Maçã do Amor – Capítulo 09
Capítulo 09
Cena 1/ Estrada. Carro de Papis. Dia.
A viatura da polícia parou bem ao lado do carro, ao qual já tinha parado antes por falta de combustível.
O policial desceu da viatura, batendo na janela do carro. Instantes depois a janela foi abaixada:
Policial – Estou procurando um casal e um sujeito careca, por acaso vocês viram eles por aqui?
No carro, os três tinham se caracterizados com as roupas de Mamis:
Canadense (voz fina) – Não, senhor policial. – respondeu, piscando com seus cílios postiços, e sua boca maquiada. Nem se fale do vestido florido que tinha pegado rapidamente da mala de Mamis.
Papis – Eu sim! – diz, também vestido de mulher, do banco de trás – Eles acabaram de passar por nós agorinha mesmo. Se forem rápidos, tenho certeza que os alcançaram.
Policial – Obrigado pela informação, senhoras. – se afastava do carro, quando olha para Mamis, que tinha se vestido com as roupas de Papis – E o senhor?
Mamis (surpresa) – Eu?! – percebe que seu tom entregaria sua identidade e engrossa a voz – Digo… – tosse – Eu?
Policial – É. O senhor.
Papis – Ele é o meu marido! É que tá enfrentando uma gripe fortíssima, sabe? Por isso, às vezes, a voz dele dá essas leves desentonações. Mas tenho certeza que irá sobreviver. – e dá uma cotovelada nela – Não é, marido?
Mamis (voz grossa) – É sim, esposa!
Policial – Pois então, deixem-me ir. Se não perderei eles de vista. Melhoras. – e se retira.
Assim que viram que a viatura estava longe, respiram fundo aliviados:
Canadense – Foi por pouco essa, hein? – diz, tentando tirar a maquiagem de seu rosto.
Papis – Mesmo assim, vamos nos apressar. Antes que ele saque que foi uma armação e nos capture.
Canadense – Sorte que essas roupas bregas enrolara ele direitinho…
Mamis (brava) – Não são bregas, sue fora de moda! São de primeira linha. Coisa que você nem deve conhecer a terceira pra falar.
Papis – Olhe! Está vindo um caminhão. Vamos tentar pegar uma carona – fala, saindo do carro, os outros dois fazem o mesmo.
Canadense – Mas e o nosso carro, senhor? – pergunta, ao vê-lo acenando pro veículo.
Papis – Deixa aí, Canadá. Na capital eu ligo para a seguradora vir buscá-lo.
O caminhão parou do lado deles. O motorista abre a porta:
Caminhoneiro – Boa Tarde, senhores. Querem carona?
Papis – Queremos sim! Você está indo pra capital?
Caminhoneiro – Estou sim. Podem subir!
Eles sorriem, e um por um subiu, se sentando ao lado do motorista, na cabine. O caminhão começa à seguir viagem:
Caminhoneiro – Vocês estão indo pra parada gay que vai ter lá, não é?
Papis (ofendido) – Mas é claro que não!
Caminhoneiro – Como não? Vestidos desse jeito…
Papis se toca que ainda estavam vestidos com as roupas de Mamis:
Papis – Ah! Me desculpe o engano, mas estamos indo para…
Canadense (interrompendo) – Estamos indo pra lá sim, motorista. É que eles não são dessa região, e estão indo à trabalho, entende? – Papis lhe lança um olhar matador, mas Canadense lança lhe outro, como que dizendo “Deixa o bocó acreditar, se não ele vai desconfiar de nós”.
Caminhoneiro – Entendo sim. – e dá um tapa nas cochas de Canadense – Que ‘colchão grande’ que você tem, madame. – os olhos de Canadense esbugalharam na hora, enquanto seguiam viagem.
Cena 02/ Apartamento de Eva. Dia.
Éden – Muito obrigado pela estadia e o jantar que nos deram essa noite. – agradece, antes de saírem.
Naja – Não foi nada-…
Eva (interrompendo) – Na verdade foi sim. A comida tem um preço. Até pra passar uma noite em um hotel tem preço. Como que não foi nada?
Naja – Eva?!
Eva – O que foi, bicha? Estou falando a verdade.
Naja – Olhe só os modos com a visita – envergonhada.
Eva – Que visita? Eu não convidei eles até aonde estou sabendo…
Adão (desafiador) – Sem problemas. Nós pagaremos sim!
Naja – Não precisa, mo-…
Eva (interrompendo) – Precisa sim! – e estende as mãos.
Adão – Só que pagarei do meu jeito.
Eva – Ah é? E qual seria o seu jeito? Cagando no meu banheiro de novo?
Adão – Não e, desculpas outra vez disto. Mas como forma de pagamento, levarei vocês para um show que terá hoje à noite. Vocês topam?
Eva – Mas é claro que nã-…
Naja (interrompendo) – Nós topamos sim! Passe aqui às oito.
Eva – Bicha?!
Adão – Passaremos sim. Até mais tarde então.
Éden – Até mais.
Naja – Até, rapazes. – e fecha a porta. Assim que apenas as duas se encontravam na casa outra vez, Naja se assusta com os olhares em sua frente – O que foi?
Eva (de braços cruzados) – Que história é essa, miga?
Naja – É uma balada de graça, eles que vão bancar. Claro que toparia. – responde, pegando sua bolsa, enquanto também saiam do apartamento.
Eva – Te conheço, bicha. Sei muito bem porque aceito ir pro show. – e entraram no elevador, rumo ao salão.
Cena 03/ Barracão do Mc Bolacha. Dia.
Edu faz um suspense antes de responder:
Edu – Por acaso você estaria livre essa noite?
Griselda – E por acaso isso seria um convite para sair?
Edu – Quem sabe … – responde, com um duplo sentindo na voz.
Griselda – Vou pensar no seu caso.
Edu – Também pensarei no seu. Próxima!
Griselda – Pera aí! Como assim próxima?
Edu – Ué, isso por acaso seria ciúmes?
Griselda – Não chegou nem perto disso, convencido. É que, posso até parecer, mas não sou dessas que é trocada de uma pra outra não.
Edu – Se está com medo de ser trocada é por que já pensou na possibilidade de nós então?
Griselda (confusa) – Calma aí! Qual era o assunto da nossa conversa mesmo?
Edu – Eu perguntei se você está livre essa noite.
Griselda – Estou.
Edu – Que bom.
Griselda – E por que quer saber, hum?
Edu – Porque você tá dentro.
Griselda – Dentro?
Edu – É. Você vai ser a nova garota biscoito.
Griselda – Sério?!
Edu – Esteja aqui às oito. – disse, enquanto se levantava e saia da sala – Quem sabe eu aceito você me pagar um drink depois.
Griselda (cochicha) – Convencido … – e assim que ele saiu, ela vibra, com uma comemoração estranha.
Cena 04/ Empresa Paradise. Dia.
No segundo dia, o terreno baldio que anteriormente servia apenas como um pedaço de terra para se jogar lixo, agora nele se erguia muros e paredes, de forma que ninguém conseguia explicar devido ao mistério que rodeava a nova empresa da cidade.
Ângelito, um dos ajudantes de Senhor, entra na empresa:
Ângelito – Senhor? – grita, em sua procura. Ele se localizava nos confins do terreno, na qual observava o córrego que cercava a empresa. – Nossa, quanta poluição. – comentou – Se este rio se aumentar com as épocas das cheias, o que iremos fazer, Senhor? Pois, não dá para construir uma empresa por cima de um rio.
Senhor – Eu sei o que irei fazer.
Ângelito – E o que seria …?
Senhor – Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas. (Gênesis 1:6) – e se fez a separação entre as águas que estavam debaixo da expansão e as águas que estavam sobre a expansão; e assim foi. (Gênesis 1:7) – Essa expansão será o teto sobre nossas cabeças, como nos céus. E o que era água, o firmamento.
Ângelito (de boca aberta) – Uau! … Que milagre é esse que aconteceu entre nós? – pergunta surpreso, encontrando em sua volta uma estrutura concreta.
Cena 05/ Apartamento de Eva. Noite.
A campainha da casa foi tocada.
“Já vai!” grita Naja, do quarto, enquanto ela e Eva terminavam de se arrumar.
A campainha foi tocada novamente.
“Ê cacete, o que custa esperar uma porra de minuto?!” murmura irritada, durante o trajeto até a porta. Ao abrir, encontra Adão e Éden, bem vestidos, com um ramalhete de flores nas mãos:
Adão – Surpresa! – fala, enquanto entrava na casa. – Oxê, você parece até estar brava, minha deusa – comenta, percebendo sua feição.
Naja – Ah é? Pareço? Imagine o porquê, meu bem. – disse hipócrita, retornando ao quarto.
Éden se senta no sofá, enquanto Adão caçava o que tinha para comer na geladeira:
Eva – Mas que ousadia é essa, seu grosseirão? – pergunta, saindo do quarto.
Adão, ao se virar e encontrar a bela moça em sua frente, se ‘derrete’ na hora. “Nunca imaginaria que uma megera como essa pudesse ficar tão linda” reflete em seus pensamentos.
Eva – Tá me olhando assim por quê? – estranha, tampando o decote de seu corpo. Naja termina de se arrumar, se juntando na sala também. Eva pega sua bolsa – Vamos logo pra essa festa, antes que peguemos um trânsito desgraçado pela frente. – e sai de casa, os outros a seguem para fora do apartamento.
Cena 06/ Prédio. Portaria. Noite.
Na sua posição de porteiro, lá estava Neto como sempre, ouvindo ansiosamente a narração da partida de futebol de seu time do coração pela rádio, a Portuguesa:
“(…) E o camisa 11 pega a bola, avança pelo meio de campo, fura a zaga, vai avançando dentro de campo. Se aproxima do goleiro. E vai chutar, vai chutar, chutou! E é …. na trave. (…)”
Neto – Ah, fala sério, seu vacilão!
Nessa hora, as portas do elevador se abriram, saindo de lá de dentro o ‘quarteto fantástico’:
Naja – Com licença, primeiro as damas – fala, dando um passo à frente deles, saindo primeiro.
Adão – Pode ir, apressadinha.
Eva – Olha o jeito que fala com a minha amiga!
Adão (irônico) – A amizade é linda, não é? Só que depende do caso.
Naja – Por acaso me chamou de feia?!
Adão (amedrontado) – Eu?! Não …
Éden – Pessoal, sem discussões, tá legal?
Neto – Coleguinhas novos, Srta. Eva? – pergunta, enquanto eles se aproximavam do balcão.
Eva – Quem? Eles? – e aponta para os dois rapazes – Nem sonhando.
Adão (dramático) – Valeu a consideração. Eu até te chamei pra sair …
Eva – Até me esqueci disso. É melhor irmos logo antes que eu mude de ideia – disse apressada, saindo da portaria. Os outros lhe acompanham – Adeus, Neto! Até mais tarde – grita, antes da porta principal se fechar.
Neto – Adeus!
Cena 07/ Lanchonete Pague & Coma. Noite.
Dona Geralda virava a placa preza à porta, deixando a mostra “FECHADO”.
Terminava de organizar algumas coisas no estabelecimento para fechá-lo antes de partir, já que Griselda não estava devido sua apresentação na balada. Apagava as luzes, quando escutou algo bater na porta:
Geralda (gritando) – Estamos fechados!
Mesmo assim, a pessoa continua batendo na porta. Caminha até lá, empurrando a cortina para tentar ver quem a atormentava através do vidro. Sua expressão facial muda para espanto automaticamente:
Geralda – Você?! … – e abre a porta, deixando essa pessoa entrar.
Papis – Boa noite pra você também.
Geralda – Pensei que nunca mais lhe veria nessa vida. Como tem coragem de botar essa fuça às vistas outra vez no meu estabelecimento?!
Papis (se sentando em um banco) – Revirando o passado outra vez, Geraldinha? Pensei que já tinha superado isso.
Geralda – Superar?! Falas isso como se o que você fez fosse a coisa mais natural do mundo.
Papis – Oras, são apenas coisas que …
Geralda – O MEU MARIDO MORREU POR SUA CULPA, CANALHA!
Continua …
Olá Igor Cesar amei sua história gostaria de criar a trilha sonora de Maça do Amor para você postar, com o encarte de Cd, se sim é só passar seu email para te explicar melhor ok… Na realidade já tenho sua trilha montada ao criar pensei nos personagens que foi descrito por você, no começo da trama a sua trilha contém 14 faixas, preciso que vc escolha um ator ou uma atriz, para criar a arte de capa abraços