Ser Humano- Capítulo 11.

Ser Humano.

Capítulo 11.

Cena 01- Mansão de Acácia/ Noite.

Lilian, furiosa: RESPONDE! É VOCÊ A RESPONSÁVEL POR TUDO ISSO?

Acácia treme: Calma…Esse gravador tava com…Ah, é melhor eu não falar. Você tá nervosa, pode provocar um estrago.

Lilian pega o gravador e pausa: Eu quero saber o nome da pessoa, não ouse me esconder Acácia, você não tem esse direito! FALA- Ordena.

Acácia fecha os olhos: Foi…A Raquel. Ela gravou tudo.

Lilian não contém a fúria e corre para o quarto de Raquel. Acácia a segue.

Lilian escancara a porta e vai até a moça que se preparava pra dormir.

Raquel, assustada: O que…- Mas recebe um tapa antes que complete a frase.

Lilian, vermelha: Raquel, depois de tudo…Depois de eu te pagar essa viagem pra realizar seu sonho de sair do Brasil…Você me agradece assim? Você destruiu a minha vida com isso que fez- Ela joga o gravador na cama- Porquê? PORQUÊ?! Ai, eu tô tão decepcionada!

Raquel, descabelada: Por favor, me perdoa…

Lilian, exaltada: Perdoar? Você não merece perdão depois de minar a minha relação com a Maísa dessa maneira…O que te levou a fazer isso? Será que você me odeia tanto assim? Ou odeia a minha filha?

Acácia intervém: Ela já me explic…- Lilian a afasta.

Lilian exige: Eu quero ouvir da boca da Raquel- E aponta o dedo pra ela- Vai, conta, conta tudo! Na catedral, foi você né? Gravou minha conversa!

Raquel implora: Eu não quero mais falar sobre isso, mas me arrependi muito, fui egoísta e cruel, mas por favor me perdoe, dona Lilian, sou grata por tudo o que você e sua família já me fizeram. Foi um ato errado, eu sei.

Lilian a pega pelo braço: Foi o fim, Raquel! E nenhuma desculpa vai consertar a briga que tive com minha filha, pelo visto você amou muito ver-nos entre tapas e discussões. Né? HEIN?- Ela bate na menina com toda a força- VOCÊ NÃO MERECE PERDÃO NENHUM, E VAI SAIR LÁ DE CASA, NÃO QUERO MAIS TE VER NO MEU LAR!

Raquel, surrada: Não, isso não, por favor!- Diz, chorando, agarrada ao travesseiro.

Acácia tenta acalmar a irmã: Para de bater nela, Lilian, isso não adianta! PASCOAL- Chama, desesperada- PASCOAAAAAAAAAAAAAL.

Lilian bate nela até que o mordomo consegue separar a briga junto com Acácia. Raquel fica marcada na cama e Acácia tenta consolá-la.

Lilian se solta: Raquel- Diz, em tom baixo- Quando voltarmos pro Rio, eu te quero fora da minha casa. Fora. Já me arrependi de muita coisa que fiz na minha vida, mas você é meu principal arrependimento. E eu vou me acertar com a Maísa, pra sua infelicidade. Sua discórdia não vai ser eterna como planejou. Você devia ter vergonha de si mesma. Uma jovem bonita, inteligente, sinceramente…Não precisava disso. Você é baixa.- E sai.

Raquel se agarra ao travesseiro e chora descontrolada, Acácia pede que Pascoal traga água com açúcar.

Cena 02- Hotel onde Elisafran e Meddeiro estão hospedados/ Noite, quase madrugada.

Elisafran chega no quarto de hotel e não encontra mais Meddeiro desmaiado.

Elisafran, olhando ao redor: Onde esse homem foi se meter? – Ela nota que a chave do carro sumiu. – Ai não, ele deve ter ido falar com a Úrsula.

Elisafran pega suas coisas e sai correndo, em seguida para no ponto de taxi. Ela chama um taxi que vinha logo atrás. Bem ali perto, Sid está conversando com um amigo.

Sid entra no carro, apressado: Aquela dali é a Fran. – Ele olha no relógio. – Saindo a essa hora? – E desconfia.

O amigo não entende, então Sid entra no seu carro rapidamente e segue a amada com cautela. Dentro do Taxi, Elisafran está tensa.

Elisafran, nervosa: O que Meddeiro foi fazer lá, meu Deus? – Ela diz, balançando as pernas- Espero que não seja o que estou pensando…Ah, ele me paga!

Cena 03- Milão/ Mansão de Úrsula/ Noite, quase madrugada.

Olive está se preparando pra dormir quando um segurança a chama: Como assim uma pessoa querendo falar com madame Úrsula essa hora? Ela já se recolheu e não quer ser incomodada, dispensa quem quer que seja.

O segurança concorda. Olive porém lembra: Epa, mas quem é que querendo falar com ela? Deixa eu só ver- O segurança aponta e ela vê Meddeiro no portão, desesperado- Nossa, mas é o irmão da Elisafran! Ele tem nome de rico a beira da morte, como é mesmo? Melino…Mereiro…Moreiro…Ah, é Meddeiro! Deixa eu ver o que ele quer- Ela vai até seu encontro.

Meddeiro está inquieto: Por favor, preciso falar urgentemente com a Úrsula, me deixe entrar, garanto que é pro bem dela!

Olive ri: Sinto muito, ela depois que dorme não atende mais ninguém, senhor, mas o que houve? Aconteceu algo com a Elisafran?

Meddeiro insiste: Não, mas vai acontecer algo gravíssimo com a Úrsula se ela não me ouvir, eu tenho pouco tempo, garota ruiva, me deixe entrar- Ele agita a barra do portão- VAMOS!

Olive se enraiva: Já falei que não, compreenda! E tenha boa noit…- Ela repara em sua cabeça, com sangue- Meu Deus, senhor Meddeiro, mas o que aconteceu? Te roubaram? Te atingiram?- Fala, horrorizada.

Meddeiro lembra: Me atacaram…E isso pode acontecer com a Úrsula também. Ela pode morrer- Diz, soturnamente.

Olive se apavora, ela manda que um dos seguranças deixe ele entrar. Já na sala, ela tenta obter respostas.

Meddeiro se senta: Tem uma pessoa muito perigosa nos rondando, Olivia, né?

Olive: Olivia? Cruzes, meu nome é Olive, Olive Varmelin.

Meddeiro, gritando: Que seja, vá chamar a Úrsula imediatamente. Eu estou tentando ajuda-la a se libertar da…Esquece, vá chamar ela.

Olive ri: Tente me explicar que transmito o recado pra ela ao amanhecer, mas agora é impossível!

Meddeiro lança o canivete: EU NÃO TÔ MAIS BRINCANDO, OU VOCÊ CHAMA ELA AGORA, OU TOMO UMA ATITUDE DRÁSTICA, OLIVIA PALITO, EU TENTEI POR BEM, E AGORA POR MAL…

Olive se apavora.

Cena 04- Em frente a mansão/ No mesmo período.

Elisafran desce do carro rapidamente e já consegue escutar os gritos de Meddeiro. Como os seguranças já a conhecem, deixam-na entrar.

Meddeiro, gritando: EU QUERO FALAR COM A TUA MADAME, CHAME ELA AGORA, ANDA!

Olive, já perdendo a paciência: Meu Senhor, eu vou chamar os seguranças caso você não saia dessa casa AGORA.

Meddeiro, parando: Não é para tanto, né, pitchula? – Ele sorri.

Olive, lhe estapeando: Não me chama dessa gíria tosca, que eu não te dou essas liberdades.

No momento, Elisafran chega e percebe que ele continua a fazer um escândalo.

Elisafran, segurando-o: Me desculpa, ele tem problemas mentais, sabe como é gente LOUCA, NÉ?! – Ela grita, no ouvido de Meddeiro, que para.

Olive, estapeando Meddeiro: Eu vou chamar os seguranças, melhor tirar esse louco daqui antes que algo de pior aconteça.

Elisafran, lhe apertando: Meu irmão tem problemas, né? Vamos, irmão, vamos.

Meddeiro não se intimida, ele grita: ÚRSULA, DESCE, EU QUERO FALAR COM VOCÊ!!

No quarto, Úrsula percebe o alvoroço e a gritaria que vem do primeiro andar. Ela coloca um roupão e sai do quarto.

Úrsula, descendo a escada: Mas o que é que está acontecendo aqui? – ela abre e fecha os olhos, depois pisca sem parar, e para. – Abriram a porta do inferno e os demônios mandaram os secretários para me atazanar? Mas se bem que com essas caras vocês estão mais para os mandantes. – ela sussurra.

Sid entra na casa e percebe toda a confusão, mas ele fica quieto.

Meddeiro, sério: O que eu vim fazer aqui ninguém vai me impedir. Eu vim contar quem é a Elisafran de verdade, uma pessoa diferente dessas que você conhecem.

Elisafran gela. Úrsula encara Elisafran, com ódio. Enquanto Sid fica assustado, estranhando a situação.

Cena 05- Brasil/ Rio de Janeiro/ Flat de Natália em Botafogo/ Noite.

Natália acende as luzes e encosta a porta, cansada: Agora vamos dormir, Jobim- Ela o coloca numa cama provisória e o gato logo dorme.

De repente Onofre abre a porta: Natália!- Diz, sem fôlego- Preciso falar contigo, é vapt vupt, mas urgente. É uma parada que você precisa saber.

Natália tira os sapatos: Não pode ser outra hora? Agora eu vou tomar um banho e dormir, tô exausta.

Onofre conta: Doente.

Natália não entende: Quê?

Onofre revela: Eu tô doente, Natália, e tenho pouco tempo de vida. Um tumor tomou conta do meu cérebro e não posso resistir muito tempo, não há remédio nem nada que cure. Minha sentença tá assinada.

Natália, chocada: Onofre? Mas…Meu Deus- Ela o abraça- Eu não sei o que falar…

Onofre encosta a cabeça em seu ombro: Eu não quero que sinta pena de mim, Natália, só quero ser feliz nesses meus últimos meses. Tenho no máximo um ano pra aproveitar meus momentos.

Natália o beija no rosto: Eu sou sua amiga, e vou te ajudar em tudo que quiser- Ela aperta sua mão- Te gosto muito, pode contar comigo- Diz, fazendo-o sorrir.

Onofre: Pra qualquer coisa?

Natália afirma: Pra qualquer coisa.

Cena 06- Milão/ Mansão de Úrsula/ Madrugada.

Elisafran, ainda gelada com as palavras de Meddeiro, corre e tenta tampar a boca do mesmo.

Elisafran, desesperada: Ele não tem nada a dizer, esse meu irmão, tem problemas mentais, sabe como é!- Inventa.

Meddeiro consegue sair dos braços da mulher e a joga longe, fazendo-a cair no chão.

Meddeiro, encarando-a: Eu vou contar sim, chega dessa farsa. Acabou, ELISA FRANCISCA!

Úrsula, assustada: ELISA FRANCISCA? – Ela olha para sua “ amiga”. – Alguém pode me explicar o que é isso?

Elisafran, se levantando: Ele está louco, cismou que meu nome é esse, nem parece que é meu irmão. Agora chega, eu vou te levar daqui, chega de confusão!

Meddeiro, rindo: Eu vou contar tudo, chega Elisafran, chega, cansei. Úrsula, a Elisafran só se apr…/ – antes dele concluir, Sid vem correndo e lhe dá um soco, Meddeiro vai parar longe com o soco e acaba desmaiando.

Úrsula, perplexa: Minha Nossa Senhora da Riqueza! O que vocês fizeram com esse homem, gente?

Sid, furioso: Infelizmente, temos aqui entre nós uma pessoa com deficiência mental, que está chegando ao ápice. Fran, se você quiser, ligo para uma clínica vir buscar seu irmão. Se o coitado continuar com esses surtos, não há quem possa segurá-lo.

Elisafran respira aliviada: Apesar de amar meu irmão, reconheço que cada vez tem sido mais difícil lidar com suas loucuras mentais, imaginem, agora cismou em dizer a Úrsula que me chamo Elisa Francisca! Acho que…- Ela repara no homem caído- É melhor…Internarmos ele…- E finge choro.

Olive calcula: Ué, mas tá certo, Elisafran não vem de Elisa Francisca?

Elisafran a olha com ódio disfarçado: Eu me chamo Helena, minha querida, Elisafran é um apelido de infância que meu tio me dera, mas ele morreu na Segunda Guerra Mundial e resolvi usá-lo pro resto da vida, como uma homenagem- Mente, descaradamente.

Úrsula encara todos, ela repara em Meddeiro caído. Enquanto Sid pega o telefone e disca para a clinica.

Sid, discando: É com dor no coração, mas eu terei que fazer isso.

Pouco tempo depois, uma ambulância leva Meddeiro ainda desmaiado. Elisafran não demonstra remorso algum do que acabara de fazer.

Cena 07- Clínica de reabilitação em Milão/ Dia.

Meddeiro abre os olhos lentamente, ele consegue ouvir o canto de alguns passarinhos e uma brisa fresca, recuperando a consciência, ele vê Elisafran o fitando.

Elisafran, ironicamente: Bom dia!

Meddeiro dispara, tenta levantar mas está amarrado: ONDE ESTOU? ONDE VOCÊ ME COLOCOU, SUA LOUCA?- Ele percebe- UMA CLÍNICA?

Elisafran, calmamente: Você me obrigou, Meddeiro, não concordou com meus planos e tentou me atrapalhar, mas eu fui mais esperta, e dei xeque-mate primeiro, ou xeque, porque só vencerei essa batalha quando destruir Úrsula-  E ri- Eu não queria, juro que não, mas tive de inventar pra todos que era louco, e agora você vai ficar aqui por um bom tempo, recuperando-se.

Meddeiro, descontrolado: INFELIZ! VOCÊ NÃO PODIA TER FEITO ISSO, ESTÁ DESTRUINDO A SI MESMA, ACABOU COM O NOSSO AMOR, VAI ACABAR COM A SUA VIDA AO LADO DESSE SID, ELISAFRAN, VOCÊ VAI VER! ME TIREM DAQUI, ME TIREM!

Elisafran tapa os ouvidos: Meddeiro, pare! Não adianta lutar contra mim, eu domino esse jogo. Torço pela sua recuperação( e ri), mas gostava realmente de você.

Meddeiro para de se debater: Elisafran…Eu te amava.

Elisafran acaba batendo em um móvel atrás dela: Ai…Eu também te amava. Mas a minha vingança é mais importante. Adeus, Meddeiro. É o fim da nossa história, e SE um dia sair daqui, não me procure mais, nem tente me atrapalhar, ou posso fazer algo fatal contra você.- Ela vai saindo quando escuta um som de choro e para.

Meddeiro, com lágrimas no rosto: Não faz isso comigo, por favor, por todo o nosso amor, pela nossa história.

Elisafran não se vira, uma lágrima cai de seu rosto, porém ela abre a porta e sai. Sid está a sua espera: Ele piorou, meu amor, é duro ver meu irmão nessa situação- Mente- Eu não queria.

Sid a abraça: O tratamento vai ajudar Meddeiro a se recompor, tenha fé.

Cena 08- Milão/ Mansão de Acácia/ Madrugada.

Raquel está deitada no quarto. Lilian bate na porta e entra.

Lilian, fechando a porta: Vim pra falar com você. – ela se senta. – Comprei as passagens de volta para o Brasil.

Raquel não consegue encará-la: E que dia que a gente embarca?- Diz, timidamente.

Lilian, séria: Amanhã. Só que tem um problema, e isso a gente termina de resolver lá no Brasil.

Raquel, desconfiada: Que problema é esse?

Lilian, se levantando: Mas você sabe que quando a gente chegar no Brasil, eu quero você fora da mina casa. – Raquel se levanta e a questiona. – É isso mesmo que você entendeu. FORA!

Raquel chora e a encara.

Lilian, mostrando decepção: Lamento muito se você achou que eu ia mudar de opinião…Eu acho que nunca vou conseguir te perdoar, Raquel. Nunca.

NUNCA.

Termina o capítulo 11.