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Maçã do Amor

Maçã do Amor – Capítulo 16 (Última Semana)

Capítulo 16

(Última Semana)

 

Cena 01/ Mata. Noite.

Efeito Sonoro de fundo (instrumental, triste)

 

Em câmera lenta mostra o corpo de Adão caindo no rio, misturando seu sangue com a água.

No rosto de cada um exibia-se espanto com a cena que estavam presenciando, uma morte inocente, sem culpa.

 

Eva corre na beira do rio, chorando:

Eva – ELE MORREU! – Naja vai ao seu lado consolá-la.

Éden – Não pode ser! VOCÊ MATOU ELE, CANALHA! – e parte para cima de Trevas, mas os policiais impedem ele de prosseguir, enquanto algemava-o.

 

O corpo de Adão havia sumido pela correnteza:

Policial – Amanhã faremos a perícia e busca do corpo. Está de noite, não teremos nenhum resultado agora.

Eva – Temos que encontra-lo agora! Quem sabe ainda tenhamos chance de salvá-lo?

Policial – Até entrarmos em contato com o corpo de bombeiros e eles iniciarem o processo de buscas, será tarde demais. Sinto muito.

Eva (inconformada) – Não pode tudo isso acabar assim …

 

O policial caminha até Trevas e Edu, ao qual já estavam algemados:

Policial – Vamos! A hora de vocês chegou. – e começam à levar eles para a viatura, no caminho Edu encontra o rosto triste de Griselda, que olhava para ele decepcionada.

Edu (sussurra) – Sinto muito …  – e a policial coloca-os para dentro da viatura.

 

Naja (para Eva) – Não fica assim, amiga… – tenta consolá-la, enquanto entravam na outra viatura para voltarem para casa. No caminho inteiro todos foram em silêncio, chorando calados, sofrendo calados.

 

Cena 02/ Quarto do Hotel. Noite.

 

Mamis (fugindo do assunto) – Canadá, não começa à imaginar coisas não, por favor – e calça seus sapatos.

Canadense – Então prove que eu estou errado – diz se levantando e indo até ela, ainda pelado, ficando cara a cara – Eu posso até ser aquele sujeito frouxo na frente do babaca de seu ‘marido’, mas tu sabes que na realidade eu sou completamente diferente disso – e agarra ela pelos cabelos, dando-lhe um beijo à força. Ela empurra-o se soltando.

Mamis – Tenho que ir, Canadá. Vê se não demora muito para aparecer. Papis já está desconfiando deste seu “sumiço” deis que chegamos na cidade.

Canadense – Eu quero mais que ele se foda. – e se joga, deitando-se todo esparramado na cama – Depois deste trajeto todo até a capital, no carro e naquele maldito caminhão, eu preciso mais é esvaziar o meu saco. Porque já estou de saco cheio de tudo isso.

Mamis – Eu estou falando sério, é pra voltar. Tchau – e ia saindo pela porta.

Canadense – Não irá me dar nem ao menos um beijinho? – Mamis volta até a cama para se despedir, mas na hora que vai dar um beijo nele, ele abaixa a sua cabeça até o seu membro endurecido – Meu amigão achou que você não ia se despedir dele. Isso, assim … – começa a gemer enquanto ela se “despedia”.

 

Cena 03/ Lanchonete Pague & Coma. Noite.

 

Eles entram na lanchonete fechada, todos arrasados. Dona Geralda aguardava eles sentada em uma das mesas:

Geralda – Cadê o Adão? – e como resposta recebeu olhares entristecidos. – Ele …? – e entende o recado, começando a chorar.

Éden (se sentando) – Cara, ainda não caiu a ficha. Nunca me passou pela cabeça que Adão morreria algum dia. Também como nunca me passou a falta que ele iria me fazer.

Eva – Nós podíamos até não ter se dado bem no começo, mas… – e coloca as mãos no rosto, começando a chorar – De um dia pro outro tudo em minha vida resolveu mudar, assim, do nada.

Naja – Tudo tem um motivo para acontecer. Infelizmente, talvez tenha chegado a hora dele.

Griselda (subindo as escadas) – Eu não estou muito legal. Vou ir me deitar – fala, saindo do salão, indo até seu quarto. O verdadeiro motivo de sua tristeza foi a decepção em ver Edu sendo preso, acabando com a imagem de “homem perfeito” que ele lhe deixou.

Geralda – Até Griselda que só brigava com ele acabou ficando abalada com sua morte.

Eva – Talvez meu pai esteja certo.

Naja – Sobre o quê?

Eva – Com todos estes desastres acontecendo de perdermos o nosso apê, de destruírem o nosso salão, da morte de Adão por minha causa…

Naja – Amiga, você não tem culpa dele ter morrido.

Eva – Tenho sim, Naja! Se não fosse por minha causa ele ainda estaria vivo.

Naja – É normal essa sensação de culpa, mas…

Eva – Chega, bicha! Tudo está comprovando isto. Talvez está na hora de eu voltar para casa – os olhos de Naja se enchem de lágrimas.

Naja – Não faça isso. É só coisa da sua cabeça. Quem sabe tudo melhore e …

Eva – Não vai melhorar! E se mais pessoas morrerem por minha culpa? Até mesmo, você. E isto não vou suportar jamais, carregar este peso em minha consciência.

Naja – Eva, não…

Eva – Preciso partir o quanto antes deste lugar. Já compreendi que não é para eu estar aqui – e sai da lanchonete, segurando as lágrimas.

Naja (gritando na porta) – EVA, VOLTE! – mas nem ela nem nada iria fazer ela voltar. Eva quando viu aqueles rostos chorando, fez com que aumentasse ainda mais a sua sensação de culpa. Éden vai até o lado de Naja na porta, que deita a cabeça em seu ombro, chorando.

 

Cena 04/ Apartamento de Eva. Noite.

 

Papis – Achei que não iria voltar mais – fala, enquanto bebia o resto do vinho tinto de sua taça. Mamis fecha a porta, indo até o seu lado na mesa.

Mamis – Resolvi eliminar umas gordurinhas que eu tinha em excesso hoje.

Papis – Interessante. Inclusive, até eu estou entrando para esta moda “fitness”.

Mamis – Como assim, o que está falando, marido? – pergunta, enchendo uma taça para si com o vinho da garrafa de Papis.

Papis – Eu explico sim. Depois que eu recebi uma visita desagradável esta tarde, passei lá na academia para desestressar. E é incrível pois, você diz que ficou até mais tarde lá, mas eu não te vi. – Mamis quando devolve para fora o vinho que bebeu, assustada. A sua salvação foi Canadense ter entrado nessa hora no apartamento – Aonde estava todo este tempo, Canadá?

 

Mamis e Canadense se olham por um momento:

Canadense – Resolvi uns probleminhas de um outro cliente meu aqui da cidade. Mas já estou de volta, patrão.

Papis – Eu te pago para ser meu advogado pessoal. Isso inclui EXCLUSIVIDADE. Não quero que fique dando esses sumiços para resolver problemas de outros.

Canadense – Na verdade, você não me paga, né. Se esqueceu que está falido?

Papis – E cadê o “juntos na alegria e na tristeza”?

Canadense – Pelo que eu saiba isto não é um casamento, senhor.

Papis – Não seja o caso. Só quero que a partir de agora, pelo menos avise quando for “desaparecer”.

Canadense – Está bem, senhor. – a campainha toca.

Papis – Quem será numa hora dessas? – se pergunta, indo até a porta.

 

Enquanto ele ia, Mamis olha para Canadense, agradecendo em pensamento por ele livrá-la daquela situação. Papis ao abrir a porta fica surpreso ao encontrar Eva:

Papis – Filha? O que faz aqui essas horas?

Eva – Você venceu. Eu vou voltar para casa.

 

Cena 05/ Duplex de Adão. Quarto. Dia.

 

Imagens descontinuas do dia amanhecendo nublado na cidade, com uma leve garoa. Efeito sonoro de fundo (Writing’s On The Wall – Sam Smith).

 

Éden entra no quarto, onde Naja havia passado a noite, com um copo de chá quente:

Éden – Beba. Pode lhe fazer bem. – e se senta ao seu lado na cama. Ela pega o copo, bebericando um gole.

Naja – Agora sim que eu não faço a mínima ideia do que eu vou fazer da minha vida. Eva pelo menos têm a casa-mansão dela para voltar. Já eu, nada.

Éden – Não fique assim. Posso até tentar conversar com a dona Geralda. Quem sabe ela deixe você ficar no lugar de Adão na lanchonete até você conseguir se estabilizar?

Naja – Faria isso por mim?

Éden – Claro. – e suspira – Se bem que é estranho não ter mais a companhia do bocó do Adão todos os dias para me atormentar.

Naja – Pelo jeito, nós dois perdemos os nossos melhores amigos.

Éden – Você pode tentar convencer Eva à ficar! Ela estava de cabeça quente, poderá mudar de ideia ao perceber a burrada que está fazendo.

Naja – Não. Vou dar liberdade para ela. Se ela quer quebrar a cara, que quebre sozinha. Para depois não dizer que eu não avisei – e bebe mais um gole de seu chá.

 

 Cena 06/ Empresa Paradise. Dia.

 

Ângelito entra na sala de Senhor apavorado:

Ângelito – Senhor…!

Senhor – Sim?

Toma fôlego para responder:

Ângelito – Tem uma coisa lá no jardim que você irá querer ver.

 

Jardim da empresa:

A garoa molhava a área verde dos fundos da empresa, deixando as plantas ainda mais verdejantes. Ângelito chega correndo, Senhor logo atrás:

Ângelito – Ali, Senhor! Ali! – grita apontando para a beirada do lago.

 

Senhor caminha até lá, encontrando o que tinha deixado Ângelito tão agitado:

Ângelito – Deve ter chegado pela noite – tenta levantar fatos, enquanto vê Senhor agachado ao lado do corpo daquele homem. O corpo estava sujo do pó da beirada do lago.

Senhor – Não te aflite.

Ângelito – O que vamos fazer com ele agora?

 

Senhor ignora a pergunta, concentrado enquanto observava o corpo em sua frente.

Senhor – Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra”. (Gênesis 1.26)

 

Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente.  (Gênesis 2.7) Com o sopro, o ar voltou a circular pelos pulmões, e as pálpebras tornaram à se abrir. Adão sobreviveu.

 

Continua …

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