Séries de Web
Meu Rio

MEU RIO – Capítulo 25 (último)

[Brejo, Maranhão, Fim da Tarde]

TEODORO – Chegamos, é aqui o local de entrega do dinheiro.
ANITA – Fiquem atentos.

Telefone toca.

EUPÁTRIDA – Você vai vir até o km 20 da MA 034, vão encontrar uma estrada de terra, entrem nela e vão ver um casebre abandonado, vão deixar lá. 20 minutos para deixar aqui.
TEODORO – Entendido.
EUPÁTRIDA – Não tentem nenhuma bricadeirinha.

Desliga o telefone.

ANITA – E então?
TEODORO – Vamos até o KM 20 da MA 034. Ainda acho que devemos entregar o dinheiro todo que estão pedindo.
ANITA – Fica tranquilo, outra coisa, só vamos sair de lá quando entregarem as nossas mães e sua esposa. Vamos ficar escondidos.
MARCELO – Admiro essa sua força.

***

[Hospital São Francisco de Assis, Rio de Janeiro, Sala da psicologia – Tarde]

PSICOLOGO – Bem vinda, Dona Rosa.
DONA ROSA – Obrigado!
PSICOLOGO – Como a senhora está se sentindo?
DONA ROSA – Culpada, triste com tudo o que aconteceu.
PSICOLOGO – Por que a senhora acha que é culpada?
DONA ROSA –Não percebi que ele estava precisando de ajuda, que tipo de mãe eu sou?
PSICOLOGO – Tenho certeza que a senhora é uma boa mãe. Mas, por mais que façamos o melhor para eles, eles não vivem 24 horas conosco. Existem coisas que estão para além do nosso controle, a senhora concorda?
DONA ROSA- Sim
PSICOLOGO – Existe um mundo lá fora e que muitas vezes não é bom, isso não quer dizer que vamos ficar agarrados o tempo todo com os nossos filhos. É necessário que eles passem por algumas coisas para se tornarem fortes. Mas também é necessário que fiquemos de olho em alguns sinais.
DONA ROSA – Que sinais?
PSICOLOGO – Apatia, falta de motivação, perda ou aumento de apetite, insônia, falta de vontade de fazer as coisas, irritabilidade, entre outros sintomas. Como disse, não é que você tem que ficar em cima, mas pode observar e procurar ajuda.
DONA ROSA – Onde posso encontrar ajuda?
PSICOLOGO – O SUS oferece atendimento psicológico e você pode também ligar para o 188 ou acessar o site cvv.org.br. Não se culpe, você  não tem culpa, ele precisa de você.

[Brejo, Maranhão, Fim da Tarde]

Telefone toca.

RICARDO – Aló!
PILAR – Oi Ricardo, soube do que aconteceu, onde você está?
RICARDO – Maranhão
PILAR –Toma cuidado, não vai ficar em perigo pelo amor de Deus.
RICARDO – Fica tranquila, não vai acontecer o pior.
PILAR – Já encontraram os sequestradores?
RICARDO – Ainda não
PILAR – Compartilha comigo a sua localização em tempo real, assim caso aconteça alguma coisa, fica mais fácil localizar.
RICARDO – Boa ideia, vou mandar agora. (Escuta o som de carro) Você está dirigindo?
PILAR – Sim
RICARDO – Melhor desligar, não vá sofrer um acidente.
PILAR – Que fofo, Bom saber que você ainda se preocupa comigo.
RICARDO – Pilar… Melhor desligar.
PILAR – Beijos (desliga)
MARCELO – Animado com o Filhão, Ricardo?
RICARDO – Não foi programado, mas estou sim, vou dar todo o amor para ele.
MARCELO – E o casório? Já sabe quando vai ser?
RICARDO – Como eu já disse, não vai haver casamento.
MARCELO – Você concorda que uma criança fique sem uma família, Anita?
ANITA –A vida é dele, ele faz o que quiser.
MARCELO – Acho tão horrível de sua parte.
RICARDO – Cara, e quem te pediu a tua opinião?
MARCELO – Tranquilo Ricardo, só dei a minha opinião.
RICARDO – Quem ninguém pediu.
TEODORO – Meninos, porém com isso, parecem duas crianças. Vamos manter a concentração que já estamos chegando.

***

[Brejo, Maranhão, Fim da Tarde]

Telefone toca.

BENEDITA – Aló! Como está o Leonardo?
DONA ROSA – Filha, onde você está?
BENEDITA –Como está o meu irmão?
DONA ROSA – Ele está melhor, foi ao psicólogo. Que estranho, pensei que não ligasse para ninguém além de você.
BENEDITA – Vai me criticar agora?
DONA ROSA – Não, só espero que lembre que aqui você ainda tem uma casa, apesar de tudo.
BENEDITA – Só queria saber mesmo como ele está, mandarei dinheiro assim que puder?
DONA ROSA – Como vai mandar dinheiro? Pelo que soube aquela mulher foi presa por tráfico de pessoas. Veja como é as coisas, saiu de uma casa onde te amavam e faziam tudo por você para ir morar com uma presidiária.
BENEDITA – O engraçado que a suja falando da má lavada. Se o meu sequestro não tivesse já prescrito  você também seria uma presidiária, mas não quero brigar com você, só mande lembranças ao Leonardo por mim. (Desliga)

O Eupátrida se aproxima.

EUPÁTRIDA – Eles estão chegando.

***

TEODORO – (saindo do carro) é aqui!
ANITA – Só vamos entregar o dinheiro quando eles entregarem as nossas mães.

Telefone toca

TEODORO – Aló!
EUPÁTRIDA – e então, é de rosca esse dinheiro?
TEODORO – Já estamos no local
EUPÁTRIDA – Vocês vão deixar o dinheiro dentro do casebre abandonado e depois seguir caminho para Mororó, entendido?
TEODORO – Mororó?
ANITA – (pegando o telefone da mão de Teodoro) Tu tá é de fuleragem com a gente? Só vamos dar o dinheiro quando estivermos com a dona Beatriz e minha mãe.
EUPÁTRIDA – Você não está em condições de negociar, ou prefere que elas morram, para nós não vai ser trabalho nenhum. Façam o que eu digo. (Desliga)
ANITA – Bom, o negócio é o seguinte, vamos colocar o dinheiro lá no casebre, porém vamos levar o carro mais adiante e voltar andando para ficar a espreita para dar o bote.
RICARDO – Eles devem estar armados, é perigoso.
ANITA – Vamos arriscar, tenta falar com a polícia e saber onde estão.

Teodoro liga para a polícia e fala com eles por um momento, depois desliga.

TEODORO – A polícia de Brejo já está a caminho.
ANITA – Vamos colocar o dinheiro no casebre.

Anita e Teodoro entram e deixam o dinheiro no local, depois saem e entram no carro, junto com Ricardo e Marcelo.

ANITA – Não precisa ir muito longe
TEODORO – Ainda acho perigoso

***

[Madureira, Rio de Janeiro, Casa de Leonardo, Fim da Tarde]

Telefone toca.

ALÍCIA – Oi! O Leonardo está?
DONA ROSA – Ele está descansando, quem gostaria de falar com ele?
ALÍCIA – Eu sou uma amiga da faculdade, eu queria conversar só um pouco com ele, lhe imploro.
DONA ROSA- Tudo bem.

Dona Rosa faz sinal para que Alicia entre e vai ao quarto falar com o Leonardo.

DONA ROSA- Filho, uma tal de Alicia quer falar com você.
LEONADO – Pode deixar entrar.

Dona Rosa vai até a sala e volta com Alicia.

LEONARDO – Pode nos deixar a sós mãe?
DONA ROSA – Claro, qualquer coisa estou na sala.
LEONARDO – O que você deseja Alicia?
ALÍCIA – Me desculpe mais uma vez, por favor!
LEONARDO – Você não tem culpa
ALÍCIA – Eu deveria ter imaginado que o Arthur iria fazer aquilo, terminei com ele, não quero mais saber dele. Me perdoa.
LEONARDO – Como você disse, quem teve culpa foi o Arthur.
ALÍCIA – (Aproximando-se de Leonardo) Como você está se sentindo?
LEONARDO – Estou melhorando, em breve devo voltar para a faculdade.
ALÍCIA – Léo, eu… (se aproxima mais e beija Leonardo)
LEONARDO – (se afastando) Alicia…
ALÍCIA – Eu sei que você gosta de mim, Léo.
LEONARDO – Mas você não gosta de mim, pelo menos não desse jeito, você só está se sentindo culpado com o que aconteceu. Eu mereço mais, alguém que goste de verdade de mim, do jeito que eu sou, não por pena.

***

[Brejo, Maranhão, Fim da Tarde]

O Eupátrida entra no casebre, pega o dinheiro e disca um número no celular.

EUPÁTRIDA – Podem fazer a entrega da encomenda.

Em seguida ele sai, encontra com Benedita e anda em direção a uma pista de voo clandestina, onde se encontra um pequeno avião.

ANITA – Cadê minha mãe e Dona Beatriz?
EUPÁTRIDA – Você cometeu um grande erro. (Mira para Anita, entrega as bolsas para Benedita) Me deu muito trabalho, mas agora você vai cantar para subir. (Tiro)

Marcelo avança e cai por cima de Anita para a bala não pegar nela. Outro tiro é escutado e pega perto do pé do Eupátrida.

PILAR – Sentiram a minha falta? (Gritando para o Eupátrida), não faz nenhuma gracinha, se não atiro.

Sirenes da polícia começam a ser escutadas, enquanto outros capangas do Eupátrida se aproxima. PILAR entrega uma arma para Ricardo e outra para Teodoro. Benedita vai em direção ao avião junto com o Eupátrida.

EUPÁTRIDA – (Gritando) Vocês são burros.

Pilar atira e acerta um dos capangas, um tiroteio é iniciado. Ricardo, Anita, Marcelo, Teodoro se protegem atrás de árvores e restos de construções não concluídas. Benedita sobre no avião e coloca o dinheiro dentro dele. Um tiro pega próximo da escada da aeronave e o Eupátrida vira para revidar. Porém é atingido por vários tiros nas costas.

BENEDITA- (dando mais um tiro no Eupátrida) Nossa parceria termina aqui.

Benedita entra no avião, dar sinal para o piloto decolar.

O avião começa a levantar voo e Benedita dá uma banana para o pessoal lá em baixo.

Um dos capangas mira em Ricardo e atira, Pilar se coloca na frente e é atingida. A polícia chega e rende o restante dos capangas.

ANITA – Você viu que alguém deles matou o comandante? E ainda perdemos a localização da minha mãe e de dona Beatriz.
DELEGADO- Vocês estão bem? Vamos levar a senhorita que foi baleada para o hospital de Brejo, preciso que vocês me acompanhem.
TEODORO – É isso, volte para o início, elas estão lá.
ANITA – Lá onde?
TEODORO – Mororó! Ricardo, vai com Pilar para o hospital. (Sai em direção ao carro)
ANITA – Vou com o senhor (Saí em direção ao carro também, Marcelo vai atrás dela).

***

[Mororó, Maranhão, Início da Noite – Fazenda dos Araribe)

TEODORO – João, você viu a Beatriz por aqui?
JOÃO – Seu Teodoro, o que o senhor faz aqui?
TEODORO – Viu ou não viu homem?
JOÃO – Vi não, só entregaram umas caixas enormes, ainda não mexemos, já ia ligar para o senhor.
ANITA – Onde estão essas caixas?
JOÃO – Ali (apontando).
ANITA – São os tanques de privação sensorial, era nisso que o puniam a gente, elas estão aí dentro.

Se aproximam e abre a caixa.

MARCELO – que coisa sinistra.
TEODORO – Vamos tirar elas daí.

Eles tiram Beatriz e em seguida Susana. Beatriz desperta meio zonza, foca em Teodoro.

BEATRIZ – Meu amor, tive tanto medo de morrer.
TEODORO – Mas agora você está bem (beija Beatriz).

Susana começa a despertar, mas sente uma dor enorme na região dos rins

Começa a gritar.

ANITA – Mãe, o que a senhora está sentindo

Susana apenas grita.

TEODORO – Vamos levá-la para o hospital de Brejo.

Eles colocam Susana no carro e partem em direção a Brejo.

***

[Brejo, Maranhão, Noite – Hospital]

ANITA – O que ela tem doutor?
MÉDICO – Ela está com os rins muito debilitados por conta do estresse vivido, os remédios que ela tomavam, a única saída vai ser o transplante.
ANITA – Eu quero doar.
TEODORO – Eu também quero doar.
MARCELO – Se for necessário, eu também posso.
MÉDICO– Calma, primeiro precisamos fazer o teste de compatibilidade. Vejam quem que fazer, já já volto. (Sai)
TEODORO – Você não vai fazer o teste Beatriz?
BEATRIZ –Vou é muito ajudar aquela assassina
TEODORO – Beatriz, não é o momento. É a vida de sua melhor amiga
BEATRIZ –Amiga não, inimiga que matou o meu pai.
TEODORO – (explodindo) Fui eu. Eu que matei o seu pai.
BEATRIZ – O que?

Início do flashback

[Mororó  – 30 anos antes]

JOSANIEL – Bom dia, espero não estar incomodando.

As pessoas da mesa se levanta.

SEBASTIANA – O que você está fazendo aqui?
JOSANIEL – Vim ver a minha mulher, onde ela está?
SEBASTIANA – Ela não está aqui, que bagunça é essa que está fazendo lá fora?
JOSANIEL – Nada demais, só tomando de conta do que é meu.
EVA – Você não tem nada aqui.
JOSANIEL – Minha mulher é herdeira disso tudo e eu como marido tenho direito.
TEODORO – Você tem direito a nada, agora vá embora.
JOSANIEL – Eu sei que Joana tá aqui, chamem logo ela.
EVA – Ela não está aqui.

Josaniel se vira e sobe as escadas e procura Joana.

Teodoro, Sebastiana sobem. Susana se retira da mesa e vai para o quarto.

Josaniel desce as escadas. Susana sobre as escadas e fica a espreita na sacada.

TEODORO – Susana, o que você está fazendo aqui com essa arma?
SUSANA – Eu vou acabar com aquele monstro.
TEODORO – Você vai acabar é com sua vida. Me dê isso aqui. (pega a arma da mão de Susana).
SUSANA – Eu preciso fazer isso.
TEODORO – Não precisa fazer nada, agora vai ajudar a Beatriz.

Susana anda em direção a escada. Josaniel e Beatriz sai do casarão. Tiro.

BEATRIZ – Paiiiiii (corre em direção ao corpo de Josaniel)

Susana volta até onde Teodoro.

SUSANA – O que você fez?
TEODORO – Dei um jeito nele por você.
SUSANA – Me dê essa arma aqui, eu vou me livrar dela para não te prejudicarem.

Fim do flashback

TEODORO- Tudo o que ela fez foi para te proteger, para que você não perdesse mais ninguém  ela foi sua amiga, até quando você não merecia. Eu carrego essa culpa até hoje, acabei com a amizade de vocês. Fui fraco, covarde em não assumir o crime e deixar uma pessoa inocente pagar por um crime que ela não cometeu.
BEATRIZ – Meu Deus, o que você está falando  você não é um assassino.
TEODORO – Eu pensava que ele tinha matado o meu pai e ele era um monstro que estuprou a sua amiga.
BEATRIZ – Não pode ser verdade, eu não posso ter dormido esse tempo todo ao lado de um assassino.

Beatriz começa a se sentir mal.

ANITA –Vou buscar uma água
RICARDO – (entrando na sala) o que está acontecendo. (Olha Beatriz e vai na direção dela) Mãe, você está bem?
BEATRIZ – Eu estou destroçada.
TEODORO- Bia, o que passou, passou
BEATRIZ – Saí daqui, sai da minha frente seu assassino (dar um tapa na cara de Teodoro).
RICARDO – Pai, o que ela está dizendo?
TEODORO- Longa história meu filho.
BEATRIZ – Saí da minha frente que sou capaz de te matar.
ANITA – (voltando e entregando a água para Beatriz) toma, a senhora vai se sentir melhor.
BEATRIZ – Eu quero ficar sozinha. Me deixem sozinha.
TEODORO – Vamos, deixem ela ai  vamos fazer o teste de compatibilidade. A Pilar está bem?
RICARDO – Ela está bem. Foi de raspão, nada aconteceu com o bebê também.
TEODORO – Graças a Deus, vamos.

***

[São luís, Maranhão, Noite – Hotel)

BENEDITA – Não acredito que esses malditos me encararam, aqui só tem a metade do que foi pedido, mas vai ser o suficiente para levar uma vida boa, pelo menos até eu conseguir mais.

[Brejo, Maranhão, Noite – Hospital)

Beatriz pense nos momentos que teve com Susana.

Inicio do Flahsback

BEATRIZ – Sua mãe parece estar bem forte com tudo isso
SUSANA – Ela sempre foi uma mulher batalhadora e guerreira e to tentando ser como ela, entende?
BEATRIZ – Sim, e você estar conseguindo.
SUSANA – Ele era tudo para mim sabe, meu herói, podia contar com ele pra tudo, contar meus segredos, os meus medos, era um amigo, além de pai, agora parece apenas um vazio enorme aqui dentro, quem vou contar as minhas coisas agora?
BEATRIZ – Oxi e eu? (rir) você pode sempre contar comigo, vou estar sempre ao seu lado.

 Fim do Flashback

ANITA – (aproximando-se) posso falar com a senhora?
BEATRIZ – Eu não quero conversar com ninguém
ANITA – Mesmo assim eu vou falar. Eu acredito que minha mãe não sente ódio de você, talvez alguma mágoa, mas não que tenha esquecido a amizade de vocês. Por várias vezes encontrei foto de vocês lá em casa, ela se fazia se durona, orgulhosa, mas sei que ela sente falta da amizade de vocês. Mas, acredito que é hora de deixar o passado para atrás e pensar no futuro. Será que não está na hora de esquecer esse orgulho e dar um passo a frente para ter de volta aquela amizade. Se a minha mãe foi assumiu um crime para que você não perdesse o seu namorado e hoje marido, não seria a hora de mostrar um ato de reconhecimento dessa prova de amizade?
BEATRIZ – Eu sei, eu estou com vergonha. Fiz tanta coisa pra prejudicá-la, não sei o que fazer, o que falar.
ANITA – Que tal fazer o teste de compatibilidade? Pode salvar a vida dela.
BEATRIZ – Tem razão, vamos lá. Obrigado!

***

[Brejo, Maranhão, Noite – Hospital]

Algumas horas depois.

MÉDICO – Temos os resultado dos exames de compatibilidade.
ANITA – E então?
MÉDICO – A única compatível é a senhora Beatriz.
BEATRIZ – Eu vou doar.
MÉDICO – Se prepare para a cirurgia. Tenho outra notícia também, a senhorita Pilar já está de alta.
RICARDO – Eu vou encontrar com ela.

Beatriz é preparada para a cirurgia e é levada para a sala.

***

[Brejo, Maranhão, Noite – Hospital]

Algumas horas depois.

MÉDICO – O transplante correu tudo certo, as duas estão descansando.
ANITA – Quando podemos vê-las?
MÉDICO – Provavelmente só amanhã, descansem.

Dentro do quarto de hospital, as camas de Beatriz e Susana estão uma aula lado da outra, próximas. Beatriz pega a mão de Susana.

BEATRIZ –  (chorando) Me desculpe pelo o que fiz.
SUSANA – Eu te perdoo, minha amiga.

***

[Brejo, Maranhão, Noite – Hospital]

Marcelo e Ricardo se aproximam de Anita.

MARCELO – Anita, sabemos que não é o melhor momento.
RICARDO – Mas precisamos saber
MARCELO – De quem nós dois você gosta. Não é uma competição, mas eu saí de São Luís para ir atrás de você no Rio de Janeiro.
ANITA – Há, essa aflição toda é por conta disso? Eu gosto dos dois
RICARDO – Como assim?
ANITA – Eu gosto dos dois, mas isso não significa que irei ficar com algum dos dois. Eu agradeço a hospitalidade e tudo o que fez por mim quando cheguei aqui Ricardo. Mas o que sinto por você é apenas amizade. Também agradeço por tudo o que fez Marcelo, eu sei que não fui honesta com você e você merecia mais cumplicidade minha, mas o nosso namoro já tinha terminado. Desculpem rapazes, mas é isso.

***

[Passagem de tempo – 1 ano]

Teodoro tenta reconquistar Beatriz, Pilar tem o bebê, Leonardo vai sessões com o psicólogo e tem algumas crises, Benedita faz compras e investimentos.

***

[Mororó – Maranhão – Margens do Rio Parnaíba – Hora do almoço]

Um menininho começa a dar os primeiros passos pelas margens do Rio Parnaíba.

BEATRIZ – Oh Meu Deus! Já está um homenzinho, dando os primeiros passos. Vovó ama muito. (pega o menino no colo)
PILAR – Tenho certeza que ele te ama também.
SUSANA – O almoço está servido, vamos todos sentar a mesa.

Pilar vai na frente com o pequeno Guilherme. Susana e Beatriz vão atrás.

BEATRIZ – Lembra de quando caminhávamos e passávamos as tardes banhando no rio?
SUSANA – Lembro, bons tempos aqueles. Fico feliz que tenha reatado com o Teodoro.
BEATRIZ – Éh, fazer o que? Amo esse homem (rir).

Elas sentam a mesa que está próxima a margem do rio. Encontram-se a mesa Ricardo, Pilar e seu filho Guilherme, Anita, Teodoro, Susana, Beatriz, Maxwell e Lia.

TEODORO – Agradeço muito a Deus por esse momento tão esperado, sonhei há muito tempo ver todo mundo reunido aqui, como uma grande família. E agora com esse sonho realizado, posso dizer que estou muito feliz.
ANITA – Eu também estou feliz, depois de todo o pesadelo que vivi, esse momento quero guardar para sempre.
TEODORO – Antes, eu queria saber só uma coisa. Susana, a Anita é minha filha? Diga a verdade por favor!
SUSANA – Ela não é sua filha, ela é filha do Josaniel, é irmã da Beatriz. E por mais que seja fruto de um estupro, eu sempre amei muito você. Você é minha vida, te amo.
ANITA – Também te amo mãe.
BEATRIZ – Proponho um brinde, ao nosso turo, tim tim.

Todos brindam e comemoram.

***

[Madureira – Rio de Janeiro]

LEONARDO – Antes da história terminar eu quero falar com você. Não seja um babaca, as pessoas não precisam seguir um modelo, elas são o que podem ser, do jeito que querem ser. As pessoas não são objetos que você tem que moldar a maneira que você gosta. Não seja superficial, as pessoas são mais do que aparentam, e não importa se são gordas, magras, altas, baixas, são pessoas e merecem respeito. Tenha empatia com a dor do outro, elas são humanos como você. E para você que está sofrendo, não desista, acredite em você. A jornada é longa, difícil, mas não é impossível, não dê ouvidos para aquelas pessoas que te julgam, que te rejeitam, pois existem um mundo de gente que ama, como você é. Não deixe que a tristeza tomar conta de você. Nem tudo é perfeito, feito um dia de sol, mesmo assim, acredite que dias felizes virão. Você livre está para viver e ser o que quiser. Deixe vir a força que dentro há, só assim aquilo que desejar, será concedido, basta lembrar-se de que a bravura está em seu coração. (sorrir) Fiquem bem e sejam felizes!

FIM

 

Lucas Serejo

Acompanhe também:
Facebook

Deixe um comentário

Séries de Web