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O anjo com asas de papel

O Anjo Com Asas de Papel – Capítulo 08

Capítulo 08

Missão Diretoria

 

 

   Cena 01 – Orfanato Coração de Mãe. Jardim.

Felipe: Espera aí, espera aí Gabriel, qual é o seu plano?

Gabriel: Eu já disse, vamos entrar na diretoria do orfanato.

Maria: Mas Gabriel, e se alguém nos vir?

Gabriel: O plano é o seguinte: eu e você Malu vamos entrar na sala da diretoria e procurar nas gavetas, prateleiras pra ver se encontramos esses registros, e você Felipe fica no corredor vigiando, se a Madre Luiza aparecer você dá um jeito de não deixar ela entrar na diretoria.

Felipe: Ok. Mas Gabriel, como isso vai te ajudar? Como você vai saber quem é o seu irmão?

Gabriel: Quando acharmos o caderninho e os registros é só eu pegá-los e olhar eles escondidos, no registro de adoção obviamente deve ter o nome e a data em que a criança foi deixada aqui e no caderninho também. No diário da minha mãe ela diz que abandonou o meu irmão aqui na mesma noite em que escreveu no diário o que fez e a data está na página.

Maria: Agora eu entendi, você vai conferir a data de abandono do seu irmão no diário da sua mãe pra ver quantas crianças vieram pra cá nesse mesmo dia pra ver se você descobre se ele foi adotado ou não.

Gabriel: Isso mesmo.

Felipe: Ótimo plano!

Gabriel:Eu sei. Então, vocês topam?

Felipe e Maria, juntos: Tudo bem!

 

   Cena 02 – Corredor do 2º andar.

Os três estão no corredor do 2º andar do prédio do orfanato procurando a diretoria.

Gabriel: Tem certeza que a Madre Luiza tá lá na cozinha?

Felipe: Absoluta!

Gabriel: Ótimo. Algum de vocês sabe onde é a diretoria?

Felipe: Sei lá, esse lugar aqui tem tantos corredores que às vezes mais parece que a gente táno hotel Overlook.

Maria abre uma das portas.

Maria: Acho que é aqui.

Os três entram. Na sala estão prateleiras de livros, móveis, uma mesa parecida com a de um diretor de escola, uma janela, e algumas coisas como papéis, escancelas, lápis e uma estatueta de Jesus em cima da mesa.

Maria:É, eu acho que é aqui mesmo.

Gabriel: Tudo bem, Malu, você procura nas prateleiras que eu procuro nas gavetas da mesa da madre, Felipe, fica no corredor vigiando pra ver se alguém aparece.

Felipe sai da sala: Tudo bem!

Maria começa a olhar os vários livros na prateleira. Gabriel abre uma das gavetas e começa a verificar o que tem nela. Maria olha nas prateleiras livros grossos sobre ensinamentos da bíblia, a palavra de Deus, etc. Gabriel encontra na gaveta alguns papéis como cheques de doação, anotações de contas, algumas folhas em branco, documentos das freiras, etc.

Gabriel: Encontrou alguma coisa Malu?

Maria, olhando os livros na prateleira: Nada ainda.

Gabriel fecha a gaveta com muita força e a mesa balança. A estatueta de Jesus balança também e cai de cima da mesinha. Gabriel consegue ser rápido e a segura antes que ela se espatife no chão.

Gabriel, aliviado: Ufa! Essa foi por pouco.

Gabriel abre a outra gaveta da mesa. Ele encontra bem no começo dos papéis uma escancela grande e cinza com um papel escrito “Registros”. Maria acha no final da pilha de livros um caderno velho, ela o abre e nele estão anotações muito antigas, algumas datadas do início da década de 1990.

Maria: Gabriel, achei um caderninho de anotações.

Gabriel, abrindo a escancela: E eu achei isso. Estão aqui, estes são os registros de adoção das crianças do orfanato.

Maria: Ótimo, acho que é melhor irmos embora.

Felipe entra, nervoso: Sujou gente, a Madre Luiza tá vindo aí.

Gabriel: O quê? Vamos cair fora.

Felipe: Não dá, ela já tá no outro corredor, ela vai nos ver.

Maria: Ah não, e agora?

Gabriel: Felipe, distrai ela, leva ela de volta pra cozinha.

Felipe fecha a porta e corre pelo corredor. Ele esbarra na madre.

Madre Luiza: Felipe, por que está correndo assim?

Felipe, com as mãos na barriga: Ah madre, me ajuda, eu tô com uma dor de barriga e tanto.

Madre Luiza: Mas como assim? O que você está sentindo?

Felipe: Tá doendo muito, por favor, faz alguma coisa.

Madre Luiza: Bem, eu vou até a minha sala telefonar pro médico.

Felipe segura a madre pelo braço: Não, não, não, não, não!

Madre Luiza: Mas como não? Você não disse que está doente?

Felipe: Não é tão ruim assim, eu acho que eu só preciso de um copo d’água e depois me deitar um pouco, me leva até a cozinha?

Madre Luiza:Não sei não querido, talvez fosse melhor…

Felipe sai andando puxando a madre pelo braço: Vamos, vem, é rápido.

Felipe leva a madre para fora do corredor. Gabriel e Maria saem rapidamente de dentro da diretoria e correm para seus dormitórios.

 

   Cena 03 – Interior. Delegacia da cidade.

Paulo, Antônio e Laura dão a queixa do desaparecimento dos filhos ao delegado Fernando.

Paulo: Dois deles tem 14 anos, o outro tem 15.

Fernando, olhando as fotografias dos garotos: Há mais ou menos quanto tempo eles sumiram?

Paulo: A última vez que vi o meu filho foi há duas noites.

Antônio: Nós também.

Fernando: E mais ninguém os viu depois disso?

Paulo: Bem, nós chegamos a passar na casa de alguns amigos deles pra saber se os tinham visto, mas nenhum sabe de nada.

Fernando: E vocês disseram que um dos garotos atendeu a sua ligação e disse que os três estavam juntos aqui na cidade?

Paulo: Bem, ele não disse que era essa cidade, mas era uma cidade.

Laura, quase chorando: Doutor delegado, o senhor precisa encontrar os nossos filhos!

Fernando, levantando-se: Não se preocupem senhores, vamos dar início às buscas imediatamente, se os seus garotos estão mesmo nesta cidade, nós irmos encontrá-los.

 

   Cena 04 – Rio de Janeiro. Orfanato. Sala de estar. Horas depois.

Maria está sentada no sofá quando Sofia chega pra junto dela.

Sofia, sentando-se junto a Maria: Oi Malu.

Maria: O quê?

Sofia: O que o quê?

Maria: Ah, desculpa Sofia, é que eu só tô acostumada com o Gabriel me chamando assim.

Sofia: Sei, sei. Então, o que tá achando do orfanato?

Maria:É, o lugar é bonito e parece ótimo.

Sofia: Realmente é, em pouco tempo vocês vão se sentir em casa.

Maria: Espero.

Sofia, se aproximando: Maria, me responde uma coisa, o Gabriel, ele tem namorada?

Maria, surpresa: Como é que é?

Sofia, sem jeito: É…sabe, eu achei ele tão gatinho, tão simpático, por acaso ele tem namorada?

Maria: O que isso te interessa?

Sofia: Nada, eu só queria saber.

Maria, levantando o dedo e irritada: Pois presta bem atenção no que eu vou te falar, fica bem longe do Gabriel, ouviu garota?

Sofia, assustada: Tá bom!

Maria, mais calma: Ah, desculpa Sofia, eu não queria falar desse jeito.

Sofia: Puxa Maria, falando assim, mais parece que ele é seu namorado ao invés de seu irmão.

Maria, rindo disfarçadamente: O quê? Não, que que é isso? É que somos muito unidos e temos um pouco de ciúmes um do outro.

Sofia: Sei…

 

   Cena 05 – Jardim dos fundos do orfanato. Um tempo depois.

Os meninos estão todos juntos, ao que parece eles irão jogar uma partida de futebol. Um dos garotos, provavelmente o mais alto deles, está com a bola na mão, o nome dele é Joaquim.

Joaquim, alto e claro: Muito bem rapazes, então agora vamos jogar uma partida de futebol, vamos nos dividir e formar os nossos times.

Todos os garotos começam a se juntar, formando os dois times. Felipe e Gabriel estão sentados em um banquinho perto da parede quando o Joaquim se aproxima dos dois.

Joaquim: E aí, vocês são os novatos, certo?

Felipe: Isso, eu sou Felipe e esse é meu irmão Gabriel.

Joaquim aperta a mão dos dois: Joaquim. Então, vocês não vão querer bater uma bola com a gente não? Tá faltando um no meu time.

Felipe: Cara, eu tava esperando você nos convidar.

Gabriel: Vai você Felipe, eu não tô a fim não.

Felipe: Ah, qual é Gabriel? Vamos, você quase nunca jogou, vamos os dois no mesmo time.

Joaquim: Opa, aí complica, porque aí um time vai ficar com um jogador a mais que o outro.

Gabriel: Tá vendo? Vai só você Felipe.

Ângelo chega pra junto dos três: Eu posso jogar no outro time?!

Joaquim:Ângelo? Você vai querer jogar?

Ângelo: Qual o problema? O outro time tá faltando jogar, eu posso jogar?

Felipe: Já que você insiste, vem Gabriel, você vai jogar também.

Os dois times se dividem um pra cada lado do jardim. As redes do gol são feitas com o improviso de dois banquinhos lado a lado. São mais ou menos 10 garotos cada time.

O jogo começa. Os garotos começam a jogar, Joaquim logo pega a bola e a passa para um dos garotos do seu time. Um dos garotos do outro time pega a bola dele. O garoto se aproxima de fazer um gol, mas Felipe recupera a bola que Ângelo logo lhe toma. Ângelo está passando por todos os jogadores e está perto de conseguir um gol. Quando está quase lá, Gabriel é rápido, lhe toma a bola, a chuta com força e ela passa direto pelo gol do outro time. O time de Joaquim comemora o gol de Gabriel.

Joaquim, animado: Eh garoto novo, mandou bem!

Felipe, dando leves tapinhas nas costas de Gabriel: Viu só? Eu disse que era bom jogar.

O jogo retorna. Um garoto pega a bola e começa a correr com ela pelo campo. Joaquim pega a bola e corre com ela, até que outro garoto do outro time pega a bola dele e a passa para Ângelo. Ângelo corre com a bola e está prestes a chutar, e ele chuta, mas a bola não vai em direção ao gol, ela vai direto em direção a Gabriel. A bola acerta Gabriel bem na corcova e o garoto cai no chão.

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