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Vovó Macumba

Primeiro Capítulo – Vovó Macumba

Capítulo UM

Web de: Igor Cesar Nascimento

  Ocasionalmente, escondidos em um canto escuro da casa, dois corpos suados, se colidem, batendo um contra o outro. Aquelas pernas peludas roçavam em sua pele suave e macia. Ele a agarrava, sentindo o cheiro doce do perfume borrifado em seu pescoço. A velocidade contida naquele ato emitia um som abafado entre suas pernas, tornando-se ainda mais intenso conforme alcançava o ápice. Como as ondas do mar, após uma agitação, o ritmo foi se tranquilizando. Estava visivelmente claro a expressão de satisfação no rosto dele e, visivelmente claro as lágrimas que caem sobre a face dela, ainda abalada com aquele estrupo. (…)

 

 

–  Primeira Parte  –

Santa Maria – RS

1996

 

Próximo! – Gritou o diretor, sentado num banco isolado dentre os que compunham aquela plateia.

A jovem preencheu o espaço vazio no centro do palco:

– A próxima sou eu, Valerie. – Os seus olhos se apertam por causa dos fortes raios de luz que iam de encontro ao seu rosto, vindo dos grandes holofotes a cima, não conseguindo localizar aonde ele estava.

(off) – Valerie? – Indagou – Aqui na sua ficha de inscrição consta: Valquíria das Dores Nascimento.

– Isto é um caso à parte … – rebate automaticamente, constrangida – Como toda atriz, Valerie é o meu nome artístico.

– Pois bem, pode começar então, Valerie – ela respirou profundamente assim que o localizou, em uma das fileiras afastadas na plateia. Ele a encarava atentamente.

 

– Ô de casa! – Na cozinha, o cozido nas panelas exalava um cheiro que se espalhava por toda a vizinhança:

– Pode entrar, Branca! – Disse ao vê-la na porta – Chegou bem na hora que o meu cozido ficou pronto. Como adivinhou, hum?

Adivinhar? Eu? Quem dera. Adivinhar é o seu trabalho, Castidade. Eu apenas segui o rastro que ele andou deixando aqui na rua.

– Bom, isso eu já previa. Mas entre! Enquanto preparo um prato para você também, me diga, qual é a fofoca dessa vez?

 

– Olha, amor, ela tá chorando de novo! – Murmura Will, desistindo de colocar a bebê para dormir. Barbara foi até o quarto da filha, já acostumada com as interrupções precoces do marido:

– Se você ficar gritando no ouvido dela aí que ela não dorme mesmo. – Retruca, pegando a criança no colo. – Durma, amor… A mamãe está aqui… – cochicha nos ouvidos dela, enquanto a embalava em seus braços.

– Filhos poderiam vir com uma pilha, para podermos desliga-los quando quiséssemos sair.

– Will, ela não vai dormir tão cedo. Não acha melhor deixarmos para sair outra noite?

– Não! – Levantou-se apressado, indo até o telefone fixo na mesa da sala – Qual é o número da babá?

 

– Quantos custa o ramalhete? – Perguntou ao atendente, retirando um punhado de moedas do bolso.

Zé lhe olha com uma pontada de compaixão:

– É para a namorada? – Miguel terminava de contar sua quantia de moedas:

– É sim. Hoje é o aniversário dela. Queria comprar algo de especial, sabe?

– Entendo. Você é um dos poucos jovens que vejo comprando flores para a namorada aqui.

Miguel solta um sorriso tímido, pegando o buquê nas mãos:

– O buquê pode levar de presente, meu jovem. Não precisará pagar. – disse Zé, recusando as moedas.

– Mas como assim? Eu tenho alguns trocados para lhe pagar.

– Diga para ela que foi uma cortesia da casa. Afinal, aniversário a gente só faz apenas uma vez a cada ano.

 

– Estava de lamber os beiços! – Elogiou Branca, devolvendo o prato, agora vazio, para ela. Castidade colocou o prato na pia, se sentando na mesa novamente. – Como estávamos conversando, hoje é o aniversário da sua filha, não é?

– É sim! O meu marido e o meu filho mais velho pensaram, assim que chegassem do serviço, em fazer uma festa surpresa para ela. Mas a renda desse mês não colaborou.

– Se for de ajuda, eu posso preparar um bolo.

– Por que está se oferecendo?

– É que, não sei se irá lembrar, algumas semanas atrás você conseguiu adivinhar o que de ruim acontecia no meu casamento. Queria recompensar.

– Não é necessário, Branca! Era apenas uma intuição que compartilhei.

– Não foi a primeira vez que você adivinhou o que vai acontecer. Já tem até boatos aqui na vila de que a senhora é … uma macumbeira. – cochichou.

Nessa exata hora, Francisco, marido de Maria, e Floriano, seu filho mais velho, entram na casa:

– Boa tarde! – Os dois cumprimentaram-nas educadamente, também se ajuntando na mesa.

– Vou passar um pouco de café para vocês. – Maria se levantou.

– Conseguimos comprar aquele vestido que ela tanto pediu durante o ano inteiro, mãe! – Contou Floriano, empolgado.

– Ela ficará feliz.

– O namorado dela virá para o jantar também? – Pergunta percebendo a quantidade de pratos na mesa:

– Não tenho certeza. – Ela respondeu, notando a inquietação do marido, que não tardou para resmungar:

– Eu ainda acho que ela está muito nova para namorar. Faz hoje apenas dezessete anos! É uma criança namorando outra criança. – Todos ficaram em silêncio após o comentário de Francisco, ouvindo agora apenas o barulho do café que caia sobre a xícara em sua frente.

 

– Surpresa! – Disse Miguel nos ouvidos de Valerie, entregando o ramalhete de flores. Ela pega o buquê abrindo um largo sorriso no rosto – Feliz aniversário, meu amor!

– Obrigada, Miguel. – Ele lhe deu um rápido beijo, entrelaçando a sua mão com a dela enquanto saiam do saguão do teatro.

– E como foi o seu teste? – Logo puxou assunto.

– Fiquei muito nervosa no palco, mas espero que eu tenha me saído bem.

– Quando anunciarão os escolhidos para a peça?

– Vai demorar um tempo. A lista com o elenco definitivo sairá apenas no final do ano.

– Tenho certeza que você se sairá muito bem!

Espero… – murmura, sentindo uma vibração vinda de seu bolso esquerdo. Era um telefonema. Nessa época, os celulares ainda eram daquele estilo tijolão:

(Valerie ao telefone) – Alô? Dona Barbara?

(off) – Sim, Val. Sou eu. Queria perguntar se poderia cuidar da Alice esta noite?

– Me desculpe, dona Barbara. Hoje é o meu aniversário. Pretendo ficar ao lado da minha família, compreende?

(off) – Ah, que pena. Desta vez, você nem precisaria ficar a noite toda. Eu e o Will apenas sairíamos para um rápido jantar. Até às dez já estaríamos retornando. Não tem como você quebrar esse galho para nós?

– Não sei não, dona Barbara …

(off) – Se for o caso, pagaremos o dobro que estamos acostumados à pagar. Aceita?

 

Miguel observava ela ansioso. Sentia dentro do peito o coração pulsar aceleradamente. Durante os últimos meses, guardou de pouquinho a pouquinho, todas as suas economias para conseguir uma reserva no restaurante mais caro da cidade. Seria a primeira vez que levaria uma namorada para jantar.

Finalmente, a ligação acabou:

– Val, eu queria dizer que … – gaguejando, Miguel a convidaria para o jantar, mas ela o interrompeu:

– Miguel, irei para a casa da dona Barbara.

 

  • – 1° Intervalo Comercial –

Como assim? – Questionou, surpreso – Hoje é o dia do seu aniversário! Achei que não fosse trabalhar.

– É que eles vão precisar de alguém para cuidar da Alice por esta noite.

– Mas não existem outras babás na redondeza?

– Me desculpe, Miguel. Vou ter que ir. – Despede-se dele rapidamente, entrando na próxima rua em direção ao apartamento do casal.

Miguel ficou estático no centro da rua, tentando não demonstrar publicamente o seu desapontamento. Juntamente com o céu que anoitecia, tudo foi ficando mais escuro dentro de si.

 

– Pronto! Já estou aqui, dona Barbara. – diz assim que a patroa abriu a porta.

– Entre! – Enquanto Barbara fechava a porta, Valerie caminhou até o centro da sala.

Will pegava as últimas coisas necessárias, como chaves e documentos, antes de sair:

– Você trabalha para nós faz alguns meses. Não preciso apresentar mais nada na casa, não é?

– Não precisa não, dona Barbara. Podem ir tranquilos.

– Qualquer emergência, o número do telefone do meu marido estará na gaveta da escrivaninha.

 O casal saia do apartamento, quando ela correu para perguntar:

– Os senhores voltarão até as dez? – Tarde demais, o elevador que eles entraram havia descido.

 

– Boa noite, senhor – Cumprimentou a recepcionista daquele elegantíssimo restaurante, assim que Miguel entrou pela porta.

– Boa noite. – Correspondeu intimidado. Com uma rápida passada de olhar sobre as mesas no salão, percebeu que, de longe, ele era o único que não vestia um terno ou uma peça cara de roupa.

– O senhor terá que se retirar. Hoje estamos lotados.

– Não, moça. Eu tenho reservas para essa noite.

Desconfiada, ela confere em suas anotações, já que os computadores naqueles anos ainda não eram frequentemente utilizados. Fechou a cara ao ver em uma das páginas a confirmação:

– Me acompanhe. Te levarei até a sua mesa. – Ele a segue pelo extenso salão, até se sentar em uma das mesas solitário. – Algum pedido?

– Acho que aceitarei um copo de água.

 

– Mãe? – Pergunta Valerie, com a cabeça colada ao telefone.

(off) – Sou eu filha. Aonde você está? Já é tarde da noite.

Valerie pensou em lhe contar a verdade, mas pressentiu os sermões que escutaria dela durante longos minutos ao telefone. Então resolveu contar uma ‘pequena mentirinha’:

– Hoje, por ser o meu aniversário, o Miguel me levou para sair. Mas, depois das dez, eu garanto que estarei de volta!

(off) – Tem certeza? Esse não é horário de menina descente estar na rua. Lembrando que você ainda é uma criança.

– Eu não sou criança, mãe! Já fiz dezessete anos. Agora sou uma mocinha.

(off) – Essa história não colou muito bem. Não está escondendo nada de mim?

Não! … – respondeu com a voz fraca, engolindo seco. Nesse momento Alice, a bebê, começou a chorar.

– Que barulho é esse, Valquíria?

(apressada) – Não é nada, mãe! Avisa o papai que depois eu chego em casa, está bem? – Desligou o telefonema antes mesmo dela ter a chance de pensar em dizer alguma coisa. Respira aliviada por não ter recebido nenhum castigo dessa vez. Assim, foi até o quarto da criança, pegando ela do berço. “Já estou aqui, Alice”, foram as suas palavras, enquanto ela se acalmava em seus braços.

 

– … E também vou querer esse vinho aqui. – Completou Will para a moça que anotava os seus pedidos. Ela recolhe os cardápios e se afasta da mesa. Agora sozinhos novamente, Will retorna sua atenção para a mulher sentada ao seu lado – Quanto tempo que não saímos juntos.

– Já faz um bom tempo realmente. – Concordou Barbara, abrindo um sorriso tímido enquanto ele pegava a sua mão.

 

A recepcionista que havia acabado de atender o casal prosseguiu mais adiante pelo salão, para ver se conseguiria despistar o sujeito desfavorecido que havia chegado:

(antipática) – Já escolheu o que irá pedir? – Nem se preocupou em mediar o tom de arrogância na voz. Ele ocupava uma mesa que outro cliente poderia ocupar, pensava ela.

Bom, eu … – outra vez se sentiu intimidado por suas indiretas. Ele percebeu que não era bem-vindo naquele lugar – Acho que vou querer esse prato de macarrão aqui. – aponta para a imagem do cardápio.

(anotando) – Está bem. Dois pratos de espaguete com camarões picantes e rúcula. Mais alguma coisa?

– Os dois pratos na verdade não serão necessários. É porque eu havia feito uma reserva para eu e a minha namorada, mas ela não veio.

– Sinto muito, senhor. Não fazemos alterações em nossa conduta. A reserva é para dois, a cobrança permanecerá para dois. O outro prato eu falo para enrolarem num pano para tu levar como quentinha. – Comenta irônica, enquanto saia. Miguel suspira entristecido.

Ele não queria que esse dia tivesse tido um desfecho assim. Era para ter sido especial!

Sentindo um alto incomodo, se levanta para tomar um ar, na tentativa de esfriar a cabeça.

 

Até mais, guria! – Branca se despede, enquanto partia. A noite havia caído, e todos os vizinhos se acomodavam dentro de suas casas. Uma brisa fria se espalhou naquele instante, dando em Castidade um calafrio. Dentro do peito, sentiu o seu coração ficando apertado, parecendo que, novamente, algo de ruim estaria para acontecer.

 

 – 2° Intervalo Comercial –

 

– Aonde estava? – Pergunta Zé assim que vê sua esposa, Branca, entrando no bar.

– Eu fui fazer uma visita para Castidade. Botar o papo em dia. – respondeu, levantando a tampa do balcão para ir ao lado dele. – Cadê o papai?

– Aquela praga do meu sogro?

– Não fala assim dele, Zé! Ele continua sendo o meu pai.

– A praga do seu pai está junto com as pragas das plantinhas dele. – Puxou o pano em seu ombro, limpando as migalhas no balcão. – Para ajudar o velhote, hoje eu até fiquei no caixa lá da floricultura enquanto ele almoçava.

– Você fica falando assim dele, mas no fundo do fundo, eu sei que vocês se amam, ouviu?

– Eu e o seu pai?! – Soltou uma alta gargalhada – Nem se o homem pisasse na lua!

– Para a sua informação, o homem já pisou na lua. E para a sua informação também, você fica nessa pose de machão na minha frente, mas eu sei que você é um homem bom e super romântico. – estava saindo do bar, quando parou – Não é à toa que eu me casei com você.

 

“Eu não queria ter feito isso …” reflete Miguel, assim que joga a bituca do seu cigarro na calçada.

Deis que começou o namoro com Valquíria, ou Valerie, como sempre insistia em corrigir, ele prometeu para si mesmo que iria parar de fumar. Quase todos os seus familiares e conhecidos eram contra essa união. Principalmente, devido ao fato da diferença de idade entre eles, um fato que ainda não era bem visto na época. Miguel irá fazer vinte anos daqui alguns meses, e ela, acabava de completar os seus dezessete.

Tudo começou nos tempos em que ele lutava para sair do mundo das drogas. Ele ainda se culpa muitas vezes por ter tomado esse caminho grande parte da sua vida. Porque, devido a isso, sua família e amigos se afastaram dele. E quando não encontrava mais nenhuma pessoa para lhe estender a mão, eis que na saída de um culto em uma igreja da rua, ele a conheceu. Eram os primeiros olhos que olhavam para ele sem a intenção de condenação ou compaixão. Foi essa a motivação que fez ele se levantar para viver outra vez.

Mas não bastava ter apenas saído do vício, parece que todos a sua volta ainda insistem em lembrá-lo de quem era.

Um barulho vindo logo atrás dele o faz despertar:

– Desculpe-me, não sabia que tinha alguém aqui. – Ouviu uma voz feminina. Olhou para ela assustado, visualizando um sorriso quase mais belo do que a própria.

– Sem problemas. –Ele disse, se encolhendo, levemente nervoso por sua presença.

– Acho que não deveria te pedir isso, mas, você teria ‘fogo’ para me emprestar? – Com o pedido, percebeu a caneta de cigarro entre seus dedos.

– Claro. – Um rastro de fumaça paira pelo ar quando termina de acendê-lo.

– Agradecida. – Guardou o isqueiro no bolso assim que pegou de sua mão, na qual nota um tom bordô preenchido em suas unhas. – Como se chama?

Miguel. – Sua voz fica falha. A presença daquela mulher ao seu lado alterou alguma coisa dentro de si.

– Prazer, Miguel. Eu me chamo Barbara.

 

– Aonde ela está? – Perguntou Francisco, enquanto sua esposa colocava os pratos e talheres na mesa para o jantar.

– Ela e o namorado saíram. Mas Valquíria me deu a palavra de que não tardaria para voltar.

– Não gosto da ideia de minha filha estar andando essa hora da noite com aquele viciado.

– Não fale assim dele, Chico! – repreende Castidade – Você sabe muito bem que ele parou de usar essas coisas.

– Eu não sei é nada. Quem usou uma vez, pode muito bem usar outra. – Floriano se sentou na mesa para o jantar. – Eu só deixo claro uma coisa para vocês: se alguma coisa acontecer com minha filha, eu juro que o mato!

Ela desiste de tentar convencê-lo, porque no fundo ainda sentia aquele aperto no peito.

Tudo o que mais queria era ver a sua filha entrando por aquela porta.

 

– Não chore, Alice! – fala Valerie com a bebê nos braços, retirando a mamadeira vazia.

Deita ela no berço, e caminhou até a cozinha para esquentar mais leite, na tentativa de conseguir fazê-la dormir.

Ainda ficava impressionada pelo espaço disponível naquele apartamento, era tão grande e confortável se comparado a sua casa. Deis de pequena, sempre sonhou em ser atriz. Vestir elegantes vestidos, conversar com pessoas famosas, e se sentir tão importante quanto eles.

Muitos tentam desanimá-la, mas dentro do seu coração aquilo queimava como fogo, que não se apagaria tão facilmente.

Enquanto aguardava ao lado do fogão, notou que no relógio os ponteiros se aproximavam da casa das dez horas da noite. Sem pensar duas vezes, correu até a sala, discando o número do telefone móvel de Will no telefone.

 

– Sim, eu moro aqui na cidade mesmo. – Miguel respondeu a sua outra pergunta.

– Nossa, as horas voaram! – Comentou Barbara, olhando o seu relógio de pulso, jogando o que sobrou de seu cigarro na calçada, como ele havia feito também. – Terei que voltar lá para dentro.

– Prazer em conhecê-lo, Miguel. – Foram as últimas palavras dela, até ver o seu corpo sendo ofuscado pela luz que vinha de dentro do restaurante, destacando-se sobre a escuridão da noite no lado de fora. Miguel suspira ao se encontrar sozinho outra vez.

 

– Posso retirar o prato, senhor? – O garçom levou os pratos em uma bandeja prateada assim que recebeu a confirmação do casal.

– Estou farto! – Bufou Will, se ajeitando mais confortavelmente na mesa. Passou a mão no bolso, retirando o telefone – Nossa, tenho três telefonemas não atendidos vindo de nosso apartamento! Será que aconteceu alguma coisa com a bebê?

– Espero que não. Que horas, são?

– Onze e Quinze da noite.

– Eu tinha falado para ela que voltaríamos às dez! É melhor retornarmos o mais rápido possível, Will.

– Está bem. Só espera eu ir pagar a conta. – Ele se levantou com a carteira em mãos, enquanto Barbara se remexia na cadeira aflita.

 

– Nós estamos fechando, guri! – Comunicou Zé, parando de limpar as últimas mesas assim que viu alguém entrando no bar.

– Eu sei. Só preciso apenas de uma dose. Sem cortesias. – Miguel se senta em uma das cadeiras à frente do balcão. Zé automaticamente se aproximou para atendê-lo:

– Eu não garanto que uma dose de cachaça deletará todos os seus problemas, meu jovem – Adverte, deixando a garrafa e o copo no balcão, dando a escolha para ele fazer. Após alguns segundos reflexivo, Miguel encheu o copo, virando-o de uma única vez. – Você é o garoto que comprou flores hoje a tarde, não é? – Perguntou, enquanto voltava a limpar o bar. Miguel estava com os cotovelos apoiados no balcão e a cabeça baixa:

– Do que importa queremos mudar se o mundo não permite que mudemos? – Respondeu ele com uma outra pergunta vaga. Zé ficou em silêncio, ao perceber que tudo o que ele queria era desabafar. Situação típica para quem trabalha em um bar. – Parece que a própria vida não nos permite isso. Desisto! – Encheu o copo novamente.

– Não veja isto dessa forma! Encare esse problema como um teste, para comprovar se você mudou realmente ou não. Se persistir até o final, terá a sua resposta. – e resolveu tocar no assunto que suspeitava ser o verdadeiro motivo – E em relação a sua namorada, por mais que façamos planos, dentro de uma relação tudo é imprevisível. Principalmente, quando se trata de mulheres.

Miguel ainda olhava para o chão, reflexivo, chegando na conclusão que a melhor decisão que poderia tomar era deixar acontecer.

Zé se assustou, assim que se virou para recolocar as cadeiras em seus devidos lugares, com o barulho de passos. Quando olhou para trás, viu o balcão vazio, sem aquele jovem, e também, sem a garrafa. Na superfície, um amontoado de moedas.

 

– Droga! – Resmungou Valerie, vendo todo o leite derramando-se pelo chão. O barulho da campainha havia feito ela se assustar. Sem pensar duas vezes, corre até a porta.

Tudo o que mais queria era voltar para casa o mais cedo possível.

Ao abrir a porta, se assusta ao ver a presença de uma única pessoa e, não de duas, como o casal que esperava:

Miguel? O que você está fazendo aqui? – Ao fazer uma rápida análise do namorado, que por desta vez estava mais diferente do que o acostumado, visualiza a garrafa vazia em suas mãos.

– Precisamos conversar. – Disse ele.

 

 

– CONTINUA –

Nota do Autor.:

Olá, galera! Está aí o primeiro capítulo da nossa nova web aqui no site, que espero que vocês tenham gostado. Eu sei que ele foi um pouco grandinho, mas a intenção era de vocês já saírem hoje íntimos com os personagens principais. Como viram, o capítulo de amanhã promete. Acontecerá muitas coisas, que você só vai descobrir se ler. 

Obrigado a atenção, e até o próximo capítulo!

COMENTEM PARA EU SABER O QUE VOCÊS ACHARAM!! estou super ansioso pra saber rssr

4 comentários sobre “Primeiro Capítulo – Vovó Macumba

  • Valerie pareceu ser uma ótima pessoa, mas deixar o namorado na mão foi una atitude bem feia… Não gostei.
    Prevejo que Will e Bárbara é outro casal que vai agitar bastante a web… Além do casal principal.
    E esse pressentimento da Castidade? Algo ruim está prestes a acontecer, e eu quero muito saber o que é.
    O saldo do primeiro capítulo foi bastante positivo, só fiquei confuso com essa estrutura, mas dá pra superar… Já que é por pouco tempo.

  • Gostei do primeiro capítulo.
    Valerie foi muito nojenta com o Miguel.
    Já estou gostando de personagens como o casal Barbara e Will.
    Pensava que seria em forma de Roteiro. Às vezes me confundi com algumas cenas.

    • Obrigado Anderson pelo comentário,
      O capítulo não está em estrutura de roteiro, pois isso era para ser um livro, dai a “cor rosa” indicaria a mudança de cena.
      Em relação aos personagens, Valerie ao mesmo tempo que é uma boa moça, é nojentinha e mirrenta também;
      E sobre o casal Barbara e Will, leia o segundo capítulo, as coisas mudarão um pouco rsrs
      O próximo capítulo já vai sair .. Vai lá!

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