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MEU RIO – Capítulo 5

[Cidade de Mororó – Maranhão – Fazenda dos Araribe – Tarde]

JOANA – (entrando na fazenda dos Araribe) – Ainda bem que ela está bem mainha.
SEBASTIANA – Eu te disse que daria tudo certo, a Socorro é uma ótima pessoa e tenho certeza que ela cuidará bem de sua filha.
JOANA – Espero que ela venha logo, logo pra cá, para perto de mim.
SEBASTIANA – Ainda vai demorar um pouquinho, mas tenho certeza que você aguenta.

Josaniel aproxima-se.

JOSANIEL – (segurando o braço de Joana) Então é aqui que você está sua vadia!
SEBASTIANA – Solte a minha filha.
JOSANIEL – Ela vai vir comigo, ela é minha mulher e me deve obediência.
JOANA – Me solta, socorro! socorro!

Perto dali.

BEATRIZ – Essa é a voz da minha mãe
TEODORO – Vamos ver o que está acontecendo (os dois saem correndo)

JOSANIEL – Tião coloque-a no cavalo, deixa que eu cuido dessa velhota, onde está a minha filha?
BEATRIZ – O que você está fazendo pai, deixa a mainha em paz.
JOSANIEL – Vamos eu vim buscar vocês.
BEATRIZ – Mas acabamos de chegar
JOSANIEL – Não discuta Beatriz me obedeça.
SEBASTIANA – Pare com isso já Josaniel, ninguém vai embora daqui, dessa a minha filha desse cavalo, eu já mandei.
JOSANIEL – Você tem que entender que quem manda na sua filha sou eu.

Tiro.

CORONEL – (com a arma para cima) O que você está fazendo aqui?
JOSANIEL – Eu vim buscar a sua filha, minha mulher.
CORONEL – Ela vai ficar aqui.
JOSANIEL – (saca a arma) Não vou repetir novamente, é melhor saírem da minha frente e entregarem a minha filha também.
CORONEL – Ninguém vai embora daqui.
BEATRIZ – Painho calma, vamos conversar
CORONEL – Aqui não há conversa, aqui homem é homem, resolve na bala.
JOSANIEL – Você acha que eu tenho medo de você? Ainda tenho muitas coisas pra resolver, como o problema da escola.
CORONEL – Eu já disse que não vai ter escola nenhuma e desça já essa daí do cavalo.
JUAREZ – (chega com cinco homens) Algum problema aqui coroner? Só dar as ordens.
CORONEL – Desçam aquela mulher do cavalo
JUAREZ – É pra já.
JOSANIEL – Nem tente
CORONEL – Rapaz estou sendo muito paciente com você melhor você ir embora daqui antes que eu me zangue.
JOSANIEL–Quero a minha filha, pode ficar com a velhota.

Coronel e seus homens apontam a arma para Josaniel, Tião e os outros homens que o acompanham. Sebastiana lentamente se aproxima por trás de Josaniel e dá um chute no meio de suas pernas.

SEBASTIANA – Velhota é tua mãe.
JOSANIEL – (cai e urfa de dor) Desgraçada.
SEBASTIANA – Juarez, tire minha filha de cima desse cavalo, entre com ela, Beatriz e meu filho.
JOSANIEL – Isso não vai ficar assim, eu vou te matar coronelzinho de merda, vou te matar você e essa velhota.
CORONEL – (dar um tiro perto de Josaniel) se manda daqui cabra safado, anda.

Josaniel sobe no cavalo.

JOSANIEL – Eu vou te matar coronel Araribe. (Vai embora)

***

 [Cidade de Mororó – Maranhão – Casa de Susana – Tarde]

SUSANA – (nervosa) Mainha, acho melhor ir na casa da Beatriz ver se tá tudo bem.
MARIA HELENA – Vou com você, vai que estejam precisando alguma coisa, pela preocupação de Josaniel deve ser algo sério. Será que é algo com o bebê?
SUSANA – Espero que não, essa criança era muito esperada por eles,
MARIA HELENA – Eu só vou pegar algumas coisas para leva e vamos, ta bom?
SUSANA – Tudo bem, só não demora, quero ver a minha amiga.

Minutos depois…

MARIA HELENA – Estou pronta, agora vamos.

***

 [Cidade de Mororó – Maranhão – Casa de Josaniel – Tarde]

JOSANIEL – Você é mesmo um incompetente.
TIÃO – Mas estávamos em desvantagem.
JOSANIEL – Não me importa você que deixou essa situação sair do controle, eu ordenei que ficasse vigiando e as deixou sair.
TIÃO – Mas eu não tenho culpa de ter caído no sono, acho que aquela velhota colocou alguma coisa na água que me deu… É foi isso, depois que eu bebi a água, que ela me ofereceu eu cair no sono.
JOSANIEL – Não me interessa, você falhou comigo, foi a primeira e última vez (saca a arma)
TIÃO – Piedade patrão, misericórdia por favor!
JOSANIEL – Odeio gente incompetente. (Atira)

Tião cai agonizando no chão

JOSANIEL – Vai pro inferno (atira na cabeça de Tião)… O próximo vai ser você coronelzinho… (grita) Zé!
ZÉ – Senhor!?
JOSANIEL – Livre-se desse incompetente, isso é para vocês saberem o que acontece com quem falha comigo.
ZÉ- Sim senhor!

Josaniel entra em casa e os capangas retiram o corpo.

JOSANIEL- Pensa, pensa… O que vou fazer agora? Qual o meu próximo passo, eu tenho que matar aquele coronel e aquela velhota pra tirar aquela piranha e a minha filha de lá, se eu matar os dois a herança dos Araribe vai para Joana e assim eu posso botar mão nesse rio de dinheiro… Todas as terras, casas, posses, mas preciso dar um jeito nisso. Pensa… Pensa Josaniel.

Zé entra.

ZÉ – Serviço feito patrão!
JOSANIEL – Tá esperando que eu te dê os parabéns por isso? Fez a sua obrigação. Agora me deixe sozinho que preciso pensar.
ZÉ- A senhor Maria Helena e a filha estão ai querendo falar com o senhor.
JOSANIEL- Mande as entrar e vá preparar um café… Há, um que dê pra engolir.
ZÉ- Tá certo.

Maria Helena e Susana entram.

MARIA HELENA – Boa tarde, espero não estar incomodado.
JOSANIEL – Claro que não, é bom ter companhia nesse momento.
MARIA HELENA – A Susana estava preocupada, já que apareceu daquela forma lá em casa, você conseguiu encontrá-las?  Tá tudo bem com o bebê?
JOSANIEL –Sim, consegui encontrá-las. Ela voltou para a casa do pai dela, levou a criança e minha filha (fingi chorar). Acho que ela e nem a Beatriz me amam mais.
SUSANA- Não acredito que ela tenha deixado de ama-lo, ela fala muito do senhor para mim.
JOSANIEL – Creio que ela e a mãe estejam sendo influenciados por aquela ve… pela dona Sebastiana, ela nunca me perdoou por ter sido a causa da saída de Joana da fazenda dos Araribe.
MARIA HELENA- Acho que ela está só tentando proteger a filha.
JOSANEL – De mim? Eu que sempre quis o melhor pra ela
MARIA HELENA – Eu sei que você é um homem bom, via você ao lado do meu marido defendendo os necessitados.

Josaniel aproxima de Susana.

JOSANIEL – Querida, posso lhe fazer um pedido?
SUSANA – Claro!
JOSANIEL –Conversa com a Bia e tenta convencê-la  a voltar pra casa com a mãe, eu sei que dona Sebastiana deve ter colocado várias coisas na cabeça dela e deve ta confusa, mas sei que você é muito amiga dela e ela vai te escutar.
SUSANA- Converso sim com ela, pode ficar tranquilo.
JOSANIEL – Muito obrigado, agora vocês aceitam um cafezinho?
MARIA HELENA­­- Não queremos incomodar.
JOSANIEL – Incomodo nenhum (gritando), Zé traz o café.

***

 [Cidade de Mororó – Maranhão – Fazenda dos Araribe – Tarde]

EVA- (entrando no quarto) Ainda não entendi porquê fez aquilo.
CORONEL – Como eu disse essa menina que a velhota trouxe pode ser muito bom para conseguir aliados.
EVA – Mas eu ainda não entendi como isso vai acontecer.
CORONEL – Melhor não saber de nada agora.

Sebastiana entra no quarto.

SEBASTIANA – Obrigado pelo o que fez por nossa filha!
EVA- Você não sabe mais bater na porta? E se tivéssemos em um momento íntimo?
SEBASTIANA- A pipa desse daí não sobe mais faz tempo. Mas eu sei que você não dar ponto sem nó, qual o seu interesse em manter a Joana aqui nesta casa? Fez aquela cena toda quando nos encontrou aqui, agora isso.
CORONEL – Amor paternal, será que é difícil de acreditar?
SEBASTIANA – Do jeito que expulsou ela dessa casa e de sua vida sim, agora diga a verdade que não sou boba.
CORONEL – Disso eu sei, mas não devo explicação para você, agora por favor saia do meu quarto, que a minha pipa ainda sobe sim e sobe muito, com você que ela não tinha animo pra subir, agora nos deixe.
SEBASTIANA – Ta certo, mas isso não me convenceu. (sai)
EVA – Muito audaciosa essa mulher, melhor você colocá-la no lugar, senão, eu vou fazer isso no tapa.
CORONEL – Deixe disso, agora venha aqui.

***

No quarto de Joana estão Beatriz, Sebastiana e ela.

JOANA – Ainda estou cabreira com essa atitude do pai.
SEBASTIANA – Alguma o seu pai vai aprontar, eu tenho quase certeza, vou descobrir.
BEATRIZ – Talvez ele só esteja começando a esquecer a história mainha.
JOANA- É difícil de acreditar minha filha.
SEBASTIANA – Em quanto isso descansem que mais tarde vamos pra reza lá na igreja.
BEATRIZ – Eu estou doida pra ver minha amiga Susana, contar o que aconteceu… (senta na cama) Mainha e a bebêzinha que eu vi nascer?

Sebastiana vai até a porta, olha para fora e a fecha.

SEBASTIANA – Beatriz não fale isso alto e muito menos pra alguém, deixa que eu e sua mãe resolvemos isso. Você já ensaiou as ladainhas?
BEATRIZ – Já sim, tudo na ponta da língua.
SEBASTIANA – Quero só ver hoje a noite, agora acho que devemos ir descansar.

***

 [Cidade de Mororó – Maranhão – Igreja – Noite]

BEATAS – Ó Deus salve o oratório
Ó Deus salve o oratório
Onde Deus fez a morada
Oiá, meu Deus, onde Deus fez a morada, oiá
Onde mora o calix bento
Onde mora o calix bento
E a hóstia consagrada
Óiá, meu Deus, e a hóstia consagrada, oiá
De Jessé nasceu a vara
De Jessé nasceu a vara
E da vara nasceu a flor
Oiá, meu Deus, da vara nasceu a flor, oiá
E da flor nasceu Maria
E da flor nasceu Maria
De Maria o Salvador
Oiá, meu Deus, de Maria o Salvador, oiá

SUSANA – (entrando na Igreja) Meu Deus mainha, como está linda a igreja, cheia de flores.
MARIA HELENA – Capricharam mesmo, Padre João está conseguindo movimentar esse povo na fé.
SUSANA – Mainha, vou ver se Beatriz está por ai, posso?
MARIA HELENA – Claro que sim…
SUSANA – (Cortando) Obrigada.
MARIA HELENA – Mas só depois de você fazer a sua oração em agradecimento a Nossa Senhora Aparecida, lembra que foi pela intercessão dela que você sobreviveu quando nasceu.
SUSANA – Tá certo mainha, acho que ela ainda não chegou mesmo, vamos nos sentar mais perto do altar.

***

TEODORO – (entrando na área da Igreja) Você está belíssima Beatriz, belo vestido que você escolheu.
BEATRIZ – Obrigado (dar um giro)
SEBASTIANA – Comporte-se Beatriz, isso não é jeito de uma moça descente e Teodoro largue de seus galanteios pra cima dele, você são praticamente Tio e sobrinha.
EVA –  O que você que insinuar com isso?
SEBASTIANA – Nada se queres fechar os olhos e não ver o que está na sua frente problema é seu.
BEATRIZ – Vocês não vão discutir agora né, talvez a senhora que esteja olhando coisa demais voinha. Mainha posso entrar logo e ver se encontro o a Susana?
JOANA – Claro que sim
TEODORO – Eu vou com ela, (sarcasmo) cuidar da minha “sobrinha”.

Os dois adentram a igreja e logo Beatriz avista Susana.

BEATRIZ – Susy, tava com muitas saudades.
SUSANA – Eu também, acho que tem muitas coisas pra me contar, não é?
BEATRIZ – E não é.
TEODORO – (Pigarreia) Não vai me apresentar que é essa outra moça bonita?
BEATRIZ – Me desculpa, que falta de educação minha, Susana esse aqui é o irmão de minha mãe o Teodoro, ele é filho do coronel. Teodoro essa é Susana minha melhor amigar, na verdade mais que melhor amiga, minha irmã de coração.
SUSANA – Filho do coronel?
TEODORO – Não por opção, corte essa parte, satisfação em conhecê-la (pega a mão de Susana e a beija) pelo visto esta cidade está cheia de mulheres bonitas.
SUSANA – Fico agradecida com o elogio.
TEODORO – E como se conheceram?
BEATRIZ – Longa história que pretendo te contar outro dia. (rir juntamente com Susana)
MARIA HELENA – (aproximando-se) shiu! Não riem e conversem tão alto meninas, lembre-se que estão dentro da igreja.
SUSANA – Desculpe mainha, acho melhor irmos lá pra fora.
MARIA HELENA – Depois da missa vamos todos lá pra fora, agora ela vai começar.

Padre João entra no presbitério da igreja.

PADRE JOÃO – Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
POVO – Amém.
PADRE JOÃO – A graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo esteja convosco.
POVO – Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo.
TEODORO – (comentando com as meninas) Padre João envelheceu bastante, acho que a diocese vai acabar trocando ele, já está a bastante tempo aqui.
BEATRIZ – Acho que não tem outra pessoa pra substituí-lo.
TEODORO – Ouvir dizer que a diocese está enfrentando um grande problema para encontrar meninos que queiram ser padres, hoje em dia ninguém mais liga pra isso.
SUSANA – A diocese de brejo é relativamente nova, foi fundada em 1971, é difícil ter padres nesse começo, mas creio que o Senhor vai mandar pastores e o padre João vai poder descansar um pouco.
TEODORO – Assim eu espero.
MARIA HELENA – Meninos vamos prestar atenção na celebração, vamos?

***

 [Cidade de Mororó – Maranhão – Fazenda dos Araribe – Noite]

CORONEL – (Gritando) Diná! Oh Diná! Venha cá.
DINÁ – Sinhô!
CORONEL – Onde está o povo dessa casa?
DINÁ – Foram todos para a missa
CORONEL – E Teodoro?
DINÁ – Foi junto delas.
CORONEL – Eu disse pra ele que reza não é lugar para macho, mas agora ele vai aprender a me obedecer, a se vai.
DINÁ – O que o senhor vai fazer coroner?
CORONEL – Não é dá sua conta, volte pra cozinha.
DINÁ- Lembre-se que ele é seu filho.
CORONEL – Por isso mesmo tem que honrar o nome que carrega.

***

[Cidade de Mororó – Maranhão – Igreja – Noite]

PADRE JOÃO – Abençoe-vos Deus Pai todo poderoso, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
POVO – Amém.
PADRE JOÃO – Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe.
POVO – Graças a Deus.
BEATRIZ – Vamos lá pra fora que daqui a pouco a ladainha começa.
SUSANA  – Vamos sim, rápido que quero ficar na frente.
BEATRIZ ­– Claro que sim, hoje que estou com tudo na cachola, quero cantar bem alto (rir e puxa Susana, que puxa Teodoro)
BEATAS, SUSANA E BEATRIZ: Regina angeloru, ora pro nobis
Regina patriarcharum, ora pro nobis
Regina prophetarum, ora pro nobis
Regina apostolorum, ora pro nobis
MARIA HELENA – (aproximando-se de Joana, Sebastiana, Eva e Teodoro) As meninas aprenderam direitinho, até me faz lembrar no meu tempo de menina.
JOANA –A Beatriz se esforçou bastante, mas como você está com a morte de seu marido?
MARIA HELENA – Triste, ele faz muita falta, to tentando fazer com que a Susana não se sinta tão triste… Ah, hoje fomos até sua casa, não sabia que tinha saído de lá, Josaniel parece estar muito triste com essa situação, aconteceu alguma coisa?
JOANA – Uma longa história, mas que já está se resolvendo, mas como você e sua filha vão se sustentar?
MARIA HELENA –Tenho um dinheiro guardado que José deixou, mas não vai durar pra sempre, tenho que arranjar um emprego logo se não todos vão passar fome lá em casa.
JOANA – Logo vocês que foram sempre tão gentis comigo e minha filha… mainha não tem como ver alguma atividade pra ela fazer lá no casarão?
SEBASTIANA – Sabe como está nossa situação lá, seu pai não atenderia a um pedido meu, a menos que (olha pra Eva)…
EVA –Ah não, nem me venha com essa ideia.
SEBASTIANA –Você não tem coração? Vai deixar elas passarem fome.
TEODORO –Oh mainha…
SEBASTIANA – (cortando) eu sou sua mãe.
TEODORO – Que só me deu a vida, pois quem cuidou de mim foi ela (segurando a mão de Eva), por isso é minha mãe, mas como eu ia dizendo, Diná já está ficando velha e precisa de ajuda pra arrumar aquela casa toda.
MARIA HELENA – Desculpem, mas não quero atrapalhar e muito menos causar discórdia entre vocês.
EVA – Não será incômodo nenhum, passe lá em casa logo pela manhã que conversaremos melhor sobre.
MARIA HELENA – Muito obrigada, fico muito agradecida.
EVA – Disponha.

Beatriz e Susana se aproximam.

BEATRIZ – Vocês viram como cantamos direitinho?
JOANA – Sim e lembrem-se que está tradição tem que ser passada para suas filhas assim como fizemos com vocês.
MARIA HELENA – Isso mesmo, estão de parabéns.
SUSANA – Mainha vou conversar um tiquin com Beatriz
MARIA HELENA – Tudo bem, mas não demorem, porque quando vocês se juntam parece que não veem o tempo passar.

As duas saem e Teodoro vai atrás delas.

TEODORO – Posso ir com vocês?
SUSANA – Eu queria ter uma conversa em particular com ela Teo, posso te chamar assim?
TEODORO – Claro, eu entendo, podem ir.
SUSANA – Obrigada.

Teodoro sai.

SUSANA – Hoje fui em sua casa te procurar, seu pai parecia estar muito preocupado com a sua partida, ele espera muito que você volte para casa.
BEATRIZ – É minha amiga, minha vida deu uma reviravolta nesses últimos dias, desde que minha irmã nasceu a minha casa se tornou um inferno, meu pai espancou minha mãe, só não foi pior porque eu e minha mãe se meteu.
SUSANA – Ele me disse que sua avó que colocou essas coisas na sua cabeça, onde está a criança?
BEATRIZ – Eu não sei, mas a vi nascer, tenho certeza.
SUSANA – Será que você não teve um sonho e sua avó se aproveitou disso?
BEATRIZ – Não Susy, se não minha mãe ainda estaria com a barriga.
SUSANA – Bia, não quero que se ofenda, mas você já pensou na possibilidade dessa gravidez ter sido uma farsa desde o início?
BEATRIZ – Mas por que ela faria isso?
SUSANA – Para ter uma desculpa para voltar pro casarão
BEATRIZ – Mas porque meu pai bateria nela?
SUSANA – Ele deve ter descoberto a farsa da barriga falsa e deve ter ficado com raiva, quando ele falou comigo, eu senti que ele dizia a verdade e que ele te ama. Também acredito que sua mãe te ame também por isso que ela te trouxe junto dela, pode parecer loucura, mas é uma possibilidade amiga.
BEATRIZ – Então para que painho colocou um capanga na porta lá de casa?
SUSANA – Exatamente para não deixar ela levar você de lá, como conseguiram sair?
BEATRIZ – Voinha deu uma água com sonífero pro Tião beber.
SUSANA – E se sua avó também ter ti dado algum remédio para você ter alucinações de que um bebe nasceu? Se eu fosse você perguntaria sobre a criança para elas e conversaria com seu pai.
BEATRIZ – Vou pensar Susy.
SUSANA – Mas me fala desse Teodoro, vi que ele ta bem interessado em você.
BEATRIZ – Que nada, somos praticamente parentes, ele é apenas educado.
SUSANA – Sei não amiga, senti um certo interesse dele por você.

Beatriz fica pensante.

***

Coronel entra no pátio da igreja onde está tendo a apresentação do tambor de crioula.

Tiro.

CORONEL – Onde está o meu filho?
EVA – (correndo na direção do coronel) Carinho o que se passa?
CORONEL – Onde está ele?
TEODORO – O que o senhor quer agora?
CORONEL – O que foi que eu te disse sobre reza?
TEODORO – Quantas vez eu tenho que lhe dizer que eu não ligo para o que o senhor diz?
CORONEL – (descendo do cavalo) deixe de seu atrevimento e me respeite.
TEODORO – Eu já lhe disse que não sou o seu fantoche, agora volte lá pra aquela sua fazenda e nos deixe em paz, não ver que está atrapalhando o festejo?
CORONEL – Não estou nem ai (se aproxima de Teodoro) Você vem comigo?
TEODORO – Eu não vou, ficarei aqui com minha mãe.
CORONEL – Eva , já pra casa, isso não é hora de mulher minha ta em rua, já pra casa.
TEODORO – Não fale assim com ela, ninguém aqui tem medo do senhor, ainda não percebeu que ninguém mais liga para o que o senhor fala, que não passas de um fraco com um bando de terra?

Coronel dá um soco em Teodoro que cai.

CORONEL – Me respeite seu moleque (dá um tiro em direção a Teodoro)
BEATRIZ – (grita) Teodoro!

Lucas Serejo

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