Ser Humano- Capítulo 19.

Ser Humano.

Capítulo 19.

Cena 01- Mansão de Úrsula/ Noite.

Paula, Elisafran e Úrsula tomam chá.

Úrsula trata de acalmá-la: O Bernardo vai perceber que tudo aquilo que falou foram palavras errantes, não se preocupe, ele jamais te deixaria ser mãe solteira.

Elisafran opina: Ele parecia muito convicto de suas decisões.

Bernardo desce as escadas: Agora que eu já tô mais calmo…Podemos conversar a sós, Paula? No meu quarto…

Paula se levanta na hora: Claro…- Ela sobe as escadas, com a muleta.

Úrsula ri: Eu sabia, pediu pra conversar no quarto dele, nem quero ver onde isso vai dar…Esse jovens cheios de adrenalina- Ela se levanta- Com licença, Fran, eu vou usar o toilette, e já volto- A madame sobe as escadas e chama Olive.

Elisafran observa os retratos da família de Úrsula: Tá chegando sua hora…-E beberica o chá.

Úrsula sussurra para Olive: Vai pegar um copo de vidro na cozinha, pra já!

Olive não entende: Mas você disse que ia no banheiro…Copo pra quê? Tá pensando em beber a água da privada?

Úrsula a belisca: Deixa de ser idiota, caipora sem cérebro, e vai fazer o que eu te pedi!- Olive desce as escadas correndo e Úrsula se aproxima da porta- Ai, quem mandou eu colocar portas reforçadas nessa casa?

Olive logo volta: Aqui está o copo, mas eu jamais esperaria que a senhora fosse beber água da priv…- Úrsula tapa sua boca.

Úrsula coloca o copo na porta: Vou ter de ouvir a conversa deles, é a cara da pobreza, mas será necessário- Ela aguça os ouvidos, Olive faz o mesmo.

No quarto…

Bernardo suspira: Eu sei que te decepcionei, decepcionei minha mãe também…Mas eu nunca vou abrir mão da minha felicidade pra me prender a uma vida de casado com uma mulher que não amo.

Paula tenta: Esse filho vai nos unir, eu juro, você pode estranhar no começo, mas logo vamos ser uma família feliz!

Bernardo nega: Não vamos ser uma família feliz, pelo menos não juntos! Paula, eu quero que você me entenda. Eu vou assumir, eu vou criar, eu vou participar da vida desse menino, e nós podemos ser amigos sim se você quiser, mas parece que prefere dificultar as coisas…Essa é minha posição, eu não vou mudar! Agora jamais vou aceitar que me chamem de pai ausente, porque eu tenho consciência, e nunca vou sair da vida desse menino, ou menina.

Paula, furiosa: Você tá destruindo a minha e a sua vida, Bernardo! Essa é a pior atitude que eu já vi, covarde! COVARDE!- Ela escorre as lágrimas.

Bernardo se aproxima dela: Não adianta tentar me ofender…

Paula: EU TE AMO, E VOCÊ TEM QUE FAZER PARTE DESSE MOMENTO ESPECIAL DAS NOSSAS VIDAS  AO MEU LADO, QUERENDO OU NÃO, TÁ ME ABANDONANDO SIM!- O quarto fica em silêncio- Não faz isso comigo- Ela se aproxima dele e tenta beijá-lo, mas o rapaz segura seus punhos.

Bernardo, firme: Não, Paula.

Úrsula taca o copo no chão: Maldição, esse meu filho foi mesmo enfeitiçado! Tenho que partir pra outro plano- Ela observa o copo- Olive, você jogou no chão!

Olive arregala os olhos: Eu não, foi a senhora…

Úrsula: Claro que não, idiota. Vamos sair daqui- Elas correm.

Cena 02- Copacabana/ Restaurante/ Noite.

Fausto percebe a troca de olhares entre Lilian e Téo: Vocês já se conhecem?

Lilian volta a realidade e trata de disfarçar o espanto: Não, imagina- Ela cumprimenta Natália e os outros, inclusive Téo e Yara, que se fazem de desentendidos- É um prazer conhecer vocês.

Fausto aperta a mão de Téo: Então você é o irmão da Natália? Muito prazer! Você morava com ela no Sul?

Téo, ainda impressionado: Não…Eu morava em Milão.

Fausto assente: Interessante, e que coincidência, a minha mulher e minha filha estavam lá até um dia desses, tenho vontade de ir pra Europa…

Téo olha disfarçadamente pra Lilian: Coincidência mesmo, muita coincidência, eu diria…

Yara está furiosa. E Lilian tenta sorrir, tarefa difícil naquele momento.

Natália abre o menu: Bem, então o que vamos pedir?

Um pouco depois, todos já estão entrosados.

Fausto chama um garçom: Ei, camarada- Ele olha pra Natália- Aposto que nesse restaurante tem um belo whisky!

Lilian: Fausto, não vai beber demais, tá?

Natália puxa assunto com ela: Mas e então, você é médica?

Lilian conta: Sou sim, trabalho, aliás, trabalhava no hospital Botafogo, que você deve conhecer. Sou pediatra.

Natália, animada: Eu quero que você vá conhecer o clube onde a gente trabalha, lá é um espaço bem bacana, a sua filha inclusive apareceu hoje, mas não parecia muito bem…

Téo escuta tudo: Como assim?

Lilian tenta não olhar pra ele: Eu é que pergunto…Como assim?

Natália explica: Ela chegou meio machucada, parece que tinha levado um tombo, e também tava com uma tosse tão grande, que mal conseguia falar direito, não é Fausto?

Lilian se preocupa: Tosse…Nessa época?

Fausto confirma: Eu também achei estranho, mas ela disse que não era nada demais, mas mesmo assim é bom dar uma examinada, Maísa não entende nada disso mesmo- O garçom chega- Ei, amigo, você poderia…Leblônio?

Leblônio se vira: Tio Fausto?

Fausto não entende: O que você tá fazendo aqui? Eu não disse que ia te conseguir um emprego…

Onofre observa a cena, irritado: Esse cara é um idiota, a Natália não devia ter chamado ele…- Comenta, pra Vasco.

Vasco, alegre: Eu achei ele tão simpático, e a mulher dele também! Você tem que se soltar um pouco mais, e não ficar jururu pelos cantos, aprenda a conviver em grupo, se isso não foi te ensinado na escola… Inclusive você e a Yara combinam, ela tá quieta desde que Lilian e Fausto chegaram.

Leblônio, trêmulo: Tio…Eu não aguentei ficar sem trabalhar, e a Edwiges, digo, a minha consciência, me disse que era pra eu correr atrás de um novo emprego. E aqui estou! Mas então…O que vão pedir?

Fausto: Eu até esqueci…

Leblônio pega os copos vazios: Pois então se lembre, porque estou aqui, pronto pra anotar seu pedid…- Ele acaba tropeçando e derruba todos os copos em cima de Onofre.

Onofre, furioso: MAS QUE INCOMPETÊNCIA É ESSA?

Vasco cai na gargalhada.

Onofre observa que todos estão rindo: E vocês ainda tem coragem de rir? Eu não esperaria nada diferente mesmo, ninguém aqui vale nada, e eu não devia ter marcado esse jantar!- Ele se limpa- Quanto a você, só por ser parente desse daí- Aponta pra Fausto- Já merecia ser demitido! Isso não vai ficar assim, agora a noite acabou pra mim, sinceramente!- Ele sai.

Vasco se levanta: Onofre, não leve tudo a sério! Onofr…- Mas ele não é ouvido.

Natália fica constrangida: O Onofre anda muito estressado, eu sei, mas ele tem os motivos dele, espero que entendam.

Vasco corre: Eu vou atrás dele.

Leblônio recolhe tudo o que derrubou com a ajuda de Lilian e Fausto, em um determinado momento, Téo se abaixa pra ajudar: Bom te ver por aqui…- Fala pra ela.

Lilian, nervosa: Esquece que me conhecia, pra todo caso, fomos apresentados hoje.

Téo: Eu voltei pro Brasil, pra procurar a nossa filha…

Lilian gela: Não ouse…Não ouse, Téo, é o que eu te digo- Ela se levanta e volta a mesa.

Cena 03- Apartamento dos Segata/ Noite.

Raquel, em tom baixo: Maísa, eu…

Maísa pega sua bolsa: Não se dirija a mim, por favor, eu vim aqui pra tentar desabafar, mas esqueci que você ainda morava aqui, aliás, eu não entendi porque ainda mora aqui, depois de tudo, talvez por piedade dos outros, foi assim que sempre viveu…

Raquel abaixa a cabeça: Você tem que me ouvir.

Maísa aponta o dedo em sua cara: Eu não tenho! E nem vou! Tudo que tínhamos pra conversar, já conversamos. Cê deve estar bem satisfeita com a briga entre mim e a minha mãe, não é? Responde, monstro, não era isso que queria? Nunca conheceu a mãe verdadeira, e aí invejava a minha relação com a Lilian. E conseguiu destruí-la. Parabéns- E bate palmas- PARABÉNS, RAQUEL, SEJA FELIZ COM A SUA INVEJA E RANCOR!

Raquel a encara, por baixo. Acácia chega no momento, com Rubem.

Acácia nota tudo: O que tá acontecendo, gente?

Maísa volta a si: Nada, tia! Eu tenho que ir, tchau vó, tchau a todos…

Irene tenta convencê-la a ficar: Mas a gente ainda nem conversou, vamos aproveitar que seus pais saíram, e ter uma prosa, por favor, Maísa!

Maísa nega: Quem sabe outro dia, se estivermos em melhor companhia, obviamente- Ela abre a porta e vai.

O clima não está dos melhores no apartamento.

Na portaria…

Maísa vai saindo quando encontra Geórgia com algumas sacolas.

Geórgia fica feliz ao revê-la: Maísinha!

Maísa a abraça: E então, como é que vão as coisas?

Geórgia suspira: Não muito bem…Eu sinto sua falta, no lar dos Segata. E…Sinto que te devo um pedido de desculpas, pela Raquel.

Maísa nega: Não, por favor, não faça isso…

Geórgia é irredutível: O que Raquel fez ainda terá castigo e consequências que destruirão ela própria, mas por favor, me perdoa, eu criei ela de um jeito errado, e agora vejo os reflexos…

Maísa a abraça: Geórgia, a culpa não é sua, a Raquel tem muitos defeitos mesmo, mas não é culpa de sua criação, você fez o melhor que pode, ela não soube aproveitar, é o jeito dela…Agora vai lá, tchau querida- Ela a beija na testa.

Geórgia a observa sair: Nunca vou perdoar a Raquel, nunca- E pega novamente suas sacolas.

Cena 04- Botafogo/ Flat de Natália/ Noite.

Natália abre a porta, está com Téo e Yara: Tirando o stress do Onofre, correu tudo bem, adorei conhecer a mulher do Fausto, é uma simpatia pura!

Téo afirma: Com certeza…- Mas Yara lhe dá uma cotovelada.

Yara, rancorosa: Eu achei ela azeda, antipática e loira demais.

Natália estranha: Nossa, mas ela não te fez nada!- O gato Jobim aparece- Oi, meu amor.

Yara se afasta: Ai, não quero nem chegar perto desse bicho, só pra terminar de estragar minha noite…

Natália o pega: Para de ser tão chata, Yara! Bem, eu vou ver como o Onofre está, porque fiquei preocupada com aquele surto dele…Já volto- Ela sai.

No apartamento ficam apenas Téo e Yara.

Yara, furiosa: Aquela mulher tá perseguindo a gente, a cada encontro eu tenho mais raiva dela…Ou será que é você quem tá perseguindo ela?

Téo, deitado no sofá: O que você tá querendo insinuar dessa vez?

Yara anda de um lado pra outra: Meu querido, eu não nasci ontem, e já percebi que você voltou pro Brasil depois que reencontrou aquela nojenta em Milão, tem alguma coisa que liga vocês, algo que te fez vir aqui, e não adianta mais tentar esconder de mim, isso é um ultimato, ou conta agora, ou saio daqui, pra sempre! Cansei de ser a última a saber, você não se abre comigo, parecemos estranhos…Conta, conta Téo, qual sua relação com a Lilian.

Téo respira fundo: Tudo bem, acho que uma hora ou outra, você ia descobrir…- Ele a encara- Eu e a Lilian já fomos namorados, e…Isso rendeu um fruto.

Yara engole em seco: Não me diga que…

Téo dispara: Eu e a Lilian temos uma filha, a Maísa.

Yara fica chocada.

Cena 05-Praia do Leblon/ Noite.

Maísa entra no mar com roupa e tudo, a garota mergulha algumas vezes, depois anda pela areia e senta em um banco, refletindo sobre o que fez até agora de sua vida. Os olhos estão tristes e amargurados.

Flashback.

Maísa se solta: FICA LONGE DE MIM, SUA FALSA!- Ela pega um estilete na gaveta- Fica longe, ou eu sou capaz de usar isso pra te ferir…Como você me feriu durante toda a minha vida toda. Monstra. Perversa. Achou que as suas atitudes não iam ter consequência?- Ela aponta o objeto com ódio, seu rosto fica inteiramente borrado.

Lilian não se intimida: Minha filha, do que você tá falando? Eu quero te entender mas…

Maísa, furiosa: Não se faz de sonsa, pelo visto não é! Você é uma mentirosa que me enganou dizendo que o Fausto era meu pai, cresci acreditando nisso, mas sou fruto de uma mentira, de uma relação sua com o tal Téo- Lilian gela- Achou que eu não ia descobrir? Você mentiu da forma mais descarada! Eu te odeio, te odeio!

Volta a cena.

Uma lágrima escorre de seu olho.

Flashback.

Flora a corta: Não é do atraso que falo…Maísa né?- Ela faz que sim com a cabeça- Eu percebo o jeito de cada uma aqui, aquela ruiva ali é muito dócil já a loira com olhos verdes é rebelde…E você é podre.

Maísa se choca: O quê? É alguma brincadeira?

Flora ri: Eu só brinco, quando quero falar sério. Tenho mais de 70 anos de uma carreira e mais do que tudo eu sei perceber uma modelo de verdade, e você é uma, linda, carismática, mas por dentro não passa de uma pessoa podre e se não corrigir esse defeito, vai acabar não conseguindo prosseguir nas passarelas. Uma modelo de verdade, de verdade mesmo, tem que ser linda, por dentro e por fora. Não perfeita, mas humilde, ao menos. Com licença, Maísa, acho que entendeu o recado…- Ela sai.

Flashback…

A cigana apalpa sua mão, e visualiza bem: Ah! Olha só, mas que pessoa linda- Ela tenta mostrar pra Maísa, que não vê nada- Olha, tá vendo? Um bebê! É seu?- A jovem vai responder mas ela deduz- Não é! Não mesmo! Ainda vai vir… Claro, se sua desgraça não chegar antes, mas creio que não…

Maísa tira a mão: Você tá dizendo muita besteira, meu namorado tá me chamando, licença!

A cigana a impede: Antes que algo de pior aconteça, você deve lutar contra o orgulho, contra o que fez, ou tudo vai por água a baixo! Veja! O que fizeste fora algo muito grave, cuidado!

Volta a cena.

Maísa, devastada: O que eu fiz foi…Muito grave. Meu Deus, como é que eu pude agir assim diante da minha mãe?- Ela começa a chorar.

Uma voz familiar se aproxima: Maísa?

Maísa levanta a cabeça: LEBLÔNIO!- Eles dois se abraçam- Ai, eu tô molhada, desculpa…

Leblônio se senta: Eu também tomei um banho de mar, dizem que acalma…Fazendo o quê por aqui? Achei que só eu viesse toda noite tomar banho aqui pra economizar água lá de casa…

Maísa ri: Só você pra arrancar um sorriso meu numa hora dessas…Andei tendo uns problemas, Leb, desde a última vez que nos vimos. Eu e minha mãe…Brigamos, sabe?

Leblônio: Quisera eu ter meus pais vivos pra brigar com eles…Faz as pazes com ela, prima, ficar brigado com os pais é a pior coisa que existe…E agradeça, por ainda ter eles vivinhos, a sua disposição.

Maísa se encosta: Você tem razão…Preciso pedir desculpas pra minha mãe, não sei o que deu em mim…- Ela sorri.

Cena 06- Botafogo/ Flat de Natália/ Noite.

Yara coloca a mão no coração: Uma…Filha? Téo, você não tinha o direito de me esconder isso!

Téo conta: Essa história é muito particular, Yara, e eu não me sentia a vontade falando dela…Pois bem, agora você já sabe, vim pro Rio pra me aproximar da minha filha, contar pra ela quem eu sou…Tentar recuperar o tempo perdido. E estou disposto a isso, ninguém vai me impedir.

Yara, revoltada: Não, Téo! Esquece essa história meu amor, esquece essa gente que só vai nos fazer mal, a Maísa, a mãe dela…Apaga isso da sua vida, vamos pra Milão enquanto ainda há tempo!

Téo: Agora que eu sei que sou pai, não vou abandonar minha filha de novo, Yara, já disse! Você vai ter que aprender a conviver com ela, vai ser diferente no início, mas logo todos seremos felizes.

Yara ri: Eu nunca vou ser feliz com esse povo…Você nunca quis ter um filho comigo, e agora isso? Chega! É hora de você escolher, Teodoro Padilha, ou eu, ou sua filha.

Téo, irritado: Yara, você tá sendo ridícula com esse ciúme! É hora de colocar os pés no chão e encarar essa situação, pretendo procurar a Maísa logo, contar tudo!

Yara, chorando de ódio: Se você for mesmo atrás dessa mulher, eu saio daqui, pra sempre! Pense bem, você vai estar matando o nosso relacionamento por conta de uma filha, um fruto do passado, que deveria ser apagado! Ela cresceu sendo criada por aquele homem, o Fausto, tá achando que vai conseguir tomar a menina dele? DESISTE!

Téo explode: NUNCA, YARA! NUNCA! E SE VOCÊ NÃO QUISER ACEITAR, SINTO MUITO, MAS JÁ PODE SAIR, PORQUE EU TOMO OS MEUS PRÓPRIOS RUMOS, SEM A AJUDA DE NINGUÉM.

Yara lhe dá um tapa na cara: Seu calhorda, infeliz!- Ela chora- VOCÊ ACABA DE ROMPER NOSSA RELAÇÃO!

Natália chega na hora, o barulho da porta faz os dois pararem. A bióloga nota o que está acontecendo: Tá tudo bem?

Yara, chorando: Seu irmãozinho pode explicar- Ela sai pro quarto.

Téo suspira: Yara, volta aqui, por fav…- Ela bate a porta com toda a força- Não era pra ser assim…- Ele se senta no sofá, triste.

A noite passa, o dia chega…

Cena 07- Apartamento dos Segata/ Manhã.

Acácia nota que o vestido azul-marinho que era de Gorete está no lixo e o tira: Mas o que significa isso? Era pra estar com a Raquel…

Raquel chega: Bom dia, dona Acácia, o que aconteceu?

Acácia, furiosa: Eu é que pergunto, te dei o vestido valiosíssimo que era de minha filha e encontro ele no lixo, Raquel? NO LIXO?

Raquel, sem reação: Eu não sei como isso pode ter ido parar no lixo…

Acácia o entrega: Lave isso, e tenha mais cuidado, por favor!- Irene aparece.

Raquel olha pra ela: Tudo bem, dona Acácia- Ela sai.

Irene, desesperada: Para com isso, Acácia, ou eu vou ter de tomar uma medida mais drástica do que jogar o maldito vestido no lixo…

Acácia pega o café: Ah, então foi a senhora!

Irene confirma: Eu mesma, e vou te avisando pra parar de tratar a Raquel como se ela fosse sua falecida filha, Gorete, porque elas são pessoas diferentes, infelizmente a Goretinha nos deixou!

Acácia ri: Eu não sei do que tá falando…

Irene a pega pelo braço: PARA com isso! Para com essa obsessão pela Raquel, ou então, eu pago uma bolsa pra ela ir estudar em Nova Iorque ou na Conchinchina, tanto faz!

Acácia sai sem dizer nada.

Irene, para si mesma: Isso não vai acabar bem, eu preciso impedir!

Cena 08- Hospital Botafogo/ Dia.

Vittória conversa com uma médica.

Vittória relata: Até agora, são os mesmos sintomas de sempre, nada demais…Só que…Cê sabe, doutora, eu convivo com o medo de morrer a qualquer instante e ter que deixar meu filho, inclusive ainda não tive coragem de contar pra ele.

Alice, a médica: Mas você tem que contar, Vittória, é só usar as palavras cautelosas e fazer ele entender que você não tá bem! Tenho certeza que Breno vai compreender.

Vittória suspira: Na verdade, poucas pessoas sabem. Só a minha amiga Bete, e outros sem importância que descobriram quando o meu exame foi para a empresa onde eu trabalhava…

Alice: Você foi demitida?

Vittória confirma: Na hora. Estou sem trabalho, mas por enquanto tá dando pra segurar…Mas não se preocupe, doutora, eu vou contar tudo pro Breno.

Alice: Você sabe que nós, médicos, só sabemos o essencial sobre a AIDS, e sobre o vírus que transmite a doença…É algo relativamente novo pra gente, e que se espalhou muito rapidamente, logo as pessoas criaram várias hipóteses, mitos…Como por exemplo que a doença se espalha pelo ar, o que é mentira, segundo comprovação. Mas por enquanto, não foi achada cura nenhuma, portanto o que lhe resta é esperar, e seguir com a sua vida, qualquer outro sintoma, cê sabe o número do meu telefone.

Vittória sorri: Ai que alívio, eu confesso que acreditei na história da infecção pelo ar.

Alice: Vittória você é uma mulher bem sucedida, bonita, charmosa, não deve deixar que essa doença te destrua. Seja forte. E conte pro seu filho, ou ele pode sofrer mais e mais.

Vittória: Claro doutora, obrigado por tudo, eu vou indo…

Alice lhe entrega um papel: Você não é a única a passar por esse drama, minha querida. Tem um centro especialmente para pessoas com AIDS, se localiza no hospital Madame Úrsula. Lá as pessoas trocam experiências, angustias, conhecimentos…É muito legal, recomendo que vá.

Vittória guarda o papel: Gostei, pretendo ir- Ela aperta a mão da médica- Até logo.

Cena 09- Mansão de Sid/ Quarto de Paula/ Manhã.

Paula se olha no espelho: Eu vou ficar gorda, toda nojenta, e tudo isso pra nada? Não…É melhor eu…Acabar de vez com essa maldita gravidez que não me serviu pra nada. Odeio você, Bernardo, odeio!- Ela bate na própria barriga- ESSE FILHO NÃO VAI SERVIR PRA NADA, NADA!

Sid entra no quarto com uma bandeja de café da manhã: Querida, o que você tá falando?

Paula chora: Eu quero tirar esse filho de dentro de mim, achei que Bernardo ia voltar pra mim depois que descobrisse da criança, mas ele não quis! Sendo assim, não tem mais motivo pra essa gravidez!

Sid a pega: Por favor, querida, não faça isso consigo própria!- Paula chora em seu colo- Use sua astucia!

Paula soluça: Como?

Sid ri: Pense em um jeito para que essa gravidez te prenda ao Bernardo, um jeito que faça ele vir te visitar sempre, que tome o tempo do rapaz!

Paula sorri: Eu já sei…Tive uma ideia! O Bernardo vai ter que se juntar a mim depois disso.

https://youtu.be/QiIFgYJ3kLw

Termina o capítulo 19.