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Meu Rio

MEU RIO – Capítulo 23

Aviso: Este capítulo contém descrição de suicídio. Meu Rio é uma web de ficção que fala sobre problemas reais e sérios como depressão, bullying, suicídio etc. Por colocar esses assuntos em debate, esperamos que nossa web ajude a audiência a iniciar uma conversa. Mas se você está lidando com algum tipo de problema, essa web talvez não seja para você ou talvez queira ler com uma pessoa de confiança. Se sentir vontade de conversar com alguém, contatar um parente, um amigo, conselheiro de escola ou adulto que deseja conversar, faça isso. Peça ajuda em cvv.org.br, porque no minuto que começar a falar, as coisas ficarão mais fáceis

[Madureira, Rio de Janeiro, Casa de Leonardo – Tarde]

 Início do Flashback – Horas Antes

ARTHUR – Iai Baleia, gostou da surpresa? Como é a música galera?
ALUNOS – (cantando) Bila Bilú
Bila Bilú
Imitando a Bila Bilú
Bila Bilú
Bila Bilú
A elefanta Bila Bilú

Fim do flashback

 LEONARDO – (Gritando) Nãooooooo

Pega um vaso que estava ali perto, olha o espelho como olhasse a alma e arremessa o vaso no espelho que cai no chão fazendo um grande barulho.

DONA ROSA – (batendo na porta) Filho, o que está acontecendo?

Leonardo não escuta, só chora, ele senta no chão, se olha nos pedaços de caco de vidro, ver os buracos que tinha no coração na alma, que doíam. Leonardo pega um pedaço de vidro.

Do lado de fora

DONA ROSA – (Batendo na porta) Filho, fala comigo. O que está acontecendo? Que zuada foi essa? Estou ficando preocupada!

Dona Rosa vai até o quadro de chaves reservas, pega a do quarto e volta. Abre a porta e ver Leonardo caído no chão com sangue saindo dos pulsos.

Inicio do flashback – Madureira – 19 anos atrás

DONA ROSA – (cantando e embalando Leonardo no braço) Fui no tororó bebe água não achei, achei bela morena que no tororó deixei, aproveita minha gente quanto a noite não é nada, se não dormir agora, dormirá de madrugada. Boi, boi, boi, boi da cara preta, pega esse menino que tem medo de careta.

 Fim do flashback

DONA ROSA – (correndo até ele) Meu filho!, o que você fez?
LEONARDO – (Fraco) Eu só quero ficar em paz mãe.
DONA ROSA – Mas não assim (ela pega no armário duas ataduras e envolve o local cortado, afim de estancar o sangue), eu te amo meu filho, não faz isso.
DONA ROSA – (pega o celular e liga para o Samu) Alô?
ATENDENTE – Boa noite, em que posso lhe ajudar?
DONA ROSA – O meu filho, ele cortou os pulsos, perdeu sangue e parece tá fraco, poderiam enviar uma ambulância?
ATENDENTE – Poderia me passar o endereço?
DONA ROSA – Rua Operário Sadock de Sá, 24 – Madureira.
ATENDENTE – Estou enviando a ambulância até ai.
DONA ROSA – Obrigada.

***

[Zona Portuária, Rio de Janeiro, Galpão 19 – Tarde]

 O Eupátrida fecha os compartimentos onde Susana e Beatriz haviam acabado de se afogar..

EUPÁTRIDA – Vamos seus molengas, coloquem essas duas câmaras no caminhão iremos partir para a pista de voo particular.

Os homens começam a colocar as câmaras no caminhão que estava no Galpão.

EUPÁTRIDA – (No telefone) Já estamos deixando o galpão em direção a pista de voo particular
BENEDITA – Ótimo, em breve estarei com vocês. Até mais.
EUPÁTRIDA – Até

Do lado de fora do Galpão.

ANITA – A policia está demorando.
RICARDO – Mas pediram para que esperássemos
ANITA  – Mas eu estou preocupada.
MARCELO – Calma Anita, vai dar tudo certo.
TEODORO – Vamos esperar.

A porta do galpão se abre e um caminhão sai.

ANITA – Tá vendo? Eles já estão saindo. Vamos para o carro e seguir eles, ligue para o Delegado novamente.
RICARDO – Tudo bem.

***

[Madureira, Rio de Janeiro, Casa de Beatriz – Quarto – Tarde]

LIA – Aconteceu alguma coisa Max?
MAXWELL – Não nada, eu tive um lapso de memoria do acidente e me assustei.
LIA – Mas você está bem?
MAXWELL – Sim, eu vou tomar um banho, se não se importar.
LIA – Claro que não, a casa é sua, fique a vontade.
MAXWELL – Obrigado
LIA – Você quer que eu te ajude?
MAXWELL – Não, eu me viro.

Maxwell vai até a cadeira próximo a mesa de leitura e pega a toalha que estava ali. Em seguida leva até o banheiro. Volta para o quarto. Lia já tinha se vestido.

LIA – Onde coloco esses lençóis da cama?
MAXWELL – Tem um cesto perto da porta e tem limpos no armário.
LIA – (abrindo o armário) É essa parte aqui?
MAXWELL – Sim, pega esse segundo, azul.
LIA – (Pegando o lençol, mas para e vira para Maxwell) Pera ai, como você sabe que é azul? Você voltou a enxergar Max?

***

[Hospital São Francisco de Assis, Rio de Janeiro – Tarde]

SEBASTIANA – (No telefone) Filha, quando escutar esse recado por favor me liga, o seu irmão tentou cometer suicídio, estou no hospital com ele, me liga!
ENFERMEIRA – (Aproximando-se) Senhora, o seu filho está recebendo uma transfusão de sangue, conseguimos controlar o sangramento.
SEBASTIANA – Obrigado, eu só queria saber onde eu errei?
ENFERMEIRA – Não faça isso com a senhora, você não teve culpa, você não foi uma péssima mãe, são coisas que estão fora do nosso alcance, podemos notar os sinais, mas é uma escolha da pessoa. Podemos ser a melhor mãe do mundo, mas não podemos tomar conta deles o tempo todo e o mundo está ai.
SEBASTIANA – Mas isso é pouco, devia ter prestado atenção nos sinais, ter levado ele ao psicologo. As vezes caímos nessa de que não podemos fazer nada, que é uma escolha dele, pode até ser uma escolha dele, mas o quanto contribuímos para ele tomar essa decisão? E se ele chegou a fazer isso é porque alguma influência cada um que está na vida dele tem algum tipo de culpa, seja por machucá-lo, ou por ter si omitido, tomado uma posição passiva ao sofrimento dele. Isso é só uma desculpa que criaram para não sentirem a culpa que deveriam sentir, tudo o que fazemos afeta a vida de todos, seja para o bem ou para o mal.
ENFERMEIRO – Entendo, eu recomendo que os dois, após ele ter alta, busquem um atendimento pisicológico, temos os CAPS que podem ajudar, além do Centro de Valorização da Vida, só ligar para o 188.
SEBASTIANA – Obrigado.

***

[Madureira, Rio de Janeiro, Casa de Beatriz – Tarde]

LIA – Você voltou a enxergar Maxwell? Por isso está estranho comigo?
MAXWELL – Sim, eu voltei a enxergar, mas não estou estranho com você.
LIA – Não precisa negar, você é bonito, deve ter pegado várias modelos, atrizes, eu sei que não sou tão bonita assim e se interessou por mim porque não estava enxergando, estava vulnerável e entrei na sua vida, sendo gentil, te ajudando, dando amparo em um momento que você se sentia inseguro. Mas as pessoas não são só beleza externa, um dia o corpo envelhece e a única coisa que fica é o que se carrega no interior, no caráter. Se você gosta de superficialidade, então eu não sou mulher para você, mas se quiser ver a minha beleza interior, eu te mostro. (Pega a bolsa) Eu vou embora.
MAXWELL – Você não precisa ir.
LIA – Acho melhor, Boa Tarde (sai)

***

[Aeroporto de Jacarepaguá, Rio de Janeiro, Fim da Tarde]

 Benedita está com o celular no ouvido escutando as mensagens

SEBASTIANA – Filha, quando escutar esse recado por favor me liga, o seu irmão tentou cometer suicídio, estou no hospital com ele, me liga!
BENEDITA – (desligando o celular) Desculpa irmãozinho, mas agora não posso voltar.
EUPÁTRIDA – Pronto, chegamos.
BENEDITA – Que demora
EUPÁTRIDA – Tinha um carro nos seguindo, tivemos que despistar
BENEDITA – Despistaram mesmo?
EUPÁTRIDA – Claro
BENEDITA – Então vamos logo com isso.
EUPÁTRIDA – Só estão colocando as câmaras dentro do avião, mas já podemos embarcar.
BENEDITA – Ótimo.

 Os dois embarcam no avião

***

ANITA – (Entrando no hangar de aviões particulares) Eles vieram para cá, cadê a policia?
RICARDO – Eles estão chegando o trânsito está pesado.
ANITA – Liga para eles e diga para virem zilado para cá
RICARDO – Calma Anita.
ANITA – Que calma nada, eles vão fugir com elas.

Eles vão de hangar para hangar vendo se tinha algum carro.

MARCELO – Aqui, este é o caminhão que eles estavam.
TEODORO – Calma, não vamos se precipitar, eles podem estar armados.
MARCELO – Ele está vazio.
ANITA – E para onde eles foram?

Anita olha para a pista de decolagem e vê um avião se preparando para decolar.

ANITA – (Gritando e saindo correndo em direção a pista) Parem aquele avião, eles estão ali, socorro, parem aquele avião.
MARCELO – Anita, espere.

O avião decola e os três homens chegam até Anita

ANITA – Eles levaram, levaram a minha mãe.
RICARDO – Calma, a policia vai trazê-las de volta
ANITA – Que policia, não conseguiram chegar aqui, vão pegar ela em outro estado ou país?
TEODORO – Vamos ter calma e fé.

***

[Casa de Beatriz, Rio de Janeiro, Quarto – Fim da Tarde]

 Maxwell está sentado na cama pensando

Início do Flashback – Minutos antes

 LIA – Você voltou a enxergar Maxwell? Por isso está estranho comigo?
MAXWELL – Sim, eu voltei a enxergar, mas não estou estranho com você.
LIA – Não precisa negar, você é bonito, deve ter pegado várias modelos, atrizes, eu sei que não sou tão bonita assim e se interessou por mim porque não estava enxergando, estava vulnerável e entrei na sua vida, sendo gentil, te ajudando, dando amparo em um momento que você se sentia inseguro. Mas as pessoas não são só beleza externa, um dia o corpo envelhece e a única coisa que fica é o que se carrega no interior, no caráter. Se você gosta de superficialidade, então eu não sou mulher para você, mas se quiser ver a minha beleza interior, eu te mostro. (Pega a bolsa) Eu vou embora.

 Fim do Flahsback

 Maxwell olha para seu quarto.

Início do Flashback – Dias Antes

 RICARDO – Fala aí mano.
MAXWELL – Cara, saca só essa mina, diz se não é linda, gostosinha demais, parece um anjo.
RICARDO – Você sabe que para mim beleza não é tudo né.
MAXWELL – Ah para com isso, pega a Pilar que era maior gostosa, com todo respeito, agora tá pegando a cozinheira que é gatinha, no fundo o que importa é a beleza sim.
RICARDO – Não concordo… Ah tem que melhorar essa sua forma de falar, cheio de gírias, como vai ser um administrador assim?
MAXWELL – Qual é? Relaxa, tenho é que aproveitar que to em forma e sou gostoso pra pegar essas gatinhas, principalmente essa aqui (aponta pra tela do computador).
RICARDO – Deus ainda vai te dar uma lição meu irmão.

***

MAXWELL – Valeu mano, obrigadão por me passar as matérias da faculdade.
FÁBIO – Ver se vai nas aulas, siow.
MAXWELL – Pow cara, se elas não fossem tão chatas eu até iria, agora tenho que ir.
FÁBIO – Vai nessa.
MAXWELL – Talvez eu apareça essa semana.
FÁBIO – Na hora.

Maxwell pega a moto e sai em direção a Madureira.

MAXWELL – (na moto, olhando para uma mulher mulher na calçada) Nossa que morena é essa.

O irmão de Ricardo escuta os freios de um carro e tenta desviar, mas é atingido, arremessado e cai desacordado no chão.

Fim do flashback

MAXWELL – (Levantando da cama) Preciso dela.

***

[Aeroporto de Jacarepaguá, Rio de Janeiro, Fim da Tarde]

DELEGADO – (Chegando no galpão) Eu já averiguei com o controlador de voo, o plano do avião que vocês me deram o prefixo está indo para uma cidade próxima a Brejo, no Maranhão.
TEODORO – Mororó, estão indo para onde tudo começou, em Mororó.
ANITA – Minha mãe me falou sobre, ela era de lá. Nessa cidade que vocês se conheceram, não foi?
TEODORO – Sim, mas por que voltar até lá?
RICARDO – Lá é a sede de coleta dos diamante da empresa? Assim eles ficam longe de nós, e podem deixa lá a minha mãe e Dona Susana, após depositarmos o dinheiro que vão pedir.
DELEGADO – Além disso, fica mais perto para saírem do país, fica mais perto ir para a Europa e outros países da America do Sul, centra e do norte.
TEODORO – Precisamos ir até lá então.
DELEGADO – Deixe com a policia federal, vamos pegar eles.
ANITA – Policia é uma ova,se tivessem chegado antes não teriam levado elas, Teodoro você pode conseguir um avião para nos levar até lá?
TEODORO – Calma, os policiais estão aqui para nos ajudar. Sim eu tenho como conseguir um avião.
DELEGADO – Eu vou entrar em contato com o delegado de São Luís para eles ficarem preparados.
TEODORO – Delegado, eu vou com esse até Mororó, lá tenho casa, só peço que tenha cuidado.
DELEGADO – Tudo bem, vou entrar em contato com São Luís. (sai)
TEODORO – Eu vou falar com um amigo meu.

 ***

[Hospital São Francisco de Assis, Rio de Janeiro – Tarde]

ENFERMEIRA – (Aproximando-se de Dona Rosa) Você pode ver seu filho agora.
DONA ROSA – Obrigado.

As duas seguem até os leitos em uma sala.

ENFERMEIRA – Vou deixar vocês sozinhos.
DONA ROSA – Lhe agradeço novamente.

A enfermeira sai e Dona Rosa se aproxima de Leonardo, que olha fixamente para o restante da sala, sem expressão. Rosa passa a mão nos cabelos do filho e as lágrimas escorrem pelo seu rosto.

DONA ROSA – Meu filho, porque você fez isso?

Leonardo não responde, apenas olha para a sala sem expressão.

DONA ROSA – Eu amo tanto você, poderia ter pedido ajuda para mim, eu sempre te protegeria. Você sempre pode contar comigo, que seja para escutar um desabafo, pedir ajuda, só quero que me conte o que esteja acontecendo com você, para eu poder te ajudar. Sei que não fui uma mãe tão boa, mas prometo melhorar.
LEONARDO –  (Sem olhar para a mãe) Você não teve culpa, eu também te amo.

Volta a deitar-se de lado e olhar para a sala.

Lucas Serejo

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