Ser Humano- Capítulo 49.

Ser Humano.

Capítulo 49.

https://youtu.be/x3JpfHY7XVU

Cena 01- Clube O Bicho&Eu/ Dia.

Onofre aperta o gatilho e um tiro ecoa pelo clube.

Natália, apavorada: ONOFRE!

Leblônio fica com os olhos arregalados. Onofre o encara.

Vasco, boquiaberto: Não pode ser…

Felizmente o tiro não havia acertado o rapaz, e sim o muro. Leblônio sai correndo. Os biólogos se levantam e Onofre fica parado, no mesmo lugar, com a arma em mãos.

Natália vai atrás de Leblônio: Leb, tá tudo bem? Ele te feriu?

Leblônio, em choque: Não…Mas eu ainda posso sentir o tiro passando de raspão por mim…Ele ia me matar, Natália! E você viu que não fiz nada pra ele, eu tava apenas conversando contigo sobre os aquários que quebraram e os peixes que morreram no acidente…

Natália, desesperada: Eu não sei o que deu no Onofre, eu já estou farta dos surtos dele sem motivo! Ninguém merece, isso foi o ápice!

Leblônio: Ele ficou com medo que eu tivesse contado…

Natália, curiosa: Contado? Mas contado o quê?

Leblônio suspira: Deixa pra lá…

Natália: O mínimo que eu posso fazer por você, é te mandar ir pra casa. Se você preferir, pode denunciar o Onofre, temos várias testemunhas do que aconteceu. Inclusive eu, que se for necessário, testemunho com prazer!

Leblônio nega: Eu não vou fazer isso, porque tenho pena do Onofre. Apenas isso. Pena.

Natália: Então vá pra casa, Leblônio, não se preocupe que vou falar com ele…De hoje não passa! Só vou esperar passar um pouco…

Onofre vê Leblônio saindo da sala: Infeliz…Ele arruinou minha vida…Arruinou…

Vasco o acalma: Chega de falar, Onofre, por hoje já basta! O que você fez foi terrível, depois dessa burrada, duvido que fique no clube! Você é um descontrolado mesmo!

Onofre chora.

Cena 02- Mansão de Sid/ Dia.

Sid, tremendo: Você? Você e a Elisafran estão por trás da morte da minha sobrinha?! Eu não…Eu não posso acreditar!

Úrsula, barbarizada: Eu sabia! Te avisei que Bernardo tinha sido apenas uma vítima diante dos fatos. Essas duas bandidas são capazes de tudo! Essas duas monstras ainda querem me culpar de alguma coisa, mas o que fizeram com essas pessoas inocentes, como a Paulinha, é injustificável.

Elisafran, friamente: Eu aprendi que cada pessoa é apenas um número, Úrsula. Se uma delas morre, esse número desaparece. Apenas isso. Valores morais são inúteis mediante a essa sociedade. A Paula tentou nos atrapalhar, então eliminamos esse número. Os outros que fizeram o mesmo, foram eliminados.

Sid, chorando: Você é uma monstra, Elisafran, seus ideais são de uma verdadeira psicopata! E conseguiu me enganar com seus sorrisos e palavras falsas. Eu te odeio!

Elisafran: Sid, poupe suas palavras, eu não me ofendo com nenhuma delas! E não me arrependo de nada que fiz durante esse meu plano, porque foi tudo uma devolução de uma amostra que já haviam me dado. Provei do amargo, devolvi ele mais amargo ainda. Sentimentos? Isso não conta pra mim, queridos, sinto muito…O que importa é que venci, e vocês perderam! Imo, mostra o papel pra ele.

Imo entrega o papel: Isso prova que sua empresa e sua mansão agora estão no nosso nome. Deixe a mansão o quanto antes, ou então teremos de acionar a polícia!

Sid, chocado: O que você fez comigo, Elisafran?- Ele sente uma dor no coração- Ai…Ai…

Elisafran aplaude: Isso, morre! MORRE, SID, DE UMA VEZ! NINGUÉM LIGA PRA SUA EXISTÊNCIA, PRINCIPALMENTE AGORA QUE VOCÊ É UM POBRE!

Úrsula o acode.

Imo coloca os óculos: Vamos, mamãe, o recado já foi dado.

Elisafran ri: Só mais uma coisa, Úrsula. Não pense que te tirar da mansão vai ser minha única vingança, aquilo foi só o começo. Você me deixou sem casa, sem noivo, sem nada, sem nem coragem pra viver…Farei o mesmo, como eu disse, em dobro. Se prepara, querida, porque eu não tô pra brincadeira aqui!- Ela e Imo saem.

Sid, com a mão no coração: ELA ME ENGANOU! ME ENGANOU! COMO EU FUI IDIOTA…

Úrsula, desolada: Nós fomos. Elisafran foi uma bela atriz…Mas ela não vai conseguir me derrubar tão facilmente, não vai!

Sid se levanta: O que vai ser da minha vida agora? Eu tenho que denunciar aquelas assassinas! Elas mataram a Paula!

Úrsula: Não adianta, Sid. Elas tomaram tudo que era nosso, nem a polícia irá acreditar na nossa história… Temos que achar um jeito de tomar nosso patrimônio de volta, com muita inteligência! E agora não adianta mais chorar pela morte da Paula, temos que agir em memória dela! Fazer justiça pela Paulinha…

Cena 03- Clinica de Lilian/ Dia.

Flávia e Lilian entram vagarosamente no prédio onde seria a futura clínica. Flávia senta a amiga em uma cadeira, e pega um copo de água.

Flávia sorri: Bebe tudo e tenta se acalmar, por favor. Já está doendo menos o pescoço?

Lilian, um pouco abatida: Está sim- Ela bebe a água- Muito obrigada pela preocupação, amiga.

Flávia se senta: É pra isso que as amigas servem!

Lilian: Agora que eu fui parar pra pensar…Você chegou junto com o Fausto!

Flávia, vermelha: Lilian, eu tenho que te confessar uma coisa…Beijei o Fausto onde durante um jantar que tivemos, eu, ele e o Leblônio. Mas foi por impulso, e você sabe que eu tenho o maior respeito…

Lilian ri: Não precisa se explicar mais, e não precisa ficar com vergonha, Flávia. O Fausto é meu ex apenas, nós temos um elo de ligação muito forte, mas nada que o impeça de namorar outra mulher…E eu fico muito feliz de saber que vocês estão juntos, duas pessoas que eu gosto tanto!- Ela pega nas mãos da amiga- Espero que o relacionamento dos dois dê certo.

Flávia: Bem, isso eu não sei te dizer, porque nós nem começamos um relacionamento ainda… Mas eu fiquei com vergonha porque não queria te magoar e nem te deixar triste. Poxa, se não fosse você, sabe se lá qual seria minha situação financeira agora! Te devo muito!

Lilian: Que isso…A minha única tristeza é saber que você está resolvendo sua vida amorosa e eu continuo empacada. Numa situação bem difícil…

Flávia: Mas só porque você quer! Lilian, se abre com a Maísa e fala que você ainda gosta do Bernardo! Você precisa ser sincera, ou essa situação vai te sufocar até que morra asfixiada. Quanto ao Téo, esquece esse homem, ele foi um erro que resolveu aparecer de novo. Um maníaco, combina com aquela ex-esposa dele que encontramos na rua.

Lilian, triste: É difícil falar com a Maísa sobre isso. Me dói muito ver os dois juntos, principalmente porque eu sinto que Bernardo não gosta dela, mas o que eu posso fazer? Ser cruel com minha filha doente? Eu prefiro me acovardar novamente, como fiz no passado, só que dessa vez por um motivo mais nobre, a felicidade da minha filha.

Flávia: Felicidade essa que é falsa!

Lilian suspira: Talvez pra ela não…Magoar minha filha nesse ponto é algo que jamais vou cogitar. Enfim, não é necessário estar acompanhada pra ser feliz, não é mesmo?

Cena 04- Casa de Vittória/ Dia.

Vittória faz curativos em Téo: Nossa, mas essa briga foi feia mesmo. Passa mais um curativo, Breno…

Téo, dolorido: Mas eu briguei por uma causa justa- Mente- Tinha um homem enforcando uma mulher em plena rua. Veja que horrível!

Vittória reprova: Odeio homens que se acham superiores a nós, mulheres, então posso dizer que agiu bem em proteção da “ dama”.

Téo se levanta: Acho que já está bom, obrigado. Vamos a aula de hoje, Breno?

Vittória lembra: Ah, eu queria te fazer um convite. O Bruno vai participar de um programa hoje na televisão, vai falar sobre a AIDS, e queria que fosse conosco ouvi-lo!

Téo, feliz: Claro, eu vou com muito prazer, hoje tenho a noite livre!

Vittória, feliz: Ótimo! Então agora eu convidar outras pessoas, se comporta bem com o Téo, filho- Ela o beija- Tem torta na geladeira, e biscoito também. Volto logo- Ela sai.

Cena 05- Hospital Botafogo/ Dia.

Maísa, animada: Quer dizer que está tudo bem com a minha gravidez? Não tenho risco, nem nada disso?

Médica: Exatamente, mesmo com a AIDS aí dentro, a gravidez segue normal. Eu consultei outros médicos e nós não sabemos até que ponto o vírus pode interferir na gestação, nós esperamos que seu filho não contraia a doença…

Bernardo, feliz: É verdade. Eu fui chamado esses dias para fazer um exame novo que chegou no hospital, pra poder saber se eu tinha contraído o vírus, afinal eu e Maísa tivemos relações, mas o teste deu negativo.

Médica: Muito bem, parece que esse teste é confiável, esperamos que seja! Bem, Maísa, vou receitar umas vitaminas básicas, e também pedir que tome cuidado com…

Na futura clínica de Lilian…

Maísa e Bernardo chegam, Lilian está revisando alguns papéis com Flávia.

Maísa, feliz: Mãe, graças a Deus está tudo certo com minha gravidez, a médica só me receitou umas vitaminas mesmo.

Lilian coloca os óculos: Deixe-me ver…- Ela lê- Parece que está tudo normal mesmo, isso é muito bom, filha!

Bernardo repara: Mas com você não anda nada bem, não é mesmo, Lilian? Que marcas são essas no seu pescoço?

Maísa vê: MÃE!- Ela fica horrorizada.

Lilian, constrangida: Calma, por favor…

Flávia a corta: Foi o Téo, ele estava prestes a matar sua mãe enforcada, Maísa, mas eu e o Fausto chegamos e conseguimos impedir que uma tragédia acontecesse, e isso tudo no meio da rua, as pessoas ficaram até assustadas e algumas chegaram a se aproximar!

Maísa, querendo chorar: Mãe, aquele homem não é o que aparenta! Isso não pode ficar assim!

Bernardo, furioso: Não mesmo! Eu não vou admitir que…Aliás, nós não podemos admitir que isso fique em vão! Temos que denunciar aquele horrendo do Téo!

Lilian se levanta: Calma, não exagera, Bernardo!

Bernardo, com o rosto fechado: Não exagera? Ele faz isso, e você ainda quer proteger o canalha!

Lilian implora: Eu só não quero levar isso até a delegacia! Vou me afastar do Téo, aliás, já me afastei, ele que nos perseguiu, lembram? Se ele não parar com isso, aí sim eu aciono uma autoridade!

Bernardo murmura: Tudo bem… Se é assim que você quer.

Lilian pega sua bolsa: Bom, o trabalho por aqui já acabou, vamos pra casa? Flávia, deixa sua moto guardada na garagem que eu te dou uma carona e amanhã te busco.

Flávia sorri: Obrigado, a minha moto já anda dando muito defeito…

Lilian: Então vamos, Maísa você vai no carro do Bernardo ou no meu?

Bernardo se prontifica: Ela pode ir no meu, sem problemas, eu aproveito e dou uma passada no “ lar dos Segata”.

Cena 06- Em frente a casa de Leblônio/ Dia.

Leblônio chega em frente de sua casa quando vê Úrsula com algumas malas.

Leblônio coça a cabeça: Úrsula?

Ela se vira: Leblônio, me deixa ficar na sua casa.

Leblônio estranha: Como assim? O que aconteceu?

Úrsula abaixa a cabeça: Eu…- Ela hesita- Eu…Ah, eu vou falar logo, eu fui expulsa da minha casa e perdi o que tinha, roubaram meu dinheiro, mas isso é provisório! Vou recuperar…Mas preciso de um lugar pra ficar, e achei que seria bom te procurar…

Leblônio ri: Parece até história de web-novela…Bem, entre Úrsula- Ele abre a porta- Não repara na roupa suja, nem no liquidificador colado no teto, foi um acidente doméstico. Entre que poderemos conversar melhor.

Úrsula arrasta a mala e adentra no recinto: Minha Nossa Senhora da Riqueza, o que é isso?

Cena 07- Casa do Sr. e Sra. Varmelin/ Tarde.

Sr. Varmelin: Eu estou fazendo um belo frango com batatas pro jantar, filhinha, é bom ter você morando conosco de novo, e longe das garras daquela maldosa!

A Sra. Varmelin rega as plantas: É, longe das garras daquela maldosa!

Olive, assistindo televisão: Eu não aguento mais ficar aqui, é tudo muito calmo, e chato! Preferia estar me divertindo com a madame Úrsula, que a essas horas já deve ter uma outra “ Olive” pra chamar de caipora! Eu vou fugir de casa.

Sr. Varmelin: Olive Varmelin, não fale uma coisa dessas! Tenho dó dessa tal outra “ Olive” que a Úrsula contratou, deve estar sendo jogada das escadas!

Olive se levanta: Foi um acidente, papai, o senhor está sendo…LEVIANO!

Sr. Varmelin, chocado: Olive, eu aqui preparando batatas pra você, e o que recebo é uma ofensa!

Sra. Varmelin, boquiaberta: Olive, você respondeu seu papai!

Sr. Varmelin: Vá direto pro quarto, Olive, e pense no que acabou de me chamar!

Olive, chorosa: Mas pai…

Sra. Varmelin: JÁ PRO QUARTO, OLIVE, E PENSE NO QUE ACABOU DE CHAMAR SEU PAPAI!

Olive bate o pé: Isso não vai ficar assim- Ela sai correndo.

Sr. Varmelin: Ai que desgosto, o que a vizinhança deve estar pensando?- Ele olha para a rua, vazia- O povo até se calou!

Olive tranca a porta do quarto: Eu odeio esse lugar, odeio!- Ela vê a janela aberta- Minha única opção é…Fugir… Virarei uma garota mundana, daquelas que tem uma jaqueta de couro preta, e anda de moto- A jovem olha pra porta- Adeus papai, adeus mamãe- Ela pula a janela, já que a casa é baixa, mas mesmo assim ainda cai no chão.

A Sra. Varmelin entra no quarto: Olive, eu e seu papai pensamos bem e resolvemos…- Ela vê o ambiente vazio- OLIVE? OLIVE, FILHA!

Olive escuta a voz da mãe e sai correndo pela rua.

Cena 08- Apartamento dos Segata/ Tarde.

Geórgia, no interfone: Vittória Velasco querendo subir?

Irene avisa: Deixa! É uma amiga da Lilian, acho que está querendo falar algo importante.

Geórgia informa: Pode deixa-la subir- Ela desliga- Vou preparar um cafezinho…

Rubem aparece na sala: Por favor, Capitu, onde deixei meus óculos? Não os encontro em canto nenhum dessa casa, e já me encontro demasiadamente cansado de tanta busca sem resultado.

Irene o senta: Olha, Bentinho, fica quieto por favor, vai chegar visita agora- A campainha toca- Já chegou, inclusive.

Rubem debocha: Uma de suas amigas, por certo, ou seria aquele que diz que se chama “ Pierre”? Espero que não, pois seria bem desagradável!

Irene abre a porta: Olá Vittória- Elas se cumprimentam- Entre, sinta-se a vontade, Lilian não se encontra, mas pelas minhas estimativas, deve chegar em menos de dez minutos!

Vittória sorri: Sendo assim eu vou esperar, é que meu namorado vai falar sobre a AIDS hoje na televisão e queria que fossem prestigiar ele na plateia, pode ir quem quiser! Você, inclusive.

Irene a guia até o sofá: Eu ficaria muito honrada, Vittória, realmente esse tema precisa ser esclarecido. Bom saber que seu namorado vai prestar um grande serviço aos desinformados!

Rubem se levanta: É um prazer conhecer-lhe, dama, meus encantos- Ele beija sua mão- Meu nome é Bento.

Geórgia chega: Olá, fiz um cafezinho bem quente pra senhora- Ela coloca a bandeja no sofá- Tem chá pro senhor, seu Rubem.

Vittória, confusa: Pera aí, mas o nome dele não era Bento?

Irene: Sente-se. É uma longa história, Vittória, vamos deixar isso pra depois…

Rubem pega o chá: Acontece que insistem em me chamar desse senhor, Rubem, do qual desconheço a existência!

Lilian, Maísa e Bernardo chegam.

Lilian, surpresa: Vittória!- Ela vai até a mulher- Que bom te ver por aqui, íamos mesmo falar com você, né Maísa?

Maísa, empolgada: Exatamente!- Ela puxa Bernardo- Você conhece meu namorado, filho da Úrsula?

Vittória os cumprimenta: Conheço há muito tempo, desde que ele era apenas um jovem rebelde…

Lilian joga a bolsa no sofá.

Rubem, assoprando o chá: Onde estão os modos dessa mulher? Jogando a bolsa como se fosse um trapo!

Lilian: Mas o que mais me intriga é o motivo dessa visita surpresa, o que aconteceu, Vittória?

Vittória conta: Vim convidar todos aqui para o programa que Bruno vai participar hoje a noite! Ele vai falar sobre a AIDS!

Maísa, feliz: Eu não acredito, isso vai ser muito legal! Nós vamos sim, quer dizer, pelo menos eu tenho interesse em ir!

Lilian: Não se preocupe, nós iremos sim, isso também é muito importante pra gente- Ela pega nas mãos de Vittória- Pode contar com a nossa presença!

Cena 09- Clube O Bicho&Eu/ Tarde.

Onofre arruma seus pertences, Natália entra na sala e tranca a porta.

Natália o encara: Você achou mesmo que ia fugir de mim depois do que aconteceu hoje de manhã? Ficou me evitando o dia todo, mas agora a conversa é séria… E definitiva! Só entre nós!

Onofre engole em seco: Definitiva?

Natália se aproxima: Definitiva sim…Acho que essa história tem que ter um fim, não é mesmo? Você já andava estranho há muito tempo, aí começou a discutir frequentemente, tudo bem, eu relevei… E então hoje você resolve atirar em um dos nossos funcionários como se isso fosse uma coisa cotidiana e rotineira… Tem alguma explicação lógica pra isso? Se sim, por favor, tenho tempo pra ouvir a explicação.

Onofre pensa em contar sobre sua doença, mas fica calado, olhando pra ela.

Natália franze a testa: Como eu imaginei, você não tem nenhuma explicação pra o que aconteceu…Onofre, não adianta você usar essa doença como motivo, porque que eu saiba, seu diagnóstico não é esquizofrenia, embora pareça! Acontece que eu não posso me casar com um homem com esse tipo de atitude!- Ela tira o anel do dedo.

Onofre arregala os olhos: Calma, não seja radical, Natália, por favor!

Natália: Por favor? Por favor, digo eu! Você faz o que faz e ainda acha que tem o direito de me pedir pra não ser radical? Eu sinto muito Onofre, nós convivemos durante anos, mas eu não conhecia esse lado seu, graças a Deus conheci a tempo, antes de dizer o “ sim” na igreja.

Onofre a pega pelo braço: No fundo você deve estar bem feliz, né? Nunca escondeu que não me amava de verdade, era tudo por pena, mas eu aceitei isso… Vai, pode ir se jogar nos braços do Fausto!

Natália joga o anel em seu rosto: Se você gosta tanto de comparações com o Fausto, eu vou falar algumas. Eu conheço muito bem o Fausto, e tenho certeza que ele não faria isso. Ele é integro, honesto, controlado…

Onofre, rindo: Charmoso! Bonitão! VAI, FALA TUDO! JOGA NA MINHA CARA! Você esperou muito tempo pra destilar seu veneno sobre mim, no fundo sempre quis fazer isso, o seu consciente sempre sonhou em me humilhar!

Natália lhe dá um tapa: Você é ridículo, e falando mal de si mesmo, só comprova isso- Ela sai.

Onofre bate na mesa: NÃO! NÃO PODE SEEEEEEEER!

A noite chega…

Cena 10- Restaurante/ Noite.

Raquel se senta em uma mesa: Ainda bem que todos da minha casa saíram e pude vir me encontrar com você, Sid.

Sid, abatido: Eu devo confessar que quase cancelei esse jantar, pois tive revelações muito fortes hoje…Mas achei que seu sorriso pudesse me ajudar- Ele esconde a parte de que perdeu o dinheiro.

Raquel pega em sua mão: Eu sorrio quantas vezes for necessário…

Sid: E então, vamos pedir o quê?

Acácia observa tudo lá de fora: Quase não alcançamos a Gorete, se não tivéssemos entrado naquele caminhão de lixo…

Dalva, toda suja: Mas vamos só ficar observando essa moça? Não faremos nada?

Acácia suspira: Calma, Dalvinha, vamos com calma… Eu tenho tudo planejado!

Um pouco depois…

Sid fecha a carteira: Me desculpe por esse jantar tão curto, mas é que hoje realmente eu não estou bem- Ele repara no tempo- Está chovendo, vou mandar o manobrista trazer nosso carro, só um minuto…

Raquel sorri: Tudo bem- Ele sai- Pelo visto não vou lucrar muito com esse velho…- Ela fica olhando para a chuva. Está sozinha- Melhor eu desistir dele, isso sim. Um leitão desses não deve nem ao menos encostar no meu corpo.

De repente Acácia aparece na chuva. Raquel a vê.

Raquel, pálida: Acácia?

Termina o capítulo 49.