MEU RIO – Capítulo 15
[Madureira – Rio de Janeiro – Hotel – Manhã]
TEODORO – Eu vim fazer uma visita rápida antes de ir para a empresa, também vim te deixar isso.
SUSANA – O que é isso?
TEODORO – Abra.
Susana abre o embrulho e encontra um celular.
SUSANA – Desculpe, mas não posso aceitar, de maneira alguma.
TEODORO – Largue de besteira é seu, agora preciso ir que tenho muita coisa para resolver.
SUSANA – Obrigado pela visita e pelo celular.
TEODORO – Já salvei o meu número, qualquer coisa me liga, agora deixa eu ir, (dar um abraço em Susana) fica bem.
Susana acompanha Teodoro até a porta e depois a fecha, fica olhando para o celular e escuta alguém batendo na porta.
SUSANA – (abrindo a porta) Esqueceu alguma coisa Teo… (paralisa)
BEATRIZ – Eu pensei que você já era carta fora do baralho.
SUSANA – O que você faz aqui?
BEATRIZ – (entrando no apartamento) Eu é quem faço essa pergunta, pensei que tivesse no Maranhão e pelo visto veio pra cá atrás do meu marido.
SUSANA – Primeiro que eu não vim atrás do seu marido e sim da minha filha, outra é que seu marido que foi me buscar lá no Maranhão.
BEATRIZ – Eu não acredito nisso.
SUSANA – O que você acredita e o que não acredita é problema seu, agora tem uma coisa, eu não vou ficar escutando desaforo dentro do ambiente em que eu estou vivendo.
BEATRIZ – É um apartamento bem de gentinha mesmo, só escuta uma coisa, se tá achando que vai ficar com o Teodoro está muito enganada, eu vou te humilhar tanto, mas tanto que você vai voltar pro Maranhão com rabinho entre as pernas.
SUSANA – Chega, vai embora daqui. Sai, fica longe de mim e da minha filha.
BEATRIZ – Eu nem conheço a sua filha, e se depender de mim não quero conhecer.
SUSANA – Ainda bem, agora vai embora e não volte mais aqui.
Beatriz vai até o corredor, vira pra falar algo, mas Susana fecha a porta na cara dela.
[Leblon – Apartamento de Pilar – Quarto – Manhã]
Deitados na cama.
MAXWELL – Até que fim caiu nos meus encantos cunhadinha ou melhor ex-cunhadinha.
PILAR – Eu devia está bem louca isso sim, não lembro de nada, só que estava na pista de dança e que você tava com uma mulher lá.
MAXWELL – É eu dei uns beijo nela e dispensei depois que você me convidou para vir pra cá.
PILAR – Sorte sua que eu tava bêbada, mas você sabe que eu amo seu irmão, então agora melhor você ir.
MAXWELL – Ah não, só depois que me beijar e relembramos a noite passada.
***
[Mercadão de Madureira – Rio de Janeiro – Manhã]
DONA ROSA – Com essa cara vai acabar espantando os clientes.
BENEDITA – (tirando os óculos e dando um sorrisinho de deboche) É porque a Senhora não deixou eu dormir e me acordou com um balde de água na cara (coloca o óculos de novo).
DONA ROSA – Fiz foi pouco, você tem que começar a criar responsabilidade, sabe que tem que vir pra cá trabalhar, não esqueci da minha decisão e espero não ter que lembrar você.
BENEDITA – Eu também não esqueci.
CLIENTE – (aproximando) Dona Rosa, tem batata?
DONA ROSA – Claro, venha cá que te mostro.
Um homem se aproxima do caixa para pagar as comprar.
BENEDITA – Deu R$ 10,50.
HOMEM – E esses dois melões maduros que você tem aí? Quanto custa?
BENEDITA – Como é que é?
HOMEM – Que peitões que você tem.
BENEDITA – (gritando) Sai daqui, procura é me respeitar seu vagabundo (joga as frutas e legumes no homem) Desgraçado, passa fora daqui e nunca mais volte. (Chora)
DONA ROSA – O que aconteceu minha filha?
LEONARDO – Tá tudo bem por aqui?
BENEDITA – Aquele desgraçado ficou me assediando, falando dos meus peitos, foi horrível mãe.
DONA ROSA – (abraçando a filha) Já passou, vamos, pode voltar pra casa, você leva ela Leonardo?
LEONARDO – Claro.
***
[Escritório da Joalheria Meu Rio – Gávea – Rio de Janeiro – Manhã]
Beatriz entra no escritório.
ELIZABETH – Dona Beatriz, vou avisar ao senhor Teodoro que a senhora tá aqui.
BEATRIZ – Não precisa, eu já estou entrando (entra na sala de Teodoro)
TEODORO – Amor você aqui!
BEATRIZ – Não me chame de amor, canalha, safado.
TEODORO – O que é isso?
BEATRIZ – Vai mentir agora e dizer que não foi encontrar aquela desgraçada da Susana? Eu já sei que você trouxe ela do Maranhão naquela viagem que você fez.
TEODORO – Calma, qual o problema disso?
BEATRIZ – Tá de brincadeira com minha cara né, você sabe muito bem o que aquela maldita fez, eu já te disse que não sirvo para ter chapéu de corna…. Eu deveria era te matar (pega o vaso que tá em cima da mesa e joga contra o marido) desgraçado.
TEODORO – Eu nunca te trair, eu amo você.
BEATRIZ – Ama nada, tá se encontrando com minha inimiga (arremessa um porta-retrato).
TEODORO – Para, eu trouxe a Susana pro Rio para vocês se entenderem de uma vez por todas, não acha que essa rivalidade tem que acabar?
BEATRIZ – (rir) Você tá de brincadeira comigo né? Eu nunca vou perdoar aquela mulher que matou o meu pai. Acabou com minha família.
TEODORO – Esqueceu que o Josaniel estuprou ela? E que ela já pagou na cadeia?
BEATRIZ – Isso é o que ela diz, e a prisão foi pouco.
TEODORO – Ela era sua melhor amiga.
BEATRIZ – Era, do verbo não é mais.
TEODORO – Acho que você poderia pelo menos dar uma chance para essa amizade voltar.
BEATRIZ – Eu não quero essa amizade, não quero ver ela perto dos meus filhos.
TEODORO – Você tá sendo injusta, custa nada escutar a versão dela dá história e todos nós sabemos que seu pai não era flor que se cheiro.
BEATRIZ – Pelo visto você está do lado dela, não quero escutar versão nenhuma e se eu encontrá-la novamente vou acabar com a raça dela. (se dirige a porta) Ah! Hoje você dorme no Sofá. (sai)
ELIZABETH – (entrando na sala) Dona Beatriz é fogo.
TEODORO – E bota fogo nisso, peça pra alguém da limpeza arrumar essa sala por favor.
ELIZABETH – Claro.
Teodoro desaba na cadeira.
***
[Madureira – Rio de Janeiro – Hotel – Manhã]
SUSANA – (no telefone) Marcelo?
MARCELO – Oi dona Susana.
SUSANA – Acho que vai ser mais difícil levar a Anita de volta.
MARCELO – Eu pedi féria no meu serviço e hoje estarei indo viajar para aí, na verdade já estou no aeroporto. Eu só queria saber o nome do hotel que a Senhora está.
SUSANA – Madureira Palace Hotel.
MARCELO – Ta bom, quando eu chegar me hospedarei aí, próximo a senhora.
SUSANA – Obrigado, mas o que eu quero mesmo é que você me ajude a levá-la de volta.
MARCELO – Tudo bem, agora preciso desligar, porque já chamaram para o voo.
SUSANA – Boa viagem.
***
[Madureira – Rio de Janeiro – Casa de Leonardo – Manhã]
DONA ROSA – Muito trabalho da faculdade meu filho?
LEONARDO – Não, por que?
DONA ROSA – Não sai da frente desse notebook.
LEONARDO – Estou pesquisando algumas coisas, nada demais… Mãe vou precisar de um pouco mais de dinheiro hoje, tem um livro que preciso tirar xerox.
DONA ROSA – Ta bom, antes de ir pega comigo e sua irmã?
LEONARDO – Ela se acalmou e dormiu.
DONA ROSA – Ainda não entendi como aquilo aconteceu.
LEONARDO – Foi rápido, mas já passou.
***
[Madureira – Rio de Janeiro – Casa de Beatriz– Quarto – Manhã]
MAXWELL – Ei mano, me empresta sua moto, preciso resolver umas paradas ali.
RICARDO – Você não vai correr não, né?
MAXWELL – Claro que não.
RICARDO – Toma cuidado moleque, pega a chave (pega a chave no criado mudo e joga pro irmão)
MAXWELL – Valeu, de tardizinha trago para você… Ah a Pilar ta ai em baixo.
RICARDO – Vish mano, nem vou descer então. Fica com ela, sei que você gosta dela.
MAXWELL – Irmãozinho se ela me desce uma chance, mas ela te ama… vou nessa.
RICARDO – Cuidado.
***
[Madureira – Rio de Janeiro – Casa de Beatriz – Sala – Manhã]
BEATRIZ – Acredita que ele foi no apartamento dela?
PILAR – E você deixou por isso mesmo?
BEATRIZ – Armei maior barraco lá na empresa, quebrei vaso, porta-retrato, tudo.
PILAR – Mas e ela? O que você fez?
BEATRIZ – O que é dela tá guardado.
Anita se aproxima.
ANITA – Aceitam café?
BEATRIZ – Claro, Anita você conhece a Pilar futura esposa do meu filho?
ANITA – Claro, muito bonita a senhora.
PILAR – (pegando uma xicara de café) Dona Beatriz a senhora deveria pedir para seus empregados terem mais zelo pela sua casa olha esse chão como tá todo sujo.
BEATRIZ – Até que hoje tá limpo.
ANITA – As meninas fizeram ótimo trabalho.
PILAR – Acho que não (derrama o café no chão) opa, desculpe-me Beatriz, caiu sem querer.
BEATRIZ – Anita, você pode limpar para nós?
ANITA – Claro. (vai até a cozinha pegar um pano e um balde)
BEATRIZ – Você fez de mal Pilar.
PILAR – Se tá pensando que vou deixar barato o beijo que eu vi, tá enganada, ela vai me pagar.
ANITA – (voltando) com licença.
PILAR – Limpa bem para não ficar mancha.
ANITA – Pronto.
PILAR – Ta faltando um liga ali, pega o buli e despeja o café em cima de Anita.
ANITA – Qual é a tua garota? Ta pensando que só por causa que sou empregada, que você tem mais dinheiro que eu e tem a cor da pele mais clara vai montar em cima de mim? Tá muito enganada.
PILAR – Isso é para você aprender a não ficar beijando namorado dos outros.
ANITA – Não fui eu que beijei ele.
PILAR – Isso é que qualquer vagabunda diz.
ANITA – Dona Beatriz, a senhora vai me desculpar mas (parti pra cima da Pilar com soco e tapas)
PILAR – Você tá pensando que vou apanhar tá muito enganada (dar um tapa e puxa o cabelo de Anita)
Anita empurra Pilar que cai no chão, a filha de Susana sobe em cima da ex-namorada de Ricardo e começa a dar tapas nela.
BEATRIZ – Parem com isso.
Maxwell que descia a escada volta e vai até o quarto do irmão.
MAXWELL – Mano ta tendo maior briga lá em baixo, Pilar com a cozinheira.
RICARDO – O que?
MAXWELL – Vem logo, se não é capaz de se matarem.
Os dois descem e separam as duas mulheres.
RICARDO – O que tá acontecendo aqui?
ANITA – Essa daí que derramou o café todo em cima de mim, de propósito.
PILAR – Isso é para você ficar esperta.
RICARDO – Anita vá tomar um banho.
ANITA – Tudo bem. (sai)
RICARDO – Você passou dos limites agora Pilar, nunca mais olhe na minha cara. (sobe)
MAXWELL – É cunhadinha, vai ser difícil reconquistá-lo.
BEATRIZ – Também acho que passou dos limites.
PILAR – Isso que você deveria ter feito com aquela zinha lá, vou pra minha casa, antes vou tomar um pouco de água na cozinha.
BEATRIZ – Eu peço para pegarem.
PILAR – Não necessita, vou até lá.
Na cozinha.
PILAR – Abigail vem aqui por favor.
ABIGAIL – Sim, o que a senhora deseja?
PILAR – Eu quero que você fique de olho nessa cozinheira, Anita né? Qualquer coisa que rolar entre ela e o Ricardo me avise imediatamente.
ABIGAIL – E quanto vou ganhar com isso?
PILAR – Não se preocupe, dinheiro não é problema.
[Madureira – Rio de Janeiro – Farmácia – Tarde]
LEONARDO – Por favor, você tem esse remédio (mostra o papel para o farmacêutico)
FARMACÊUTICO – Sim, ta querendo emagrecer?
LEONARDO – Bem isso
FARMACÊUTICO – Esse remédio precisa de prescrição medica, mas vou vender para você.
LEONARDO – Obrigado!
FARMACÊUTICO – Pronto, aqui está. Só ir direto no caixa.
LEONARDO – Obrigado novamente.
[Madureira – Rio de Janeiro – Casa de Dona Rosa –Sala – Tarde]
DONA ROSA – (sentada no sofá) Como você tá minha filha?
BENEDITA – To melhor, não quero lembrar desse dia, você se sente impotente, com vergonha.
DONA ROSA – Oh querida, venha cá.
Benedita deita no colo da mãe, que lhe faz cafuné.
DONA ROSA – Mamãe não vai deixar mais nada acontecer com você, viu?
BENEDITA – Mãe, porque você veio para o Rio? Não tinha uma vida boa lá no Maranhão?
DONA ROSA – Deixe o passado no passado, foi necessidade para eu poder ficar com você.
BENEDITA – Você nunca fala do meu pai, não me mostra uma foto dele, eu me lembro do George pai do Leonardo, que me criou como se fosse filha também.
DONA ROSA – Ele morreu antes de você nascer, só não quero que você fique lembrando de uma pessoa que você nem conheceu.
BENEDITA – Mas se a senhora era bem de vida, o que aconteceu com seu dinheiro?
DONA ROSA – Fiz algumas escolhas erradas, por isso vim pra cá para tentar uma nova vida.
BENEDITA – A senhora sempre com suas respostas superficiais, que levam a lugar nenhum.
DONA ROSA – Ao único lugar que tem que levar é que amo você e seu irmão e tudo o que eu fiz foi pensando em vocês.
BENEDITA – Também te amo mãe.
DONA ROSA – Seu irmão que não almoçou hoje.
BENEDITA – Tem alguma coisa de errado com ele, não sai, quase não tem amigos, só vive estudando.
DONA ROSA – Ele só é focado no futuro.
BENEDITA – Sei não.
***
[Tijuca – Rio de Janeiro – Tarde]
MAXWELL – Valeu mano, obrigadão por me passar as matérias da faculdade.
FÁBIO – Ver se vai nas aulas, siow.
MAXWELL – Pow cara, se elas não fossem tão chatas eu até iria, agora tenho que ir.
FÁBIO – Vai nessa.
MAXWELL – Talvez eu apareça essa semana.
FÁBIO – Na hora.
Maxwell pega a moto e sai em direção a Madureira.
MAXWELL – (na moto, olhando para uma mulher na calçada) Nossa que morena é essa.
O irmão de Ricardo escuta os freios de um carro e tenta desviar, mas é atingido, arremessado e cai desacordado no chão.
FLASHBACK SOMENTE DA VOZ
MAXWELL – Qual é? Relaxa, tenho é que aproveitar que to em forma e sou gostoso pra pegar essas gatinhas, principalmente essa aqui.
RICARDO – Deus ainda vai te dar uma lição meu irmão.