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Rua Treze

“Rua Treze13” Episódio 2×01 “GOVERNO INIMIGO”

Roteiro de série/seriado    

 Episódio 1×02 “Governo Inimigo”

Escrita por: Wesley Alcântara

 

 

Rua Treze13

Personagens deste episódio:

Beatriz

Bruna

Cássio

Elena

Heitor

Íris

Lavínia

Leonor

Marcelo

Matias

Plínio

Orestes

Participações Especiais:

Loira

Garçom

Senador

Velho

“Todo homem tem seu próprio gosto, o meu é cadáveres.”                                                      

(Henri Blot)

Cena 01. Delegacia/ Gabinete da delegada/ Int./ Dia.

Continuação imediata do episódio anterior.

Heitor e Bruna conversam.

Heitor – Eu vivi durante três anos em Washington, nos Estados Unidos e posso lhe garantir que tenho experiência nesses termos.

Bruna – Eu já tenho uma equipe de ponta, obrigada.

Heitor – A verdade é que estou escrevendo um livro sobre o universo dos serial Kilers e queria muito que a delegada me deixasse fazer laboratório junto a sua equipe, será que eu posso?

Bruna fica pensativa. Vai até a parede, retira as fotografias e as coloca em cima da mesa.

Heitor (irônico) – Precisa pensar tanto assim delegada? Enquanto a senhora pensa, o bonde passa e vai ver, até te atropela.

Bruna – Seu senso de humor é invejável. Mas eu estava pensando numa maneira delicada de lhe dizer que… Não.

Heitor – Mas eu só viria pra acrescentar a sua equipe. Não quero me envolver na investigação dos crimes, quero apenas saber como funciona, para que eu não escreva coisas equivocadas no meu livro. Como bem a senhora deve saber, eu sou um escritor renomado e não posso deixar a minha credibilidade ir por água abaixo.

Bruna vai até sua cadeira e se senta.

Bruna – Senhor Heitor Novaes, eu não posso incluí-lo na minha equipe, porque o senhor não é um profissional da área.

Heitor – Mas dona Bruna…/

Bruna (corta) – Por favor, não insista. Se quer tanto falar sobre o universo da psicopatia, vá assistir filmes e ler livros. Posso indicar vários títulos ao senhor. Agora peço que se retire, tenho muito trabalho me esperando.

Heitor – Como a senhora quiser.

Heitor sai da sala e Bruna sai logo em seguida.

Corta para:

Cena 02. Delegacia/ Sala de Reunião/ Int./ Dia.

Marcelo, Matias e Elena estão sentados conversando, quando Bruna adentra o local com algumas fotos nas mãos.

Marcelo (a Bruna) – Demorou hein.

Bruna (se sentando) – Vocês não vão acreditar, tinha um escritor querendo fazer parte da nossa equipe.

Elena – Ele tá tão precisado de grana assim?

Bruna – Ele quer é fazer nome. Conheço esses tipinhos. Não quer dinheiro, quer ser reconhecido, ter prestígio, só que nas minhas costas não.

Matias – Deixa-me ver as fotos?

Bruna espalha as fotos na mesa.

Bruna – Olha a atrocidade deste ser.

Marcelo – Ele a deixou lá, pra que nós, as pessoas e a mídia vissem. Os serial Kilers gostam disso. Gostam de mostrar sua obra-prima.

Nesse instante Orestes entra na sala.

Elena – Vem ver isso senhor Orestes.

Orestes – Eu já vi. Só vim dizer que não poderei ficar, tenho uma reunião com a governadora. Ela me ligou e parece ser de extrema urgência.

Matias – Qualquer novidade, eu te informo.

Orestes (saindo) – Obrigado!

Corta para:

Cena 03. Rio de Janeiro/ Pontos Turísticos/ Ext./ Dia.

(Música “O canto da cidade” – Daniela Mercury). Clipe com as imagens do Rio de Janeiro, entre elas: O Corcovado, Pão de Açúcar, Praia do Arpoador, Maracanã.

(Fad out trilha).

Corta para:

Cena 04. Apto de Heitor/ Sala/ Int./ Dia.

Lavínia está brincando de boneca no tapete, quando Heitor entra em casa.

Lavínia (correndo em direção a ele) – Papai, que bom que você chegou!

Lavínia abraça Heitor, que retribui, sem esboçar qualquer sentimento. Lavínia volta a brincar com suas bonecas e Miranda vem da cozinha com uma cebola e uma faca de serra nas mãos.

Miranda (séria) – Você tá louco Heitor?

Heitor – Não começa.

Miranda – Como assim deixar a nossa filha sozinha em casa? Eu te pedi meia hora pra eu poder fazer o supermercado e pronto.

Lavínia se levanta e fica no meio dos pais.

Heitor – Vai discutir na frente da menina?

Miranda – Coisa pior você fez.

Lavínia – Não briga com ele mamãe.

Miranda (a Lavínia) – Vai pro seu quarto, Lavínia. Agora!

Lavínia sai correndo.

Heitor – Pra que esse carnaval todo?

Miranda – Eu não sei por que você tem que sair tanto e com tanta urgência.

Heitor se senta no sofá e liga a televisão.

Miranda (tom alto) – Estou falando com você.

Heitor aumenta o volume da televisão, e Miranda, espumando de raiva, tira o plug da tomada.

Miranda – Você tem outra?

Heitor – Vai pro inferno.

Heitor se levanta e vai saindo.

Miranda – Pra onde você vai?

Heitor – Qualquer lugar distante de você.

Heitor sai do apartamento e Miranda fica ali parada, com os olhos cheios de lágrimas.

Corta para:

Cena 05. Av. Brasil/ Ext./ Dia.

Imagens do trânsito, com um leve engarrafamento.

Corta para:

Cena 06. Mansão Houston/ Jardim/ Ext./ Dia.

CAM Aérea mostra a beleza e sincronia do enorme chafariz que fica no centro do jardim, jorrando água em diferentes cores. Diálogo na cena posterior.

Leonor (off) – Demorou hein?!

Orestes (off) – Desculpe-me Princesa Leonor, mas o trânsito hoje não era dos melhores.

Leonor (off) – Venha, vamos almoçar. Temos muito que conversar.

Corta para:

Cena 07. Mansão Houston/ Sala de Jantar/ Int./ Dia.

Uma enorme sala, com paredes em tom vinho, mármore africano faz as vezes do piso no chão. No centro do teto, um enorme lustre de cristais. Uma mesa enorme e retangular com tampo de vidro no meio da sala, RECHEADA DE COMIDA, FRUTAS E BEBIDAS, com 12 cadeiras em volta e uma em cada ponta. Ao fundo, uma cristaleira com inúmeras garrafas de uísque, champanhe, Dry Martini e licor, sendo acompanhados de muitas taças.

Leonor se senta na ponta da mesa e Orestes em uma cadeira da lateral, mas a seu lado.

Orestes – Sobre o que a senhora quer falar comigo?

Leonor – Eu te nomeei Secretário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, lembra?

Orestes – Mas é claro. Serei eternamente grato.

Leonor – Não é o que parece. Você deixou aquela ridícula da Delegada montar uma expedição na caça de um serial Kiler.

Orestes – No início eu também duvidei, mas não resta a menor dúvida, de fato existe esse maníaco a solta.

Leonor – Dando o aval pra essa expedição maluca, você me deixa numa situação confusa com o Presidente da República e com a mídia nacional e do exterior. No Rio de Janeiro não pode existir serial kiler.

Orestes – Desculpa dona Leonor, mas ele existe e anda matando loiras por aí.

Leonor – Você não está pensando no bem estar da população carioca, está pensando em sim, na sua autopromoção, na imagem de bom homem. Até a imprensa você mandou chamar pra dizer que está chefiando essa caçada. Só que esse seu carnaval todo, acabou jogando a bomba nas minhas mãos. O prefeito e inúmeros deputados já me ligaram e disseram que se essa palhaçada persistir, o turismo vai cair muito.

Orestes – Entenda que…/

Leonor (corta) – Ou você acaba com essa expedição de merda, ou nomeio outro para o seu cargo. Eu quero a Bruna longe de tudo isso. Joga comigo, ou então, terá que arrumar outro time e um novo campo de futebol.

Leonor se levanta e sai. Orestes fica pensativo.

Corta para:

Cena 08. Praia de Copacabana/ Ext./ Dia-Noite.

(Música “Céu Azul” Charlie Brown Jr.). Transposição do dia para a Noite com imagens da praia, suas ondas, pessoas passeando. Close final em Miranda olhando o mar, sentada em um banco, triste, ao lado de Lavínia e de duas malas de viagem.

(Fad out trilha)

Lavínia – A gente vai pra onde mãe? Tá de noite já e tô com medo.

Miranda (olhando o mar) – Não sei. Não faço a menor ideia.

Lavínia – O papai sabe?

Miranda – Vamos tomar um táxi. Se seu pai não ligou até agora, é sinal de que ele ainda não chegou em casa.

Miranda e Lavínia se levantam, pegam as malas e vão até a rodovia. Fazem sinal, um táxi para e elas embarcam.

Corta para:

Cena 09. Carro de Heitor/ Int./ Noite.

Heitor dirige pelas ruas, acelerado, até que para em frente a um bar. Ele estaciona o carro e desce.

Corta para:

Cena 10. Bairro Ipanema/ Bar/ Fachada/ Ext./ Noite.

(Música ambiente “Sem querer” – Mc Ludmila). O bar pega a esquina de duas ruas. É bem pequeno e aconchegante, com vista para a praia de Ipanema. No local há poucas pessoas, sentadas em mesas na calçada. Heitor se senta em uma e começa a olha uma loira, 25 anos, alta e bem bonita, que retribui o olhar.

(fad out trilha).

Corta para:

Cena 11. Boate Rua Treze/ Salão Principal/ Int./ Noite

(Música “You Can Leave Your Hat On” – Joe Cocker). Planos gerais do local, com pouquíssima iluminação. Beatriz, Íris e mais algumas garotas, dançam no palco, apenas de lingerie branca, enquanto alguns homens as alisam e colocam dinheiros entre seus seios.

Plínio olha de longe as garotas dançando, até que se encaminha em direção ao palco e chama Beatriz num canto.

Close no diálogo:

Plínio – Não vai pro palco mais não.

Beatriz (confusa) – Mas por quê? Fiz algo de errado?

Plínio – Te arrumei uma coisa chique hoje. Um senador do Amapá, que nossa, ficou louco em você.

Beatriz – Ele quer agora?

Plínio – Está no quarto te esperando.

Beatriz (saindo) – Tô indo lá, qual o número?

Plínio segura Beatriz pelo braço em ato firme e ela olha assustada.

Plínio (sério) – Vai no quarto se trocar e colocar uma roupa decente. Se vacilar com o senador, eu mesmo me encarrego de te punir.

Plínio solta Beatriz, que sai cabisbaixa.

Corta para:

Cena 12. Bairro Ipanema/ Bar/ Calçada/ Ext./ Noite.

Heitor está sentado em uma mesa tomando refrigerante e trocando olhares com a loira. Um garçom aparece.

Garçom (a Heitor) – O senhor deseja algo mais?

Heitor – Você tem papel e caneta pra me emprestar?

O garçom retira do bolso de seu avental: um bloquinho e uma caneta e entrega a Heitor, que escreve algo rapidamente.

Heitor – Por gentileza, você poderia entregar esse bilhete aquela loira ali pra mim?

Garçom – Mas é claro.

O garçom pega o bilhete e leva até a loira, que lê, sorri e pisca o olho para Heitor, que se levanta e sai de fininho do bar.

Corta para:

Cena 13. Mansão Houston/ Sala de Jantar/ Int./ Noite.

Leonor está jantando sozinha, quando aparece um homem, moreno escuro, cabelo cacheado e curto, 55 anos, corpo normal tendendo para o atlético.

Homem – Nem me esperou para jantar.

Leonor – Você passa horas no banho Cássio.

Cássio – Gosto de relaxar na banheira. Ser advogado não é fácil.

Leonor – E ser governadora? Ter um milhão de compromissos, um milhão de pedidos, um milhão de afazeres. O que você faz é fichinha.

Cássio fica cabisbaixo, e se senta a mesa.

Leonor – Tá sabendo da nova que a Bruna Sampaio inventou?

Cássio – O que?

Leonor – Tá cismando que tem um serial kiler andando por aí. Matando as mulheres.

Cássio – Pode ser verdade.

Leonor – Se qualquer morte, a gente denominar como ataque de serial kiler, estaremos diante de milhões desses no Brasil. Quantas pessoas morrem por dia? Esse número é normal, ainda mais nos grandes centros urbanos. A Bruna tá usando uma teoria louca, para me destruir. No fundo isso é recalque encubado.

Cássio – Tem que investigar isso. A Bruna é uma delegada competente e merece credibilidade.

Leonor – Qual foi Cássio? Vai defender a ex?

Cássio – Não tô defendendo ninguém, só acho que essa teoria dela, deve ter fundamento.

Leonor – O fundamento dela é me destruir e pronto.

Leonor larga os talheres e se levanta.

Cássio – Vai onde?

Leonor – Me deitar. Eu perdi a fome!

Cássio – Vou jantar sozinho?

Leonor – Chama a Bruna pra jantar com você.

Leonor sai da sala pisando duro e Cássio volta a jantar.

Corta para:

Cena 14. Bairro Ipanema/ Rua/ Ext./ Noite.

Heitor está de pé apoiado em seu carro, quando a loira que estava no bar chega próximo a ele.

Heitor – Achei que não viria mais.

Loira – É que uma conhecida me pegou de conversa lá.

Heitor – Tá a fim de dar uma volta?

Loira – Por aqui mesmo?

Heitor – Eu conheço uma minifloresta ali na saída do Leblon, que é perfeita.

Loira – Tá, vamos lá!

Heitor e a loira entram no carro e ele dá partida.

Corta para:

Cena 15. Boate Rua Treze/ Quarto do Prazer/ Int./ Noite.

Um quarto vermelho com iluminação em velas, no centro tem uma cama redonda coberta com lençol vermelho e pétalas de rosas. Um homem, aparentando ter 35 anos, branco, alto, porte físico atlético e trajando terno e gravata, está deitado na cama. Beatriz entra no quarto, fecha a porta e timidamente olha para o homem.

Homem – Beatriz?

Beatriz (voz fraca) – Sou… sou eu mesma

Homem – Não precisa ficar acanhada, eu sou o senador.

O senador se levanta.

Beatriz – Eu esperava um homem velho, barbudo e nojento.

Senador – Gostou do que viu?

Beatriz – Muito.

O senador se aproxima dela e lhe dá um beijo.

(Música “Ne me quitte pas” – Maria Gadú).

Em um rápido movimento, o senador retira o vestido de Beatriz, a deixando de calcinha e com os seios a mostra. Ele a deita na cama, e vai beijando sua boca, perpassando a língua pela orelha, descendo até o pescoço e por fim nos seios. Beatriz vai se entregando, cheia de desejo.

Corta para:

Cena 16. Bairro Leblon/ Mata/ Int./ Noite.

Heitor e a loira estão embrenhados numa mata, caminhando. Ele carrega sua mochila roxa nas costas.

Corta para:

Cena 17. Boate Rua Treze/ Quarto do Prazer/ Int./ Noite.

CAM abre no rosto do senador, que está nu e deitado na cama, com feições de excitação, alguns segundos depois, Beatriz vem subindo sua linda pelo corpo dele, desse o umbigo, até chegar à boca.

Senador (tesão) – Você é perfeita.

Beatriz abre um sorriso e lhe beija com bastante excitação.

Senador – Eu quero você por cima.

Beatriz – Vou pegar a camisinha.

Senador – Esquece a camisinha, eu quero pele na pele.

Beatriz (receosa) – Mas é a regra da casa, e além do mais, previne doenças.

Senador – Olha pra mim linda: tô atlético, cheio de saúde, acha que eu teria alguma doença?

Beatriz – Tem razão. Vamos lá.

Beatriz sobe por cima do senador e começa a cavalgar vagarosamente, olhando fixamente nos olhos dele, que lhe dá leves tapas no rosto.

Corta para:

Cena 18. Bairro Leblon/ Mata/ Int./ Noite.

Heitor e loira estão numa parte plana e limpa da mata, que é cercada por árvores frondosas e plantas. Heitor está terminando de acender uma fogueira.

Loira – Ainda bem que a gente achou essa fogueira aqui. Foi só acender.

Heitor – Talvez alguém já tenha deixado-a propositalmente.

Loira – Aqui é bem peculiar, meio amedrontador.

Heitor parte para cima da loira e lhe dá um beijaço.

Heitor – Esse lugar me dá um tesão da porra.

A loira então retira seu vestido, ficando apenas de calcinha e sutiã.

Loira – Que ótimo, pois esse lugar também me excita muito.

Heitor tira sua camisa e dá outro beijo na loira.

Loira – Não vai querer saber meu nome?

Heitor – Amanhã. Agora eu quero curtir o momento.

Heitor e a loira começam a se beijar e se amassar.

Heitor (entre beijos) – Você… Você aceitaria realizar uma fantasia minha?

Loira (envolvida) – A que você quiser meu garanhão.

Heitor então pega em sua mochila uma corda.

Loira (com sedução) – Tô começando a gostar da ideia.

Heitor puxa a loira para uma árvore.

Heitor (seco) – Tira a calcinha e o sutiã.

A loira retira tudo prontamente.

Heitor – Encosta na árvore se prepare para o maior prazer da sua vida.

A loira encosta na árvore e olha Heitor com sedução.

Corta para:

Cena 19. Boate Rua Treze/ Salão Principal/ Int./ Noite.

(Música ambiente “Like a virgin” – Madonna). O palco está vazio. Restam poucos clientes nas mesas. Íris está sentada no colo de um velho, gordo careca e safado, que está visivelmente bêbado. Beatriz aparece, com semblante de felicidade e faz sinal para a amiga, que vê.

Íris (ao velho) – Acho que tomei muita champanhe com você. Vou ao banheiro e não me demoro.

Íris se levanta e passa rapidamente por Beatriz.

Íris (cochichando) – Vem pro banheiro.

Íris entra no banheiro e Beatriz a segue.

Corta para:

Cena 20. Boate Rua Treze/ Banheiro/ Int./ Noite.

A música da cena anterior continua, porém abafada. Banheiro muito requintado, espaçoso e bem iluminado, com um grande espelho que toma conta de uma parede toda, e abaixo três pias. Logo atrás, três repartições, com vasos sanitários em cada uma e porta.

Íris entra, molha seu rosto e se olha no espelho. Segundos depois Beatriz entra toda eufórica.

Íris – Que isso, viu o passarinho verde?

Beatriz (feliz) – Melhor, senti o passarinho verde.

Íris – Pelo que vejo, o tal senador é bom no que faz né?

Beatriz – Bom? O cara é um mestre. Além de tudo, tem um pique, uma energia que eu nunca vi. Suei pra acompanhar o ritmo dele.

Íris – Se deu bem hein.

Beatriz – Além de lindo, é generoso. Me deu uma boa gorjeta e prometeu voltar.

Íris – Amanhã a gente conversa melhor. Agora preciso voltar pra mesa e terminar de embebedar aquele velho nojento.

Beatriz – Você não vai transar hoje?

Íris – Já dei pra dois hoje, são quase três horas da manhã. Aquele velho ali, só bebe e na hora h, deita pro lado e ronca feito um porco.

Beatriz – Então vai lá.

Íris sai do banheiro, Beatriz chega mais próxima do espelho e se olha com um semblante de felicidade, em seguida, molha seu rosto.

Corta para:

Cena 22. Bairro Leblon/ Mata/ Int./ Noite.

A loira está amarrada a árvore e Heitor está a admirando com um lenço nas mãos.

Heitor (admirado) – Você tem um corpo escultural.

Loira – Obrigada. Mas toda amarrada assim, não tem como a gente fazer sexo.

Heitor chega próximo dela e amarra o lenço em sua boca.

Heitor – E quem disse que eu quero fazer sexo com você?

A loira olha preocupada para Heitor, que vai até a sua mochila, coloca as luvas e retira um facão.

Heitor – Eu vou te matar.

A loira fica desesperada, tenta se mexer e não consegue, começa a gritar, mas o lenço abafa totalmente o som, Heitor chega próximo ao seu ouvido.

Heitor (cochichando) – Pode gritar baby. Você vai morrer mesmo. Não há escapatória.

Heitor retira do bolso uma moeda, joga para o alto e cai no chão com a imagem da caveira para cima.

Heitor – Adeus!

Heitor bate com o facão várias vezes o pescoço da loira, até que a cabeça cai no chão, ao lado da moeda.

(Música “The Crutch” – Sepultura). Heitor retira sua calça e sua camisa, que estão sujas de sangue e joga na fogueira, ficando apenas de cueca e tênis. Ele se agacha e fica olhando a roupa queimar toda, em seguida, vai até a mochila e retira uma mini vassoura, ele varre algumas pegadas do local. Logo depois põe o facão e a vassourinha na mochila e sai. Close final na cabeça decepada.

Corta para:

Cena 23. Carro de Heitor/ Int./ Noite.

A música da cena anterior prossegue, só que agora, como som no carro. Heitor, já vestido com calça e blusa igualmente a que estava antes, porém sem sujeira ou sangue, com semblante de satisfação, dirige seu carro tranquilamente e ainda toma uma lata de cerveja.

Corta para:

Cena 24. Rio de Janeiro/ Prédios/ Int./ Noite.

(Música “The Crutch” – Sepultura). Imagens de prédios à noite, mostrando a escuridão, tudo muito cinza e nebuloso.

Corta para:

Cena 25. Apto de Heitor/ Sala/ Int./ Noite.

(Fad out trilha ““The Crutch” – Sepultura). Heitor entra em casa sem sua mochila. Liga a TV e se joga no sofá.

Corta para:

Cena 26. Delegacia/ Estacionamento/ Ext./ Dia.

Um enorme pátio com vários carros no local, inclusive veículos de patrulha e pertencentes a polícia militar. Bruna e Marcelo descem de uma Camionete Hillux prata e caminham em direção à entrada da delegacia.

Bruna – Mais uma morte.

Marcelo – E pelo jeito é o mesmo assassino.

Bruna – Já mandei cercarem o local. Agora só falta a perícia ir até lá.

Marcelo – Como você ficou sabendo desse assassinato?

Bruna – Meu vizinho faz caminhada naquela mata todo dia às 5 da manhã. Hoje fui acordada com ele desesperado na minha porta, ainda me mostrou fotos.

Bruna e Marcelo entram na delegacia.

Corta para:

Cena 27. Delegacia/ Sala de Reunião/ Int./ Dia.

Matias e Elena estão sentados conversando.

Matias – Acho que o nosso trabalho começa hoje.

Elena – O Marcelo tá atrasado.

Matias – Ele tá ficando na casa da tia dele, é perto do apartamento da delegada Bruna, acho que ela iria dar uma carona pra ele.

Elena faz cara feia. Nesse instante Marcelo e Bruna adentram a sala.

Bruna – Bom dia!

Marcelo – Bom dia.

Elena – Bom dia. Acho que o nosso serial atacou nessa madrugada.

Matias – A polícia cercou o local já?

Bruna e Marcelo se sentam.

Bruna – Quero manter o máximo aquele lugar do jeito que o assassino deixou.

Elena – Ele deve ter arrastado ela para lá e estuprado-a.

Marcelo – Para um psicopata, o sexo é secundário. Ele pode até ter tido relações com ela, mas esse não era o objetivo principal.

Matias – O que ele queria era matá-la.

Bruna – Dessa vez ele mostrou a que veio. Executou a mulher de uma forma cruel.

Matias – Pelo que eu ouvi, ele decepou a cabeça dela.

Bruna – E deixou a marca registrada dele.

Marcelo – As loiras?

Bruna – Não. Ele novamente deixou aquela moeda com o símbolo da caveira.

Elena – Por onde a gente começa?

Bruna – Chega de papo furado e vamos nos movimentar. Eu vou daqui a pouco, preciso ver as ocorrências que tem aqui, mas vocês podem ir agora para o local do crime.

Matias, Marcelo e Elena se levantam.

Bruna – Por favor, vasculhem tudo, olhem cada detalhe, examinem cada centímetro do local.

Elena – É justamente pra isso que estamos indo.

Bruna – Matias, por favor, mantenham os curiosos e a família da vítima o mais longe possível. Muita gente pode atrapalhar a investigação lá.

Matias – Como a senhora quiser.

Matias, Marcelo e Elena saem da sala. E Bruna fica inquieta.

Corta para:

Cena 28. Apto de Heitor/ Sala/ Int./ Dia.

A TV está ligada, Heitor vem da cozinha com uma xícara de café e se senta no sofá, seus olhos permanecem vidrados na televisão. Pouco depois, Miranda e Lavínia entram em casa com suas malas. Miranda bastante abatida.

Lavínia (feliz) – Papai.

Lavínia corre e dá um abraço em Heitor.

Heitor (abraçado) – Minha pequena, que saudade.

Heitor e Lavínia se soltam.

Miranda (séria) – Vai desfazendo sua mala no quarto minha filha.

Lavínia pega a mala e sai em direção ao quarto. Miranda se senta no outro sofá.

Heitor (olhando pra TV) – Então o showzinho acabou?

Miranda – Você sequer ligou, sequer procurou saber do nosso sumiço.

Heitor – Por uma discussão sem importância, você decide arrumar as malas e sumir.

Miranda – Você tem outra?

Heitor – Eu não tô entendendo o que você tá querendo dizer com isso.

Miranda – Você some misteriosamente, fala que é esse tal livro, que busca inspiração. Aí deixa a Lavínia sozinha em casa e sai, volta como se nada tivesse acontecido.

Heitor – Você confia em mim?

Miranda assente com a cabeça.

Heitor – Eu não tenho ninguém. A minha família é você e a Lavínia.

Heitor se levanta e vai dar um beijo em Miranda, que desvia.

Miranda (se levantando) – Vou começar a preparar o almoço.

Miranda sai da sala em direção à cozinha e Heitor volta a se sentar no sofá e assistir TV.

Corta para:

Cena 29. Delegacia/ Gabinete da Delegada/ Int./ Dia.

Bruna está digitando algo no computador, quando alguém bate a porta.

Bruna (tom alto) – Entra.

Orestes entra e fecha a porta.

Bruna – Você aqui? Acho que vai mudar a secretaria pra cá, de tanto que fica aqui.

Orestes (sério) – A gente precisa conversar.

Bruna – Se for da tal menina encontrada na floresta da saída do Leblon, eu vou logo dizendo que…/

Orestes (corta) – Eu não tô falando disso. É algo bem mais sério.

Bruna fica paralisada.

Bruna – Senta.

Orestes se senta.

Bruna – Agora diga o que te trouxe aqui assim Orestes?

Orestes – A governadora ficou sabendo da equipe que nós montamos para a caça desse tal maníaco, mas ela não quer, em hipótese alguma que essa caçada continue. Ela me deu uma ordem e vou ter que obedecer: Ela quer que a equipe seja desfeita, e tem mais, quer que você fique longe do caso.

Bruna dá um soco forte na mesa.

Bruna (raiva) – Desgraçada! Maldita Leonor. O que ela pretende com isso?

Orestes – Eu argumentei, mas ela ameaçou me destituir do cargo de Secretário de Segurança. Fim da linha pra Equipe Treze.

Bruna (desesperada) – Não. Não pode ser. O problema dela não é com a equipe, nem com gastos ou a repercussão na mídia. O problema da Leonor é comigo, é algo que foge ao profissional, a parada é pessoal. Mas eu vou resolver isso e agora.

Bruna se levanta e sai apressada da sala.

Orestes (gritando) – Bruna, você vai onde? Volta aqui!

Corta para:

Cena 30. . Av. Brasil/ Ext./ Dia.

Imagens do trânsito, com um leve engarrafamento, com som de buzinas.

Corta para:

Cena 31. Mansão Houston/ Sala de Estar/ Int./ Dia.

Uma enorme sala em tom pastel, com um imenso sofá branco de couro no meio da sala. Em cima um lustre gigantesco. Atrás do sofá, uma escadaria toda em mármore africano, que dá acesso ao piso superior. Numa das paredes, tem uma enorme pintura do rosto de Leonor, ao lado uma lareira e uma poltrona de frente para a mesma. A empregada está limpando o enorme tapete que fica a frente do sofá, quando a campainha toca e ela vai atender.

A empregada abre a porta e Bruna entra nervosa.

Empregada – O que a senhora quer?

Bruna (nervosa) – Vá chamar a sua patroa e diz que o assunto é sério.

A emprega se prepara para ir, quando Leonor começa a descer as escadas.

Leonor – Lá de cima deu pra escutar sua voz, você fala alto demais Bruna.

Bruna chega próxima de Leonor e a empregada sai correndo para a cozinha.

Bruna – Por que você quer acabar com a equipe?

Leonor (radiante) – Porque eu tô afim. O governo é meu e faço dele o que eu quiser.

Bruna – Ou você tira essa ideia louca, ou eu…/

Leonor (corta) – Vai fazer o que?

Bruna – Isso daqui.

Bruna pega Leonor pelo colarinho e a pressiona contra a parede.

Bruna (raiva) – Se o seu problema é comigo, acho que chegou a hora da gente resolver

Close no olhar de ódio de Bruna.

Corta para:

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Fim

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