[crítica] Rastros do Passado: Suspense dos bons, mas sem profundidade.

Rastros do Passado, web de Vitor Rodrigues, #ValeAPenaLer?

Precisamos falar sobre o suspense: Seja na literatura ou na dramaturgia em geral, esse sempre foi um dos meus gêneros prediletos. Considero o mais envolvente, pois é aquele que te prende nos momentos decisivos e faz com que fique conectado na história o tempo todo, à espera de uma resolução, ou ao menos do grande clímax.

Agora vamos focar nos filmes de suspense (calma, estamos quase na estação Rastros do Passado, senhores passageiros, só mais umas linhas até eu concluir minha tese). Posso me considerar um fã da sétima arte, e já tive a oportunidade de assistir vários filmes desse gênero o qual falo hoje, desde os mais antigos (das décadas de 50 e 60), até os mais contemporâneos (de 2000 para cá).

Com essa bagagem cinematográfica, pude reparar que a qualidade dos filmes de suspense decaiu muito dos gloriosos anos 50 para cá. O porquê? As obras de hoje em dia, quando não entregam todo o filme no trailer, seguem caminhos clichês e previsíveis. Você é capaz de adivinhar o final da história lá pela metade. É tudo corrido, os diretores têm pressa, buscam sempre a famosa agilidade, e isso está matando o gênero. Não há mais a expectativa ou o coração acelerando. Conhecem aquele ditado que diz que a pressa é inimiga da perfeição? Pois bem, caros leitores, ela é também inimiga do suspense. E essa minha crítica se estende para livros, séries, novelas. A linearidade vem sendo substituída pela rapidez. Esse é o motivo dos thrillers não serem tão proveitosos de se assistir/ ler como aqueles feitos em outras épocas.

Vocês devem estar se perguntando como esse tópico está relacionado com a crítica de hoje (não sejam apressados!), e eu lhes digo: Tudo. Rastros do Passado é uma web exibida entre abril e maio de 2016 pelo Series de Web, com autoria de Vitor Rodrigues. A história gira em torno do regresso de Ana, recém formada em Medicina, para a cidade natal, junto a seu namorado, Lucas. Lá, eles reencontram o antigo namorado da moça, Thiago, que se revela capaz de tudo para separá-la do atual, e tê-la de volta para si.

Ok, pode parecer folhetinesco demais para uma história com cinco capítulos, mas o autor não investe no romance, e sim no…SUSPENSE! Thiago toma uma atitude inesperada que muda completamente o rumo da história. A partir daí, Vitor tece uma trama redondinha (daria certo como filme, inclusive), que é especializada no thriller! O leitor fica ansioso para os próximos acontecimentos, querendo ler cada vez mais e mais para solucionar o desfecho da saga de Lucas, Ana, Thiago e cia. Pelo menos foi o que aconteceu comigo!

A boa ideia de Rastros do Passado, no entanto, é um pouco mutilada pelos diálogos pobres (sim, novamente eles). Creio que Vitor deveria ter trabalhado mais nas falas, para tornar o assustador ainda MAIS assustador. Houveram algumas cenas bem desenvolvidas, mas a maioria terminou como semente, quando poderia ter sido árvore!

Isso só não comprometeu tanto o resultado final por conta da boa condução, e os personagens razoavelmente bem trabalhados, sendo o maior destaque Thiago, vilão frio, cruel, impecável, um psicopata desses que a gente teme mesmo sabendo que é fictício! Já Ana mostrou-se corajosa e de pulso firme, fugindo da convencional mocinha-chororô.

Voltemos a falar do suspense, gênero da web. Ele foi bem trabalhado? Na maioria das vezes, sim, embora a pressa, a maldita pressa, tenha imperado em vários momentos. Ele pareceu ter afobação em solucionar a história, tornando-a corrida demais. Mas nada que não se possa trabalhar e corrigir, é uma questão de planejar melhor a web.

Enfim, vale a pena ler Rastros do Passado?

Vale, ainda mais se você que está me lendo é fã do suspense. O saldo final é coeso, com méritos, de verdade! Rastros poderia ter sido mais completa e profunda com um garimpo a mais na história, mas tenho certeza que o autor evoluirá nas próximas webs, quero vê-lo escrevendo aqui de novo, com suspenses cada vez melhores, como aqueles dos filmes de antigamente.

Minha nota:

O MELHOR E O PIOR.

(Cuidado com os spoilers).

O melhor foi o vilão Thiago, que honrou seu antagonismo e foi escrito de forma brilhante.

Thiago: Agora sim você vai ficar calado e vai me dar sossego. Ah, eu não te contei a melhor. Sabe quem vai ter um jantar romântico, e com certeza vai acabar em um motel? Ana e eu. Eu to bem assim? O perfume ta gostoso? Você acha que ela vai gostar? Ela insistiu tanto pra sairmos de novo. Saudades de mim, você não saber fazer o serviço bem feito, então eu vou fazer. Vamos fazer bastante amor, ela vai ate esquecer que algum dia você tocou no corpo dela. E ela vai usar aquela jaqueta que você deu pra ela na festa. Confesso que é linda. Você tem bom gosto pra presentes. Nela vai ficar mais ainda. Te ver correndo na neblina aquela manha foi a melhor coisa que me aconteceu, um presente dos deuses.

O pior foi a falta de profundidade em diálogos importantes, o que tirou um pouco da qualidade da obra.

Lucas: Minha perna ta doendo.

Thiago olha pra perna esquerda de Lucas.

Thiago: Ta feia a situação da sua perna mesmo. Acho que quebrou quando você caiu da escada.

Lucas: Você me jogou da escada?

Thiago: Tanto faz. Agora grava aqui uma despedida pra Ana.

…

Agora vamos falar dos erros de pontuação, acentuação e gramaticais. Rastros do Passado teve alguns muito bestas, que uma simples revisão eliminaria. Mas para não soar repetitivo, já que eu falo o mesmo em todas as críticas, resolvi mostrar para vocês algumas ferramentas que me ajudaram, como escritor, a evitar essas falhas:

DICIONÁRIO DOS SINÔNIMOS: Não repita uma mesma palavra várias vezes, procure por um sinônimo dela aqui: https://www.sinonimos.com.br/

DICIONÁRIO: Procure por palavras novas para enriquecer seu texto, e tire dúvidas sobre como escrevê-las: http://michaelis.uol.com.br/

ARTIGO SOBRE PONTUAÇÃO: http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/fono30.php

Então é isso, pessoal! Eu espero de verdade que estejam gostando desse meu modelo de crítica. Se vocês têm sugestões para me dar, sintam-se à vontade para usarem os comentários. E critiquem a crítica, se preciso! Volto em 2017, até lá!

Victor Morais

Escrevi as webs novelas Beira-Mar e Filho Amado que foram publicadas no portal. Atualmente escrevo " Ser Humano", que se passa nos anos 80 e trata da relação complicada entre mãe e filha. Drama, emoções, cotidiano, conflitos familiares...Esse é o meu estilo.

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