!- Ele ri ironicamente- E agora vejam só! Os dois estão dividindo uma casinha…C A S I N H A! A que ponto chegaram…
Sid se estressa: Chega, Meddeiro, chega de humilhações! Não somos obrigados a ouvir essas palavras tão cruéis.
Vanusa confirma: É verdade, vamos falar sobre a Elisafran. Você disse que tinha um segredo guardado dela. Um segredo que poderia derrubá-la.
Úrsula cruza os braços: Isso mesmo, vai falar ou não? Temos que acabar logo com essa Elisafran, quero meu hospital e minha mansão de volta…Não aguento mais essa casa pequena, abafada, mal iluminada e fedida.
Meddeiro pigarreia: Muito bem, vou falar-Todos anseiam- Elisafran matou um antigo marido e o enteado.
Úrsula quase cai: O QUÊ?
Meddeiro: Exatamente, aquela mulher é mais perigosa do que pensam, e a questão foi dinheiro também…Bem, nunca fui um homem muito ambicioso, pra início de conversa. Eu trabalhava como copeiro na casa de Elisafran e de seu marido, Moacir, em uma cidadezinha em expansão no Rio…Ele era acomodado, no bom sentido, já tinha tudo o que podia querer, então não pensava em sair da cidade, lá era um bom local para se viver, ele se dava por satisfeito, seu único filho, Humberto, também não tinha do que reclamar, era noivo, tinha bom emprego…Mas a Fran queria ir para o Rio de Janeiro, atrás de você, Úrsula! Ela queria vingança, eu sabia disso, mas os outros dois não…
Vanusa: Ela então se livrou dos dois? Foi isso?
Meddeiro ri: Você é bem esperta, Vanusa. Sim, ela se livrou dos dois quando Humberto estava prestes a se casar com uma caipira. Matou Moacir com um tiro no peito, depois atingiu seu filho pródigo com um na costela… Quando cheguei do centro da cidade, estavam os dois mortos, e ela chorando, arrependida pelo que fizera. Parece que tinha brigado com Moacir e dado um ultimato nele…O fato é que ela cometeu esse crime, pegou o dinheiro e veio pro Rio. Bem, eu vim com ela, e logo nos apaixonamos, mas essa é outra história.
Úrsula: Elisafran é pior do que eu pensava, ela foi capaz de tudo por conta dessa vingança…Mas eu ainda não entendi uma coisa, Meddeiro. Qual é a prova que você tem contra a Elisafran?
Meddeiro revela: Está no banco, é a arma do crime, e também um áudio com a confissão de Elisafran, quando estava embriagada…Fiz questão de guardar tudo num cofre, e espero que ainda esteja lá.
Úrsula se levanta: Isso nós só vamos descobrir se formos até o banco. E É O QUE VAMOS FAZER, afinal, não podemos mais perder tempo! É hora de acabar com a Elisafran, vamos mostrar a arma e a gravação pro delegado…
Meddeiro: Só tem um problema. O caso da morte de Moacir e Humberto está arquivado na delegacia de Braseiro, a cidade em que morávamos.
Vanusa coloca os óculos escuros: Dou um jeito nisso, não se preocupe. Mas primeiro vamos ao banco, eu dirijo!
Sid, feliz: Finalmente vou ter o que é meu de volta, e acabar com aquela falsa!- Os quatro saem.
Cena 06- Escola Jatobá Torôncio/ Dia.
Vittória desce do carro. Ela vai até a escola onde Breno estuda. Pela grade, ela vê o filho brincando com os colegas, e acaba se emocionando.
Dóris, sorrindo: Qual deles é seu filho?
Vittória a olha: Oi?!
Dóris: Eu perguntei qual deles é o seu filho.
Vittória sorri: O que está com blusa branca. – Ela aponta para Breno. – Lindo ele, não é?
Dóris: Então você que é a mãe do Breno? Ele é um doce de pessoa. Nunca vi uma criança tão calma.
Vittória radiante: E pensar que tudo que passamos fez um bem tão grande a ele. Tudo que passamos mostrou a ele as diferenças, as lutas e o quanto temos que lutar pelos nossos direitos.
Dóris: Texto decorado. Adoro gente assim.
Vittória ri: Eu não preparo meus discursos em casa. Minha experiência descreve quem eu sou. Descreve minha personalidade.
Dóris: E uma mulher tão bem de vida, linda desse jeito, tem alguma experiência?
Vittória ainda olhando Breno: No sofrimento. – Ela desvia o olhar para Dóris. – A vida não foi fácil comigo.
Dóris: A vida não é fácil com ninguém. Ela é cruel.
Vittória desvia novamente o olhar para Breno: Crueldade faz parte do destino. Nós escrevemos nossos rumos.
Dóris: Você não tem cara de quem já sofreu na vida. Como posso acreditar em você?
Vittória ri: As marcas já se foram, hoje ficam apenas lembranças de um tempo ruim para um final feliz.
Dóris: Acredita em final feliz?
Vittória a olha: Você acredita em papai Noel?!
Dóris sorri: Quer que eu chame teu filho?
Vittória faz que sim. Dóris vai chamar o menino. Breno vem correndo e pula no colo de Vittória.
Bruno sorrindo: Mãe, deixa eu te apresentar pros meus amigos? Quero que eles conheçam a mãe linda que eu tenho!
Vittória rindo: Me apresentar pros seus amigos? Será que eu deixo ou não? Eles vão ficar com ciúmes! –Ela começa a fazer cócegas em Breno. Os dois se divertem. Dóris observa tudo sorrindo.
Vittória entra com Breno.
Breno radiante: Gente, gente. Essa daqui é minha mãe. Olha só como ela é linda!
Vittória, chorando: Tudo bem com vocês crianças?!
Pouco depois…
Vittória e Breno se sentam na pracinha. Ambos com sorvete.
Vittória se senta: Cuidado para não sujar sua blusa. Eu fiquei contente por você ter me apresentado aos seus amigos. Te trouxe até aqui porque tenho uma novidade para contar.
Breno, radiante: Que novidade?
Vittória, sorrindo: Eu e o Bruno vamos nos apresentar na rádio, num programa. Vamos falar sobre a AIDS.
Breno, contente: JURA?!
Vittória sorrindo: Juro! Não é legal?
Breno: É HIPER LEGAL!
Vittória e Breno se divertem enquanto terminam os sorvetes. Eles continuam a conversar.
Cena 07- Apartamento dos Segata/ Dia.
Rubem: A sua mãe é mesmo a Iracema, Raquel. Na época, ainda era chamada de Gorete.
Lilian, confusa: Pai, do que você tá falando? Recuperou a memória como minha mãe disse, ou enlouqueceu de vez?
Rubem toma café: Vou contar uma história agora, que só eu sabia…
Raquel, trêmula: Fala Rubem, eu não aguento mais, meu coração vai sair pra fora! Você sabe como passei a noite? Nem ao menos sentei na cama, só fiquei andando de um lado pro outro, pensando nas palavras que você tinha me dito! Então agora é a hora. Explica essa história de a Gorete, Iracema, tanto faz, ser a minha mãe.
Rubem fecha os olhos: Não me recordo o ano ao certo, mas fazem quase 20. Gorete veio passar as férias na nossa casa, em Petrópolis, na época…E pela primeira vez, vinha sozinha, sem Acácia e sem o pai também, Sérgio. Acácia sempre proibia a garota de vir para o Brasil sozinha. Na verdade, ela não podia nem sair de casa direito, sem ser perseguida pela mãe…Mas naquele ano, tinha tirado boas notas no colégio, então, conseguiu vir…E aproveitou que estava longe da mãe para sair, conhecer gente nova…Namorar bastante…Ela conheceu um jovenzinho numa festa e se encantou por ele, parece que o rapaz era jogador de futebol…Gorete engravidou do cara.
Lilian, chocada: Como assim, papai? Como eu não soube de nada?
Rubem faz um gesto para ela se acalmar: Eu acabei descobrindo a gravidez e fui procurar o tal sujeito pra informar, mas minha surpresa maior foi descobrir que esse homem tinha morrido há duas semanas, de infarto, enquanto jogava uma partida. E pior, sua família morava no México. Gorete ficou desesperada ao saber, me lembro bem…
Flashback…
Gorete, chorando: Não pode ser, vô! NÃO PODE! Além da minha situação estar difícil, você e vem e me disse que o Carlito morreu?
Rubem suspira: Morreu minha neta, não há nada que possamos fazer, mas eu não canso de repetir o quanto você e esse rapazinho foram inconsequentes, pois eis o resultado aí! Você grávida, e não completou nem os 18 anos, nem a escola você completou ainda, Gorete! A Acácia vai surtar, o Sérgio lhe dará uma surra!
Gorete: Não, eles não podem saber! Minha mãe pode inclusive ter um infarto, vô…Eu vou ter que escolher entre tirar a criança, ou esconder.
Rubem nega: Tirar nem pensar! Sua avó Irene se arrepende até hoje de ter tirado o primeiro filho, fruto de um romance com um antigo namorado, um médico…Bem, ela tirou, e chora até hoje, Gorete. Felizmente depois veio a Acácia, e a Lilian. Ah, a Lilian também não iria suportar, a Irene pior ainda…A senhorita está em um beco sem saída. Esconder também não dá!
Gorete: Claro que dá, eu tô com quase três meses, vô!
Rubem: Mas suas aulas na Itália começam mês que vem!!
Gorete pensa: Eu tenho uma amiga que mora em Búzios, é pra lá que eu vou! Você vai dizer pra minha mãe que ganhei uma bolsa escolar no melhor colégio do Rio…Ela vai ficar feliz e aceitar…
Rubem: Ela vai querer vir aqui, Gorete! É melhor desistir desse plano!
Gorete, desesperada: Ela não vai poder vir aqui, nem ela, nem meu pai. Eles estão proibidos de sair do país por conta de uma irregularidade no passaporte, tem que ficar quatro meses lá até que tudo seja resolvido.
Rubem: Mas e as pessoas daqui? A Lilian, a Irene?! Eles vão saber!
Gorete: A Tia Lilian tá viajando, quando ela chegar, você fala que eu voltei pra Itália, assim elas pensam que eu tô lá, e minha mãe pensa que eu tô aqui. Tudo resolvido, vô, por favor, você tem que me ajudar!
Rubem: Eu quero lhe ajudar, minha querida, mas seu plano tem furos demais. A Lilian de mês em mês liga pra Acácia, a comunicação é inevitável. As duas vão descobrir seu plano, e tudo irá piorar.
Gorete pensa: O número da minha mãe fica em uma agenda telefônica, certo? Pois bem, troque um digito- Rubem fica chocado- Um digito só, e aí a tia Lilian não vai conseguir falar com ela… Troca o 2 pelo 8, sei lá.
Rubem: Isso é absurdo!
Gorete: É o que temos pra agora! Depois eu penso em outra coisa.
Rubem narrando: E por incrível que pareça, o plano deu certo. Acácia ficou receosa no começo, mas logo começamos a enviar boletins falsos, e ela achou que Gorete estava mesmo estudando. Eu ia visita-la em Búzios todo domingo, mas dizia que estava indo no estádio de futebol…Acompanhei a gravidez de Gorete, os problemas que ela teve no decorrer…Mas quando ela completou sete meses, tudo mudou. A gravidez era complicada, e o marido da Acácia, Sérgio, tinha conseguido licença para sair da Itália de novo, então ele veio de avião ver a filha…Mas antes disso, Gorete teve a bebê, de sete meses, num parto complicado. Era você, Raquel.
Raquel chora.
Rubem: Lembro quando fui lhe visitar pela primeira vez…
FLASHBACK.
Rubem pega o bebê e se emociona: Raquel, pequena Raquel…Como a Acácia vai te aceitar?
VOLTA A CENA.
Rubem narrando: Quatro dias depois de você nascer, uma surpresa. Lilian conseguiu achar o número correto de Acácia. Antes as duas estavam se comunicando com cartas falsas, escritas por mim mesmo, imitando as letras das duas. O fato é que acabou que tudo foi descoberto e o Sérgio resolveu vir para o Brasil atrás de Gorete, com o próprio avião. Ele era piloto profissional. Demos um jeito de sua mãe voltar pro Rio, ela ainda estava meio debilitada. Quando Sérgio chegou, não tardou para que descobrisse que a história da bolsa escolar era mera mentira.
FLASHBACK.
Sérgio, vermelho de fúria: Como você pode me enganar, Gorete? COMO? E ainda mais com a audácia de inventar que estava estudando. VOCÊ MERECE UMA BOA SURRA!
Rubem intervém: Não faça isso, Sérgio, ela está muito debilitada!
Sérgio ri: Debilitada? Essa infeliz devia estar com vergonha! VERGONHA!- Ele bate em Gorete- Sua mãe faz o possível pra te dar uma boa vida, assim como eu, e é dessa maneira que você agradece? FINGIDA, ORDINARIAZINHA!
Gorete: Para pai, por favor, eu posso me explicar! EU TINHA MOTIVOS!
Sérgio lhe pega pelos cabelos: VOCÊ NÃO TINHA MOTIVO NENHUM! Que decepção…Mas nós vamos voltar pra Itália, AMANHÃ MESMO! A Acácia vai ficar desolada, mas ela precisa saber quem realmente a filha dela é…
Rubem narrando: A Gorete não teve opção, fez as malas e disse que ia pra Itália, mas sem a filha. Ela disse pra mim cuidar do bebê, e recomendou que eu contasse tudo logo para a Irene e os outros… Gorete, coitada, não queria chegar com você no colo… Felizmente, Sérgio não soube do bebê e nem viu as cicatrizes da filha.
Raquel, já sem chão: Foi aí que o acidente de avião aconteceu?
Rubem: No dia seguinte, o Sérgio e a Gorete viajaram, no avião dele mesmo. Eu fui buscar você em Búzios, na casa da amiga da Goretinha, estava pronto pra revelar você para os Segata… Lhe deixei no carro, Raquel, e subi no apartamento…
FLASHBACK.
Rubem chega: É bom que todos estejam aqui- Ele espirra- Noite chuvosa…Bem, eu preciso contar uma coisa…Mas é difícil.
Irene vira o rosto, ela chora.
Rubem nota: O que houve, Irene? Resfriado?
Irene: O avião com o Sérgio e a Gorete…Caiu, Rubem… Eles morreram.
Rubem, sem reação: O quê?
Rubem narrando: Eu quase enfartei quando soube da notícia… Resolvi então tomar uma atitude drástica, no mínimo. Depois de alguns minutos chorando e sangrando por dentro, Raquel, já sem raciocinar direito, eu voltei pro carro…Você ainda tava lá, dormindo como um anjo. Te coloquei em uma caixa de papelão que havia achado na garagem e decidi te levar pra outro lugar, bem longe da nossa chácara.
Raquel completa: A CASA DA GEÓRGIA! VOCÊ ME LEVOU PRA CASA DA GEÓRGIA!
Rubem completa: Exatamente. Na época, Geórgia morava em outra casa, ela não dormia no serviço… Ela te achou e…Como eu esperava, te adotou.
Geórgia, respirando com dificuldade: Não posso acreditar nessa história…Seu Rubem, você foi muito cruel…Você não tinha esse direito…
Rubem levanta: Eu sei, mas vocês tem que tentar me entender, pelo amor de Deus. Quando a Irene me contou que a minha neta tinha morrido, eu não sabia o que fazer…Criar a filha de uma morta? Seria uma boa opção, mas meu pensamento era outro na época, e como a Geórgia vivia comentando que nunca tinha tido oportunidade de criar uma filha, foi a melhor solução que eu achei. Mas você não pode reclamar de nada, Raquel, foi criada com muito amor, muito carinho. Com tudo o que é essencial.
Raquel, incrédula: Como é que é?
Lilian: Calma, Raquel…
Raquel: Calma? Calma uma pinóia! Esse homem- Ela aponta para Rubem- Destruiu a minha vida! EU ERA PRA SER UMA SEGATA, RICA TAMBÉM, VIVENDO COMO UMA PESSOA DE VERDADE, NÃO COMO A FILHA DA EMPREGADA…
Rubem: Isso é apenas um detalhe, Raquel. O que importa é como a Geórgia lhe criou!
Raquel: CALA A BOCA, RUBEM! VOCÊ NÃO PODIA TER FEITO ISSO COMIGO, NEM COM NINGUÉM! Você matou a Raquel Segata e ajudou a criar uma nova Raquel, só que pior, pobre e humilhada! TEM NOÇÃO DO QUE EU PASSEI, RUBEM? HEIN? TEM NOÇÃO DAS HUMILHAÇÕES QUE EU VIVI, E QUE NÃO ERA PRA EU TER VIVIDO! EU NUNCA VOU TE PERDOAR, NUNCA, NUNCA!! EU TE ODEIOOOO- Ela destrói toda a mesa- EU ODEIO MINHA VIDA, NÃO ERA PRA SER ASSIM, NÃO ERA!
Rubem: Raquel, eu tenho plena consciência do meu erro, já você insiste em errar, desvalorizando a Geórgia! Pra quê tanto rancor, você não tem noção dos valores que ela lhe deu? Riqueza? Quem disse que somos ricos, Raquel? E quem lhe disse que você é pior que a gente? Só porque tem menos bens materiais, é isso?! Olha, quando a gente morre, não levamos nem um telefone, nem um carro, nem a casa conosco, só nossa alma! É isso que vale! Você devia ter aprendido a erguer a cabeça diante das humilhações, e não ter alimentado elas, Raquel. E outra! Agora a vida está te dando a oportunidade de reencontrar sua mãe, que não morreu! Não era esse seu sonho?
Raquel, horrorizada: Uma índia bobona? Essa é minha mãe?! Nada disso, Rubem, minha mãe morreu naquele acidente. Eu não vou aceitar ser filha dessa tal Iracema…Eu merecia uma mãe rica, que pudesse me oferecer luxo, conforto!
Rubem esbraveja: Mas quanta futilidade!
Raquel destrói as coisas do apartamento: PORQUE NÃO É O SENHOR QUE ESTÁ PASSANDO POR ISSO! MINHA VIDA FOI ARRUINADA…E pior, esse tempo todo a Acácia tinha fundamento em me perseguir, afinal eu era neta dela! NETA DA ACÁCIA…Antes fosse filha, ela é louca, mas pelo menos rica! RICAAAAAA, DIFERENTE DA GEÓRGIA, UMA POBRE COITADA QUE NUNCA VAI PASSAR DISSO.
Rubem lhe dá um tapa: CALA A BOCA! CHEGA!- Ele fica nervoso- Mandem chamar a Iracema aqui! Vamos esclarecer toda essa história. Aliás, ela está desmemoriada e não lembra de nada…Será um choque.
Cena 08- Mansão de Elisafran/ Dia.
Vanusa está sentada ao lado de Elisafran.
Elisafran pega um documento: Assinar uma parceria?! Que papo é esse, Rosina?
Vanusa se levanta: Sim, uma associazione. A gente pode se dar ótimo, Fran, basta você querer. E io sono sicuro que você quer.
Elisafran se levanta: Eu não posso assinar assim. Eu preciso ler o que está escrito. Acha que eu tenho cara de palhaça, Rosina? Sair assinando as coisas assim de estranhos…
Vanusa, chocada: ESTRANHOS?! Ai quell’orrore, eu te tenho como uma amiga e você me têm como uno strano. Estou perplexa e muito decepcionada.
Elisafran: Não foi isso que eu quis dizer… Fiquei até me sentindo mal depois dessa. Quer uma bebida?
Vanusa sorri: Accettato. Mas estou bem decepcionada, deixando bem claro.
Elisafran sai e pega uma bebida. Vanusa tira um pó da bolsa. Elisafran chega e entra com os copos. Ela coloca o seu copo na mesa.
Elisafran sorri: Vou pegar uns biscoitos. Quer, Rosina querida?
Vanusa: Chiaro– Ela sorri.
Elisafran sai. Vanusa aproveita e coloca um pó no drink de Elisafran. Vanusa mistura bem para que não fique visível. Pouco depois, Fran chega.
Elisafran sorrindo: Aqui os biscoitos. Agora podemos conversar sobre essa parceria. Cadê o contrato?
Vanusa sorri: Aqui! – Ela entrega, apreensiva– Não vai beber?
Elisafran bebe um pouco: Claro! Mas vamos por partes, Rosina. Você me disse que tem uma ONG e quer ser parceira do meu hospital, é isso?
Vanusa: Isso mesmo. E como eu sou uma pobre viúva, com pouco tempo de vida, tenho que deixar meus negócios com alguém…E como somos amigas, achei que seria digno que ficasse responsável por minha ONG.
Elisafran vê todas as letras borradas, ela tem alucinações.
Vanusa, instigada: E então, vai ou não assinar o contrato, Fran? Tá tudo bem com você?
Elisafran começa a ficar tonta.
Elisafran, rindo: EU… – Ela gargalha. – AI EU NUNCA ME SENTI TÃO BEM!
Vanusa, rindo: Assim que eu gosto, Fran. Agora, tome aqui a caneta e assine esse papelzinho pra mim, por favor, amiga! Faça isso por mim, Rosina.
Ela coloca a caneta na mão de Elisafran. A última assina.
Vanusa, satisfeita: Você nem sabe, mas acaba de perder o hospital e os bens de Úrsula e Sid…Ah, mas foi tão fácil, e divertido também- Ela acaricia Elisafran- Quando chegar no hospital, terá uma surpresa!
HORAS DEPOIS…
Cena 09- Hospital de Elisafran/ Tarde.
Elisafran e Imo chegam. Fran já estava recuperada, menos zonza.
Elisafran, aflita: Nenhuma pista do Meddeiro, Imo? Esse aí está tramando algo, ou não estaria calado assim…
Imo: Não se preocupe que vou achar ele, preocupe-se com o hospital e com a tal Rosina, a viúva milionária.
Elisafran abre a porta da sala: Aquela ali já está no pap…- Ela vê Úrsula, Sid, Vanusa e Meddeiro sentados em cima da mesa- MAS O QUE É ISSO?
Úrsula sorri: Boa tarde, Fran, como vai?
Elisafran entra: Mas o que…Rosina? O que eles fizeram com você, querida?- Ela vai até a mulher- Te machucaram?
Meddeiro debocha: ROSINA? Que nome tosco. Conta logo a verdade, Vanusa.
Elisafran, sem entender: Vanusa? Olha, eu não sei o que vocês estão fazendo com a pobre coitada da Rosina, mas eu ordeno que saiam imediatamente da minha sala! Como os seguranças deixaram vocês entrar? Imo, chame a polícia para retirar esses criminosos daqui- Ela se vira pra Úrsula- Principalmente essa senhora que não tem direito nenhum de ao menos pisar no hospital…Rosina, venha comig…
Vanusa ri: Ainda não caiu a ficha, Elisafran?- Ela se solta das mãos da mulher- Eu sou aliada de Úrsula, Sid, e de Meddeiro também. Aliada contra você…E devo dizer que foi um dos golpes mais fáceis que já dei. Você caiu direitinho na conversa da rica e coitada Rosina… É vero.
Elisafran pisca: O quê?
Sid: Mas não se preocupe, Fran, você mandou que Imo chamasse a polícia, mas a polícia já está aqui! Vou mandar que entrem!
Imo: Mas que balbúrdia é essa? Polícia no nosso hospital?
Úrsula ri: Meu hospital, você quer dizer, não é?- Ela mostra o contrato- Bem, pelo menos é o que diz aqui.
Sid, satisfeito: E obrigado por devolver as minhas empresas e minha mansão, eu não aguentava mais ficar em um casebre qualquer…Finalmente tive minha riqueza de volta, ah, e meu dinheiro, claro. Ainda bem que vocês duas não o investiram…
Elisafran percebe: Pera aí…Rosina, o contrato…
Vanusa confirma com a cabeça: Você perdeu, Elisafran. Perdeu tudo de novo, levou um golpe maior do que eu imaginava…Não pretendíamos te prender, mas já que o Meddeiro revelou o crime que você cometeu, não tivemos escolha!
Elisafran, aterrorizada: Não pode ser…Crime?
Meddeiro: A morte de Moacir e Humberto! Eu tinha provas contra você, não sabia? Uma arma, uma gravação…
Elisafran: NÃO, NÃO PODE SER!
Úrsula bate no ombro dela: Você perdeu, Elisafran. Fomos mais espertos.
A polícia entra.
Imo cobre a mãe: NÃO SE APROXIMEM DELA!
Polícial: Por favor, senhora, não atrapalhe o nosso trabalho. Elisa Francisca Barreto, está presa por homicídio duplo…
Imo dá um tapa nele: CALE-SE! MINHA MÃE NÃO FEZ NADA. NADAAA
Policial: CALE-SE VOCÊ! Jorge, prende essa mulher que me desacatou, as duas vão pro xilindró, isso sim! Me dá as mãos, dona.
Elisafran olha para Úrsula: Só um minuto, policial…- Ela anda até a mulher- Minha vingança não foi tão cruel quanto eu queria, Úrsula, tenho que reconhecer que…Eu perdi…Vocês trabalharam bem contra mim. Sid- Ela lhe dá um tapa- VOCÊ NUNCA VALEU NADA, VELHO PODRE, NOJENTO, RICO IDIOTA! Úrsula- Ela dá outro tapa na mulher, e depois mais e mais- CACHORRA, ORDINÁRIA, VOCÊ NÃO PASSA DISSO! Tenho pena de quem tem que conviver com você…Mulherzinha abjeta!- Ela vai até Meddeiro- E você…Parabéns, conseguiu o que queria, Meddeiro, mas e agora? E depois que eu for presa? Você vai voltar a ser um homem INSIGNIFICANTE como sempre foi, uma sombra, sem serventia nenhuma. Só serviu pra me atrapalhar mesmo, mas eu tive meus momentos de glória, SEM VOCÊ- Ela cospe no homem- E Rosina, ou Vanusa, sei lá… Você foi a mais astuta, querida. PARABÉNS!- Ela dá um tabefe na mulher.
Policial: Chega, Elisa Francisca, a senhora está presa- Ele a algema- Vamos, por favor!
Imo e Elisafran são levadas.
Úrsula, com o rosto marcado: Eu venci…Finalmente! FINALMENTE- Vibra.
Vanusa: Aquela infeliz pelo menos sabe dar bons tapas…Mas isso não importa, agora eu quero a minha comissão! Sem “ Rosina” vocês não teriam vencido!
Úrsula, animada: Você terá minha querida, agora vamos brindar, com champanhe! A NOSSA VITÓRIA SOBRE ELISAFRAN!
Úrsula pensa: Agora que resolvi pendências financeiras, terei de resolver as sentimentais.
Todos comemoram.
Cena 10- Apartamento dos Segata/ Dia.
A cena passa ao som de Time After Time.
Rubem e Iracema estão em uma conversa longa e emocionante. Calmos, eles gesticulam. Iracema acaba chorando e se emocionando. Ao fim, os dois se abraçam. Em seu quarto, Raquel está deitada na cama, apoiada a cabeça na perna de Lilian, que faz carinho na jovem enquanto a própria chora. As duas conversam bastante. Maísa está sentada na cama, tentando acalmar Raquel, que rejeita seus carinhos e resolve se levantar. Lilian se levanta em seguida. Elas começam a gesticular, como se tivessem discutindo. A porta abre. Toda a discussão acaba.
Iracema entra: Será que a gente pode conversar…Filha?
As duas se encaram durante um bom tempo. Raquel está furiosa. Lilian e Maísa se entreolham. Um clima tenso predomina.
Cena 11- Casa dos pais de Olive/ Dia.
Úrsula toca a campainha.
Sr. Varmelin: Filhinha, papai tá no banho e mamãe tá no mercado, atende a porta aí por favor! Mas veja quem é no olho mágico primeiro.
Olive vê que é Úrsula: A madame?- Ela abre.
Úrsula pigarreia: Olive…Será que podemos conversar?
Olive, brava: Acho que não temos mais nada pra conversar, madame, afinal, depois daquele dia em que a senhora me deixou na chuva, pensei que tivéssemos rompido de vez.
Úrsula entra: Olive, por favor, não faça essa cara pra mim. Aquele dia você arruinou meus planos maléficos, mas não vamos falar do passado, e sim do futuro! Não pretendo mais matar a Maísa mesmo…Bem, como andam as coisas por aqui? Tá trabalhando?
Olive cruza os braços: Meus pais não deixam, a convivência aqui chega no ápice do caretismo, madame Úrsula, mas porquê?
Úrsula sussurra: Você tem que voltar a trabalhar pra mim, Olive. Eu tô rica de novo, depois de um período obscuro, consegui driblar a Elisafran. Tenho meu hospital de volta, meus perfumes, minhas joias, minha casa…E de quebra, a “ velha do submundo” foi presa! Quer coisa melhor? Tudo vai voltar a ser como antes, só falta você lá comigo, pra me fazer companhia.
Olive olha para cima: Eu não sei se devo, madame…Fico feliz que esteja rica novamente! Mas…E se um dia a senhora me expulsar de novo?
Úrsula pega em suas mãos: Minha caipora, eu prometo que não vou mais brigar com você, não vou brigar muito, só dar uns puxões de orelha. Faz suas malas, volta comigo, por favor. Eu ajoelho se você quiser…Não sou ninguém sem você, Olive…
Olive, emocionada: Tudo bem, tudo bem, eu vou! Arrumarei minhas malas e…
O Sr. Varmelin desce as escadas: Filhinha, quem er…ESSA MULHER??- Ele fica chocado- O QUE FAZ AQUI, SERVA DO DEMÔNIO?
Olive revela: Papai, vou voltar a trabalhar com a Úrsula, como antigamente! Não quero mais ficar aqui!
Sr. Varmelin: NADA DISSO, FILHINHA, ESSA SENHORA AÍ TE LEVA PARA CAMINHOS PERVERSOS, NÃO PERMITIREI!
Úrsula ri: O senhor já me cansou demais com sua vozinha- Ela pega o abajur- PENSA RÁPIDO- E taca para o homem, que quase cai no chão- CORRE OLIVE, CORRE…- As duas saem em disparada.
Olive: MAS E MINHAS MALAS?
Úrsula a pega pela mão: EU TE DOU TUDO DE NOVO, AGORA CORRE ANTES QUE SEU PAI NOS ALCANÇE- Elas entram no carro.
A sra. Varmelin cruza a rua, cheia de sacolas: OLIVE, OLIVE FILHAA…
Olive: ACELERA MADAME.
Úrsula arranca com o carro: RUMO A UMA VELHA NOVA VIDA…
Sra. Varmelin, desesperada: OLIVE NÃOOOOOOOOOOO- Ela cai na rua.
Cena 12- Apartamento dos Segata/ Dia.
O clima tenso ainda está no ar. Iracema fecha a porta.
Raquel, furiosa: FILHA??! Como você tem coragem de me chamar assim? Me abandonou e ia pra Itália…
Iracema chorando: Não me julgue, Raquel, eu estava sobre pressão do meu pai e precisava te esconder, não podia chegar com uma bebê, ou minha mãe ia morrer de desgosto! Pelo menos foi isso que o Rubem me disse…Tente me compreender, eu não lembro de nada. Minha memória se foi.
Raquel, chorando: Eu imaginava que minha mãe fosse rica, sabe? Que me daria tudo do bom, todas as coisas caras que a vida tem pra oferecer. Imaginei que fosse ganhar isso. E que faria tudo o que eu quisesse. Mas não! Eu não aceito ser sua filha. NÃO ACEITO E NÃO VOU SER SUA FILHA…Uma índia? Que nem é dos Segata direito? Nananinanão.
Iracema se aproxima: Mas a gente pode se dar bem. Eu posso te dar amor, Raquel! Vamos recuperar o tempo perdido, eu tô disposta a isso! E se pudesse voltar atrás e não ter perdido minha memória nem me acidentado no avião, não teria feito nada disso contigo!! Você não pode me culpar por tudo também, afinal quem ia imaginar que aquele avião fosse cair, hein?
Iracema vai tocar em Raquel, mas ela se afasta.
Raquel furiosa: NÃO TOCA EM MIM. – Ela empurra Iracema.
Lilian, apavorada: Raquel, não faz isso!
Todos se entreolham.
Raquel: FICA LONGE DE MIM!- Ela sai, desesperada. Iracema se senta, chorando. Lilian e Maísa vão apoia-la.
ALGUNS DIAS DEPOIS…
Maísa chega feliz. Lilian está lendo uma revista.
Maísa, sorrindo: Depois de tanto tempo recebi um convite para poder desfilar. Fiquei contente.
Lilian sorri: Jura?! Parabéns minha querida. – Ela larga a revista. – Estou muito feliz por você. Muito mesmo!
Maísa: Parece que agora tudo está dando certo.
Raquel chega nervosa.
Lilian percebe: Aconteceu alguma coisa Raquel? Você está inquieta.
Raquel: Hoje é o dia do teste de DNA. Eu estou um pouco nervosa por isso.
Lilian e Maísa se entreolham.
Raquel: Eu acho que vou rezar pela primeira vez na minha vida. Vou pedir pra Deus me livrar de ser filha da Iracema…Vou pedir pra que toda essa história que o Rubem contou seja falsa…Ou então, que eu morra, porque sinceramente, minha vida não tem mais sentido…
Cena 13- Cadeia/ Dia.
Yara e Flávia estão na mesma cela.
Flávia chora: Não era pra ter sido assim…
Yara, de cabeça baixa: Para de reclamar!
A carcereira chega: Yara Gávea- Ela se levanta- Pagaram sua fiança, cê tá livre…
Yara, feliz: Ótimo- Ela olha pra Flávia- É uma pena que não tenha ninguém que faça o mesmo por você, Flavinha- Ela se agacha- Mas te admiro por sua coragem em ter matado o Téo. Claro, tudo tem uma consequência…Boa sorte aqui, tchau tchau.
Flávia, desesperada: Não, você não pode me abandonar aqui, Yara! Nós não somos cumplices? VOCÊ TEM QUE ME AJUDAR- Ela pega em sua perna- ME AJUDA!
Yara a chuta: Para de ser idiota, Flávia…Você vai apodrecer aqui- Ela sai da cela.
No apartamento…
Yara abre a porta: Lar doce lar, parece que passei anos na prisão. Lugar fétido. Vou tomar banho, Onofre- Ela olha para o homem- Mais uma vez, obrigado por acionar o advogado, amigo.
Onofre: De nada, Yara. Mas antes de você tomar um banho, tenho uma coisinha importante pra te contar.
Yara, curiosa: Coisinha importante?
Onofre sorri: Eu quero metade.
Yara perde o sorriso: Metade…Do quê?
Onofre se senta: Do seu dinheiro, Yarinha. Deixa eu te explicar. Acontece que quando você foi presa, eu acabei descobrindo umas situações sobre a sua pessoa…Tipo que…
Yara, com medo: Fala Onofre, por favor pare de enrolações e me diga o que você descobriu!
Onofre se aproxima dela: Eu descobri que você matou a sua própria mãe.
Yara disfarça: Tá louco?
Onofre: Eu? Louco? Imagina! Você que deve estar com uma falha na memória, porque me disse num jantar uma noite dessas que tinha matado sua mãe. A princípio desconfiei que fosse loucura de bêbada mas…Depois eu achei a picareta do crime, e a tal Marcelly. É o suficiente?
Yara engole em seco: Eu contei?
Onofre confirma: Com detalhes, querida. E você sabe que longe de mim espalhar essa informação para os ouvidos da polícia. Mas o meu silêncio as vezes precisa ser alimentado, o preço é mínimo. Só metade da herança que você recebeu da pobre Lídia…
Yara lhe dá um tapa: Canalha.
Onofre: Eu digo o mesmo de você, que foi capaz de matar a própria mãe pra ficar com uma herança! Monstro frio e cruel, você não merece ninguém mesmo, não que alguém te queira…- Yara vai bater nele novamente, mas é segurada- OU ME DÁ O DINHEIRO, OU ENTÃO EU VOU ATÉ A DELEGACIA COM PROVAS CONTRA VOCÊ.
Yara fica apavorada.
Cena 14- Laboratório/ Dia.
Iracema entra na sala do laboratório e tira sangue, Raquel faz o mesmo.
Irene sorri: Então já podemos ir. Falta mais alguma coisa?
Raquel: A gente precisa tirar mais um tubo de sangue. Eu não aguento mais ser furada.
Iracema: Eu acho desnecessário. O Rubem tem certeza que você é minha filha!
Raquel furiosa: Não me chama assim, eu já disse. Não sou sua filha, não aceito e não quero…Do mesmo jeito que você me rejeitou quando criança, eu estou te rejeitando agora.
Irene: Raquel! Não fala assim. Você às vezes magoa as pessoas.
Raquel revoltada: Eu não queria estar aqui!
Geórgia tenta acalmá-la.
Iracema: Geórgia, será que posso conversar com ela em particular?
Geórgia sorri: Claro.
Todos olham para Raquel, que pela pressão decide aceitar. Ela e Iracema saem.
Na pracinha…
Raquel: E então, o que você quer conversar comigo?
Iracema sorrindo: Queria que você me entendesse, eu não tive culpa de nada o que aconteceu. Porque continua me culpando? Eu fui VÍTIMA de um acidente de avião, mas ia voltar pra te buscar, você não ouviu Rubem falando? E ainda prefere dizer que te rejeitei! Sabe o que é isso? Desgosto interno. Você ficou descontente ao saber quem era sua mãe e quer me culpar por isso!
Raquel fica calada.
Iracema: Quando fui parar na tribo, eu não sabia nem quem era minha família, Raquel. Eu não me lembrava de nada do que tinha acontecido…Você tem que me entender e acabar com birra! É hora de nos unirmos e vivermos o que não conseguimos no passado. Nossa relação de mãe e filha não pode morrer por orgulho…Me diz, Raquel, você não está feliz por ter me encontrado? Lá no fundo, não sente nenhuma satisfação? Diz a verdade, diz…
Raquel a olha: Eu…
De repente, Acácia aparece
Acácia, radiante: FILHAS! DEU TRABALHO PRA ENCONTRAR VOCÊS! TIVE QUE FAZER O CONTORNO EM TODO O LABORATÓRIO MAS FINALMENTE CHEGUEI!
Iracema e Raquel se entreolham desesperadas. Acácia está com uma aparência deplorável.
Acácia: Hora de acertamos nossas contas!- Ela tira o canivete do bolso- Espero que não precise ser a força!
As duas se apavoram.
TERMINA A PRIMEIRA PARTE DO CAPÍTULO 65.
Capítulo decisivo e cheio de muitas imitações. Descobrimos que a Flávia foi a verdadeira assassina do. Teo, também descobrimos os notícias dela ter feito isso. Resumindo, ela e Yara foram presas.
Também descobrimos que a Raquel na verdade é filha da Iracema/Gorete. Mas parece que a jovem não gostou de ser filha de uma india pobre, credo a Raquel sabe ser hipocrita aos extremos creeeeeduuuu
🙁
Elisafran, não teve jeito para ela, foi vítima de um golpe armado por Úrsula, Sid e Rosina e com a ajuda de Meddeiro ficaram pobres e ainda foi presa junto com sua adorável filha, rs.
E parece que tudo está indo bem para os demais, Vittória Finalmente está vivendo momentos felizes com seu filho. Lilian, Maísa estão dado certo. Rubem recuperou a memória, e por ai vai…
Mas agora a Yara foi solta com a ajuda de Onofre que logo exijiu parte do dinheiro dela Em troca de seu silêncio, ela teve que aceitar…
Acácia apareceu para dar o ar de sua desgraça surpreendendo Iracema/Gorete e Raquel….. 😮
A Flávia? Assassina do Teo?? Iracema?? Mãe da Raquel??? Caraca maluco, dessa vez você se superou! Um final que já começou surpreendente, e muito inteligente! Parabéns. Esperando ansiosamente pela parte II
Acertei o nome da assassina, e ainda até os motivos, sou bom mesmo kkkk
PERDÃO pelo atraso na postagem desse capítulo, mas tivemos muitos problemas! Peço compreensão, mas aqui está a PRIMEIRA PARTE do último capítulo. Como queríamos cenas bem completas e com detalhes, o capítulo saiu ENORME e ainda dividimos eles. Ainda essa semana teremos a segunda parte, que é também a final. Já estou com saudades 🙁 e espero que vocês também, mas nossa saga está se encerrando. No próximo capítulo e último, o foco é Lilian e Maísa, e os desfechos são SURPREENDENTES! Não percam 🙂
E deixem o comentário.