O Escuro ( 1° Capitulo )
Em 31 de outubro de 1.986 eu nasci. Meus pais já tinham duas filhas Lya e a mais velha era Lay. Morávamos na cidade de São Paulo, em uma pensão. Lá conhecemos meus “pais” de coração. Vivemos nessa pensão por vários anos, até que um dia meu pai resolveu ir embora, e o mais estranho é que ele só levou minha irmã mais velha com eles.
Lya e eu ficamos com os pais de coração. Éramos muito felizes com eles. Mais um dia meu pai apareceu por lá, e resolveu levar Lya com ele. E depois de meses veio me buscar. Fui morar em nossa casa que fica em uma cidade muito bonita.
Eu não gosto desse lugar, essa casa me dá muito medo. Minha mãe parecia não se importar com a gente, muito menos para o que estávamos fazendo ou sentindo.
Lay sempre foi a predileta, eu nunca entendi o por que. Então Lya e eu nos apegamos muito, só tínhamos uma a outra. Por muitas vezes pensei ser adotada ou que meu pai não era esse homem que eu chamava de pai.
Meus pais de coração sempre diziam, que quando tivessem uma casa iriam nos buscar. Eu esperei por anos, mais infelizmente isso nunca aconteceu e nunca acontecerá.
Quando completei sete anos, coisas estranhas começaram acontecer comigo. Eu escutava vozes e gritos, via vultos, sentia a presença de pessoas em lugares que não tinham ninguém além de mim. E algumas vezes cheiro ruim.
Certa noite estava dormindo e acordei, ao meu lado tinha uma sombra negra bem alta. Eu congelei de medo só conseguia olhar para aquilo. De repente ela sumiu.
No outro dia não sabia se contava para minha mãe, ou se ficava quieta. Resolvi contar para Lya, fui até ela e disse:
-Lya, você acredita em espíritos?
-Se eu ver acredito. Por quê?
-Eu acho que vi um ontem.
-Sério?
-É. E não foi a primeira vez.
-É melhor você não contar para ninguém.
-Por quê?
-Podem achar que você está louca.
-E o que devo fazer?
-Da próxima vez que ver um espirito tente falar com ele.
-Falar? Eu tenho medo.
-Temos que descobrir o que eles querem.
-ok. Vou tentar.
Depois disso fiquei por anos sem ver ou ouvir coisas. A vida parecia normal, eu já tinha mais duas irmãs a Letícia e a Lays.
E apesar de ter mais duas filhas, minha mãe continuava a preferir a Lay. E isso ela não escondia de ninguém. Confesso que por muitos anos eu odiei Lay, por minha mãe gostar mais dela que mim e minhas outras irmãs.
Os fenômenos paranormais que aconteciam comigo sumiram por anos, até que em 2.003 quando completei 17 anos. Os fenômenos voltaram e mais fortes.
Certa tarde Lya e eu estávamos na janela de casa. Até que uma sombra apareceu e vinha em nossa direção, eu me abaixei e Lya olhando para mim disse:
-O que foi?
-Uma sombra negra.
-Onde?
-Ela estava vindo em nossa direção. Acho que ela encostou em você.
-Eu não vi nada.
-Sorte sua.
Naquele dia percebi que não teria mais paz. Durante uma madrugada a sombra apareceu diante mim.
Tomei coragem e perguntei:
-Quem é você?
-O seu tormento.
-De onde você veio?
-Do lado obscuro.
Depois disso ela sumiu, por um bom tempo. Alguns meses depois ela voltou, para me atormentar. De noite ela sempre aparecia e dizia:
-Eu vim buscar alguém.
Ela nunca revelou o nome de quem seria essa pessoa. Em outras aparições ela me dizia:
-Você quer escolher quem vai morrer?
Eu nunca respondi. Na verdade eu não acreditava no que ela me dizia.
Certo dia eu estava saindo de casa, para ir a escola quando Lya apareceu no portão e disse:
-Tchau meu amor!! Manda um abraço para o pessoal. Eu achei estranho, pois ela nunca fez isso antes.
No dia seguinte, eu estava cuidando de Jasper um garoto de 4 meses que eu cuido. Quando Lya chegou e ficou parada. Eu olhei para ela e disse:
-Lya o que foi?
Ela me olhou, pegou o braço esquerdo levantou e soltou. O braço estava completamente morto, ela começou a chorar. Eu saí pedindo socorro. Minha mãe levou ela para o pronto socorro, lá disseram que era pressão alta. Quando ela foi transferida para o hospital a ficha dela sumiu misteriosamente.
Durante dias ela ficou no hospital, ela chegou a ter uma melhora mais logo em seguida teve a recaída e foi para a UTI e de lá não voltou mais.
No dia do enterro eu estava muito mal, era muito difícil para mim entrar no cemitério. Lá eu ouvia gritos desesperados e pedidos de ajuda. Comecei a ter pesadelos com minha irmã. Muitas vezes me via dentro de seu caixão, e entrava em desespero. Comecei a ter medo de dormir, e acabei em depressão e passava as noites em claro. Quando fez seis meses da morte de minha irmã, eu estava na sala assistindo TV com minhas outras irmãs. De repente uma voz desesperada falou ao meu ouvido:
-Eu não aguento mais, estou sofrendo tanto. Eu levantei, e perguntei:
-Quem disse isso?
Minhas irmãs me olhavam, até que Lay disse:
-Ninguém falou nada.
-Vocês não ouviram?
Elas procuraram na casa toda e não havia ninguém.
Eu nunca esqueci isso foi muito real, eu senti o desespero dessa pessoa. Isso foi o começo de tudo, eu nem sabia que de agora em diante as coisas iriam piorar.
Quando minha mãe ficou sabendo do ocorrido, procurou ajuda de uma médium. Ela veio aqui em casa me ver, ela chegou perto de mim e colocou as mãos nos meus ombros. Não sei dizer ao certo o que aconteceu, ela baixou a cabeça e quando levantou estava com os olhos fechados, e disse:
-Irmãzinha, segue me frente. Foi Deus que quis assim.
Eu não sabia o que fazer. Pensei várias vezes no que diria para minha irmã se a encontrasse novamente e quando consegui não falei nada.
Ela disse para minha mãe:
-Eu te perdoo.
Elas se abraçaram, ela voltou até mim e me abraçou e se foi. E eu só conseguia chorar.
As vozes que me atormentavam, ficaram aqui. Muitas vezes elas me mandavam matar minha família ou me matar.
Uma noite cheguei a pegar a faca e colocar em meu peito, mais vi minha irmã na cozinha, ela estava vestida de branco e me disse:
-Não faça isso!!!
Eu chorei muito e desisti.
Quando contava essas coisas para minha família eles me olhavam como se eu fosse louca. Uma vez minha mãe saiu gritando:
-Leila parece louca!!
Isso doeu muito. Mais ela não foi a única a dizer isso, durante uma briga com Letícia ela me disse:
-Eu não sou louca. Quem faz terapia aqui não sou eu…
Como minha família me tratava mal, eu me trancava no quarto e chorava e durante a noite era atormentada.
Jasper que na época tinha dois anos veio até mim e disse:
-Você não é louca.
Eu não desisti de viver por causa dele. Apesar de ser uma criança, muitas vezes ele parecia adulto.
As pessoas diziam que Lya e eu éramos muito apegadas, acho que apesar de sua morte ainda somos.
Como continuava a escutar a voz dela a me chamar. Minha mãe me levou até uma consulta com um orixá, chegando lá ele me disse:
-Salve, minha filha!!!
-Salve!
-O que aconteceu?
-Eu escuto vozes.
Ele ficou quieto por um tempo e respondeu.
-Em que ano você nasceu?
-Em 1.986.
-Sente o pé gelado?
-Sim.
-A alma de sua irmã não quer te deixar sozinha. Pois vocês eram muito apegadas.
-E agora?
-Durante sete dias você vai tomar banho de sete espinhos de rosa, e vestir a mesma roupa branca para dormir, acender uma vela e colocar ao lado do lençol branco no chão e deitar em cima com a cabeça virada para a rua. E fazer uma cruz de sal grosso em baixo de sua cama, no ultimo dia faremos o enterro simbólico com pipoca.
Quando voltei para casa, a casa inteira cheirava a flor de laranjeira.
Comecei a fazer tudo o que ele mandou, no penúltimo dia, minha irmã apareceu para mim e disse:
-Você tem a luz e tem que usar. E sumiu.
Depois disso eu resolvi dar as coisas dela. Ela tinha um espelho em forma de sol, que foi dado a senhora que trabalha orixás.
Ela nos disse que quando colocou o espelho na parede, ela começou a ficar roxa.
Depois disso fiquei sem ver minha irmã, comecei a sonhar.Em um desses sonhos vi meu avô que disse:
-Vou usar os sonhos para nos comunicar e mandar mensagens.
Mais acordada comecei a ver uns clarões de luz, que sempre me aparecia. Depois que meu avô me disse isso, eu não tive mais paz.
Em um desses sonhos, eu vi um homem sozinho. Ele estava em um enorme jardim imenso, vestido com uma túnica branca e eu também.
Dei uma bela olhada em volta e perguntei:
-Eu morri?
Ele me olhou, sorriu e disse:
-Ainda não!
No outro dia eu estava em meu quarto, deitada em minha cama.Já era madrugada, eu estava com insônia de repente senti minha cama afundar, como se alguém estivesse sentando ao meu lado. E alguém respirando com dificuldade bem ao meu lado, como se estivesse tentando falar algo e não conseguisse.
Foi quando começou a surgir batidas na porta do quarto, como se estivesse passando as unhas na porta. Não tive coragem de abrir os olhos para ver quem era, mais eu acreditava ser minha irmã. Eu tentei falar mais não consegui, não me lembro o que aconteceu depois.
Nunca consegui entender meus sonhos. No mesmo quarto, sonhei que acordava e tinham vultos brancos e negros em volta de minha cama. E um garoto de asas voando no teto, eu ficava de pé na cama e tentava tocá-lo. Mais não conseguia, ele só me olhava e não falava nada.
Com o tempo comecei a ter sonhos premonitórios. Certo dia sonhei que estava na rua e encontrava uma conhecida, que me dizia que uma tal Maria havia falecido. Quando acordei contei para minha mãe, dois dias depois minha mãe chegou em casa dizendo que a mãe de nossa vizinha se chamava Maria e que ela havia falecido.
Minha mãe sempre fica com raiva quando acerto. Até sonhos que falo em outros idiomas já tive, mais todos eles foram com um homem vestido de preto que não conheço.
Em um desses sonhos eu estava numa casa antiga, que é bem escura. O tal homem falava em outra língua e eu me aproximei dele, coloquei a mão em sua cabeça e comecei a rezar em outro idioma. Ele rindo me disse:
-Você nem sabe o que está fazendo.
Com o tempo os sonhos ficaram mais demorados, e comecei a conversar com as pessoas que me apareciam neles.
Estava passeando no cemitério, quando vi uma moça loira, fui até lá conversar com ela:
-Oi! Qual é o seu nome?
-Carolina.
-Eu sou Leila.
-Eu sei quem você é. Preciso de sua ajuda.
-O que você quer?
-Orações.
-Quantos anos você tem?
-22 anos.
-De onde você é?
-Santa Catarina.
-Quanto tempo faz que você morreu?
-5 anos.
-Você morreu de que?
-Facada.
-Quem te matou?
-Um homem mal que me abordou na rua.
-É verdade que quando morremos, aparece uma luz para nos buscar?
-Eu vi alguém, não a luz.
-Era um anjo?
-Não sei, ele veio até mim e ficou. Até que não sentisse mais dor.Então apaguei.
Como os sonhos aumentaram com o tempo, procurei uma especialista para analisar meus sonhos. Depois que fiquei dias contando meus sonhos, ela a doutora Lika que analisou meus sonhos disse:
-Os teus sonhos são leitura do seu inconsciente até mesmo por não aceitar a condição de que você realmente tem um dom, para ajudar pessoas que já fizeram a passagem.
Sabe quando temos medo, nossa mente cria situações para que não sigamos em frente. No seu caso os teus sonhos mais violentos tem ligação com a morte.
Decidi que não contaria para ninguém isso. Quem sabe, essas coisas com o tempo sumiriam.
Faziam dois anos em que nada acontecia, eu estava feliz. Era muito bom ser normal.
Mais isso logo acabou, em uma manhã desci até a parte de baixo de minha casa. E quando pisei na sala algo muito estranho aconteceu.
Meus olhos ficaram sem ver nada, só via a escuridão e sentia um medo terrível que não sei explicar.
Do meio das trevas saiu uma voz que disse:
-Me tira daqui!! Ísis me colocou aqui, e se ela não me tirar daqui eu irei ficar te atormentando.
Depois disso a luz voltou e a voz sumiu.
Fiquei dias pensando no que fazer, decidi falar com minha mãe.
-Mãe! Tenho que te falar uma coisa.
-Leila, o que você fez?
-Nada.
-Então o que é?
-Outro dia uma voz de um homem me disse: ”Me tira daqui! Ísis me colocou aqui, e se ela não me tirar daqui irei te atormentar”.
-Meu Deus!! Como era esse homem?
-Não sei, eu só vi o escuro.
Naquele mesmo dia minha mãe foi até a senhora que me ajudou na primeira vez. Ela fazia trabalhos com orixás e benzia, como sempre nos ajudava acabamos à chamando de vozinha.
Ela nos aconselhou a perguntar a Ísis que trabalho ela fez. E disse como tenho facilidade de receber mensagens dos mortos ele me procurou para dar a mensagem.
No outro dia chamei Ísis para ir na minha casa. Ela achou estranho mais foi.
-Oi, Ísis!
-Oi! Tudo bem?
-Sim e você?
-Estou bem.
-Então por que me chamou aqui?
Quando contei o ocorrido, ela ficou pálida e calada. Até que eu disse:
-O que você fez?
-Eu não fiz nada.
-Então por que isso aconteceu?
-Não sei.
-Acho que você fez algo e não quer me dizer.
Ela ficou calada novamente, levantou-se e disse:
-É, eu fiz algo.
-O que?
-No dia do enterro de meu irmão eu coloquei um trabalho dentro de seu caixão.
-Que trabalho era esse?
-O senhor do centro que eu frequento, que fez para mim.
-E para que era esse trabalho?
-Para separar minha filha de um homem que não presta.
-E deu certo?
-Não!
-Olha não sei como, mais você tem que desmanchar isso. Que por causa disso a alma de seu irmão não está em paz.
-Ok. Vou até meu centro ver o que posso fazer. Não sei se ela fez algo para ajudar a alma de seu irmão. Só sei que depois disso, ela virou evangélica acho que ela pensou que assim estaria salva e perdoada.
Ficou um tempo sumida e quando apareceu, começou a me evitar. Se ela estivesse sentada e eu sentasse ao seu lado ela levantava.
Mais sempre que se sentia assombrada pelos fantasmas, ela procurava minha mãe. É, ela pedia a minha mãe para que me pedisse que eu à ajudasse, eu sempre dizia que não vi nada.
Se essas coisas que acontecem comigo fossem no passado, me acusariam de ter pacto com o Diabo. E eu acabaria na fogueira, mais hoje em dia eles podem me mandar para o manicômio.
Mais os espíritos são almas e estão em todos os lugares. Então como evitá-los?
As pessoas sempre me diziam que eu tinha um dom, e não sabiam por que eu não usava ele.
Uma bruxa amiga minha, me disse para meditar em um lugar sozinha. E que se algum espirito quisesse falar comigo ele viria.
Quando fiz isso, acho que atrai espíritos não muito evoluídos. Eu disse:
-Tem alguém ai?
-Sim.
-Quem é?
-Ramon.
-Você morreu de que?
-De tiro.
-E por que você veio aqui?
-Por que estou com dor.
Até espíritos estrangeiros apareciam para falar comigo. Quando Ramon foi embora uma voz feminina me disse:
-Olá, meu nome é Mônica.
-Você morreu faz tempo?
-Sim. Já faz 3 anos.
-De onde você é?
-Espanha.
Como não entendia o que ela me dizia, resolvi parar de falar com ela.
Todos os dias tinha alguém querendo conversar comigo, pedindo ajuda.
Outro dia apareceu um espírito, que depois sempre veio para conversar comigo. Como já de costume eu perguntei:
-Tem alguém ai?
-Sim!
-Quem é?
-Otávio.
-Quantos anos você tem?
-22 anos.
-Morreu de que?
-Fui assassinado.
-E o que você sente?
-Medo e solidão.
-Na minha casa tem muita coisa ruim?
-Na sua casa tem energias negativas, e na maioria das vezes só tem coisa ruim aqui.
De repente ele diz:
-Não quero mais conversar, sinto que você tem medo. Mais eu volto.
Tentei por dias falar com Otávio mais não consegui, mais falei com outro espirito. Que na verdade só queria me zoar.
-Tem alguém ai?
-Tô!!
-Morreu de que?
-De tiro.
-Quando você veio para cá?
-Hoje à meia noite.
-E por que ficou aqui?
-Porque eu quero.
Brincadeira né? Espirito mal humorado não dá. Quando Otávio voltou, ele estava mais comunicativo. Eu lhe perguntei:
-Por que você não foi embora?
-Não sei.
-E por que ficou n minha casa?
-Por que eu escutei sua irmã falando que gosta de meu nome.
-Quando você morreu, você viu a luz?
-Não.
-E o que aconteceu?
-Da vez que me assassinaram fui parar em um lugar em que mal podia enxergar, e sentia me pegarem e abater. E escutava gritos.
-E o que mais quer dizer?
-Vim comunicar que a solidão nem sempre me cai muito bem.
-E o que posso fazer para te ajudar?
-Viva intensamente e não lamente se arrepender, reclamar das coisas simples da vida. Como eu fiz.
-Ok. E o que mais você quer?
-Quero que você passe a mensagem de amor ao próximo, e combate a violência.
Muitos comparam os espíritos aos contos de fadas e lendas populares, que são ficção. Mais para mim eles são reais.
No ano de 2.009, eu estava muito preocupada. Não tinha mais sonhos com minha irmã falecida, e não sentia sua presença.Comecei então a procurar alguém que me ajudasse com uma psicografia.
O destino me fez encontrar uma bruxa que morava aqui perto de casa. Conversamos muito pela internet até marcarmos um dia para nos conhecermos pessoalmente. O nome dela é Luna.
O combinado foi que as quinze horas, eu estaria em sua casa rosa. Levei Letícia e Lays comigo. Chegando lá Luna veio até nós e disse:
-Oi, bruxas! Ficaram tristes ao me ver?
Nós olhamos para ela e respondemos.
-Não!!
Fomos até a sala, onde tinha um imenso quadro de Iemanjá. Ela notou que eu olhava e disse:
-É minha mãe, minha protetora.
Ficamos caladas até que Luna disse:
-Minha mentora é uma cigana, só falo com quem ela deixa. Vocês tem uma energia muito boa. Leila e Lays tem energia de fadas e a Letícia de bruxa.
Ela nos ofereceu ajuda, e me disse que poderia escrever a psicografia. Mais teríamos que todos os dias ir visitá-la.
Isso não era problema, o que eu queria era saber se minha irmã estava bem. Certo dia nós conversamos sobre espíritos, eu perguntei a Luna:
-Faz tempo que você vê espíritos?
-Sim. Vejo desde minha infância.
-Já te aconteceu algum fato estranho?
-Não sei. Mais outro dia o espirito de uma menina veio até mim para escrever uma carta, e pediu para entregar à sua mãe. Ela deu o endereço e tudo, quando fui até a casa a senhora era ateia.
Nem sei se ela chegou a ler a carta.
-Eu também vejo espíritos, mais minha família não aceita muito bem.
-A sua família ou sua mãe?
-Minha mãe.
-Eu também passei por isso, mais hoje em dia ela acostumou.
-Espero que comigo seja assim também.
-Leila, qual é o seu animal de poder?
-Lobo.
Quando respondi isso, ela ficou surpresa. E eu perguntei:
-O que foi?
-Nada. É que a maioria das bruxas tem como animal de poder o gato.
-O seu é qual?
-O gato.
-Que estranho, eu não sabia disso.
-Eu e alguns bruxos daqui, todas as madrugadas nos unimos para fazer magia.
-E por que de madrugada?
-Por que é mais fácil trabalhar com as energias das pessoas enquanto elas dormem.
-Você tem algum ritual para ensinar?
-Sim.
-Qual?
-Pode ser um para não perder dinheiro. Que tal?
-Esse é muito bom.
Então é assim, pegue um chaveiro com todas as chaves de sua casa. Seis folhas de manjericão e pressiona por três minutos, coloque em uma mesa junto com as folhas e no outro dia pegue as chaves, e as folhas jogue na natureza.
-Nossa é muito fácil.
-É mesmo, todos podem fazer.
Fiquei alguns dias sem ir na casa de Luna.
Lay minha irmã estava gravida, e queria conhecer Luna. Fui até lá com ela e quando chegamos Luna disse:
-OI, Lay!!
-Oi! Minhas irmãs falam muito de você.
-Espero que bem.
-É bem sim.
-Lay, eu estou muito preocupada com você.
-Por quê?
-Sua energia está fraca, e isso não é bom para você e a criança.
-Como assim a energia está fraca?
-Sinceramente, se você não se cuidar agora um dos dois vai morrer.
-O que você sugere?
-Um trabalho de harmonização.
-Quanto é?
-300 reais.
-Nossa que caro.
-É que a maioria das coisas são importadas.
-Vou pensar, depois te falo.
-Ok.
Alguns dias depois Lay aceitou, fazer a tal harmonização. E uma semana depois consegui minha psicografia. A carta era assim:
“Queridas irmãs e amor foram tantas coisas, tantos bons momentos e saudades. Por mais que eu risse sabia que o tempo estava se esgotando. Você sabe amor quantas vezes quis me distanciar já para não te ver chorando e triste como está. Saibam não guardo magoa de vocês, guardo apenas amor e carinho. Sinto que as coisas não andam bem por isso quero avisar para se cuidarem, afastem esse obsessor que nos faz tanto mal, para que nada aconteça novamente. Costumo passar por lugares que andei, sentir o cheiro e o barulho de casa, o riso de vocês… Sinto saudades tanto que doí em meu peito. Por mim sigam o caminho certo não se percam, cuidem-se e livre todos nós dessa terrível maldição, eu daqui ajudarei. Que Deus abençoe todos vocês”.
Quando li essa psicografia, senti um vazio muito grande. E no fundo da alma eu sabia que aquela carta, não tinha sido escrita por minha irmã.
Resolvi me afastar de Luna por uns dias, e aconteceu por duas vezes algo que não sei explicar.
Eu acordei às três da manhã, e tive uma visão de Luna e uma mulher que não sei quem é. Elas falavam das minhas irmãs e de mim.
Quando contei para ela no skype, ela nunca me respondeu. Eu insisti por várias vezes e ela nunca me respondeu.
Depois disso Luna sumiu por meses, até que um dia ela ligou para Lay:
-Alô!
-Lay?
-É sim. Quem é?
-Luna.
-Tudo bem?
-Sim e você?
-Bem. Você sumiu.
-Estou trabalhando muito. Liguei, pois preciso falar com você.
-Pode falar.
-Lembra da harmonização que eu fiz para você?
-Sim.
-Eu disse que era 300 reais.
-Isso eu já paguei.
-Então, eu disse o preço errado.
-Que!? Você está de brincadeira?
-Não.
-E qual é o preço certo?
-600 reais.
-Sua golpista.
-Opa, sem insultos.
-Ladra. Quer dizer que tudo é mentira?
-Escuta aqui, eu sou uma profissional. Fiz meu trabalho quero receber por isso.
-Eu vou te pagar sim. E você nunca mais vai me ver. Espero que você passe muito mal…
Lay pagou essa divida que ela não tinha. Depois disso ficamos sabendo que Luna foi morar no Rio de Janeiro.
Certo dia fui fazer minha meditação, para tentar me comunicar com os mortos. Quando Letícia e Lays foram até onde eu estava. Elas ficaram me olhando, e eu disse:
-O que foi?
Lays respondeu:
-Nada.
-Vocês querem participar?
Letícia respondeu:
-Sim, queremos.
-Então sentem-se e me dê as mãos, pensem em coisas boas e confiem em si.
Ficamos em silencio por alguns minutos, até que senti uma presença de alguém e disse:
-Quem está ai?
-Bianca.
-Quantos anos você tem?
-23 anos.
-O que você quer?
-Ajuda das três irmãs.
-Por que de nós?
-Por que vocês têm energia e fé.
-Tem algo para nos dizer?
-Sim. Mais aqui tem alguém que está com muito medo e isso atrapalha de nos falar e ajudar as três. Quando Bianca
foi embora, logo outro espirito veio falar com a gente.
-Quem está ai?
-Renata.
-Quantos anos?
-24 anos.
-Morreu de que?
-Câncer.
-Por que não foi embora?
-Não sei.
-O que você quer?
-Ajuda das três irmãs e reza.
Não sei por que mas os espíritos sempre queriam ajuda das três irmãs. Eu sempre tive obsessão pelo numero três e pelo visto não sou a única.
Eu depois disso fui conversar com minhas irmãs.
-Letícia, Lays!!
Elas caminharam até mim, e eu disse:
-Tudo bem?
Letícia respondeu:
-Sim. Mais algo aconteceu.
-O que?
-Durante nossa sessão de meditação, eu pensei ter visto uma mulher e até escutei ela falar.
-Você viu sim.
-Por que eu?
-Por que esse é o seu dom. E você Lays?
-Eu também estou bem. E eu só escutei a voz, não vi ninguém.
-Pelo visto todas nós temos um dom.
Agora só falta descobrir o que o mundo espiritual quer de nós três. Combinamos que a cada dia uma falaria com os espíritos, e tentaria obter respostas. No dia seguinte Letícia estava no comando da meditação, e quando sentiu a presença disse:
-Quem é?
-Ana Lúcia.
-Há quanto tempo você morreu?
-Morri há três anos.
-Tem mais espíritos aqui?
-Sim.
-Quantos?
-Cinco espíritos.
-Quem são eles?
-Emanuel, Luiz, André, Rosa e Mônica.
-Porque vocês querem nossa ajuda?
-Por que vocês tem ligação com o mundo espiritual.
-Qual de nós tem a maior ligação?
-Leila é a mais forte e sensível.
Quando o espirito foi embora, Lays disse:
-Leila você que inventou isso, a culpa é sua.
-Eu não, nem sabia que isso iria acontecer.
-Agora vamos ter que ficar rezando a vida toda.
-Não precisa ser todo dia, marcamos um dia na semana para isso.
-Eu não quero.
-Você não pode fugir.
No outro dia eu assumi o comando da meditação, foi quando apareceu uma luz e disse:
-Vim ver o progresso das três irmãs.
-Quem é você?
-A luz que vê.
-Qual é o seu nome?
-Luz e só.
-O que você quer?
-Leila você é mais sensível.
-O que você quer de nós?
-Vocês tem uma missão.
-Qual?
-Ajudar. As três tem que ajudar, e tem que ser assim. E sumiu.
A luz disse que temos uma missão, mais ajudar quem? E como?
Tínhamos muitas perguntas e poucas respostas. No dia seguinte Lays com um pouco de medo ficou no comando. Ela disse:
-Tem alguém ai?
-Sim.
-Qual seu nome?
-Raciel.
-Por que nós nunca conseguimos falar com anjos?
-Por que vocês são seres iluminados de alma angelical.
-E o que você quer da gente?
-Vocês tem uma missão.
-Qual?
-Ainda não posso dizer.
Nós anjos? Eu não acreditei nisso não.
Raciel passou a ser uma visita frequente, nos ensinava coisas e pedia para fazermos coisas. Até que um dia, algo aconteceu.
Em uma de nossas meditações ele disse:
-Meu nome não é Raciel. E eu perguntei:
-Então qual é o seu verdadeiro nome?
-Dimuz!!!!!!
Quando ele disse isso Lays agarrou o pescoço de Letícia, e começou a enforcá-la.
Foi muito difícil fazer ela largar Letícia. Dimuz deve ser algum demônio.
Depois do ocorrido nos resolvemos dar um tempo nas meditações. Eu queria respostas e decidi procurar ajuda. Procurei ajuda de uma cigana. Quando cheguei ao consultório da cigana Fátima, ela me olhou por um tempo e disse:
-Sente-se menina.
-Obrigada!
-O que você procura?
-Respostas.
-Vou tentar resolver suas questões mais profundas.
-Que bom, eu espero que consiga.
Ela começou a mexer as cartas, fechou os olhos. Depois começou abrir o jogo.
Eu não entendia nada, até que ela me disse:
-Sua mãe só vai gostar de você, quando você tiver dinheiro.
-Nossa!
-O que foi não era isso que você queria saber?
-Sim é uma das coisas.
-Você tem uma prima com a letra N, que tem inveja de você. Sabe quem é?
-Sei sim.
-Sua irmã não morreu de AVC, e sim de meningite mal tratada.
Vocês devem estar pensando: “Não vai acreditar nela, vai?”
Mais eu não contei que minha irmã teve meningite, e outra coisa eu falo com espíritos não posso julgar ninguém. Como ela parou de falar eu resolvi perguntar:
-Minha mãe vive doente o que ela tem?
-O que ela tem é espiritual, os médicos nunca vão descobrir o que ela tem.
-Espiritual?
-Sim. Uma maldição, que uma antiga vizinha antes de seu nascimento jogou nela. Ela sofrerá com a sensação de um bicho que anda dentro de seu corpo, se ele chegar até sua cabeça ela irá ficar louca.
-Não tem como ajudá-la?
-Tem sim, procure alguém de sua confiança.
-Eu quero saber se vou ser feliz?
-Você só vai ser feliz quando sair de sua casa.
-Por quê?
-Porque na sua casa tem muita energia negativa que te atrapalha. Por isso que você sente muita dor de cabeça.
-É verdade minha cabeça doí muito, não há remédio que cure.
-E o que mais quer saber?
-Eu e minhas irmãs temos um grupo, o que você me diz sobre isso?
-Vocês três vão ser sucesso.
-E o que mais?
-Você irá encontrar um homem muito importante, que lhe ajudará muito.
-Quando?
-Talvez em novembro, na viagem que irá fazer.
Quando fui embora de lá, fiquei triste. Pois já é ruim saber que minha mãe não gosta de mim e agora sei que é interesseira.
Mais eu estava feliz com as outras coisas que ela havia me dito, agora era só esperar para ver as coisas acontecerem.
Os espíritos continuavam a vir até mim, eu algumas vezes os ignorava. Mais outras acabava falando com eles.
-Qual é o seu nome?
-Amanda.
-Quantos anos?
-17 anos.
-O que você quer?
-Ajuda.
-De quem?
-Das três irmãs.
-Quem são elas?
-Vocês.
-Por que você ficou aqui?
-Não sei.
Eu odeio quando eles dizem: “Não sei ou Não posso dizer”.
Já que eles querem minha ajuda, por que eles também não me ajudam??
O espirito de Otávio tinha sumido por um tempo, mais voltou. Esse espirito é muito gente fina, ele sempre responde minhas perguntas.
-Otávio, para onde você foi quando morreu?
-Eu não via nada, depois eu sai de lá mais não sei como.
-Você foi para algum vale?
-Acho que onde fiquei era um.
-Qual?
-Não sei.
-O que tinha lá?
-Às vezes havia algo que ficava atormentando, e era pior que tudo que passei na vida.
-O que você tem para dizer para mim e minhas irmãs?
-Vou fazer um pequeno resumo.
-Ok.
-Leila você tem garra, basta crer ai vai ter sucesso. Letícia tudo é passageiro, mais haverá algo que permanecerá. Lays o futuro que lhe pertence, será promissor mais seja humilde.
Será que devo acreditar nisso? Afinal Otávio não é um espirito de luz, ele pode ser um zombeteiro. Mais dizem
que algumas vezes eles dizem a verdade. Pensando nisso eu resolvi perguntar para o Jota, se o que ele me disse era verdade.
Jota é um homem de uns 34 anos, de cabelos grandes, sempre aparece de túnica branca. E sempre me ajuda, e sempre me diz as vezes o que vai acontecer.
Acredito que ele é o meu mentor. Quando ele apareceu eu disse:
-Jota é verdade as coisas que Otávio disse?
-Leilinha, a verdade é dita de varias formas. E muitas historias serão contadas, cada um acredita no que convêm.
Eu odeio quando ele faz isso. Seria mais fácil dizer: “Sim ou Não”.
Jota sempre apareceu com esses textos decorados, nunca me respondeu o que quero saber.
O grande dilema de minha vida é: “Será que sou realmente filha do meu pai?”
Isso ele nunca me respondeu, mais os outros espíritos dizem que não. Acho que nunca vou saber, eu nunca vou ter coragem de perguntar para minha mãe. Às vezes acho que os espíritos sabem mais de minha vida que eu mesma.
Depois de alguns dias, coisas estranhas começaram acontecer. Certo dia acordei as seis da manhã, e vi um homem na porta do quarto de minhas irmãs, ele parecia com meu pai. Eu fui até o corredor e disse:
-Pai!?
O homem não respondeu nada. Mais eu sabia que não era meu pai, pois àquela hora ele não está em casa. Eu continuei andar em direção a ele, até que ele sumiu diante de meus olhos.
As vezes acho que tudo isso é culpa da brincadeira do copo, que fazíamos quando crianças.
A ideia da brincadeira é que o espirito vá até a letra ou numero respondendo as perguntas. Algumas pessoas com mais sensibilidade pode arranjar para si uma serie de problemas, podendo tornar-se possuída. Os brincadores de copo também podem ser vitimas de zombeteiros. Nesses casos, não é sua casa que está assombrada, mas é você a antena de aproximação de entidades não evoluídas.
Dizem que aqui na minha casa já mataram pessoas, não sei se isso realmente aconteceu ou se é lenda. Mais o fato é que a grande maioria das pessoas que moram aqui, já viram no banheiro o espirito de um homem enforcado.
Quem seria ele? Eu nunca o vi antes. Alguns fantasmas aparecem em fotos ou derrubam objetos. Outro dia estávamos na cozinha, quando teve um barulho na sala. Mais lá não tinha ninguém. Chegando lá, a Nossa Senhora de Aparecida que fica na estante estava no chão. Outra coisa estranha foi que eu e minhas irmãs estávamos ouvindo musica e conversando sobre um amigo que havia falecido, e alias naquele dia fazia uns cinco anos de sua morte. Minha irmã Lay me perguntou:
-Leila, hoje fazem cinco anos que o Aírton morreu?
-É verdade.
Quando eu respondi o radio desligou sozinho. Nós ficamos olhando uma para a cara da outra.
Aqui em casa é comum estalos nos objetos, gemidos, passos. E também o sentimento de tristeza que nos possuía. E muitas vezes a noite até no verão o frio se instaurava aqui em casa.
Já vi vultos, luzes dentro de casa, sentir cheiro de perfume de velas apagadas, de lixo, carniça, e de coroa de flores de cemitério.
Uma dessas noites eu estava quase dormindo quando comecei a sentir o cheiro de palheiro, como se alguém estivesse fumando ao meu lado de minha cama. Acendi a luz e não vi ninguém.
Mais eu continuava a sentir o cheiro e a presença de alguém. Então deduzi que algum tipo de entidade ou algum tipo de caboclo, índio cultuados na religião de umbanda veio me visitar a pedido de alguém ou por vontade própria. Ou deveria estar sofrendo ataques psíquicos de inimigos ocultos…
Com o tempo as coisas só pioraram, minha irmã Letícia começou a me assustar. Durante a noite ela começou a se levantar com os olhos fechados.
As vezes falava com a cabeça virada para mim, mais parecia falar em outro idioma. Algumas vezes eu acordava por que ela me acordava, segurando meu braço com muita força.
Mais o pior foi quando ela levantou dizendo:
-Eu quero a faca!!!
Eu acendi a luz e vi que ela estava dormindo, e impedi que ela saísse do quarto.
Confesso que comecei a perder o sono, tinha que não dormir para impedir, que ela se matasse ou a outras pessoas.
Na terceira vez que isso aconteceu, foi pior. Eu estava dormindo, pois estava exausta, quando Letícia me acordou dizendo:
-Eu voltei!!!
Eu não sei explicar, mais eu sabia que não era ela. E continuou a dizer:
-Você não lembra de mim?
No fundo do meu coração eu sabia quem era, mais eu resolvi dizer:
-Não!! Quem é você?
-Seu maior pesadelo…
Quando ele me disse isso eu tive certeza, era a sombra negra que estava no corpo de minha irmã. Eu perguntei:
-O que você quer?
-Mate eles.
-Não!!
-Não sei por que você gosta deles… Eles te odeiam…
Eu parei por alguns minutos, ele dizia a verdade. Mais eu nunca faria mal para eles. E respondi:
-Eu não farei mal a eles.
-E eles, será que eles não fariam a você?
-Me deixa em paz.
-Não!! Eu vou levar mais um, eu vou te deixar sozinha.
-Não! Me leva e deixa eles.
-Então se mata.
-Não, nunca.
Eu comecei a rezar, a pedir a deus que levasse aquele ser para bem longe de mim e minha família. Aos poucos senti o medo passar, e minha irmã voltou ao normal.
No outro dia fomos procurar a vozinha, ela benzeu minha irmã. E disse que minha irmã estava recebendo passagens negativas. Que aproveitavam para falar comigo. Como andava acontecendo coisas estranhas, fui procurar o significado de algumas coisas.
Espíritos são os habitantes de Spiritum, o Reino dos Mortos. Eles também englobam, todos aqueles que residem nos vales espirituais.
Um espirito cumpriu boa parte de sua missão na Terra e está vivendo em harmonia em Spiritum ou no Vale espiritual que escolheu. Frequentemente estuda ou participa de missões para o local onde reside, sejam elas de auxilio a humanos, doutrinação de espíritos, exploração dos vales, umbrais ou pesquisas.
Um fantasma possui uma missão a cumprir. Ela pode ser complexa ou simples. Pode demorar dias, meses, anos ou séculos.Quando ele cumprir, estará livre para evoluir novamente. Já as aparições demoram a compreender o porquê de suas existências. Normalmente passam de um há dois anos em choque, sem compreender exatamente o que está acontecendo… Muitas vezes acordam ao lado de seus corpos, enterrados em um caixão, e passam meses ou até mesmo anos apodrecendo ( bem.. tendo a impressão de que apodreceu), até que consigam escapar novamente. Muitas inconscientemente apodrecem seus espíritos até adquirem formas que lembram corpos apodrecidos ou mesmo cadáveres decompostos.
Certo dia minha família saiu, e eu fiquei sozinha em casa. Resolvi desafiar o ser que me perseguia, eu comecei a gritar:
-Aparece!!
E nada acontecia, foi ai que comecei a falar:
-Covarde!!! Aparece!!
Quando falei isso uma sombra negra começou a se formar na minha frente. Eu pensei que isso não iria acontecer, pois era dia e essa sombra só aparecia para mim na madrugada.
Ela ficou diante de mim, confesso que senti muito medo. Tomei coragem e perguntei:
-O que você quer?
-Você!!
-Eu!? Por quê?
-Você sabe…
Como eu podia saber? Pelo visto aquela sombra não vai me dar respostas claras. Foi ai que a sombra disse:
-Se você quiser eu levo outro em seu lugar, é só você escolher.
-Não!!
-Por que não?
-Eles são minha família.
A sombra deu uma risada assustadora, e disse:
-É isso que você chama de família? Eles te abandonaram quando você era criança, e o seu “pai” não é esse.
-Não importa, pai é quem cria. E eu já perdoei minha família por tudo o que eles fizeram.
Conforme eu discutia com a sombra o ambiente começava a ficar escuro, e até era possível ouvir vozes e gritos desesperados.
A sombra me disse:
-Quer saber quem é o seu pai?
-Não!!
-Por quê?
-Eu já sei quem ele é.
-Eu vou fazer sua família sofrer, até não restar ninguém.
-Por que você faz isso?
-Eu gosto de atormentar você!!…
A cada minuto o medo aumentava e a sensação de frio também. Foi ai que comecei a rezar no pensamento, e a sombra disse rindo:
-Está rezando!? Isso não vai te ajudar.
-Quem é você?
-Você quer mesmo saber?
-Quero!!!
-Tenho vários nomes.
-Então me diz um?
-Arddhu!!
E a sombra que estava em minha frente, começou a tomar forma. Era um ser de chifres de veado, sentado na posição de lótus, nu. Parecia ter um escudo ou uma espada na mão, não me recordo ao certo. Um ser assustador, o meu medo só aumentou. Eu fiquei imóvel e sem falar nada, aquele ser me perguntou:
-Gostou?
Eu não conseguia falar, o medo havia me paralisado. Foi quando não sei como Arddhu, pegou em meu pescoço. Naquela hora pensei que iria morrer, ele começou a me enforcar.Eu sentia suas mãos frias em meu pescoço, foi uma sensação horrível.
Quando estava quase perdendo os sentidos, escutei minha família chegando. O ser sumiu, espero que nunca mais ele apareça, não contei a ninguém o ocorrido. Quem iria acreditar que um ser do além tentou me matar?
No outro dia fui pesquisar sobre Arddhu, afinal era a única coisa que eu podia fazer.Descobri que na mitologia galesa ele é o Deus dos bosques, uma divindade cornuda das árvores e das coisas verdes que crescem na Terra.
Seus símbolos eram o veado, o carneiro, a serpente cornuda, o touro e o ouro. Tinha influencia sobre animais, a visibilidade, a fertilidade, amor físico, a natureza, bosques, encruzilhadas, riquezas, guerreiros, comércio, e reencarnação.
E também é muito conhecido como Cernunnos, que é o Deus da natureza e do mundo subterrâneo do plano astral. E no tarot de Marselha, ele representa o Diabo. Arddhu em galês antigo significa o escuro. Talvez por isso eu o vi como uma sombra negra, antes dele mostrar sua verdadeira face.
Procurei ajuda e me deram dois amuletos, a estrela de Davi que é dois triângulos sobrepostos, onde eles representam a união do céu com a terra e formam uma estrela de seis pontas. Serve para proteger o corpo.
E a Carranca que tem como objetivo proteger e assustar, afugentar os espíritos malignos, porém é uma imagem muito feia. Por enquanto os amuletos estão ajudando, mais eu me pergunto até quando?
As vezes ainda acontece coisas estranhas como minha irmã acordar e levantar a noite gritando:
-666 o número do inferno!!!
Isso é um sinal de que Arddhu está por perto ainda,só esperando o momento certo de agir. E a única coisa que posso fazer é esperar……