Ser Humano- Capítulo 32.

Ser Humano.

Capítulo 32.

Cena 01- Barzinho no Leblon/ Dia.

Elisafran se encontra com Imo, sua filha misteriosa. Paula vem logo atrás e se esconde.

Elisafran: Minha filha! – Elas se abraçam. – Eu preciso falar sério com você. A gente não pode mais ficar se encontrando em locais públicos, daqui a pouco alguém descobre e nosso plano vai por água a baixo.

Imo: Também acho. Mas por enquanto é o lugar que temos, então. Você não está dando bandeira de nada, né mãe?

Elisafran: Claro que não. Não sou louca. Lutei tanto para começar essa vingança e você acha que agora eu vou desistir tão fácil? Jamais!

Imo: Ótimo. E me conta sobre como será esse plano, tudo mudou e eu ainda não sei de nada.

Elisafran: Bem mais simples que o anterior. Eu vou fazer a Úrsula assinar uns papéis, sem que ela saiba o que está escrito claro. E esse papel vai fazer ela perder tudo o que tem. TUDO!

Imo, sorrindo: Você pensa em tudo mesmo. E como isso eu herdei de você, eu te digo que contratei um detetive para investigar a vida de Úrsula. Gente rica sempre tem um podre a esconder. E quanto mais informação contra ela, maior será a vingança.

Paula, que está escondida, fica abismada com o que houve e sai dali tonta.

Cena 02- Hospital Botafogo/ Quarto de Maísa/ Início de Noite.

Maísa fica em silêncio por um tempo, mas resolve falar:…Quanto tempo eu tenho de vida, doutor Pierre?

Pierre: Nós não temos certeza, pode ser muito tempo, ou pouco, mas acima de tudo eu quero que você entenda a doença…

Maísa: ENTENDER A DOENÇA? VOCÊ ACHA QUE EU QUERO ENTENDER A DOENÇA? FRANCAMENTE, EU QUERO SABER SE EU VOU VIVER OU NÃO, O RESTO QUE SE DANE!

Pierre: Maísa não seja ignorante, porque eu sei que você não foi criada assim!- Ela se controla- A Aids é uma doença muito nova, a medicina não estava preparada pra uma contaminação dessa proporção. A Aids ainda é vista muito por cima, principalmente pela população. É como se fosse…Proíbida. Inaceitável. Não posso mentir pra você e não sabemos quanto tempo de vida você terá…Mas Maísa, você tem o pró de ser jovem, ter um bom porte físico, isso pode te ajudar também…

Maísa se levanta da cama, furiosa: Eu prefiro morrer do que ficar sofrendo e não saber se eu vou acordar viva ou morta amanhã, isso é cruel demais, Pierre! EU PREFIRO MORRER, É MELHOR, EU QUERO QUE VOCÊ ME MATE, ISSO SIM, E SE NEGAR, EU MESMO O FAÇO.

Pierre: Maísa minha querida, calma, não vamos agir por impulso…

Maísa: Impulso? Pierre, você me dá uma notícia dessas e quer que eu aja de que maneira? VOCÊ É IDIOTA? ACABA DE ME DIZER UMA BOMBA DESSAS E QUER QUE EU ME CONTROLE?

Pierre: Seria o ideal, Maísa, se deite na cama, você ainda está fraca.

Maísa, chorando: Eu sou um ser humano, Pierre, eu não vou me controlar, eu tô com uma doença dessas sem ao menos saber o porquê, agora não me interessa saber o lado medicinal da doença. Você me disse que não tem cura…Então é o meu fim. É O MEU FIM! É O MEU FIM!

Pierre: Eu estou tentando entender sua situação, Maísa, mas tenho que fazer o meu trabalho! Deite-se, por favor, e me escute. Sua ignorância e sua reação precipitada não vão te ajudar, aliás, vão piorar tudo!!- O quarto fica em silêncio- Eu lamento muito por tudo. É realmente terrível…Vou chamar outro médico pra te explicar, de preferência um que não lhe conheça, porque pra mim, que vi você nascer, é difícil também. Tente cooperar com ele- O médico sai andando.

Maísa fica deitada, em estado de choque. Téo e Fausto entram em seguida, ela chora ao vê-los.

Maísa: Cadê minha mãe?

Fausto explica: Ela ficou muito chocada com tudo, e acabou desmaiando…Filha, eu sinto muito por tudo isso, todos nós estamos tristes demais, você é tão jovem, bonita…E a vida tem dessas…

Maísa não olha em seus olhos: Eu vou morrer, pai. Porquê? PORQUÊ? PORQUÊ ISSO TINHA QUE ACONTECER JUSTO COMIGO? SERÁ QUE EU FIZ ALGUMA COISA PRA TER TIDO ESSE CASTIGO?! NÃO! NÃO!!! MINHA VIDA QUE JÁ NÃO TAVA BOA, AGORA AFUNDOU DE VEZ! EU NUNCA MAIS VOU SER A MESMA! NUNCA. EU NÃO VOU CONSEGUIR SER MODELO. EU NÃO VOU PODER ME CASAR, TER FILHOS. EU NÃO VOU PODER VIVER.

Téo, arrepiado: Minha filha, não fale como se estivesse morta, porque isso não é verdade. Você está doente.

Maísa: MORTA. EU TÔ MORTA.

Téo: Você tá doente!

Maísa, furiosa: Morta, doente…Eu tô condenada a tudo que é de ruim. Agora todos vão olhar com pena pra mim, ou com raiva, ou com deboche, eu vou ser alvo dos outros por conta dessa doença, é um castigo! Mas eu não sou obrigada a passar por isso, eu não sou- Ela soca o travesseiro- Eu quero morrer logo, sem dor, nem sofrimento!

Fausto nega: Eu não vou permitir, nós vamos enfrentar essa doença, tem você, seu outro pai, o Téo! A Lilian, a família inteira está do seu lado.

Maísa: Mas quem vai sofrer vai ser eu!! Pai…Eu não vou suportar.

Fausto pega em sua mão: Nós vamos nos unir, filha. Vamos passar por isso juntos, e você tem que ser forte! Você sempre foi, agora não pode ficar apenas se lamentando, mas encarar os fatos com fibra! É doloroso, você tem o direito de chorar sim, e como, mas isso não vai adiantar em nada…- Maísa escorre as lágrimas- Precisamos saber de uma coisa. O Pierre quer saber como você contraiu essa doença…E uma das formas é fazer sexo com outra mulher, ou pegar uma agulha infectada, ou algum objeto cortante infectado…E…

Maísa começa a se lembrar: Meu Deus…Meus amigos.

Téo: Que amigos, Maísa?

Maísa enxerga tudo: Meus amigos…Eu peguei uma seringa com eles, várias vezes.

Fausto e Téo se entreolham.

Cena 03- Clube O Bicho&Eu/ Noite.

Onofre se aproxima de Vasco. De longe, Natália cuida dos bichos.

Onofre, desesperado: Vasco será que a gente pode conversar?

Vasco, assustado: Que tom é esse, Onofre? Não me diga que você matou outro peixe por engano? Não vou mais lhe acobertar…

Onofre, sério: Não é isso – Natália vem vindo e nenhum dos dois percebe. – Sabe aquele exame que eu fiz para descobrir sobre as minhas dores constantes na cabeça? Então, eram trocados. O meu exame foi falso. Vasco, eu não tenho doença nenhuma.

Natália se aproxima: Eu ouvi a palavra doença. Aconteceu alguma coisa, Onofre?

Onofre e Vasco se entreolham. Onofre está desesperado.

Vasco, nervoso: NÃO! É que um gato… isso, um gato, uma mulher quis deixar um gato com uma doença para a gente cuidar, mas teve um funcionário que desprezou o gato. Agora a mulher está furiosa com o clube.

Natália, furiosa: Mas que horror, quem fez uma maldade dessas? Eu vou lá na direção do clube denunciar esse caso. Obrigado por me avisarem, se vocês souberem quem é esse infeliz, vocês me contam.

Natália sai furiosa.

Onofre, aliviado: Essa foi por pouco. Vasco me ajuda, eu estou desesperado. O que eu faço?

Vasco: Conta a verdade, homem. Vai ficar enganando a Nat para quê? Ela não merece isso.

Onofre: Enlouqueceu? Foi isso? Se eu conto a verdade, ela desiste de casar.

Vasco, indignado: Eu não sei como uma pessoa prefere que alguém sinta por ele um sentimento de pena do que o de amor. Sinceramente, não conta mais com minha ajuda.

Vasco sai indignado e Onofre fica pensativo.

Cena 04- Mansão de Úrsula/ Noite.

Olive recebe Téo: Olá, há quanto tempo! Deseja falar com a madame Úrsula?

Téo a cumprimenta: Na verdade eu desejo falar com…- Bernardo desce as escadas- Com você mesmo!- O rapaz se vira- Bernardo, lembra de mim?

Bernardo, alegre: TÉO! Você no Brasil?

Téo sorri: Eu próprio. E preciso falar com você.

Um pouco depois…

Bernardo, surpreso: Você é o pai da Maísa? Eu não tô acreditando nisso…Realmente, quando dizem que o mundo é pequeno, não mentem! Estou surpreso até agora, ela nunca me apresentou nem o pai, nem a mãe, inclusive ela tinha me falado o nome dos pais mas já me esqueci…Achei que o nome do pai dela começava com F, Fausto, Fred, sei lá…

Téo confirma: O nome do pai dela é Fausto, mas é uma longa história para ser explicada aqui em apenas uma cena, digo, uma conversa. Tenho que te falar uma coisa grave, sobre a Maísa.

Bernardo: Fala, Téo, fiquei preocupado…

Téo abaixa a cabeça: A Maísa está no hospital, com uma doença muito séria e queria que você fosse visita-la. Descobri que vocês eram namorados, e acho que sua presença pode ajudar, afinal, vocês não estão brigados, certo? Ela precisa muito de apoio, e quanto mais apoio melhor. É uma doença gravíssima. AIDS.

Bernardo, impressionado: AIDS? Então eu também…Ai, que horror, Téo. Coitada. Eu…Não sei o que falar. Pode deixar, eu vou visitar ela amanhã mesmo, eu gosto muito da Maísa, como já é tarde, o horário de visita deve ter se encerrado, mas amanhã mesmo eu vou.

Olive escuta tudo: Eu tô estremecida com essa notícia, madame necessita saber!- Ela sai correndo.

No quarto de Úrsula…

Úrsula passa creme em suas pernas: O que você quer, caipora jovial? Tô ocupada aqui.

Olive, tremula: É urgente!

Úrsula lhe dá atenção: O que foi? Que tremulência é essa, garota? AI, TEM LADRÃO AQUI? INVADIRAM A MANSÃO?

Olive: Nada disso, é a espancadora de mães, ela tá doente. Com AIDS.

Úrsula quase cai da cama: A Maísa tá com AIDS?

Cena 05- Hospital Botafogo/ Noite.

Lilian entra no quarto onde a filha está deitada, a médica já está melhor depois do desmaio, mas ainda muito abalada. Maísa ainda não sabia que horas teria alta, pois havia realizado novos exames, ela vê a mãe entrar e se senta na cama.

Lilian a olha, mas não diz nada.

Maísa: Mãe…

Lilian, emocionada: Ninguém tava preparado pra isso, filha. Me desculpa não ter vindo antes, eu fracassei, e desmaiei. Você me desculpa?

Maísa: Não fala isso…

Lilian tenta não encará-la: Você…Tá melhor? Quer dizer…Ah, eu não sei o que falar, eu não sei o que fazer, filha. Você não merecia isso, mas nem essa doença vai apagar seu brilho, você é jovem, bonita e…O que nos resta fazer é enfrentar. Enfim, você já deve ter ouvido isso de outras pessoas, mas eu como mãe só posso te dizer que sempre vou estar ao seu lado. Eu te amo e você sabe muito disse, eu sou capaz de tudo pra ver sua felicidade- Ela se aproxima e pega em sua mão- Vamos ficar de mãos dadas, tudo bem?

Maísa suspira: Você que tem me desculpar, pelo tapa, pelas ofensas, por tudo, eu me arrependo tanto, deve ter sido por isso que peguei esse castigo, só não imaginava que ia ser tão severo…E talvez custar minha vida. Eu fui MUITO cruel…

Lilian: Não, eu que fui cruel, e te enganei. E agora é muito difícil te ver nessa situação, quem sabe se nada disso tivesse acontec…

Maísa: A culpa não é sua. É minha…Me abraça, mãe- Lilian a abraça bem forte- Perdão. Perdão.

No corredor…

Pierre conversa com Lilian e Fausto: Vocês vão ter que se unir e esquecer qualquer diferença agora por conta da Maísa. Ela vai precisar do conforto dos pais, sei que vocês se separaram mas…

Fausto olha para Lilian: Não se preocupe quanto a isso, Pierre, é só nos dar a orientação que cumpriremos ela. A Lilian e eu…A gente ainda se gosta muito, e tenho certeza que vamos ficar ainda mais unidos durante essa doença. Não é mesmo?

Lilian dá um sorriso fraco: Sim, vai ser difícil, mas não impossível.

Fausto: Agora eu tô preocupado com uma coisa. A Maísa tinha um grupo de amigos que era meio…suspeito. Bem, ela disse que se drogou algumas vezes lá, bebia, e não se lembrava de muitas coisas, eles se reuniam em um casarão pra fazer essas coisas…Jovens, sabe como são…Mas as vezes extrapolavam e…Se a Maísa pegou Aids lá, os outros também podem ter pego. Ela me deu o endereço. E eu quero ir alertar os jovens sobre isso, pra que parem de se drogar, porque é perigoso. Quero ir lá amanhã ou hoje a noite se possível, a Maísa disse que eles costumam se reunir a noite.

Lilian: Eu não sabia disso, que horror, a Maísa não podia…Ela…Fausto, eu quero ir contigo.

Fausto: Pode ser perigoso, melhor eu chamar o Téo.

Lilian: Não, eu quero ir com você Fausto, por favor…

Fausto: Então tudo bem, vamos amanhã pela manhã tentar conseguir alguma informação. Combinado?

Lilian respira fundo: Combinado.

No dia seguinte…

Cena 06- Apartamento de Lídia/ Dia.

Yara e Lídia tomam café, a primeira está muito pensativa.

Lídia: Agora você já pode me dizer a ideia que você teve ontem à noite?

Yara, sorrindo: Eu tive uma ideia brilhante para trazer o Téo de volta. E ela vai dar certo.

Lídia: Vai colocar uma arma na cabeça dele? Vai ameaçar o pobre coitado?

Yara: Pobre coitado, me poupe mamãe. Mas não, não é isso. Eu vou fazer uma prostituta se aproximar do Téo e assim dou inicio ao meu plano. O Téo sempre foi muito precavido. Até comigo ele sempre usou camisinha, quem dirá com uma prostituta. Quando ele for embora, depois de transarem, eu faço ela pegar a camisinha e trazer a coleta para mim. Levo em um laboratório e faço inseminação. E então, gostou da minha brilhante ideia?

Lídia: Yara, eu estou chocada com você. Como você consegue chegar nesse nível? E outra inseminação é um absurdo de tão caro. Vai tirar dinheiro de onde?

Yara, sorrindo: Eu sei que a senhora tem uma grana muito alta, de quando o pai morreu. Você podia me emprestar, não é mesmo?

Lídia, se levantando indignada: MAS DE JEITO NENHUM. Eu não vou te apoiar nessa sua ideia de jerico. Trate de esquecer essa história maluca, Yara. Trate de esquecer.

Lídia se retira, indignada. Yara fica pensativa: Se não apoiar por bem, apoia por mal…

Cena 07- Hospício/ Dia.

Acácia se senta no banquinho do pátio do hospício, que por sinal é todo gramado. Dalva senta ao lado dela.

Dalva, sorrindo: Que cara é essa? Parece estar abatida.

Acácia: Impossível ficar feliz nisso daqui. Eu me pergunto até hoje como minha família teve coragem de me internar aqui. Eu sou a pessoa mais normal que existe nesse mundo!

Dalva: E não é que eu também sou? Doida é minha família, que resolve me internar aqui só porquê eu asfixiei meu marido, POR ENGANO. Mas eu estou com um plano para fugir.

Acácia, contente: SÉRIO? Eu quero muito participar dessa fuga. Eu preciso provar para minha família que não estou louca. E por um motivo ainda mais especial: se eu sair daqui, poderei ver minha filha. Minha Gorete!

Acácia e Dalva continuam a arquitetar o plano.

Cena 08- Hospital Botafogo/ Quarto de Maísa/ Dia.

Úrsula entra no quarto, uma enfermeira tenta impedi-la: A senhora não pode entrar antes das oito, a paciente pode estar dormindo!

Úrsula a empurra: Me poupe, querida, eu sou médica e muito influente, se quiser, contato o diretor desse hospital e mando ele te demitir…Sou amissíssima do Eleno. Xispa!- A enfermeira sai correndo.

Maísa a vê: Úrsula…Tá fazendo o quê aqui?

Úrsula: Vim prestigiar a sua doença, querida- Diz, friamente.

Maísa, surpresa: Como é?

Úrsula se aproxima dela: Maísa, você acha que eu vou ter pena de você? Que eu vou ficar chorando e rezando pra sua melhora? EU TE AVISEI- Grita- Não gosto de esfregar as coisas na cara dos outros, mas eu te avisei que se o seu relacionamento com Bernardo continuasse, algo de ruim ia acontecer e eu não precisei nem agir, porque Deus fez isso, ele te puniu. Bem feito, Maísa. Você quis brincar com o fogo e saiu queimada. E essa queimadura pode ser fatal. Pois bem, vim aqui só pra ver você mesmo…Uma pobre coitada, e ainda por cima doente. Você não era tão feia Maísa, mas o caminho que seguiu lhe deixou horrível, prova disso é você estar aqui na cama desse hospital…Agora só me resta desejar boa sorte.

Maísa, humilhada: Vai embora daqui, eu não quero mais ouvir nada do que você tem pra dizer! Sei que está explodindo em felicidade mas eu não me importo com a sua opinião, só me deixa em paz, me deixa viver em paz!

Úrsula ri: Garota, se enxerga! Será que você nunca vai aprender a jogar o jogo da vida? Acho que a única opção é sua morte mesmo…

Maísa, já chorando: VAI EMBORA DAQUI! VAI EMBORAAAAAAA! EU NÃO TÔ EM CONDIÇÕES DE PASSAR POR ESSA SITUAÇÃO E VOCÊ NÃO TEM ESSE DIREITO!

Úrsula: E você quer que eu tenha piedade? EU? Me poupe, Maísa, você não passa de uma fraca, e só as fortes aguentam essa doença. Infelizmente você vai bater as botas logo.

Bernardo abre a porta: Mãe? O que você tá dizendo?

Úrsula se vira: Filho! Veio prestigiar a dor da Maísinha?

Bernardo, furioso: Mãe, para de ser cínica, eu não acredito…Você fez a Maísa chorar- Ele vai até a ex-namorada- Calma, tá tudo bem- E se vira pra mãe- Você é uma completa monstra e sem sentimentos, como pode falar tamanhas atrocidades pra uma pessoa nesse estado sem ao menos ter um pingo de sensibilidade e remorso? Sai daqui. Você tá fazendo mal pra alma dela.

Úrsula dá uma risada alta: Que melosidade, que idiotice da sua parte… Da Maísa eu nunca vou ter pena, e não me arrependo do que falei pra ela, afinal, foram verdades! Verdades que ela não gosta de admitir!

Maísa tapa os ouvidos: SAI DAQUI! SAI DAQUI! SAI DAQUI- Ela começa a tossir.

Úrsula, irônica: Eu saio com muito prazer, Maísa. Fica bem querida, dá um abraço na sua mãe, dessa sim eu tenho pena, já que tem de aturar a você. Hoje o dia está tão lindo, vou dar uma caminhada por aí. Beijinhos- Ela desfila esbanjando seu deboche.

Bernardo fica consolando Maísa, que chora muito.

Úrsula coloca os óculos e fecha a porta: E ainda ousam me creditar como vilã dessa história.

Cena 09- Casa de Leblônio/ Dia.

Leblônio mexe em suas coisas e acaba encontrando algo diferente.

Leblônio: Que coisa chique. Quem será que deixou isso? – ele vê o nome de Úrsula e sorri. – Tinha que ser ela. Ela deixou propositalmente para que eu fosse entregar. Será que eu devo ou não?

Ele coloca a gargantilha na cama e pega a bola Edwiges.

Leblônio: Edwiges, me diz: Devo ir entregar a gargantilha na casa da Úrsula, sim ou não?

A bola diz que sim e ele se apressa, pega a gargantilha, o endereço e sai contente.

Pouco depois…

Leblônio chega à mansão e é atendido por Olive.

Olive: Você não é o homem lá do shopping? O desastrado?

Leblônio ri: Sou eu mesmo. A dona Úrsula está? Tenho que entregar uma coisa dela.

Olive: Entre. Ela deu uma saída, mas você pode esperar a madame aqui dentro. Vou lhe pegar um suquinho- E sai.

Leblônio fica sentado na cozinha.

Na sala da mansão…

Paula vê Elisafran e aborda a mulher.

Paula a puxa: Sua farsante. Falsa, cínica. Conseguiu ficar dentro dessa casa só para arquitetar seu plano de vingança, não é sua GOLPISTA?

Elisafran se solta: Desculpa, mas eu não sei do que você está falando.

Elisafran caminha até a sala, onde Leblônio está.

Paula, furiosa: CLARO QUE SABE SUA FALSA. CLARO QUE SABE! Eu vi você falando com sua FILHA – Elisafran se vira, desesperada. – Eu vi você falando do seu plano, sua desgraçada. Você vai fazer a Úrsula assinar uns papéis e vai roubar o dinheiro dela!

Elisafran surta e tasca um tapa na cara de Paula: SE METE NO MEU CAMINHO GAROTA, EXPERIMENTA! EXPERIMENTA ENTRAR NO MEU CAMINHO QUE EU ACABO COM VOCÊ, EU TE DESTRUO. EU TE MATO! – Ela diz, segurando Paula pelos braços.

Leblônio observa tudo, chocado: Minha Nossa Senhora!- Sussurra.

Cena 11- Casa “ Abandonada”/ Dia.

Fausto bate palmas mas ninguém aparece: Será que eles já foram embora? Maísa disse que eles costumavam se reunir pra fumar e tudo mais pelas noites e ficavam até de manhã.

Lilian, de braços cruzados: Eu não entendo como a Maísa conseguiu se envolver com esse tipo de gente, nós criamos ela tão bem- Ela olha pra Fausto- Não é?

Fausto nota que o portão está apenas encostado: É…- Ele o abre- Vamos logo tirar essa história a limpo.- Ele abre a porta da casa e várias pessoas estão lá dentro, mas se levantam ao vê-lo.

Lilian ainda está do lado de fora: E então…A cena é apropriada pra menores de 18?

Fausto entra: Vem comigo…- Os jovens se mostram assustados- Calma. Meu nome é Fausto, eu sou pai da Maísa. Essa é Lilian. A mãe dela. Nós viemos comunicar uma coisa muito grave.

Um dos jovens dá um passo a frente: Eu não acredito que aquela vadia deu o nosso endereço pra vocês!

Lilian: EPA VEJA LÁ COMO FALA DA MINHA FILHA!

Fausto respira fundo: Calma, Lilian…Rapazes e moças, viemos comunicar uma coisa muito importante. A Maísa está com AIDS- Todos se calam-E provavelmente ela contraiu aqui. Ela me disse tudo o que vocês fazem e…Viemos alertar vocês também, pra irem no hospital e…

Um garoto se levanta: E…NADA! NÓS NÃO QUEREMOS ESCUTAR OS SEUS CONSELHOS. SAI DAQUI, AGORA!

Lilian: Rapaz, seja mais educado. Nós viemos aqui pra falar uma coisa grave e importante, que envolve a vida de vocês. Pelo visto esse daí tá drogado…

O garoto saca uma arma: QUEM VOCÊ CHAMOU DE DROGADO?- Ele atira na direção dela, que se abaixa.

Lilian, ofegante: O que foi isso?

Ele a pega pelo braço e coloca a arma em sua cabeça.

Termina o capítulo 32.