Ser Humano- Capítulo 04.

Ser Humano.

Capítulo 04.

CENA 1. Milão/ Dia/ Apartamento do Téo.

Continuação imediata da cena anterior. Téo consegue fazer Yara abaixar a faca.

Téo, perplexo: Eu nunca te vi desse jeito, Yara. O que está acontecendo com você?

Antes que continue, o telefone toca, é Natália (irmã de Téo), que liga do Brasil contando como foi sua viagem.

Téo atende: Natália! Pelo visto já chegou no Rio, como vai?

Natália, pelo telefone: Vou bem. Fiz uma viagem excelente. Mas estou sentindo falta do frio, o calor está de matar!

Téo, feliz: Que choque, ainda bem que fizeste uma boa viagem. Eu também estou pensando na ideia de voltar para o Rio. O que acha?

Natália, pelo telefone, feliz: Acho maravilhoso! – Ela comemora. – Vem sim, o Rio de Janeiro continua te esperando, de braços abertos como o Cristo Redentor.

Téo: Acho que vou mesmo, cansei da Itália. – Yara fica abismada. – Me aguarde, em breve eu chego aí pra morrer de calor contigo. Tchau, beijos. – E desliga.

Yara, abismada: Foi isso mesmo que eu ouvi? A gente vai voltar para o Rio?

Téo, sorrindo: Arruma as malas, e vê se deixa os casacos de frio, lá só faz calor. – Ele manda beijos de ironia e sai.

Yara fica perplexa.

Cena 02- Mansão de Acácia/ Quarto de Maísa/ Dia.

Acácia fecha a porta rapidamente: Raquel, eu vim te chamar pro almoço e…Meu Deus…O QUE SIGNIFICA ISSO? Se a Maísa ver, ela te mata!

Raquel chora: Eu não sei…Foi tudo tão de repente. Impulso.

Acácia pega em seu braço: Impulso? IMPULSO, RAQUEL? Mas que desculpa ordinária é essa? Você jogou tinta e pisoteou o vestido dela por maldade, inveja, INVEJA! Não suportou ver ela brilhando e quis estragar o momento, já saquei que tem inveja de Maísa há bastante tempo!

Raquel soluça: Pelo amor de Deus dona Acácia…Me perdoa! Eu não sei como, mas quando vi já tinha jogado a tinta no vestido…Eu…

Acácia a joga na cama: Mas que atitude monstruosa!- Ela pega o frasco- Tinta permanente, guardada aí há anos…COMO VOCÊ PÔDE?

Raquel se ajoelha no chão: Eu tenho inveja mesmo, sabe? Inveja porque nunca vou ter o conforto, e nem a vida da Maísa. Ela que sempre teve todos os mimos, ela sempre brilhou, nós tirávamos as mesmas notas, mas provavelmente ela seria levada pelos pais pra tomar um sorvete como recompensa enquanto eu ficaria na lavanderia olhando a Geórgia lavar roupa! Isso é justo? Eu nunca pude ter o que ela teve. Porque o mundo é assim, Acácia? E PORQUE ISSO TINHA QUE ACONTECER COMIGO? SERÁ QUE EU FIZ ALGO DE ERRADO? AS VEZES EU PENSO QUE ERA MELHOR NÃO TER VINDO A ESSE MUNDO SE FOSSE PRA SOFRER!

Acácia se compadece. Em sua cabeça vem a imagem da filha Gorete: Calma…Raquel, você tem agradecer por estar aqui, porque a Lilian é uma patroa muito boa, e ela nunca te desprezou, você e Maísa foram criadas como se fossem duas iguais.

Raquel, descabelada: COMO SE FOSSEMOS. Minha vida inteira todo mundo sempre teve DÓ de mim, PENA! Minha vida foi na base de PENA, sabe o que é isso? Mesmo que eu ganhasse alguma recompensa, seria por pena…E a Maísa teve os pais dela, de verdade, enquanto eu…Nunca conheci os meus. Alguém que não conhece os pais não pode ser feliz…E eu não fui, e provavelmente não vou ser, não como a Maísa…Ela sim, tá com a vida feita. E não sei porque mas…Me deu uma vontade de estragar a felicidade dela, a felicidade que eu nunca tive.

Acácia lhe abraça forte: Eu…Te compreendo.

Raquel, se desmanchando em lágrimas: NÃO! Ninguém me compreende, a menos que esteja passando pela mesma situação que estou. Eu só queria a minha mãe de verdade. Só isso.

Acácia a encara: Eu quero ser sua mãe…- E então a porta se abre.

Maísa, olhando pra trás: Tá bom, mãe! Tia Acácia, minha mãe tá perguntando cadê a pimen…- Ela percebe o que aconteceu- Meu vestido…MEU VESTIDO, QUEM FEZ ISSO?- Ela o pega, todo manchado- FOI VOCÊ RAQUEL, SUA INVEJOSA, COBRA, EU TE MATO INFELIZ!- Ela avança pra cima dela, mas Acácia a impede.

Acácia, segurando em seus braços: Nada disso…Maísa, acalme-se!

Maísa, furiosa: Como me acalmar se essa pobre infeliz quer acabar comigo? Ela tá achando que é quem pra ter esse direito, uma mendiga praticamente, criada pela empregada que ao invés de aproveitar a viagem que demos pra ela de graça, resolveu me atacar! INGRATA! VOCÊ VAI MORRER NESSA INGRATIDÃO!

Acácia a empurra: CHEGA! CHEGA, EU NÃO LHE DOU O DIREITO DE FALAR ISSO NA MINHA CASA…- Ela olha pra Raquel- Eu me responsabilizo pela Raquel, compro um vestido igual, esse é o problema? Dinheiro eu tenho o suficiente! Mas não toque nela!

Maísa, incrédula: Você vai proteger a Raquel? É isso? Tia, só pode ter enlouquecido pra ficar do lado dessa ingrata! Ela merece ser expulsa, e abandonada!

Acácia grita: FIM DE ASSUNTO, EU COMPRO O VESTIDO- Ela entra na frente de Raquel, que está vermelha de tanto chorar- MAS NINGUÉM VAI ENCOSTAR NA RAQUEL!

Maísa joga o vestido no chão, e sai correndo.

Acácia se vira pra ela: Calma…Tá tudo bem- E acaricia sua cabeça- Tá tudo bem, minha filha.

Raquel permanece chorando.

Cena 03- Hospital San Raffaele/ Tarde.

Paula recebe alta. Sid a ajuda a levantar da cama e se arrumar. Ela se arruma e saem. Dentro do carro, Paula e Sid conversam.

Paula, feliz: Graças a Deus saí daqui. Vamos na casa da Úrsula, eu quero conversar com o Bê.

Sid, abrindo as janelas: Esqueça um pouco o Bê, vamos ao clube de golf. Você esquecendo ele um pouco, será melhor. Ele vai sentir sua falta e vai vir correndo pedir sua companhia.

Paula, sorrindo: Já que é assim, vamos então. – O carro arranca.

Na estrada, Elisafran e Meddeiro acompanham o carro de Sid. Perto do clube, Elisafran ultrapassa o carro de Sid e para na portaria. Ela e Meddeiro descem do carro.

Elisafran retoca a maquiagem: Lembre-se Meddeiro, vamos fingir que esquecemos a nossa carteirinha do clube, então quando o Sid nos ver, vai se lembrar da gente e deixar-nos entrar. Esse é o primeiro passo pra minha vingança.

Meddeiro, irritado: Eu estremeço cada vez que fala de vingança! Somos loucos!

Elisafran fecha o rosto: A vingança é minha, e eu preciso recuperar o que me foi roubado, Meddeiro, por isso viemos até aqui e por isso vamos nos aproximar do Sid e virarmos amigos dele, consequentemente, amigos da Úrsula. Quer que eu desenhe pra entender? Agora observe e aprenda, meu caro- Ela vai até o balcão da recepção do clube de golf.

Porteiro, barrando os dois: Ingresso limitato, presentare la tessera, por favor. (Entrada restrita, apresentem a carteirinha, por favor.)

Elisafran, indignada: Ho dimenticato la carta d’identità a casa. Puoi rilasciare? (Eu esqueci a carteirinha em casa. Dá para liberar?)

A discussão continua. Sid chega e percebe o acontecido, ele se lembra que deve um favor a Elisafran, pela carona que recebeu na noite anterior. Alguns minutos depois, Sid consegue liberar a entrada de Elisafran e Meddeiro, que agradecem.

Elisafran, jogando charme: Fico agradecida, Sid, você é realmente um gentleman. – ela sorri. – Aliás, está cada dia mais elegante, como sempre.

Meddeiro, puxando Elisafran: Querida, já fizemos tudo que tínhamos, podemos ir?

Elisafran, o empurrando: Sai Meddeiro, não atrapalha o plano, preciso me aproximar do velho e já falei meus motivos, se você topou começar a vingança, tem que ir até o fim. – ela se aproxima de Sid e continua a jogar seu charme. Paula a observa, com certa desconfiança

Todos continuam caminhando.

Cena 04- Catedral de Milão( Duomo di Milano)/ Interior/ Tarde.

Lilian suspira ao entrar na igreja: Que linda, Acácia…Não sei como você não vem aqui todo dia, eu se morasse, viria…

Acácia pega seu terço: Iria enjoar, tenho certeza…Viemos aqui pra sair um pouco lá de casa depois do episódio lamentável da tinta no vestido- Ela olha pros dois lados- Raquel deve estar lá fora…E é disso que quero falar. Não gostaria que repreendesse a menina. Conversamos e ela me explicou tudo.

Lilian se senta em um banco: Eu não vou brigar com ela, Acácia, nunca briguei. Eu só…Me desapontei. Quando nós resolvemos vir pra Itália, eu INSISTI pra traze-la, já que era seu aniversário e viajar é um belo presente. Enfim, ver o que ela fez me deixa muito triste, sei que está passando pela juventude, um momento difícil, nós sabemos mais do que ninguém…Então tento sempre entende-la, diferente do Fausto, que já é mais bruto. Se ele ficar sabendo do episódio do vestid…

Acácia, aflita: Você vai contar?- Raquel escuta tudo de um banco próximo e sai correndo- Por favor, não faça isso!

Lilian sorri: É claro que não vou, e pedirei pra Maísa relevar, embora seja mais difícil…Mas como ela ficou em casa, conversando com o Francis, creio que logo perdoará a Raquel. As vezes até um estranho sabe lidar mais com a Maísa do que eu- Ela se levanta- Eu quero conhecer a parte de fora da catedral, vem comigo?

Acácia se ajoelha: Pode ir, ficarei rezando um pouco. Se encontrar a Raquel, fale pra ela não ficar conversando com ninguém estranho…

Lilian pega sua bolsa: Raquel já é grandinha demais pra saber com quem conversar ou não- Ela sai andando.

Acácia chama: LILIAN…- A irmã se vira- Em que ano…Em que ano a Raquel nasceu?

Lilian se lembra: 1965, a Geórgia chegou com ela nos braços, havia tomado chuva…Porquê?

Acácia sorri: Nada- Ela se vira e ergue a cabeça- Será? Meu Deus…1965, o ano da morte da minha amada filha Gorete e do meu marido Sérgio. A Raquel tem o mesmos trejeitos, a mesma fala da Gorete…- Ela começa a chorar- É ela. A Raquel é a reencarnação da minha filha. Eu tenho certeza, e não importa o que a igreja católica diz sobre isso. É ela. Gorete voltou pra completar sua vida que acabara de maneira drástica. É a minha filha- Seus olhos brilham.

Lilian caminha pelo lado de fora, Raquel estava deitada em um canto, mas sai correndo ao vê-la.

Raquel, chorando: Ela vai contar tudo pro Fausto…Infeliz! INFELIZ!- Ela morde o lábio com toda a agressividade que tem- O que eu fiz pra merecer uma vida tão horrível como essa? A Maísa devia estar no meu lugar, ela não merece aquilo tudo…Essa família Segata ainda vai se ajoelhar aos meus pés- Ela pega o gravador em sua bolsa.

Flashback. Dias antes/ Apartamento da família Segata.

Geórgia lhe entrega uma embalagem: Abre, queria que levasse isso pra Itália.

Raquel desfaz o nó e abre: Um gravador? Pra quê eu vou levar isso?

Geórgia sorri: Pra gravar seu registro, dos seus passeios…Queria te dar uma câmera mas o dinheiro não deu. Você vai saber usar o gravador- Ela lhe abraça- Eu vou ficar com muita saudade.

Raquel: Eu prometo que levo o gravador…Mas para de chorar, eu vou ficar tão pouco tempo!- As duas se abraçam.

Volta a cena.

Raquel joga o gravador longe: Não quero mais isso…Idiotice- Ela se senta no chão e continua chorando.

Lilian está observando a catedral, quando alguém esbarra nela e sua bolsa cai.

Téo está apressado, ele se abaixa pra pegar a bolsa: Scusa– Ele nota que é Lilian, e sorri- Não é possível!

Lilian engole em seco, e pega sua bolsa: Por favor, Téo, vai embora, aliás, eu vou- Ela sai andando, mas é puxada- Não tente me obrigar a nada, ou eu chamo a polícia! Esse reencontro NUNCA devia ter acontecido.

Téo ri: Vai chamar a polícia porquê? Eu não sou criminoso…

Lilian, irritada: Será? Do jeito que saiu do Brasil, deve ter aprimorado os conhecimentos marginais e virado um mafioso italiano.

Téo a pega com delicadeza: Compositor, foi isso que eu virei.

Lilian, debochando: Essa é a profissão que escolheu pra disfarçar seus crimes? Bem inteligente, até que escrevia bem razoavelmente, se é que me lembro…Aliás, não gosto de lembrar.

Raquel se levanta e escuta a conversa dos dois, ao ouvir o nome Téo, ela coloca pra gravar. Como está protegida por uma parede, não é vista por nenhum dos dois.

Téo: Lilian, só você não vê, o destino tá querendo unir a gente novamente, por isso nos encontramos nessa festa, e agora aqui. É pra acontecer.

Lilian se afasta: Eu não acredito em destino, não mais. Passei a desacreditar de muita coisa depois que…Você sabe, sabe bem.

Téo, triste: Sei e me arrependo, e acho que é hora de tentar reparar o meu erro. Eu não pretendia voltar ao Brasil agora mas eu te vi e…Úrsula me contou que tem uma filha, de 19 anos- Ele franze a testa- Eu sou o pai, não é?

Lilian lhe dá um tapa. Raquel fica abismada com o que escuta.

Téo vira o rosto: O tapa continua o mesmo, mas certamente seu nervosismo já me deu a resposta. Eu sou o pai da tal Maísa, pelo visto ninguém sabe…Mas já que ela tem 19 anos, as datas batem. Sou eu.

Lilian se recupera: Isso é ridículo, eu não vou ficar discutindo por uma besteira, e nem sei o que faço aqui…

Téo diz: Eu tive com ela. Quero dizer…Com a Maísa, a nossa filha.

Lilian se vira: Esteve? Então você já me procurou né…Esse é o destino que sugere? Aposto que me perseguiu até aqui! Mas eu não falo mais nada sobre isso- Uma lágrima cai do seu rosto- Dói demais. E mesmo que seja o pai biológico, você nunca criou ela. Então, pra falar melhor, não é NADA dela. Licença- Ela sai andando.

Téo: Lilian…LILIAN!- Ele assopra- Essa história ainda não acaba aqui.

Raquel aperta o pause: Não acredito! Que bomba, QUE BOMBA, eu sabia que Deus ia me ajudar de alguma forma…Agora eu já tenho um segredo da família na minha mão. Resta saber usá-lo- Ela ri e saltita de volta pra igreja.

Horas depois…

Cena 05- Rio de Janeiro- Ipanema/ Tarde/ Apartamento dos Segata.

Fausto conta que conseguiu arrumar um emprego novo.

Rubem, contente: Jura?! – ele sorri. – Eu disse que uma hora você conseguiria, parabéns, meu rapaz.

Irene prepara café: Já ligou para Lilian? Ela vai ficar feliz em saber dessa notícia.

Geórgia chega no momento, apavorada.

Géorgia, assustada: Vocês não sabem o que aconteceu. Sabe aquela amiga da Lilian, Flávia? Ela acabou de sofrer um acidente de moto!

Fausto, assustado: A Flávia?

A noite chega em Milão.

Cena 06- Mansão de Úrsula/ Sala/ Início de Noite.

Olive abre a porta pra Paula que chega apressada, Bernardo está na sala.

Paula: A empregada lá de casa me contou que você ligou atrás de mim…O que aconteceu? Tô aqui.

Bernardo, calmo: Senta, eu quero que seja tudo tranquilo.

Paula arregala os olhos: Tudo? Isso me preocupa, espero que não seja o que eu esteja pensando, por favor.

Bernardo suspira: E o que você está pensando? Se for o mesmo que eu, ótimo, assim eu poupo tempo.

Paula, querendo chorar: Não me diz que…Você quer terminar o nosso namoro…É isso?- As lágrimas caem.

Bernardo, desapontado: Não dá mais, Paula. Se continuássemos, seria só sofrimento. Creio que ninguém quer sofrer aqui. Então…É isso.

Paula vai ao seu encontro: Não…Olha, vamos recomeçar, do zero, eu tô disposta, te amo muito pra te perder dessa forma. Fingiremos que nada disso aconteceu, vou te beijar e teremos amnésia!- Ela se senta em seu colo, mas ele se levanta e a puxa junto.

Bernardo balança a cabeça: Não, Paula. Eu não quero recomeçar. Não em uma história cujo fim era previsível há muito tempo. Já nos fizemos de cego, é hora de voltar a enxergar. Tô falando sério. Você é tão bacana, uma gata, vai encontrar algu…

Paula o empurra: EU NÃO QUERO ENCONTRAR OUTRA PESSOA, SENDO QUE A IDEAL PRA MIM TÁ NA MINHA FRENTE!- Ela tenta beija-lo, mas ele se esquiva- A GENTE TAVA TÃO BEM…FOI AQUELA OUTRA MULHER, NÉ? AQUELA QUE VOCÊ FOI PRA DANCETERIA JUNTO…É ELA O MOTIVO!

Bernardo segura em seus braços: O motivo é a gente. Nós dois não damos mais certo, entende isso! ACABOU! ACABOU! ACABOU!- Ele vai até a porta e a abre- Melhor sair…Antes que algo de pior aconteça. Eu até queria continuar sendo seu amigo mas pelo visto não vai dar certo…

Paula se ajoelha em seus pés: POR FAVOR ME DÁ OUTRA CHANCE, EU TE AMO! EU FAÇO TUDO POR VOCÊ, NÃO QUERO SER SUA AMIGA, EU TE QUERO COMO MEU PRA SEMPRE! E FAÇO DE TUDO POR VOCÊ- Ela se agarra no sapato- EU TE AMO, TE AMO!

Bernardo a levanta: Para com isso, é ridículo, Paula! Encontre alguém que te ame de verdade, e essa pessoa não sou eu. Infelizmente- Ele a leva até lá fora- Tchau.

Paula fica desolada.

Úrsula escuta tudo, da cozinha, com lágrimas caindo do seu rosto: Isso não podia ter acontecido…Meu filho foi enfeitiçado por outra pessoa, só pode ser- Ela escorre as lágrimas- Mas eu quebro qualquer feitiço. Anota o que eu digo, Olive, esse romance não acabou ainda, ou meu nome não é Bruxa, digo, Úrsula Malva Alcântara Delfino de Erudith Una Sabel e Andradina. E tenho dito- Fala, com ar superior.

Cena 07- Milão/ Noite/ Restaurante Italiano.

Sid e Elisafran se sentam para o jantar. Eles sentam lado a lado.

Elisafran, feliz: Eu agradeço por ter me trazido aqui. O ristorante é lindo.

Sid: Eu que agradeço por você ter aceito o convite. Fiquei com medo de você ter recusado!

Elisafran aproveita para seduzi-lo: Faz tempo que eu quero me aproximar, na verdade, desde que te vi no estacionamento.

Sid, contente: E desde desse dia, eu estou louco para fazer isso. – ele puxa Elisafran e lhe dá um longo beijo, sendo correspondido.

No dia seguinte…

Cena 08- Concentração das Modelos/ Dia.

Maísa e Francis se sentam numa cadeira aos fundos.

Francis analisa: Que mancada! Chegamos atrasados e perdemos o discurso de Flora Bonagatti, a famosa modelo brasileira.

Maísa lamenta: É uma pena mesmo, mas ela ainda não terminou de falar…E parece que tá falando português? Aqui só tem modelos brasileiras?

Francis confirma: Sim! Você nem imagina a quantidade de brasileiras que tem, mas já te falei, você é a que irá brilhar, as outras são mais do mesmo, e não é isso que a indústria quer, querida.

Maísa sorri.

Um pouco depois…

Maísa conversa com algumas modelos brasileiras quando Flora vem até elas.

Flora, sempre elegante: Não me lembro de você na minha “ palestra” agora há pouco- Ela pede licença as outras modelos e puxa Maísa pra um canto- Precisava falar a sós com você, meu amor, tenho 89 anos de idade e sei enxergar bem uma grande modelo.

Maísa, não contendo o sorriso: Nossa, que honra vir isso de você! O desfile já é hoje e estou muito nervosa, mas acho que vou saber me conter na hora…É meu primeiro desfile profissional.

Flora, séria: O primeiro de muitos eu espero, mas se você continuar assim não será. Sinto muito.

Maísa estranha: Você tá falando do atraso? Acabamos tendo um contratempo e…

Flora a corta: Não é do atraso que falo…Maísa né?- Ela faz que sim com a cabeça- Eu percebo o jeito de cada uma aqui, aquela ruiva ali é muito dócil já a loira com olhos verdes é rebelde…E você é podre.

Maísa se choca: O quê? É alguma brincadeira?

Flora ri: Eu só brinco, quando quero falar sério. Tenho mais de 70 anos de uma carreira e mais do que tudo eu sei perceber uma modelo de verdade, e você é uma, linda, carismática, mas por dentro não passa de uma pessoa podre e se não corrigir esse defeito, vai acabar não conseguindo prosseguir nas passarelas. Uma modelo de verdade, de verdade mesmo, tem que ser linda, por dentro e por fora. Não perfeita, mas humilde, ao menos. Com licença, Maísa, acho que entendeu o recado…- Ela sai.

Maísa, confusa: Não é possível, alguém me envenenou pra Flora, só pode ser…Mas quem? Eu não tenho nenhuma rival aqui, e a idiota da Raquel não seria capaz, não depois do episódio do vestido, ou eu mataria ela.- A moça fica reparando em Flora.

Paula surge: Ah, desculpa, achei que a Flora tava aqui e…

Maísa se vira: Ela estava, mas já foi- Paula fica paralisada ao vê-la.

Paula se lembra da noite da festa: Era você…Você que saiu com o Bernardo no meio da festa, eu tô te reconhecendo!

Maísa tenta se soltar: Mas o que…

Paula pega seu braço: Você vai ter que se ver comigo, eu sou a namorada do Bernardo.

Maísa arregala os olhos.

Termina o capítulo 04.