Maíra (Ira).
OS SETE PECADOS | EPISÓDIO 04: IRA |
“Maíra” | Roteiro: Wagner Rocha. |
Personagens
Maíra
Anthony
Aline
Érica
Brendda
Resumo: Maíra, uma mulher de fibra, sempre lutou pelo que quis, mas tem uma leve queda quanto ao seu estado astral. Se irrita por qualquer coisa e não queira está perto dela no momento de sua Ira.
Cena 1- Ex’sheel sex shop / Sala presidencial / Tarde
Maíra está sentada a mesa, ela folheia alguns papéis, sua feição é de indignação.
Maíra: Eu não acredito nisso. ALINE!! (berra)
Aline entra logo em seguida, está sem jeito e aflita.
Aline: O que foi senhora? Algum problema?
Maíra: Que nada, imagina. Eu te chamei aqui porque amo seu nome. É claro que tem. Você pode me explicar que merda toda é essa?
Aline: O relatório de vendas senhora!
Maíra: Relatório? Tem certeza que isso é um relatório? Parece mais uma redação de pré-universitário! Em que escola você se formou em anta?
Close no rosto aflito de Aline.
Efeito e letreiro: Maíra Cortez
Aline: Mas eu fiz da forma que a senhora me disse pra fazer. Cada detalhe sobre as vendas do mês passado, entradas e saídas da loja!
Maíra: Pega logo essa porcaria e sai da minha frente. Eu quero um RELATÓRIO e não um lixo. Anda, sai logo daqui! (ela joga os papéis em cima de Aline) Burra!
Aline pega os papéis e sai às pressas. Ela fecha a porta.
Maíra: Eu não aguento isso. Essa empresa está acabando com minha vida. Droga de gentinha incompetente! Aaah! (grita atirando um objeto na parede)
Close no seu olhar de ira.
Maíra, uma mulher de fibra, sempre lutou pelo que quis, mas tem uma leve queda quanto ao seu estado astral. Se irrita por qualquer coisa e não queira está perto dela no momento de sua Ira.
Cena 2- Ex’sheel sex shop / Recepção / Tarde
Aline sai da sala chorando.
Anthony: Aline, o que houve?
Aline: A dona Maíra, ela hoje está com a macaca, pior que nos últimos dias. Ela disse que meu relatório não está bom e ainda me humilhou, me chamou de anta, burra… Eu já estou cansada disso Sr. Anthony. Eu não vou aguentar muito tempo nessa loja!
Efeito e letreiro: Aline Rocha
Anthony: Não precisa ficar assim Aline, pode deixar que eu te ajudo com os relatórios. Eu vou conversar com a Maíra!
Aline sai. Anthony entra na sala.
Sala de Maíra.
Anthony entra.
Anthony: Maíra, o que você fez pra Aline sair daqui naquele estado?
Maíra: A pobre coitada já foi se vitimizar para você? Além de incompetente ainda é fraca. Eu não falei nada demais pra ela, apenas falei que o relatório não era o que eu queria!
Anthony: Não Maíra, se fosse só isso ela não teria saído daqui naquele estado! Onde você vai parar hein Maíra? Não vê que essa situação fica péssima a cada dia, quando eu te conheci você era completamente diferente. Tinha seus momentos de raiva mas não igual hoje. Você parece que vai explodir, precisa se tratar! Você não fica com um funcionário aqui nem três meses! Me diz, do que está adiantado suas meditações?
Efeito e letreiro: Anthony Cortez
Maíra: Não é culpa minha. Eu saio do controle, me extrapolo e quando percebo já falei e fiz coisas que eu não queria!
Anthony: Sério, até eu já estou cansando disso!
Maíra se exalta: O QUE FOI? VAI QUERER DIVÓRCIO AGORA? VAI DIZER QUE EU NÃO SIRVO MAIS PRA VOCÊ? QUE QUER SE SEPARAR?
Anthony: Está vendo como você é? Assim realmente a situação fica ruim. Eu vou sair daqui, antes que você faça besteira!
Ele sai batendo a porta.
Maíra com ódio nos olhos. Ela joga tudo que está em cima da mesa no chão, gritos estrondosos. Corta para.
Cena 3- Cobertura de Maíra / Sala / Já a noite
Brendda desliga o celular. A empregada sai correndo pela casa.
Brendda: Érica, Érica, ja tomou seu banho? Juntou suas coisas?
Ela corre pelo corredor, pega uma sandália que está no chão. Depois entra no quarto da menina.
Brendda: Érica, o que você está fazendo que nunca tomou seu banho? Sua mãe já chegou. E que bagunça é essa de roupas espelhadas pelo quarto? Ai meu Deus. Dona Maíra me mata!
Efeito e letreiro: Brendda Silva
Ela sai juntando as roupas do chão. Apressadamente.
Érica não dá a mínima.
Brendda: Érica, sua mãe tá chegando!
Érica (tirando os fones do ouvido): Quieta Brendda, minha mãe não entra aqui!
Efeito e letreiro: Érica Cortez
Na sala da cobertura.
Maíra vai entrando acompanhada pelo marido.
Maíra: Não vem me atacar não Anthony. Você sabe que eu sou assim! É a Aline que não se dedica totalmente as coisas!
Anthony: A Aline é uma boa funcionária!
Maíra: Quero saber se tem competência. Mas ao que vejo ela é uma fraca e mimada que não posso nem dizer que ela é feia que já vai pro canto chorar!
Ela acaba tropeçando num skate jogado no chão. Anthony a segura.
Maíra: Que desgraça é essa? BRENDDA!! (grita)
Brendda (desce a escada correndo): O que ouve senhora?
Maíra: Posso saber o que isso está fazendo aqui no meio da minha sala?
Brendda: Me desculpe senhora, eu mandei a Érica guardar tudo. Mas ela… A senhora sabe como ela é!
Maíra: Tá vendo Anthony? E depois quer que eu não me irrite. Olha uma coisa dessa!
Ela pega o skate e o atira longe.
Anthony: Se acalma Maíra, não foi nada!
Maíra: Nada? Eu poderia ter caído e quebrado o nariz, um braço ou sei lá o que!
Anthony: Mas nada aconteceu, não é motivo pra chiliques!
Maíra: Eu vou subir e tomar um banho. Quando descer quero o jantar a mesa e a Érica sentada nela!
Brendda: Sim senhora!
Maíra sobe.
Anthony: Corre e arruma logo isso Brendda, a sua patroa está terrível hoje!
Brendda: Sim senhor!
Ela sai correndo para cozinha. Anthony sobe.
Mais tarde, no jantar
Estão Maíra, Anthony e Érica a mesa. Brendda os serve.
Maíra: Como foi o dia no colégio Érica?
Érica: Normal. Deveres, trabalhos bla, bla, bla!
Maíra: Eu espero que seu quarto esteja como eu deixei. Não aguento mais aquele ninho de rato que você transforma aquele lugar!
Anthony está calado. Ele apenas observa a mulher.
Maíra pega o copo de suco e leva a boca. A mulher cospe o líquido no chão.
Maíra: Brendda, o que você colocou aqui? Cloro? Que suco ruim é esse?
Brendda: Mas eu mesmo o provei, estava ótimo!
Maíra (se levanta): Ótimo só se for a sua desculpa, porque esse suco tá um horror. Até a Érica faria um melhor!
Anthony: Maíra, por favor, na hora do jantar não. E esse suco não está ruim!
Maíra: Não, não está ruim. Está péssimo! Tire esse lixo da minha frente!
Brendda: Chega, eu não vou ficar aqui aguentando tanta injustiça. Eu não vou tirar nada de lugar nenhuma se quiser tire a senhora. E faça outro no seu gosto!
Maíra: Como é que é sua empregada maldita? Você está desafiando minhas ordens! Sua elefanta obesa!
Maíra pega o copo de suco e joga em Brendda.
Maíra: Sai da minha frente seu verme. Sai daqui. Vai pro seu canto!
Anthony se levanta já irritado.
Anthony: Para com isso Maíra, mas que inferno. Será que eu não posso ter ao menos um jantar em paz?
Maíra: Vai a merda e me esquece Anthony!
Anthony: Olha o que você fez com a empregada. Tem noção do que suas atitudes podem resultar?
Érica: Eu estou indo pro meu quarto. Com licença!
A garota sai.
Maíra: Eu estou pouco me importante pra empregada de pouca merda. Eu só quero chegar em casa e comer algo que preste. Não uma comida horrorosa como essa, já não basta tanto stress com a incompetência daquela Alixo, agora a Brendda resolveu seguir o mesmo caminho!
Anthony: Você está maluca. Doida, vai acabar num hospício!
Maíra: Doida? Doida é sua avó. Sai daqui você também Anthony, some da minha frente me deixa em paz (o homem continua de pé diante dela) Sai logo, eu não quero você na minha frente!
Anthony: Eu vou sair daqui. Mas só porque não aguento mais isso. Vou dar uma volta!
Anthony sai. Maíra fica, está transtornada. Ela grita jogando tudo que está em cima da mesa no chão.
Copos e pratos quebram, Maíra acaba cortando o pé.
Cena 4- Quarto de Brendda / Noite
Érica entra. Brendda chora.
Érica: Tudo bem Brendda?
Brendda: Você viu como sua mãe me tratou? Eu não aguento mais Érica, a cada dia que passa a dona Maíra está pior!
Érica: É, minha mãe está fora de si. Eu tenho muito medo do que ela possa fazer num dos seus ataques!
Brendda: Ela jogou o suco em mim! Fui humilhada! (realça) Humilhada!
Érica: Não fique assim. Eu estarei aqui com você. Sabe que eu gosto muito de ti!
Brendda: Eu só não pedi minhas contas ainda por sua causa, eu gosto muito de você!
Érica: Pode contar comigo, eu vou te ajudar, e colaborar com você!
Brendda: Por falar nisso, você arrumou seu quarto?
Érica: Iiiih, não. Deixa eu correr antes que ela passa lá!
A garota sai às pressas.
Brendda fica sentada na pequena cama. Ela chora.
Corta para.
Cena 5- Leblon – Restobar / Noite
Anthony entra no lugar, está nervoso. Ele senta num banco a frente ao balcão e pede uma bebida. Close no seu olhar. Ele pensa nos ataques de Maíra. O garçom o serve a bebida. Ele bebe tudo e pede outra. Aline se aproxima.
Aline: Sr. Anthony!?
Anthony: Aqui não precisa me tratar como formalidades Aline! (força sorriso)
Aline: Posso saber o que um homem como o senhor está fazendo nesse lugar enchendo a cara de cerveja?
Anthony: Quero esquecer os problemas Aline. Eu não aguento mais os ataques da Maíra, ela está indo longe demais! Pra mim já deu!
Aline: Ela aprontou o que dessa vez?
Anthony: Sempre essa ira desproporcional dela. Isso não é bom nem pra ela nem para quem está ao redor dela. Ela atacou a empregada, jogou suco no rosto da coitada!
Aline: Meu Deus, a coisa tá mais sério do que eu imaginei!
Anthony: Estou pensando seriamente em sair desse casamento antes que sobre pra mim. Só ainda estou nele por causa da Érica, se não fosse ela já estaria fora!
Aline: É, a situação é precária! Mas o senhor encher a cara desse jeito não vai adiantar nada, volta pra casa que é melhor!
Anthony: Você tem razão, é que eu saí tão transtornado de casa que acabei entrando no primeiro lugar que me apareceu!
Aline: Então, vamos?
Anthony: Vamos sim! (sorri)
Ele paga a conta. Os dois saem.
Dias depois
Cena 6- Ex’Sheel Sex Shop / Sala presidencial / Manhã
Ouvi-se gritos e barulhos. Maíra joga seu celular na parede.
Maíra: Esses miseráveis parecem que implicaram comigo. Até hoje não mandaram os produtos, a loja está deserta, ninguém aparece, o estoque está desfalcado! ALINEEE! (berra)
Aline entra e fecha a porta.
Aline: Sim senhora!
Maíra: Localize o Anthony. Eu preciso dele aqui e agora!
Aline: O Anthony saiu e deixou o celular!
Maíra: Mas o que? Quem ele pensa que é?
Aline: O que eu faço!
Maíra: Nada, não faz nada. Ele aparece logo. Esquece isso, vai lá pega a relação das coisas que entraram semana passada. Precisamos bolar algo para vender mais essa semana!
Aline: Mas eu não sei mexer nisso, sempre quem o faz é Sr. Anthony!
Maíra: E por um acaso você está vendo o Anthony aqui? Não, então vai logo enquanto eu estou boa!
Aline sai sem questionar.
Maíra: Eu preciso ligar pros fornecedores!
Ela procura o celular em cima da mesa.
Maíra: Onde eu deixei esse maldito celular? Parece que quanto mais as coisas dão erradas mas parece se complicar. Eu tava agora mesmo com esse maldito aparelho aqui e do nada já some!
Ela olha mais adiante e veja o celular estraçalhado no chão.
Maíra: Pronto, quebrei a lástima. Agora vou ter que usar o fixo!
Ela pega o telefone e liga para um dos fornecedores. Foca na expressão séria de Maíra. Ela se irrita, grita e faz barraco. Xinga e ameaça a pessoa que está do outro lado da linha.
Maíra: … Quer saber? Vai você e seus produtos para os quintos dos infernos!
Ela bate o telefone com força no gancho. Aline entra.
Aline: Eu encontrei isso aqui, deve ser o que a senhora quer!
Maíra pega os papeis: Não é isso. Aqui é o relatório das vendas. Não vê que os números aqui são bem menores do que a gente está acostumado a pegar? Você ficou burra foi? Culpa do Anthony que me some uma hora dessas?
Aline: Eu falei que não sabia mexer nisso!
Maíra: Grande novidade. Você não sabe mexer em nada aqui. Se é um relatório não sabe fazer, se mando pegar a relação de entrada dos produtos na loja, me trás relatórios de vendas. Onde eu tava com a cabeça quando te contratei em? Você não sabe de nada é uma anta, analfabeta! Sai da minha frente!
Aline: CHEGA, VOCÊ NÃO TEM O DIREITO DE FALAR ASSIM COMIGO. EU NÃO SOU SUA ESCRAVA. Eu estou cansada. Eu me demito!
Maíra: O quê? Quem você pensa que é garota. Você não se demite coisa nenhuma. Você só sai daqui quando eu quiser! Volta pra recepção e vai fazer seus afazeres!
Aline: Eu já disse que me demito. E você não manda em mim, eu saio daqui quando eu quiser!
Maíra: Cala a boca sua incompetente. Fecha está matraca!
Ela joga algo em Aline que se desvia.
Aline: Tá louca?
As palavras de Aline ecoam na cabeça de Maíra. A mulher se enche de ira e parte para cima da funcionária, ela aperta o pescoço de Aline com força. A garota tenta sair das mãos da mulher, mas em vão. Maíra aperta mais forte, Close no seu olhar demoníaco. Aline sem ar, vai ficando vermelha e perdendo a lucidez. Anthony entra no exato momento.
Anthony: O que está acontecendo aqui? (diz, desesperado) Maíra, você tá maluca?
Maíra nada diz. Está numa espécie de transe. Ela solta a mulher.
Anthony ajuda Aline, que tosse buscando ar.
Anthony: Você está bem? Aline, fala alguma coisa!
Aline (com dificuldades): Eu… Eu… Estou bem! – ela respira fundo.
Anthony a deixa e vai para Maíra.
Anthony: Você passou dos limites Maíra, se eu não chegasse aqui você teria cometido uma loucura. Tem noção do que acabou de fazer? Tentativa de homicídio, isso é crime!
Maíra: Vai pro inferno. Me deixa em paz! Sai daqui, sai daqui vocês dois. Saiam!
Anthony ajuda Aline. Os dois juntos saem da sala.
Maíra fecha a porta com tudo tirando um grande estrondo. Ela começa a quebrar tudo dentro da sala. A tensão. Ela joga o computador no chão, telefone e outros objetos. Close no seu olhar parece processa. Respiração ofegante, está em êxtase. Ela se senta no chão e encosta na parede chorando. Close geral do lugar completamente destruído.
Na sala de Anthony
Anthony entrega um copo de água para Aline.
Anthony: Está se sentindo melhor!
Aline (passando a mão na garganta): Estou sim, mas ela quase me matou. Eu… Eu não aguento mais isso! Vou embora daqui e não piso aqui nunca mais!
Anthony: Esse foi o ápice pra mim também. Eu não estou suportando mais, a Maíra está possuída de ira e não consegue se livrar. Pra mim já deu, hoje mesmo eu arrumo minhas coisas e saio daquela casa!
Aline: Eu vou pra casa, não fico mais nenhum minuto ao lado dessa maluca!
Anthony: Vamos, eu te levo em casa. E aproveito para sair antes que a louca da Maíra chegue em casa!
Os dois saem.
Cena 7- Tomadas Externas do Rio de Janeiro / Tarde
Ao som da música Angústia Suprema – Rosa de Saron. Passam cenas rápidas do Rio. Vista panorâmica dos principais pontos turísticos. Desde o corcovado até o Cristo redentor. Corta para
Cena 8- Cobertura de Maíra / Quarto do casal / Tarde
Maíra entra no quarto está descabelada e com a maquiagem toda borrada. Anthony termina de fazer a mala.
Maíra: O que significa isso, Anthony?
Anthony: Estou indo embora. Embora da sua vida e dessa casa!
Maíra: Você não pode!
Anthony: Tanto posso que vou!
Maíra tranca a porta e fica parada em frente da mesma.
Maíra: Daqui você não sai. Você é meu marido, nós temos uma família!
Anthony: Chega Maíra, acabou. E acho melhor você aceitar isso. Sua ceninha não vai me fazer mudar de ideia. Não dá mais, a situação não está boa e só piora a cada momento!
Maíra: Você não vai me deixar aqui sozinha Anthony. Não vai! Eu sou sua esposa, eu não quero que você saia daqui. Nós temos uma família!
Anthony: Eu não te suporto mais Maíra. Você não tenta nem ao menos mudar. Vive sendo perseguida por essa ira que te consome. E o que você fez com a Aline na loja foi o estopim para que eu tomasse minha decisão. Acabou, eu vou sair daqui SIM, e sai logo dessa porta!
Maíra (alucinada): Não, eu não vou sair daqui! – ela abre os braços em frente a porta – você não vai me deixar, você não vau sair daqui vai vai. NÃO VAI! (grita)
Anthony avança na mulher.
Anthony: Sai dessa porta Maíra, não me tire do sério! (ele a segura forte)
Maíra grita se debatendo: NÃO, NÃO. EU NÃO ACEITO QUE VOCÊ SAIA DAQUI E POR CAUSA DAQUELA FUNCIONÁRIA!
Anthony: Não é por causa de Aline. É por sua causa, é porque você não sabe se comportar direito. Eu ja cansei, e sai logo da minha frente!
Ele empurra a mulher que cai sobre um móvel (criado mudo). Ela chorosa.
Anthony se vira para ela: Você quem escolheu isso, eu não tive escolha, Maíra!
Maíra o encara, está vermelha de ódio. Close na sua mão que pega a tesoura que está em cima do criado mudo, ela pega a tesoura com força, sua mão treme.
Maíra: VOCÊ NÃO VAI SAIR DAQUI!
Ela se levanta coma tesoura na mão. Anthony olha para trás assustado.
Anthony: O que é isso Maíra? Para já com essa palhaçada. Isso não é coisa que se brinque! (diz, assustado)
Maíra: Você não vai sair, não vai, NÃO VAI! (reforça, gritando)
Anthony: Larga isso Maíra, nada do que você fizer vai mudar esta situação. Eu vou embora daqui!
Maíra se enfurece. Ela treme toda. Do nada ela joga a tesoura contra o marido. Anthony desvia mas a tesoura ainda acerta de raspão no seu braço.
Anthony: AAAAI! (diz colocando a mão no braço, sangra muito) Olha o que você fez! (encarando a mulher)
Maíra desolada, ela balança a cabeça, chora muito.
Maíra: Não foi eu, não foi eu. Eu não fiz nada, não fiz! (diz, se afastando)
Ela fica parada.
Anthony: Se antes eu não tinha motivos para sair daqui, agora tenho motivos suficiente!
Ele pega sua mala e sai. Close em Maíra chorosa, aos poucos ela vai se abaixando até sentar-se no chão. Ela põe as mãos no rosto chora gritando.
Letreiro: Semanas Depois
Cena 9- Praia de Copacabana / Manhã
Anthony e Aline passeiam juntos pela praia, estão trajados de roupas adequadas para o momento. Close nas mãos que estão dadas.
Aline: Olha só onde estamos! Praia, sol…
Anthony: Não sabe o quanto me sinto bem aqui. Só fico com medo de que a Maíra faça algum mau a minha filha!
Aline: Não seria melhor ela vir morar conosco?
Anthony: Melhor seria, mas a Maíra nunca ia aceitar isso! Ela está transtornada, parece que tem algo que se apossa dela e não a deixa em paz! Tenho medo disso!
Aline: E o que você pretende fazer!
Anthony: Por enquanto estou de pés e mãos atadas! Não sei que decisão tomar!
Aline: Eu te entendo!
Os dois se beijam.
Anthony: Que tal a gente deixar de papo e tomar um banho? Olha como o mar está lindo!
Aline: Muito lindo por sinal. Mas acho que ficarei aqui na areia apenas pegando um sol!
Anthony: Nada disso! (ele pega a mulher no colo e corre para dentro d’água)
Aline: Não, Anthony. Não!
Ele a joga na água. Ambos sorriem.
Anthony: Eu não vim até a praia para sair sem tomar dá um mergulho! A água tá tão boa!
Aline: Eu gostei, vamos fazer de novo? (sorri)
Os dois se abraçam aos beijos, são interrompidos por uma onda que bate neles os derrubando. Na felicidade dos dois corta para.
Cena 10- Cobertura de Maíra / Quarto dela / Manhã
Maíra anda de um lado para o outro do quarto. Ela pega um vidro de perfume e lança com força na parede, o vidro se quebra em pedaços. Ela joga o abajur no chão. Depois vai até o closet e começa e pegar suas próprias roupas e a rasgar. Close no seu olhar possesso
Paralelo a isso
Brendda serve o café da manhã para Érica.
Érica: Minha mãe não desceu?
Brendda: Não, esta lá trancada no quarto. Uma vez ou outra escuto ela gritar e reclamar de algo!
Érica: Você acha que minha mãe está ficando louca?
Brendda: Eu não sei… Nunca vi nada igual o que ela está passando!
Érica: E depois que o papai saiu ela piorou bastante! Até se um grilo cantar ela se irrita e quebra algo!
Brendda: Eu não sei, as vezes sinto como se ela tivesse sendo perseguida por… Sei lá, um espírito maligno!
Érica: Credo Brendda, isso só acontece nos filmes de terror que passa na tv!
Brendda: Eu lembro de uma série que assisti em que os espíritos atormentava as pessoas e elas faziam coisas e nem sabia como fizeram!
Érica sorri: Isso só acontece na tv, Brendda. Isso é só um distúrbio que a manhã mãe tem, como dizia minha avó: Ela tem o pavio curto!
Brendda: Continuo com minha tese!
Érica sorri.
De volta ao quarto de Maíra, uma bagunça se faz no local, roupas espalhadas por todo o quarto, Maíra pega um vidro de álcool e começa a espalhar sobre o lugar, ela pega uma tesoura e corta todo o colchão, faz o mesmo com os travesseiros. Ela se encara no espelho, está deformada. Close no seu olhar. Ela pega a tesoura e joga contra seu reflexo, o espelho quebra.
A mulher começa a ouvir vozes, ela gira de um lado para o outro. Muita tensão, risadas medonhas se ouvem pelo quarto.
Maíra: Sai daqui, me deixa em paz, vai pro inferno!
Ela corre pelo quarto. Começa a jogar coisas. Sombras Correm atrás dela. Um incêndio começa no quarto.
Cortes descontínuos
Brendda desce a escada correndo.
Brendda: Temos que sair daqui Érica, sua mãe está trancada no quarto e parece que tem fogo lá!
Érica: Fogo, ai meu Deus. Então temos que tirar ela de lá!
Brendda: É melhor não. No estado que ela está lá vai ser pior. Vamos ligar pros bombeiros, pro seu pai ou o que mais tiver número ai. Acho melhor chamar o exórcista também!
Érica: Eu não vou deixar minha mãe ali dentro. E se ela morrer?
Brendda: Vamos sair logo daqui se não a gente é quem morre!
Ela sai levando a garota mesmo contra a força.
Em frente ao prédio minutos depois
Muitas pessoas se aglomeram no local. Alguns curiosos e outros moradores do lugar, logo chega o carro do bombeiro e da polícia. Eles estão se preparando para entrar. O carro de Anthony se aproxima, ele desce e vai até onde está Brendda e Érica.
Anthony: Brendda, pode me dizer o que está acontecendo? Você me ligou naquele estado e agora tudo isso!
Brendda: A dona Maíra, ela teve um ataque lá. Se trancou no quarto. Começou a gritar a quebrar tudo. Depois percebi que ela tinha colocado fogo no quarto!
Érica: Pai, por favor tire minha mãe de lá. Ela vai morrer!
Anthony: Mais uma loucura da Maíra. Ai meu Deus! Eu vou ver o que eu posso fazer!
Ele sai. Brendda abraça Érica.
Na portaria do prédio. Anthony chega. Ele tenta entrar mas é barrado.
Bombeiro: Não pode entrar!
Anthony: Mas é minha mulher que tá lá dentro. Eu preciso entrar!
Bombeiro: Sinto muito, mas você não pode!
Anthony finge que desiste, quando o bombeiro se vira ele corre e entra.
Bombeiro: Ei, volta aqui. É perigoso!
Anthony sobe escada a cima.
Na cobertura, minutos depois.
Maíra tenta abrir a porta do quarto, está desesperada, as chamas sobem com rapidez.
Maíra: Socorro, me tire daqui! – ela grita – Brendda, Érica me ajuda aqui! Ai meu Deus. Eu não quero morrer!
Algo explode fazendo as chamas subirem ainda mais. Close em Maíra encarando a janela. Ela vai até lá, olha pra baixo e fica desesperada.
Maíra: Se eu pular daqui eu não sobrevivo, é alto demais!
Ela permanece parada olhando para baixo. Fecha os olhos, chora. Nesse momento Anthony arrebenta a porta e entra com tudo.
Anthony: Maíra, não faça isso!
Ela olha surpresa para ele.
Maíra: Anthony, me tire daqui!
Ela corre e o abraça. Acaba desmaiando.
Corta para
Cena 11- Hospital / Quarto de Maíra / Tarde
Maíra acorda, ao seu lado está Érica e Anthony.
Maíra ainda zonza: O que aconteceu? Onde estou? – ela tenta se sentar.
Anthony: Fique deitada Maíra. Você surtou e colocou fogo no quarto. Acabou desmaiando e trouxemos pro hospital!
Maíra: Minha cabeça está doendo!
Érica: Deve ser por causa do desmaio. Se não fosse o papai a senhora teria morrido!
Maíra: Obrigado Anthony!
Anthony: Eu só fiz… O que tenha que ser feito! (T) Bem, agora que você está bem eu vou voltar pra casa!
Maíra: Anthony, por favor… Nós somos uma família!
Anthony (corta): Para Maíra, eu… Eu não tenho mais o que fazer aqui. Sua vida não me diz respeito mais. Ficar bem!
Ele sai.
Érica pega na mão da mãe: A senhora está bem?
Maíra (altera): Como eu poderia estar bem? Não vê que minha vida está um inferno?
Érica: Eu só fiz uma pergunta. Não é preciso se irritar!
Maíra: Como não me irritar com uma pergunta idiota dessa?!
Érica: Pelo visto está muito bem agora. Permanece a mesma!
Maíra: Sim, agora sai daqui que eu preciso descansar!
Érica: Tá bom, já estou indo!
Ela sai. Close no olhar confuso de Maíra.
Letreiro: Algum tempo depois.
Cena 12- Apto de Aline / Cozinha / Manhã
Aline está na pia lavando os pratos. Anthony se aproxima dela por trás a abraçando e beijando seu pescoço.
Aline: Então, como foi lá?
Anthony: Tudo bem. A Maíra resolveu ir para aquele retiro tentar esfriar a cabeça!
Aline: Que bom. E a Érica?
Anthony: Está ajeitado as coisas no quarto dela. Sabe como são essas pré-adolescentes, carregam tantas coisas!
Aline (se vira): Ainda bem que terminou tudo bem, não é?
Anthony: Engano seu, isso está longe de acabar. Algo me diz que temos muita coisa ainda pela frente!
Aline o beija: Sem pessimismo meu amor. Vamos esquecer isso, agora que a Maíra está lá no retiro. Podemos enfim ficar de mentes tranquilas!
Anthony: É, você tem razão!
Eles se beijam sorrindo. Ela passa a mão suja de espuma de sabão no rosto dele.
Anthony: Ah, não isso é sacanagem!
Aline: Ficou lindo! – sorri.
Anthony pega a esponja e passa nela. Os dois sorriem, ambos bricam se sujando. Érica entra, os dois ficam parados encarando a garota.
Érica: Ops, acho que atrapalhei a brincadeira. Deixa eu voltar pra sala. Podem continuar! – sorri.
Anthony: Nada disso. Vem aqui brincar com a gente!
Érica: Não, já passei dessa fase!
Ela vai saindo. Anthony corre e passa a esponja no rosto da garota, ele sorri. Érica se vira, faz cara de zangada depois sorri.
Érica: Você mexeu com a pessoa errada!
Ela avança no pai. Ambos brincam se sujando. Tempo na diversão dos três. Corta para.
Cena 13- Região serrana do Rio – Sítio / Tarde
Muitas mulheres conhecendo o lugar, fascinadas com a hospedagem simples e aconchegante. Maíra é uma delas, apesar de não está satisfeita tenta manter o clima. Ela caminha pelo corredor. Olha adiante e veja uma cachoeira, sorri. Ela entra num quarto e coloca a mala em cima da cama. Logo outra mulher entra.
Mulher: Ei querida, você chegou atrasada, esse quarto já é meu!
Maíra (rude): Eu não vi seu nome na porta. E nem suas coisas aqui!
Mulher: É porque eu fui buscar minha mala que tinha ficado na sala! Mas eu ja havia escolhido esse quarto!
Maíra: Azar o seu, só sei que daqui não saiu, daqui ninguém me tira. E da licença que eu quero trocar de roupa!
Mulher: Você vai sair daqui sim. Eu já disse que esse quarto é meu!
Ela segura e aperta o braço de Maíra.
Maíra: Me solta sua vaca, sai de perto de mim. Esse quarto é meu!
A mulher pega a mala de Maíra e joga pra fora.
Mulher: É meu, eu o escolhi primeiro! É você quem sairá daqui!
Maíra se enche de ódio e avança para cima da mulher ela aperta o pescoço dela.
Maíra: Você não devia ter feito isso sua vaca. Maldita!
Os olhos de Maíra estão vermelhos, o ódio transborda por eles. Sua boca entorta, ela se treme. A mulher tenta se solta, ela se debate apertando os braços de Maíra, mas é em vão. A mulher vai perdendo o ar aos poucos, ficando roxa até que acaba desfalecendo. Maíra continua a apertá-la até que cai em si. Ela joga a mulher no chão já morta. Close no desespero de Maíra.
Maíra leva a mão a boca: Ai Meu Deus, o que eu fiz? (ela coloca a mão sobre a boca)
O rosto de Maíra é de desespero total. No desespero dela corta para:
” Muito mais doloroso são as consequências da íra do que suas causas… A íra suscita a morte! “
FIM.
Ódio é o que não falta na vida de Maíra, uma mulher dominada pela ira e que deixou que as coisas saíssem do seu controle. E tanto sofreu ela como quem estava ao seu redor. Mas as consequências veio pra sua vida. E olha o que ela acabou cometendo?
Muito obrigado pelo comentário! 🙂
Wagner, que ótimo episódio. Você utilizou muito bem o pecado, e fez de Maíra uma marcante personagem. Quem diria, chegou a matar devido a tanta fúria. Você conseguiu criar algo com começo, meio e fim bem delineados, gostei muito dessa história e o final ficou excelente! Meus parabéns.
Obrigado Victor. Eu quis explorar ao máximo que pude do pecado e da personagem principal;no caso Maíra.
Toda a ira descontrolada dela acabou levamdo seu casamento sua vida social e ainda uma morte.
Obrigado por ler e comentar. Obrigado mais ainda pelo convite para participar dessa incrível obra 😉 até a proxima!
Não imaginei que Maíra fosse ser assim tão raivosa. Brigava em todas as cenas, até no hospital, quando achei que pudesse se redimir, foi rude com a filha. Só fez por afastá-la. Mas a redenção passou longe dela, sobretudo depois de matar uma mulher porque disputava o quarto com ela!
Enfim, parabéns pelo episódio, Wagner, me surpreendi com ele, com Maíra, as demais personagens também. Apesar do pouco tempo, torci também por Aline. Parabéns!
Pois é João, a ira da mulher chegou aos extremos e ela não estava mais conseguido de controlar. E uma redenção passou longe dela, rs. Nem com tudo que aconteceu ela foi capaz de mudar acabou por se afastar das pessoas que ela mais amava. E pra complementar assassinando uma mulher. 🙁
Aline teve seus momentos apesar de ser uma história curta rs
Muito obrigado pela leitura e pelo seu valoroso comentário. 😉
Ual que historia tensa, Maíra foi longe demais deixou que o ódio, a raiva, a irá falasse mais alto, de tal forma que fez vitimas não só de suas atitudes extremas mas como a si mesma.
Verdade Vinícius, ela não conseguiu mais controlar sua raiva e ela passou a controlá-la. O que acabou nesse fatídico trauma, perdendo marido, filha e matando uma pessoa. As coisas passaram do alcance da protagonista.
Obrigado por ler e fazer seu comentário sobre a história! 😉
Senhor!!! Essa Maíra é a ira em pessoa. Que mulher mais estressadinha 😯
A ira dela foi tanta que até fez com que ela perdesse o juízo e matasse uma pessoa.
Devo admitir que seu texto ficou excelente, Wagner!! Gostei muito da história, e do rumo que a mesma teve.
Continue sempre assim, ou melhorando cada vez mais!!
Tá de parabéns pela história maravilhosa e envolvente.
Ódio é o que não falta na vida de Maíra, uma mulher dominada pela ira e que deixou que as coisas saíssem do seu controle. E tanto sofreu ela como quem estava ao seu redor. Mas as consequências veio pra sua vida. E olha o que ela acabou cometendo?
Muito obrigado pelo comentário! 🙂