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O Anjo abre suas Asas

O Anjo Abre Suas Asas – Capítulo 10 (Último Capítulo)

Capítulo 10 (Último Capítulo)

Cena 01 – Fazenda Medeiros.
Antônio chega em frente a fazenda acompanhado dos três garotos.
Antônio: Aqui estamos.
Gabriel: Nunca imaginei que chegaria a passar tanto tempo fora dessa casa.
Antônio: Vamos entrar, tá preparado Gabriel?
Gabriel: Não!
De repente, Paulo sai de dentro da fazenda.
Paulo: Quem está aí?
O homem logo avista seu filho. Paulo corre como se estivesse fugindo de uma bala perdida para dar um abraço em Gabriel.
Paulo, nervoso: Gabriel? Gabriel, meu filho, você está bem?
Gabriel: Tô, eu tô bem sim pai, tá tudo bem.
Paulo: Eu fiquei tão preocupado com você, onde esteve?
Gabriel: Na floresta.
Só então Paulo repara em Antônio bem ao lado de Gabriel.
Paulo: Antônio, você o encontrou?
Antônio: Na verdade ele me encontrou, meus filhos o acharam.
Paulo: Seus filhos?
Gabriel: Pai, eles já sabem de tudo.
Paulo: Tudo? Tudo o quê?
Gabriel: Da minha corcunda.
Paulo, furioso: O quê? Como você pôde contar depois de tudo que eu disse?
Felipe: Ele não contou, a gente acabou vendo.
Paulo, puxando Gabriel pelo braço: Já chega, Gabriel vem comigo.
Gabriel: O que você vai fazer?
Paulo: Vou cortar essas suas asas fora agora!
Gabriel, assustado: Não, por favor!
Paulo, furioso: Vem logo, eu não vou mais permitir essas suas birras.
Gabriel: Me solta, tá me machucando.
Antônio se intromete na briga e faz Paulo soltar Gabriel: Solta ele!
Paulo: Você não se mete!
Antônio: Eu me meto, eu não vou deixar que você faça nada com esse garoto.
Paulo: É o meu filho, eu faço com ele o que eu quiser!
Antônio: Será que nós poderíamos conversar antes de você fazer qualquer coisa de cabeça quente?
Paulo: Não, não podemos!
Antônio: Podemos sim!

Cena 02 – Sala de estar da fazenda.
Antônio e Paulo estão de pé, um na frente do outro. Os três meninos estão na varanda esperando.
Paulo: Seja rápido, o que você quer?
Antônio: Quero te impedir de cometer o maior erro da sua vida.
Paulo: Mas do que você está falando?
Antônio: Paulo você não pode continuar a fazer isso com aquele garoto.
Paulo: Do que você está falando?
Antônio: Paulo, chega uma hora que todo pai tem que aceitar que os filhos um dia crescem e deixá-los viver um pouco.
Paulo: Eu sei disso, mas isso é o caso de crianças normais, não do Gabriel.
Antônio: O Gabriel pode ser uma criança normal.
Paulo: O quê? Mas do que você está falando? Será que você não viu aquele par de coisas bizarras nas costas dele?
Antônio: Vi, eu vi sim, e sinceramente, foi a coisa mais incrível que eu já vi.
Paulo: Como disse?
Antônio: Paulo aquele garoto nasceu com asas, aquilo pode ser uma benção, mas você só vê aquilo como uma maldição.
Paulo: É uma maldição.
Antônio: Não é, e você não tem o direito de prender o menino daquele jeito.
Paulo: Tudo o que eu faço é pra proteger o meu filho, eu não quero expor a imagem dele, eu não quero que ele se sinta um monstro ou uma aberração diante dos outros.
Antônio: Como você quer que ele não se sinta uma aberração se você próprio faz questão de fazer ele se sentir assim?

Cena 03 – Varanda.
Maria, Felipe e Gabriel estão sentados no chão do lado de um vaso de plantas.
Gabriel: Eu acho que nunca mais vou poder falar com vocês de novo.
Maria: Não fica assim Gabriel, eu sei que o papai vai convencer o seu pai a mudar de ideia.
Felipe: Mas é melhor garantir. Maria, aproveita que essa pode ser sua última chance e conta pro Gabriel.
Maria: Contar o quê?
Felipe: Que você gosta dele!
Maria fica vermelha.
Maria, brava e envergonhada: O que foi que você disse?
Felipe: Não precisa ficar vermelhinha não, ele já sabe, você só precisa confirmar.
Maria: Como é?
Gabriel: Ele me disse isso lá na floresta. Nada a ver, você não acha?
Maria fica como se procurasse o que dizer para escapar dessa situação no mínimo constrangedora. Ela só não diz nada porque Antônio aparece.
Antônio: Gabriel, o seu pai quer falar com você.
Gabriel se levanta, respira bem fundo e entra em casa, Antônio vai atrás dele. Quando os dois saem, Maria parte pra cima de Felipe.
Felipe, rindo: Ei, o que é isso?
Maria, irritada: Eu vou te matar seu idiota!
Felipe, irônico, tentando segurar os braços da irmã: O que foi? Não gostou de eu ter sido o seu cupido?
Maria e Felipe começam a brigar, ela irritada e ele rindo muito.

Cena 04 – Quarto de Paulo.
Gabriel entra no quarto e encontra seu pai sentado na cama segurando uma foto.
Gabriel, tímido: Papai, queria falar comigo?
Paulo: Filho, chega mais perto.
O garoto chega mais perto, senta-se na cama ao lado do seu pai e vê que é uma foto de sua mãe, Teresa.
Gabriel: É a mamãe?
Paulo: É sim, uma das minhas fotos favoritas. Ela era linda né?
Gabriel: É muito bonita!
Paulo: Gabriel, na noite em que você nasceu estava chovendo muito. Eu quis chamar um médico, mas eu tinha medo de expor a sua mãe e as asas dela, então fui eu quem realizei o seu parto.
Gabriel: Sim pai, eu já sabia disso.
Paulo: Meu filho, pouco antes dela morrer ela me fez prometer uma coisa, que nunca eu ia deixar nada de mal acontecer com você, e eu fiz essa promessa.
Gabriel: Você queria me proteger né?!
Paulo: É, mas agora que você fugiu de casa e conseguiu sobreviver esses dias na floresta, eu pude perceber que se eu não deixar nada acontecer com você então aí, nada vai acontecer com você.
Gabriel: O que quer dizer com isso?
Paulo: Meu filho, você sempre foi meu garotinho, mesmo você já estando assim grandão, quase da minha altura.
Gabriel: A Malu me falou sobre isso, que às vezes é difícil pros pais aceitar que os filhos um dia crescem.
Paulo: É sim. E como eu dizia, agora que eu vi que você conseguiu sobreviver na floresta, eu sei que você já está crescido, que você não é mais um garotinho e que você pode tomar as suas decisões.
Gabriel: Você quer dizer que…
Paulo: Eu sempre quis o melhor pra você, mas eu nunca parei pra pensar se o meu melhor era o seu melhor! Gabriel, a partir de hoje você é livre!
Gabriel: Livre?
Paulo: Sim, chega de tesouras, chega de regras, chega! De agora em diante você pode voar sempre que quiser.
Gabriel: Mas e o que vão dizer?
Paulo: Dane-se o que os outros disserem. Eu quero que você seja feliz.
Gabriel abraça o pai.
Gabriel, chorando: Obrigado papai, eu te amo!
Paulo: Eu também te amo meu filho, me perdoa?
Gabriel: Claro que sim!

Cena 05 – Noite.
Depois de todos se acertarem, Paulo convidou Antônio, Laura, Felipe e Maria para jantarem em sua casa. Os adultos estão na cozinha enquanto Maria e Gabriel estão na sala conversando.
Gabriel: Eu acho que hoje é o dia mais feliz da minha vida!
Maria: Eu imagino, a partir de hoje a sua vida recomeçou.
Gabriel: É. Malu, me diz uma coisa, aquilo que o Felipe disse é verdade?
Maria: O que exatamente?
Gabriel, sem jeito: Você sabe, sobre você gostar de mim.
Maria: Aquilo Gabriel? Esquece, é bobagem.
Gabriel: Claro, eu devia saber. Quer dizer, como uma garota gostaria de mim sendo que eu tinha uma corcunda nas costas?!
Maria: Não Gabriel, também não é assim. Você é um garoto muito legal, bonito e simpático, essa corcova nas suas costas não era nada perto do enorme coração que você tem.
Gabriel: Sei, diz isso pra eu me animar.
Maria: Não digo não. E sabe de uma coisa? Qualquer garota pode se interessar por você, porque você é um anjo que caiu do céu.
Gabriel: Você não seria uma dessas garotas, seria?
Maria: Eu? Gabriel, não liga pra o que o Felipe diz.
Gabriel se aproxima e pega na mão de Maria: Mas enfim, você me ajudou muito. Se hoje eu cheguei onde estou, foi graças a vocês dois, eu nunca vou me esquecer do que vocês fizeram por mim.
Maria: Imagina Gabriel, pra mim foi um prazer te ajudar, eu sempre vou estar aqui, sempre!
Os dois se olham um muito próximo do outro. De repente, cada um dos dois sente uma mão atrás da sua cabeça empurrando-a. É Felipe, que saiu de detrás do sofá e fez os dois se beijarem.
Maria, furiosa: FELIPE!
Felipe sai correndo e rindo feito um maluco.
Maria: É agora que eu mato…
Gabriel segura Maria pelo braço: Calma Malu, calma.
Maria: Como calma? Você não viu o que ele fez?
Gabriel: Vi sim, e quer saber? A gente pode fazer melhor!
Gabriel sem mais nem menos beija Maria apaixonadamente. Depois do beijo, ele sorri e ela fica vermelha.
Maria, sorrindo e sem jeito: Gabriel, o que foi isso?
Gabriel: Eu sei que é verdade Malu, dá pra ver nos seus olhos!
Os dois voltam a se beijar. Felipe vê tudo escondido atrás da porta.
Felipe, comemorando em voz baixa: Consegui! Eu sou demais!

Cena 06 – Vista de cima do mar.
Gabriel, narração: E foi assim que eu conquistei minha liberdade. Agora, minha vida não podia ser melhor! Meu pai e eu estamos muito unidos, ele às vezes até me pede pra voar comigo; na cidade, todos que me veem ficam encantados, eles acham minhas asas um milagre e que eu sou um anjo de verdade; eu e a Malu agora estamos namorando, ela e eu somos um casal perfeito, mas ela é bem ciumenta e acha ruim quando algumas meninas me pedem pra dar um passeio ou pra eu tirar a camisa e mostrar as asas; o Felipe continua se metendo entre nós dois, ele se gaba dizendo que foi o nosso cupido, esse meu cunhado realmente é o melhor amigo que eu já tive na minha vida, eu às vezes tento arranjar uma namorada pra ele.

Cena 07 – Penhasco.
Gabriel está parado na frente do penhasco.
Gabriel: Todos nós podemos voar, todos nós podemos ser livres se corrermos atrás daquilo que queremos e lutarmos. Claro que em certos momentos vamos sofrer e vai ser difícil, mas quando você sentir que tudo está desmoronando, imagine que você é um anjo e abra as suas asas e voe, recomece, pois o nosso destino está escrito, e pode ter certeza, todos nós temos o direito de ser felizes.
Gabriel salta do penhasco e alça voo em direção às nuvens.

FIM!

2 comentários sobre “O Anjo Abre Suas Asas – Capítulo 10 (Último Capítulo)

    • Obrigado, fico feliz por ter acompanhado a trama e gostado, realmente mesmo essa foi ainda minha 2 web, mas tenho muito orgulho dela. E se vc gostou dessa, espero que aguarde a minha próxima história que já está inscrita no site, promete muita emoção.

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