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O anjo com asas de papel

O Anjo Com Asas de Papel – Capítulo 01

Capítulo 01
Uma Nova Vida

Cena 01 – Vista de cima da floresta.
Gabriel, narração: Eu acho que vocês já devem ter ouvido falar de mim, se me conhecem sabem que eu já passei por algumas sérias dificuldades de espírito porque nasci meio diferente, com asas nas costas. Meu pai me humilhava, meus colegas me evitavam, mas hoje em dia tudo está melhor e eu posso dizer que vivo feliz, nunca conheci minha mãe, mas sempre a amarei. Eu achava que depois de tudo aquilo, minha vida seria tranquila, mas eu ainda tive que encarar mais uma confusão.

Cena 02 – Fazenda. Quarto de Gabriel.
Gabriel está deitado em sua cama escrevendo em seu diário.
Gabriel, escrevendo: As coisas na fazenda estão indo muito bem, a safra dos últimos meses foi ótima, eu e meus pais podemos nos considerar ricos, os alimentos das nossas plantações são importados até pro Rio de Janeiro. Claro que às vezes eu sinto falta de uma mãe ou qualquer outra pessoa aqui na minha casa, ou minha mãe ou até um irmão pra mim, eu tenho amigos, mas meu trabalha tanto que na maior parte do tempo eu fico sozinho.
Paulo entra no quarto: Oi meu filho.
Gabriel, fechando o diário: Oi papai.
Paulo senta-se na cama: Então, eu vou até agora lá nas plantações, quer ir comigo?
Gabriel: Fazer o que exatamente? Você não me deixa empunhar uma enxada.
Paulo: Talvez, mas eu gostaria que você se familiarizasse com os meus negócios, você um dia vai ter que tomar conta de tudo aqui, não é?
Gabriel: Talvez sim, mas eu acho que agora eu vou dar uma passada na casa da Malu.
Paulo: Você agora só vive lá, né?
Gabriel: Algum problema pro senhor?
Paulo: Não querido, problema nenhum, eu sei bem como é isso de estar apaixonado.
Gabriel se levanta: Imagino que sim. bem, eu acho que eu já vou.
Paulo se levanta: Nesse caso, eu também.

Cena 02 – Casa dos Oliveira. Quarto de Maria e Felipe.
Maria e Gabriel estão conversando, Maria está sentada em sua cama e Gabriel está na cama de Felipe.
Maria: Então, o que a gente vai fazer hoje?
Gabriel: Sei lá, eu pensei em a gente sair hoje à noite, pegar um cinema, o que que você acha?
Maria: Pode ser, se as “gabrielzetes” não atrapalharem.
Gabriel: Como é?
Maria: Você sabe do que eu tô falando Gabriel, é difícil pra gente sai por algum lugar na rua que logo aparece um bando de meninas assanhadas querendo arrancar as suas roupas.
Gabriel: Mas qual o problema? Elas só querem ver as minhas asas, e eu não ligo pra isso.
Maria: Mas acontece que eu ligo, você é meu namorado e aquelas meninas deviam respeitar isso.
Gabriel: Você tá exagerando.
Maria: Jura? Várias meninas da nossa turma da escola alteraram a foto dos perfis delas no Facebook por uma selfie com você!
Gabriel, sem jeito: Bem, o que você quer que eu faça?
Maria: Esquece Gabriel, por mim a gente pode ir no cinema hoje.
Gabriel: Beleza.
Maria se levanta: Eu tô com sede, vou ali na cozinha pegar um copo de suco, quer um pouco?
Gabriel: Quero sim.
Maria vai até a porta, quando ela a abre, Felipe cai no chão, ele estava escorado na porta e está com um copo na mão.
Gabriel: Felipe?
Maria: O que você tá fazendo aqui garoto?
Felipe se levanta: Hum… Eu ia entrar quando você abriu a porta.
Maria: Você tava era ouvindo a nossa conversa não é?
Felipe, sem jeito: O quê? Não, eu nunca faria isso.
Maria: E esse copo aí na sua mão?
Felipe: Isso? Eu tava com sede.
Maria sai do quarto: Sei, acredito.
Felipe, irônico: Nervosinha.
Gabriel: Mas você também hein Felipe, que ideia é essa de ficar nos ouvindo?
Felipe: Mamãe e papai não estão em casa então é meu dever ficar de olho em vocês, o que acha que pensariam se soubessem que você e a Maria ficam sozinhos dentro do quarto?
Gabriel: O quê? Você é inacreditável!
Felipe: Inacreditável são vocês dois, se não fosse por mim os dois não estariam juntos, deviam me agradecer ao invés de ficarem me reprovando.
Gabriel: Sabe Felipe, eu acho que se tivesse sua própria garota, não ficaria se metendo tanto assim na vida da sua irmã.

Cena 04 – Plantações.
Paulo está com seus empregados ajudando na colheita.
Paulo: Então Antônio, como está indo a plantação?
Antônio: Ah, muito bem seu Paulo, a safra desse ano vai ser das boas.
Paulo: Ótimo, ah, eu não vejo essas plantações bonitas assim desde a época da minha esposa.
Antônio: É, e as coisas também não eram assim há alguns meses.
Paulo: Pois é, agora que eu e meu filho estamos nos dando melhor as coisas estão ótimas aqui.
Antônio: Pois é patrão, parece que quando o senhor está de bom humor as coisas aqui ficam boas.
Paulo: É mesmo. Eu e meu filho estamos unidos, ele está tão feliz quanto eu, além de voar está namorando…
Antônio: Verdade, minha filha também gosta muito do seu garoto, eu espero que ele não venha a magoar ela, viu patrão?
Paulo: Não se preocupe, ele nunca faria isso.
Paulo olha para o céu.
Paulo, suspirando: Ah, mas às vezes eu queria ter a minha Teresa de volta.

Cena 05 – Fazenda. Quarto de Paulo.
Gabriel entra sorrateiramente no quarto do pai, ele está sem camisa e suas asas estão à mostra. Ele está como um corte em sua asa direita.
Gabriel, com a mão na asas: Ah, eu não devia ter voado tão baixo, acabei acertando em uma árvore, droga.
O corte não é grande coisa, mas Gabriel precisa passar algo nele se não pode infeccionar. Ele vai até o guarda-roupa.
Gabriel, procurando na gaveta do guarda-roupa do pai: Hum, onde será que o papai guarda aquela pomada?
Ele procura, mas não encontra nada.
Gabriel: Pensa, pensa, onde mais o papai poderia esconder uma pomada? Ah, já sei!

Cena 06 – Sótão.
Gabriel entra no sótão.
Gabriel: Que lugar mais sinistro esse.
Ele começa a procurar em algumas caixas empilhadas próximas a parede.
Gabriel: Se o quite de primeiros-socorros não tá no quarto dele, só pode estar aqui em algum lugar.
Gabriel procura em muitas caixas, mas não encontra nada. Ele olha várias, mas a maioria está cheia de papéis ou coisas antigas como máquina de escrever, livros, ferramentas, etc.
Gabriel, tossindo: Acho que o máximo que eu vou conseguir aqui é uma doença nos pulmões!
Até que ele chega a uma das últimas caixas do lugar. Gabriel abe a caixa e ela está cheia de livros. Ele tira alguns livros, uns ciência, outros de gramática, até que no final da pilha ele encontra um pequeno caderno lacrado, mas muito grosso, e na capa está escrito “Diário”.
Gabriel, pega o caderno: Hum, o que será isto aqui?
Gabriel vê uma chave que estava escondida debaixo do caderninho. Ele a pega e com ela consegue abrir a pequena tranca do caderno.
Gabriel, abrindo o caderno: Puxa, é um diário da minha mãe!
Gabriel folheia algumas páginas lentamente. Algumas estão escritas coisas muito antigas, desde os tempos de escola de Teresa até quando ela começou a exercer a profissão de médica. Páginas a frente, Gabriel começa a encontrar fatos que o animam.
Gabriel, surpreso: Nossa, aqui tá escrito o dia em que ela conheceu o meu pai! Quando eles começaram a namorar… Quando ela descobriu que tava grávida de mim…
Gabriel dá uma olhada em uma das últimas páginas.
Gabriel: Aqui foi poucos dias antes de eu nascer.
O garoto volta algumas páginas e chega a uma página que o surpreende.
Gabriel: Não pode ser!
A página é de uma data de pouco mais de um ano e meio antes do seu nascimento, em uma época que Teresa ainda não conhecia Paulo, não havia se formado e morava sozinha em uma casa pequena no subúrbio do Rio de Janeiro. Nela está escrito:

“Querido diário, hoje foi uma dos dias mais torturantes da minha vida, hoje cometi um grande pecado e só espero que Deus possa me perdoar por isso. Depois de passar esses longos nove meses carregando aquela criatura inocente, aquela pobre criança em meu ventre, tomei a difícil decisão: era quase meia-noite quando saí de minha casa em meio à tempestade com uma cesta com meu bebê dentro enrolado em um cobertor. Fui até o orfanato Coração de Mãe e lá deixei-o. espero que um dia deus possa me perdoar e espero que todos naquele orfanato proporcionem ao meu filho todo o amor e não deixem que lhe falte nada, algo que nunca poderei fazer. Meu filho, onde quer que esteja, espero que me perdoe. Te amo.”

Gabriel, de queixo caído e gaguejando: Meu Deus! Não pode ser, eu… Eu… Eu… Eu tenho um irmão!

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