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Maçã do Amor

Maçã do Amor – Capítulo 11 (Grandes Emoções)

Capítulo 11

 

Cena 01/ Apartamento de Eva. Noite.

Naja – Eva, ele não pode vender o nosso apê! Para onde vamos ir? Faz alguma coisa, amiga?

Eva – Pai…?

Papis – Por favor, não me venha com essa voz mansinha não! Eu já enrolei dez capítulos dessa novela. Quer que eu faça mais o quê? O autor já tá enchendo o meu saco pra eu andar logo com isso. Sem chances – e cruza os braços.

Eva – Mas não tem uma outra solução para recuperar a sua fortuna?

Papis – Desculpe, filha, mas não tem. Eu preciso de um capital inicial para começar a campanha de minha candidatura nas eleições, e nem inclui os juros que só sobem lá no banco.

Adão (se intrometendo) – Por que não vende os brincos dessa perua véia aí? Acho que um brinco desses vale mais do que todo o meu salário.

Mamis – Que garoto abusado! – berra ofendida – Pobre não tem jeito mesmo, né? Nunca entenderão o que é ter glamour.

Adão – Aposta quanto que na barraquinha da feira encontro um troço mais ‘cheio dos glamour’ do que esse?

Mamis – Escute aqui, garoto… – e começa aquele famoso barraco. Naja abre a boca, Éden, por incrível que pareça, também.

 

No nível de discussão que se estava, era capaz de alguém pegar a televisão e arremessar na cabeça do outro. Mas antes disso acontecer, Eva sobe no sofá, gritando:

Eva – SILÊNCIO! – todos se calam – Agradece. Quero que geral se retire daqui, fazendo favor. Eu preciso ter uma palavrinha em particular com o meu pai.

 

Cena 02/ Boate. Noite.

As auxiliares de limpeza terminavam de varrer o salão da boate.

Devido a briga, o show não tinha acontecido. Todo mundo já tinha ido embora. Edu sai do camarim assim que terminou de contabilizar os prejuízos. Se dirige ao interruptor:

Edu – Boa noite – cumprimenta a última faxineira que saia, e aperta um dos botões, e as luzes se apagam.

(off) – PERA AÍ! – escuta um grito lá dos fundos, ascendendo outra vez.

Edu – Você? O que faz aqui ainda? – estranha, visualizando Griselda sentada nos fundos do palco, com a maquiagem toda borrada. Chorou.

Griselda – Nada.

Edu – E por que não quis fazer nada na sua casa?

Griselda – Parou, tá legal? Tô na maior bad aqui. Hoje era para ser a minha estreia pro sucesso. Mas não! Por causa daquela mimada da Eva, o meu sonho foi para os ares.

Edu (percebendo que ela estava mal) – Olha (p) Relaxa. Vai ter outros shows ainda e- …

Griselda – Não! Você não está me entendendo. Eu cansei de sempre colocar isso na minha cabeça “Sempre vai aparecer outro oportunidade” Cara, vamos viver a realidade! Se não deu certo até agora, do que vale gastar mais o meu tempo?

 

Edu se senta ao lado dela no palco escuro:

Edu – Eu sei o que você está passando. No começo de minha carreira enfrentei as mesmas coisas. Sabia que eu queria ser um cantor de funck também?

Griselda – Sério?

Edu – É. Mas, digamos que acabou não dando certo. – Griselda ri – Mesmo nunca dando certo, eu continuava tentando. E é aí que está o segredo da coisa. Pois, quanto maior for esse sonho dentro de você, maior ainda será a sua força para te fazer lutar por ele.

Griselda – Que palavras bonitas.

 

Edu se levanta, estendendo seu braço, ajudando ela a se levantar:

Edu – Às vezes, tudo o que a gente precisa é de uma mãozinha. – eles caminham em direção a saída – Venha, eu te dou uma carona até a sua casa.

 

Cena 03/ Apartamento de Eva. Noite.

Papis (com nostalgia) – Você ainda tem essa foto? – pergunta, pegando o retrato de Eva de quando era bebê (o mesmo que Adão tinha pegado).

Eva – É. Eu tenho. – se senta no sofá.

Papis – Será que nós seriamos uma família feliz? – quebra o silêncio, se sentando também.

Eva – Nós quem?

Papis – Eu, você e …

Eva – E …?

Papis – A sua mãe.

Eva – Pai, nós éramos felizes. Só você que não conseguia ver isso. O ruim é que agora já é tarde demais para voltar ao passado. A mamãe nunca mais vai voltar.

Papis – Essas coisas são muito complicadas. Agora vejo que ser adulto gera grandes responsabilidades, não é?

Eva – Pois é. Mas você ama ela?

Papis – Ela quem? A sua mãe?

Eva – Não. A … outra

Papis – Eu sei que é um pouco difícil de aceitar, mas Eva, ela é …

Eva (interrompendo) – Me poupe desses papinhos furados “É com ela que estou agora, você tem que aceitar e blá blá blá” Você sabe muito bem o que estou me referindo.

Papis – Não.

Eva (surpresa) – Não? Tipo, não mesmo?

Papis – Não tipo não. Eu não amo Mamis.

Eva – Então, porque trocou a minha mãe por ela?

Papis – Eu não troquei a sua mãe! É que … – respira fundo, se levantando – Olha, não estou com cabeça para conversar sobre isso, tá legal?

Eva (se levantando) – Como sempre, fugindo. Igual o que fez com a minha minha mãe. Você foge de tudo o que tem medo. Que raio de homem você é, hein?

Papis – Me respeita! Eu ainda sou o seu pai! – pega as malas – O que custa sair deste apartamento de quinta? Eu vou levar você para a nossa mansão. Um lugar muito melhor do que isso aqui. Lugar de onde você nunca deveria ter saído.

Eva – Você nunca vai me entender.

Papis – Entender o quê?

Eva – Foi aqui que eu consegui a minha liberdade. Pode até parecer que a sua mansão…

Papis – Nossa – corrige.

Eva – Que aquela maldita mansão pareça melhor do que este simples apartamento. Mas lembre-se, dinheiro nenhum compraria os momentos felizes que passei aqui.

Papis – Vamos para casa? – Eva desvia o seu olhar para a parede, triste – É só até eu conseguir me estabilizar, está bem? É só por um tempo. Depois você decide o que fazer dessa sua vidinha.

Eva (se rendendo) – Se eu for, promete que nunca mais me colocará nesses seus rolos? Pois não quero que faça à mim igual fez com minha mãe. Não quero que me manipule.

Papis – Está bem. – responde, se segurando ao máximo para não transmitir o tanto de dor que aqueles palavras lhe transmitiam – Vamos?

Eva – Vamos. Espere um pouco? Vou chamar a Naja ali fora…

Papis – Naja? Não! Ela não irá conosco. Será somente você.

Eva – Como assim?! Não posso deixar a minha melhor amiga na mão!

Papis – Sinto muito, mas você terá que escolher, ou fica na rua com ele ela, sei lá o que aquele bicho é; ou, vai embora para a mansão comigo?

 

Cena 04/ Carro de Edu. Noite.

 

O carro seguia em total silêncio pela estrada deserta. Não é nenhum milagre não. O fato de estar vazia era devido ser altas horas da madrugada. Edu, ao volante, percebe Griselda tremendo de frio:

Edu – Pegue – oferece seu casaco.

Griselda – Obrigada. – Agradece, vestindo-o.

Edu – Coloque o sinto – diz, ao passar um bom tempo, discretamente, olhando para a região de seus seios, e disfarça.

Griselda – A minha casa fica logo ali – avisa, encaixando o sinto.

 

Edu parou na área anunciada:

Edu – Sua casa é uma lanchonete?

Griselda – Na verdade, minha casa é em cima dessa lanchonete – responde, tentando abrir a porta, mas ela estava emperrada – Não consigo abrir…

Edu – Espere aí que eu ajudo você – se estica para alcançar a maçaneta da porta. E pelo fato do carro ser seu, já conhecia as técnicas certas para desemperrá-la. Em instantes, a porta se abre. Porém, os seus corpos estavam próximos demais. E ao tentar se levantar, foi inevitável de um beijo acontecer.

 

 

 

Um estalo vindo dos seus lábios anuncia o fim do beijo. Griselda se levanta e sai do carro envergonhada sem dizer uma palavra. Edu não consegue segurar um sorriso no rosto, fecha a porta e segue pela estrada.

 

Instantes depois, parou o carro novamente. Pega o celular e faz uma ligação:

Edu – Chefinho, tem certeza que é nesse lugar que tenho que fazer o trabalho sujo? – pergunta, estranhando ao se deparar com um salão de beleza.

 

Cena 05/ Lanchonete Pague & Coma. Noite.

 

Griselda com suas chaves abre a lanchonete. Pega sua bolsa, caminhando para as escadas, em direção de sua casa. Mas visualiza algo estranho no centro do salão:

Griselda – MÃE!!! – berra, vendo sua mãe caiada desacordada no chão.

 

Cena 06/ Apartamento de Eva. Corredor. Noite.

 

Por terem sidos ‘expulsos’, todos eles fuxicavam no corredor do apartamento aguardando o fim da conversa:

Adão – Está vendo? É tudo por sua causa, ‘Dona Brega’.

Mamis – Atreva-se a falar isso para mim outra vez e terei que descer do salto e perder a minha classe para me rebaixar ao seu nível de baixarias.

Éden – Pessoal, já deu, né? São altas horas da noite, é meio de semana ainda, já ganhamos o ‘troféu barraco do dia’ de hoje, vocês não se cansam não?

 

Mamis cruza os braços. Até que o som da porta se abrindo atraem suas atenção, fazendo todos mirarem seus olhos naquele direção. Viram a imagem de Eva saindo do apartamento com uma mala nas mãos, enxugando a lagrima que insistia de escorrer em seu rosto:

 

Naja – Como foi, amiga?

Eva – Vamos embora daqui.

Adão – O quê?! Aquele covarde teve coragem de colocar a própria filha para o olho da rua?!

Papis (saindo do apartamento também) – Por acaso está falando de minha pessoa?

Adão – Estou. E posso até repetir se for preciso: VOCÊ – É – UM – COVARDE!

Naja (para Eva) – Pra onde vamos agora, Eva?

Eva – Eu não sei, amiga. Eu não sei…

 

Continua …

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