Maçã do Amor – Capítulo 12
Capítulo 12
Cena 01/ Apartamento de Eva. Corredor. Noite.
Adão – Bem que Dona Geralda me falou uma vez de você, e do sujeitinho mal carácter que você é.
Papis – Tome cuidado com as suas palavras, meu jovem! Me conheceu hoje. Não tem direito de falar assim de mim.
Éden – É, Adão. Esses políticos não são confiáveis não, vai saber se ele paga alguém pra te perseguir depois. Melhor não cutucar a onça com vara curta.
Mamis – Chamou o meu marido de Onça?!
Eva – GENTE! – assim todos se calam outra vez – Chega de discussões, por favor, né? Olha que horas são.
Papis – Para vocês verem que não sou uma má pessoa como pensam, darei a Eva mais uma chance. Volta para a nossa mansão, filha?
Eva – Não.
Naja – COMO NÃO, AMIGA?!
Eva – Naja, não caia nessas ilusões fantasiosas. Ele me deu uma condição se eu voltar.
Naja – E qual era?
Eva – Se eu voltasse, seria sozinha. Você não poderia ir comigo – Naja fica entristecida com a notícia.
Naja – E você escolheu ficar … por mim? – Eva balança a cabeça que “sim”. – Ai, amiga, deixa eu te dar um abraço – e vai até ela, com lágrimas nos olhos, enquanto as duas se abraçavam.
Nessa hora, Neto, o porteiro, chega:
Neto – Pelo jeito, você já recebeu a visita, né? – fala, sem jeito, por não conseguir impedir Papis de ir até lá.
Eva – É. Infelizmente.
Neto – Desculpe, mas, vocês vão ter que ir embora. Os vizinhos aqui do prédio já estão todos reclamando do barulho que está vindo daqui.
Eva pega sua mala:
Eva – Tudo bem, seu Neto. Nós estávamos de saída mesmo – e começa a andar pro elevador.
Papis – Espere aí, filha! Pra onde você vai?
Adão – Para a minha casa.
Papis – O quê?! Como assim que minha filha vai dormir na casa deste sujeitinho insignificante? Se é que você tem casa.
Adão – Eu tenho sim, para a sua informação. E eu nunca deixaria Eva dormir na rua, ao contrário de você, que é o próprio pai dela. Por mais que ela seja toda essa “megera chatinha” por fora (p) Eu sei que ali dentro ela guarda um bom coração – podia se escutar os “owttss” saindo da boca das pessoas, enquanto Eva lutava para não esboçar um sorriso. – Além do mais, eu tô te devendo uma, não é Eva? Você me abrigou em sua casa. Farei o mesmo.
Eles vão embora. Papis e Mamis entram no apartamento.
Papis ao entrar, enche um copo com cubos de gelo e uma bebida forte, se sentando no sofá. Mamis corre para tomar um banho demorado. Canadense ninguém sabia notícia. Após beber um longo gole, sentindo os efeitos da bebida fazer efeito em seu corpo, pega o retrato de Eva outra vez, e fica olhando-o.
Pela primeira vez, aquele apartamento havia ficado silencioso e … solitário.
Cena 02/ Lanchonete Pague & Coma. Noite.
Griselda – Mãe?! Você está bem? – tenta acordá-la. Geralda começa a falar coisas sem sentindo. Foi quando Griselda vê as garrafas de bebida – Você voltou a beber, né? – solta um ar entristecido pela mãe ter voltado ao antigo vício. Se esforça para levantá-la do chão – Acorda, mãe? – Mas Geralda não correspondia – Vou te levar pra sua cama – fala, mesmo sabendo que ela não lhe escutava. Começa a andar com a mãe apoiada em seus ombros.
Cena 03/ Apartamento de Adão. Quarto. Noite.
Adão – Encontrei! Estavam lá na lavanderia – entra no quarto, com duas cobertas nas mãos.
Eva – Obrigada – agradece, pegando uma. – Mas, Adão, você cedeu a sua cama para nós, e você? Vai dormir aonde?
Adão – Eu durmo ali no sofá. Não se preocupe.
Eva – Não! Durma aqui. Nem eu te deixei dormir na minha cama quando você ficou lá em casa.
Adão – Sem problemas. Eu já estou acostumado a dormir lá.
Éden – Nisso eu concordo. Quase toda noite ele tá lá. Com a bunda pra cima, literalmente.
Adão – Só que dessa vez vou ter que dormir de roupa. Infelizmente.
Eva – Valeu por tudo, meninos. Eu nem sei aonde eu estaria agora se não fosse vocês.
Adão – Foi nada.
Éden – Mas é melhor dormirmos logo para esse dia se acabar de uma vez. Talvez o dia de amanhã seja diferente.
Naja – Deus te ouça! – e se deita na cama, Eva também.
Éden – Boa noite, meninas.
Eva e Naja (uníssono) –Boa noite, rapazes.
Adão – Tenham bons sonhos – fala apagando as luzes e fechando a porta. Eva se vira para o outro lado da cama, refletindo em tudo o que lhe aconteceu. Adormecer sem derrubar uma lágrima foi inevitável.
Cena 04/ Apartamento de Eva. Dia.
Imagens Descontínuas do dia amanhecendo na cidade de são Paulo.
A campainha do apartamento toca, Mamis vai abrir a porta, morrendo de sono pelo fato de ter acabado de acordar:
Mamis – Quem é?
Deputado Cunha – AAAH!!! – se assusta assim que ela abriu a porta, e vê a imagem dela vestida em trajes de dormir e com o rosto cheio de creme para a pele.
Mamis – O que foi?
Deputado Cunha – Não é nada, é que … – resolve não comentar sobre sua aparência – O senhor Papis por acaso se encontra?
Papis (saindo do quarto) – Sim, estou aqui. – responde saindo do quarto, já vestido de seu inseparável terno – Aconteceu alguma coisa, Deputado?
Deputado Cunha – Assuntos de trabalho, se é que me entende.
Mamis – Tá, tô saindo! – detecta a indireta, e retorna ao quarto.
Papis – Entre – convida. Eles se sentam na mesa – Servido de alguma coisa?
Deputado Cunha – Não, obrigado.
Papis – E qual é o assunto?
Deputado Cunha – Já arranjei um comprador para o apartamento. Aliás, ele já está vendido. – e retira de sua maleta um cheque.
Papis – Já?! Mas, como? Quem que comprou?
Deputado Cunha – Eu mesmo.
Papis – Você?
Deputado Cunha – Na verdade, foi o povo, já que usei dinheiro público. Mas eu precisava de um endereço para instalar a minha mais nova empresa.
Papis – Só acho que neste apartamento não caberá uma empresa…
Deputado Cunha – Disso eu sei, óbvio. Mas não abrirei uma empresa de verdade, né. É só para colocar nos papéis lá. Fica mais rápido o meu desvio de verbas criando empresas terceirizadas fantasmas. Parece até que não me conhece – a porta bate novamente, e desta vez quem entrou foi Diota, um rapaz meio abobalhado, que é ‘cobaia’ dos jogos sujos do Deputado e Trevas.
Diota – Bom dia, senhores! – cumprimenta, e com a câmera que tinha em mãos, tira uma foto de Papis.
Papis – Por que raios está tirando foto de mim, garoto?!
Deputado Cunha – É para a sua candidatura. As eleições já estão logo aí. Esta foto servira para a produção de seus “santinhos”.
Papis – Mas acho que a foto não ficou muito boa…
Deputado Cunha – Isso não é importante.
Papis – Como não? É a minha imagem.
Deputado Cunha – O que importa será que em breve você vai ser o mais novo prefeito desta cidade!
Cena 05/ Casa de Geralda. Dia.
Griselda vai até o quarto da mãe, levando um copo com água e um comprimido nas mãos:
Griselda – Demorou pra acordar hoje, hein, Dona Geralda – implica, se sentando ao lado dela na cama – Já até abri a lanchonete.
Geralda – Não enche meu saco logo cedo não, filho da quenga – fala, tomando o comprimido que Griselda trouxe.
Griselda – Mas me conta o que aconteceu.
Geralda – Como assim “o que aconteceu”? – Perguntou tentando se levantar, mas seu corpo ainda estava fraco.
Griselda – Convivo com você a dezenove anos, dona Geralda. Te conheço muito bem. E para a senhora voltar a beber de novo, mesmo depois do médico falando para você não fazer mais isso, alguma coisa aconteceu. Fala.
Geralda – É Papis.
Griselda – E o que aquele cara tem com isso? A nossa sorte é que ele está bem longe, lá pro litoral.
Geralda – Não é bem assim.
Griselda – O quê?
Geralda – É isso mesmo. Papis está de volta na área.
Cena 06/ Apartamento de Adão. Dia.
Éden – Vocês têm certeza que ainda vão trabalhar? – perguntou, retirando os pratos do café da mesa.
Naja (colocando sua bolsa) – Temos.
Eva (suspira) – Ahhh, Depois de uma noite como a de ontem, tudo o que eu mais preciso é de uma distração. E não tem nada melhor do que trabalhar numa hora dessas.
Adão – Acho que você está enganada nessa parte aí, hein… – comenta, se levantando da mesa.
Éden – Não sei o que tu está falando aí, mané. A gente tem que trabalhar também.
Adão – Nem me lembre desta parte.
Eva – Mas enfim, estamos indo agora. Obrigada por nos deixar dormir está noite na sua casa. Não sabe o quanto ajudou.
Adão – Não foi nada.
Éden – O que nós esperamos é que dê tudo certo lá com o seu pai. Quem sabe ele volte atrás e não venda mais o apartamento.
Eva – Eu conheço ele, nunca que iria fazer isso. Se duvidar, já até vendeu – dá um abraço e um beijo nos dois, Naja faz o mesmo. As duas vão até a porta.
Adão – Sempre que precisar, lembrem-se: Nós estamos aqui.
Eva – Pode deixar – e fecha a porta.
Cena 07/ Salão de Beleza. Dia.
O ônibus parou no ponto, Eva e Naja descem e começam a andar rumo ao salão:
Naja – Amiga, você está com umas olheiras horrorosas – comenta, enquanto andavam na rua.
Eva – Nem consegui dormir direito, bicha. Quando chegarmos no salão, a primeira coisa que eu vou fazer é me esconder nos óculos escuros – disse, e ao chegarem no salão, as duas pararam completamente chocadas – Amiga…?
Naja – Será que o que eu estou vendo é verdade?
O salão estava completamente destruído, as vidraças, equipamentos, maquiagens, acessórios. Tudo. Tudo estava em pedaços:
Eva (chorando) – Destruíram o nosso salão…
Continua …
e agora oq vou fazer ?
posta maisss maisss maisss