Ser Humano- Capítulo 45.

Ser Humano.

Capítulo 45.

Cena 01- Copacabana/ Dia.

Lilian e Flávia entram no prédio onde seria a futura clínica.

Flávia come uma maçã: Eu vim aqui ontem com o Leblônio, viemos checar a pintura.

Lilian amarra o cabelo: E o cara tava fazendo tudo direitinho?- Flávia confirma- É, tem que ficar pressionando mesmo, se não eles enrolam a gente. Só não venho mais aqui por conta dos problemas lá em casa, agora com o meu pai.

Flávia e ela entram no elevador: Nossa, mas eu ainda não consegui acreditar no que aconteceu com o Rubem…Achar que é um personagem? Cruzes.

O elevador para e um homem entra nele, é Eleno. Lilian fica chocada e Flávia o ignora.

Eleno, fingindo simpatia: Bom dia, Lilian, como vai?

Lilian, ainda se recuperando da surpresa: Eu…Eu vou bem, Eleno, e você? Tá fazendo o quê por aqui?

Eleno ri: Pelo visto as sócias não estão em sincronia. A Flávia não te contou? Eu também vou abrir uma clínica nesse prédio, a sorte  de vocês é que trabalhamos em áreas diferentes, se não as duas estariam falidas.

Lilian: Ou você poderia falir. Não duvide do nosso potencial.

Eleno boceja: Eu não duvido…Tenho certeza, Lilian- A porta abre- Tenho que ir, a conversa foi muito agradável. Espero que possamos ser bons vizinhos, minha clínica será um andar acima da sua… Até nisso eu sou superior. Vou entregar uma pasta pra um cara ali, tchau- Ele sai.

Lilian, furiosa: Eu não acredito que vou ter que aturar o Eleno diariamente, e como o destino me ama muito, vai fazer a gente se encontrar no elevador, nos corredores, no estacionamento! O que eu fiz pra merecer ter que olhar pra esse arrogante? Nunca esqueci a frase dele “ mulheres foram feitas pra obedecer homens”, esse cara é um panaca!

Flávia termina de comer: Se der sorte, a clínica dele entra em falência no primeiro mês- As duas riem.

Cena 02- Mansão de Sid/ Dia.

Sid toma café: Essas panquecas estão horríveis, Patrícia, o café tá ruim, tá tudo ruim!- Ele joga a xícara no chão- Leva essa comida e coloca no lixo!

Patrícia: Mas o senhor acordou com o pé esquerdo hoje, né?

Sid se levanta e acaba derrubando a cadeira: DROGA DE CADEIRA! DROGA DE MOBÍLIA!- Ele se recupera- A Elisafran sumiu ontem, ficou o dia inteiro fora, e não deu notícias até hoje. Estou pensando em ligar pra…

Elisafran chega, toda sorridente: Good Morning– Ela se senta na mesa- E então, o que temos pra comer? Panquecas!

Sid, chocado: Como você entra assim de uma hora pra outra? E ainda com esse bom-humor absurdo! Fran, onde você esteve ontem? Eu exijo explicações, quase morri de preocupação!

Elisafran bebe café: Não é pra tanto, eu deixei uma carta avisando que ia passar o dia na mansão de uma prima distante! Você não leu?

Sid, confuso: Carta? Eu não vi porcaria de carta nenhuma! E mesmo assim, porque não avisou dessa visita pessoalmente? Eu não ia te morder! E outra, que você não me avisou que tinha prima nenhuma aqui no Rio…

Elisafran, incomodada: Olha aqui, Sid, para de falar um pouco, por favor! Eu sou gente igual você, sabia? Tenho primos, sobrinhos, sobrinhas, amigos, amigas, eu tenho uma vida também! Vida que você não conhece e se continuar assim, não vai conhecer! Imagina se eu vou apresentar um rabugento desses pros meus parentes. Nunca!

Sid se senta de novo: Tudo bem, mas essa história ainda está muito mal contada. Onde fica a casa dessa sua prima? Onde você dormiu? Porquê não teve o bom senso de me passar um fax, um telefonema, sei lá!

Elisafran bate na mesa: CHEGA! Eu já te dei explicações, acredite se quiser, Sid Turner! Eu não falarei uma palavra sequer sobre esse episódio, e caso esteja desconfiado, lhe passo o endereço de minha prima…Olha, perdi o apetite, sinceramente!- Ela se levanta- Tenha uma boa refeição!- E sai.

Sid, arrependido: Fran, me desculpa!- Ele vai atrás dela- Volta pra mesa, prometo que não falarei mais sobre isso!

Elisafran, séria: Tudo bem, mas primeiro vou lavar minhas mãos- Ela sobe as escadas- Velho idiota, é bom que acredite mesmo, logo eu não vou mais precisar olhar pro seu rosto…- Diz, baixinho.

Sid: Isso tá muito estranho, aposto que é mentira. Mas vou descobrir por onde Elisafran esteve. Desde aquele jantar eu ando muito lesado e tendo esquecimentos…- Ele volta a comer.

Cena 03- Apartamento dos Segata/ Dia.

Rubem se remexe na cama: VOCÊ É A MÃE DA RAQUEL! VOCÊ! NÃO OUSE NEGAR!

Raquel se aproxima dele: Rubem, fala o nome dela. Fala o nome da minha mãe!- Ela sacode o idoso- Fala logo!!

Rubem volta a se aquietar: Eu…Fiz um favor…Você é a mãe dela…- Ele apaga de vez.

Raquel, desesperada: Não dorme, fala o nome dela, pelo amor de Deus! Não brinca comigo! RUBEM!- Ele nem se mexe- Então esse infeliz sabe a identidade da minha mãe, e escondeu durante esse tempo todo! Ele não tinha esse direito! Eu sofri muito…Mas ele vai ter que falar quem é a mulher. Eu preciso reencontrar minha mãe!

Minutos depois…

Irene e Geórgia chegam.

Geórgia tira os sapatos: Tá tudo muito caro, dona Irene, a situação tá ficando crítica! Em pleno 1985, uma pessoa vai com alguns cruzeiros no mercado e não consegue comprar nada!

Irene coloca as compras na mesa: É verdade, Geórgia, mas naquele mercado sempre foi tudo muito caro. Só vamos nele porquê é o mais perto.

Raquel desliga a tv e se dirige as duas: Eu quero saber quem é minha mãe.

Geórgia quase cai: Ai…Que pergunta é essa, menina? Claro que sua mãe sou eu!

Raquel cruza os braços: Minha mãe biológica! Eu quero saber quem é!

Irene se senta: Mas de novo esse papo, Raquel? A gente já falou que não sabe quem é a sua mãe! Decorou?

Raquel, irritada: Mentirosas! O Rubem sabe quem é minha mãe, ele contou entre um delírio e outro enquanto dormia! Falou com todas as letras que sabia quem era minha mãe, mas não mencionou o nome dela, depois voltou a ficar quieto!

Geórgia fica sem palavras: Não…

Raquel ri: Agora as duas ficaram sem reação, né? Eu sabia! Vocês sabem o nome da minha mãe, e não querem me dizer, mas eu tenho direito de saber! Ou vão me dizer que no livro Dom Casmurro também tinha uma Raquel passando por essa mesma situação?

Irene pula da cadeira: Olha menina, o Rubem tá passando por uma fase muito complicada, e o cérebro dele foi afetado, isso aí foi apenas um delírio, uma mentira!

Raquel aponta o dedo em sua cara: Quem tá mentindo aqui é você, dona Irene, aliás, vocês! A Geórgia, o Rubem, se duvidar a Lilian e até a Maísa sabem que é minha mãe, estou sendo feita de palhaça mas isso tem que acabar!

Geórgia a puxa: Não fala assim com a dona Irene! Nós não sabemos de nada, Raquel, ou então já teríamos lhe contado. Pra quê esconder? Acredite, filha, foi apenas um delírio do Rubem. Eu te achei dentro de uma caixa de papelão, enrolada em uma mantinha, numa noite chuvosa. E nunca soube quem é sua mãe! Ela foi uma perversa, isso sim, que te abandonou!

Raquel escorre uma lágrima: Eu vou descobrir quem ela é, custe o que custar, e agora com essa revelação, não vou descansar enquanto não conseguir o nome da mulher que me gerou!- Ela sai, chorando.

Irene e Geórgia se entreolham.

Cena 04- Casa de Vittória/ Dia.

Bete e Vittória fazem um bolo.

Vittória liga a batedeira: Bete, faz anos que eu não faço um bolo! Porquê hoje tinha que ser folga da empregada?

Bete coloca os ingredientes na mesa: Para de ser boba! Anda logo, aqui diz “ coloque duas xícaras de açúcar”.

Breno aparece: Mãe, o bolo já tá pronto?

Vittória, toda suja: Meu filho, eu acabei de começar a preparar ele. E não seja guloso, essa guloseima é pro seu novo professor, que aliás deve chegar logo, temos que passar uma boa impressão pro tal Teodoro Padilha.

Bruno surge: Pois eu acho que contratar professor particular foi uma grande burrada da sua parte, Vittória. O Breno pode ficar um ano fora da escola, sem problemas.

Vittória: Sem problemas? Bruno, meu filho não pode ficar jogando bola e videogame o dia todo, ele tem que render, aprender, descobrir… Cada dia longe da escola, é um pesar.

A campainha toca.

Vittória olha no relógio: É ele, seu novo professor! Que droga, eu não me planejei direito, é melhor você passar na padaria, Bruno, e comprar um bolo pronto. Tem dinheiro na carteir…

Bete a interrompe: Nada disso, vamos continuar fazendo, temos o dia todo livre, e aposto que esse Teodoro não vai chegar aqui morrendo de fome. Coloque uma colher de fermento.

Breno abre a porta.

Téo sorri: Você deve ser meu novo aluno…

Breno faz sinal pra que ele entre: Eu mesmo.

Téo estende a mão: Meu nome é Teodoro Padilha, mas pode me chamar de Téo.

Breno o cumprimenta: Meu nome é Breno, mas pode me chamar de…De Breno mesmo, é assim que todo mundo se refere a mim.

Téo ri: Tá certo, eu gostaria de falar com sua mãe, ela se encontra?

Breno aponta: Ela tá na cozinha- Téo consente e sai.

Bruno chega: Aposto que esse homem é um porre. Tô com dó por você, Breno.

Breno, chateado: É, ele parece ser chato mesmo, mas minha mãe tá me obrigando… Vou fazer de tudo pra o Téo sair daqui o mais depressa possível.

Horas depois…

Todos comem bolo na mesa da cozinha.

Breno ri: Ai Téo, essa piada foi muito engraçada!

Bete, morrendo de rir: Nossa, seu senso de humor é incrível!

Bruno, incomodado: Só eu que não vi graça nenhuma na piada?

Vittória fatia o bolo: Pode comer mais, Téo, depois da aula que você deu pro Breno hoje, merece todos os bolos possíveis, até enjoar!

Téo limpa a boca: Obrigado Vittória, eu aceito sim. E você, garoto, gostou da minha aula?

Breno confessa: Eu achei que você ia ficar só falando e falando, e que ia ser tudo mega chato, mas você é um ótimo professor, Téo. Amanhã vamos aprender o quê?

Téo continua falando e todos se divertem com seu bom-humor. Bruno fica incomodado, e sai do lugar, afinal, ele era o piadista oficial da casa.

Cena 05- Clube O Bicho&Eu/ Dia.

Onofre, irritado: Ainda bem que aquela filha do Fausto melhorou, a menina aparece aqui e só sabe dar trabalho. Parecia até que ia morrer…

Vasco: Tenha compaixão, ela está passando por um momento difícil.

Onofre passa a mão na cabeça: Tô pouco me importando com a situação daquela garota, ela não é nada minha! Eu preciso me preocupar com o meu dilema- Ele nota que a ração acabou- Vamos na sala buscar o resto da comida pra esses peixes- Os dois caminham até o local.

Leblônio está limpando uma mesa quando um objeto cai no chão. Ele se abaixa pra pegar, Onofre e Vasco entram na mesma hora.

Onofre fecha a porta: Bom saber que não tem ninguém aqui, porque preciso te contar uma coisa. Eu contratei um médico falso, a Natália tá começando a ficar desconfiada que minha doença não é verdadeira. E aquele idiota do Leblônio ainda reforça.

Vasco, aflito: Onofre, olha pra mim- Ele o faz- Eu sou seu amigo, quase um irmão, e quero seu bem. Conta logo pra Natália que você tá sadio. Acaba com essa mentira, isso pode te arruinar, eu não quero ficar repetindo, mas parece que você não aprende! E agora ainda inventou de contratar médico falso? Isso é abominável!

Onofre o pega pelo braço: Se você quer meu bem, tem que me entender! Eu preciso esconder essa doença pelo menos até meu casamento ficar estável, caso contrário, a Natália corre pros braços daquele Fausto! Assunto encerrado, só precisava desabafar mesmo, vamos logo alimentar os peixes- Eles pegam a ração e saem.

Leblônio fica chocado: Eu bem que suspeitei! Esse Onofre não tá doente coisa nenhuma, e a Natália precisa saber!

Cena 06- Hospital Madame Úrsula/ Corredores/ Dia.

Úrsula aparece perto do quarto de Olive, mas quando está prestes a abrir a porta, é impedida.

Sr. Varmelin: Aonde a senhora pensa que vai?

A Sra. Varmelin aparece também: É, aonde a senhora pensa que vai?

Úrsula tira os óculos escuros: Quem são vocês? Sabem com quem estão falando? Sou Úrsula Malva Alcântara Delfino de Erudith Una Sabel e Andradina, mais conhecida como dona desse hospital.

Sr. Varmelin: Eu sou o pai de Olive, essa é minha esposa, a mãe de Olive. Sabemos quem você é, nossa filha não para de falar seu nome.

Úrsula ri: Eu sou muito bem falada mesmo, mas enfim, como está a caipora jovi…Digo, como está a Olive? Se encontra consciente?

Sr. Varmelin: O médico falou que ela felizmente é muito forte e resistente, portanto só teve pancadas leves na cabeça e algumas lesões corporais. Mesmo assim, podia ter sido uma tragédia!

Sra. Varmelin: É, podia ter sido uma tragédia!

Sr. Varmelin: Foi o que eu disse, Frufru.

Sra. Varmelin: Sim, foi o que você disse, Kaká.

Úrsula os observa: Já sei a quem Olive puxou…Mais abestados que a filhota.

O médico chega: A senhorita Olive já pode receber visitas, quem vai primeiro?

Sr. Varmelin: Eu e minha esposa iremos.

Sra. Varmelin: Isso mesmo, eu e meu esposo iremos.

Um tempo depois…

Úrsula está lendo uma revista, sentada na porta do quarto de Olive: Mas o que os pais da avermelhada conversam tanto com ela? Faz quase uma hora que estão lá dentro…

O Sr. e a Sra. Varmelin saem.

Sr. Varmelin: Madame Úrsula, pedimos que entre por favor, temos um assunto urgente pra falar.

Sra. Varmelin: É, um assunto urgente pra falar.

Úrsula revira os olhos: Aleluia- Ela entra e vê a jovem na cama- Olive, que bom que está viva!

Olive, com dificuldade: Madame, eu preciso falar sobre o seu dinheiro…

Úrsula tapa sua boca: Calma, caipora, não é hora de falar do seu salário, não se preocupe que vou te pagar tudo que lhe devo. O importante é sua saúde agora.

Sr. Varmelin: A senhora chegou em um ponto importante, dona Úrsula.

Sra. Varmelin: É, um ponto importante, dona Úrsula.

Sr. Varmelin: O fato é que eu e minha mulher discutimos muito e…Bem, pra saúde da Olive, resolvemos anunciar que…Elas está se demitindo. Olive não trabalha mais pra você.

Úrsula olha pra sua assistente: O QUÊ?

Cena 07- Lanchonete/ Dia.

Lilian acomoda Maísa: Você já está melhor, filha? Quando o Fausto ligou lá pra clínica contando que você tinha passado mal, eu fiquei muito preocupada… Vamos pra um hospital? O Bernardo tá vindo, ele pode nos ajudar.

Maísa, fraca: Foi só uma dor repentina, eu já estou melhor, vamos pegar logo a água e irmos embora. Não era pra você ter incomodado o Bernardo.

Lilian chama: Garçom, uma água por favor- Ela se aproxima da filha- Com saúde não se brinca, ainda mais com a doença que você tá…

Maísa, constrangida: Nem pense em mencionar o nome dessa doença, ou eu sou apedrejada aqui. Lembre-se do caso da Vittória Velasco.

Lilian lhe acaricia: Tudo bem, agora respira fundo. Ainda tá doendo em algum lugar? Nem pense em me esconder.

Bernardo chega: Maísa, Maísa- Ele larga a bolsa- Tá tudo bem?

Maísa sorri: Está, não era pra você ter saído do seu emprego, por uma bobagem dessas…

Bernardo suspira: Ah, que susto eu levei- Ele olha pra mãe da moça- Tudo bem, Lilian?

Lilian pigarreia: Tudo.

Maísa: Mas é bom eu ter reunido os dois aqui, porquê preciso contar uma coisa horrível que aconteceu ontem, a principio eu preferi esconder, mas é melhor revelar logo, ou pode tomar proporções maiores- Ela fica séria- A Úrsula…Tentou me matar ontem.

Lilian, horrorizada: O QUE VOCÊ DISSE?

Maísa confirma: É isso mesmo, mamãe. Ela me atraiu pra uma armadilha, dizendo que Bernardo estava passando mal, quando cheguei por lá, a mansão estava escura a vazia, a bandida então deu um jeito de espalhar óleo enquanto subíamos as escadas, pra quando eu voltasse, pudesse rolar escadaria a baixo. A coitada da Olive porém foi quem pagou o pato. Tomara que ela esteja bem.

Bernardo dá um murro na parede: Eu sabia! Minha mãe estava muito estranha hoje, mas dessa vez ela passou dos limites!

Lilian anda de um lado pro outro: Me desculpe Bernardo, eu sei que ela tem um valor especial pra você, mas não suporto mais aquela mulher, ela só pensa mesmo em fazer o mal, além de tudo é gananciosa e arrogante.

Bernardo: Você tem razão, é duro reconhecer isso, mas ela agora está pior do que nunca, chegando ao ponto de ultrapassar os limites da insensatez pra satisfazer seus objetivos… Sei que é pecado, mas estou começando a cultivar um sentimento nada saudável por ela… Chega. Vou sair de casa. Isso foi o estopim. Ali eu não fico mais.

Lilian: Sábia atitude- O garçom chega- Mas isso não pode ficar assim.

Maísa de repente cai no chão.

Lilian, desesperada: Maísa! MAÍSA, FILHA!- Ela e Bernardo ajudam a jovem.

Maísa, gritando: AI, MÃE… TÁ DOENDO. TÁ DOENDO MUITO!

Bernardo: Se acalma, por favor, respira fundo! Vamos pra um hospital!

Maísa desmaia.

Lilian, chorando: Maísa!- Ela se agarra a Bernardo- ELA DESMAIOU, TEMOS QUE LEVA-LA PRA UM HOSPITAL, AGORA!

Bernardo se desespera.

Cena 08- Mansão de Sid/ Dia.

Sid lê o jornal, quando Elisafran se aproxima.

Elisafran se senta: Será que a gente pode conversar ou você vai me morder?

Sid para de ler: Me desculpe pela cena do café da manhã, eu te amo muito e apenas me preocupei com sua ausência. Não quero que me veja como uma figura de péssimo humor…Se bem que depois da morte de minha sobrinha, está quase impossível rir com naturalidade.

Elisafran: Vamos falar de coisas boas, Sid, por exemplo do seu trabalho na empresa…Como vão as coisas?

Sid estranha: Os negócios estão indo maravilhosamente bem, e venho lucrando muito, mas qual seu interesse nisso?

Elisafran finge: Nenhum, foi só pra saber mesmo…Sabe que eu não ligo muito pra dinheiro nem luxo- Ela ri- Mas, suponhamos que alguém queira tomar a empresa das suas mãos…

Sid dá uma gargalhada: É quase impossível, só através de um contrato que fica nas mãos do meu advogado. Esse contrato pode anular meu poder empresarial, mas é algo muito complicado pra você entender.

Elisafran se levanta: Claro… Vou dar uma volta pelo jardim, e colherei uma rosa muito bonita pra você- Ela sai, exalando amor.

Lá fora…

Elisafran, séria: O advogado… É com ele que tenho que “ falar”.

Cena 09- Apartamento dos Segata/ Dia.

Geórgia chega no quarto de Raquel: Filha, lavei todas as suas roupas- A jovem surge- E também trouxe do mercado um chocolate pra você comer no caminho da faculdade…

Raquel, séria: Não quero saber de chocolate, eu quero saber quem é minha mãe.

Geórgia senta na cama: De novo esse assunto? Já falei tudo o que sabia sobre, vou fazer o almoço que é melhor… E se você quer um conselho: Desiste de achar sua mãe, ela te rejeitou. Vai viver, garota.

Raquel, brava: Olha só quem está falando de “ viver”- Ela dá voltas pelo quarto- Eu vou te falar porquê quero achar minha mãe: Porquê ela deve ser uma pessoa rica, bem de vida. Se eu descobrir quem é ela, vou poder finalmente ter a vida que tanto mereço!

Geórgia: Filha, esse seu raciocínio não tem lógica. Se sua mãe é tão rica, porquê iria te abandonar?

Raquel: Isso eu ainda vou descobrir. Só sei que não vou ficar minha vida inteira nesse apartamento, sendo empregada de uma família rica. Não foi pra isso que eu vim ao mundo! Sinto muito se é isso que você espera de mim, Geórgia, mas eu tenho ambição. Eu sou linda e me valorizo, sei o que quero… Agora você? Desculpa a franqueza, mas você não passa de uma mulher acabada, que veio ao mundo pra servir os outros mesmo. Nasceu pra ser empregada, cozinhar, passar…Eu não.

Geórgia fica com os olhos cheios de água.

Raquel abre a porta: E não me vem com chororô, pelo amor de Deus! Volta pro seu trabalho doméstico, e deixa eu estudar.

Geórgia se levanta: Eu vou deixar seu chocolate em cima da cama… Bom estudo- Ela sai, arrasada.

Cena 09- Clube O Bicho&Eu/ Dia.

Onofre entra em uma sala e vai até a geladeira, beber água. Leblônio chega em seguida.

Onofre o vê: Como está sua prima, Leblônio?

Leblônio, de cara fechada: Ela já melhorou, mas estava passando muito mal, Maísa estava doente de verdade…Diferente de uns e outros.

Onofre, irritado: O que você quer dizer com isso?

Leblônio: Pra ser mais objetivo: Eu sei que você não tá doente, Onofre. Eu sei que é tudo uma farsa. E VOU CONTAR PRA NATÁLIA!

Onofre fica furioso.

Termina o capítulo 45.