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Maçã do Amor

Maçã do amor – Capítulo 06

Capítulo 06

 

Cena 01/ Avenida. Táxi. Interior do Táxi.

Assim como os próximos veículos à sua frente, o carreto-táxi de Zé também parou.

Ambos já acostumados com o exaustivo trânsito de São Paulo. Porém, o “clima” ali dentro não estava boa coisa. Do lado de fora, calor, do lado de dentro, digamos que, não deu muito certo a combinação de Naja, Eva e Adão presenciarem o mesmo espaço. Era troca de olhares pra cá, murmurinhos pra lá…

 

Adão passa uma de suas mãos próximo das pernas de Eva pelo banco.

 

Eva ofendida, lhe deu um tapa na cara:

Eva (irritada) – Seu canalha! Está pensando que eu sou o quê, hum?

Adão (esfregando a área esbofeteada) – Sua maluca, por que fez isso?

Eva – Como assim “por que fez isso?!”. Você fica aí se aproveitando de minha pessoa. Se tá pensando que sou essas mulheres da vida, já lhe antecipo: Pode tirando o seu cavalinho da chuva!

Adão – Ô, sua doida-pirada, eu não estou me aproveitando de coisa nenhuma não!

Eva – Ah, não?!

Adão – Não! Eu só estava querendo pegar isto. – se justifica, erguendo e mostrando o suporte de seu cinto de segurança que estava debaixo de suas pernas.

Eva – Ah … Da … Da próxima vez avisa, tarado. – e gira o rosto para o outro lado, envergonhada.

Adão (murmurando) – Mas é que cada coisa nessa vida, viu…

 

Cena 02/ Estrada. Carro de Papis. Interior do carro. Dia.

O carro seguia solitário pela estrada, ao qual ninguém sabia aonde se localizava, já que o GPs não funcionava e ninguém fora ali antes. E conforme o veículo seguia, perdia velocidade. Até metros à frente parar de vez.

 

Papis – O que aconteceu, Canadá?

Canadense – Eu não sei, senhor Papis. Preciso averiguar. – responde, soltando o seu cinto, abrindo a porta e saindo do carro. Papis e Mamis fazem o mesmo.

 

Os três caminham até a lateral do carro, onde se deparam com um dos pneus furado:

Canadense – Acho que estamos com um probleminha aqui.

Mamis – Era só o que me faltava. – resmunga, se abanando e espantando os mosquitinhos que insistiam em rodeá-la.

Papis – Se acalme, esposa. – tenta consolá-la – Garanto que o nosso motorista irá resolver.

Canadense – É advogado… – corrige, incomodado.

Papis – Tanto faz. Canadá, arrume imediatamente o problema.

Canadense – É aí que tá. Eu não sei trocar pneu.

Papis – Como não?!

Canadense – Oras, não tem como eu aprender tudo da noite pro dia. O senhor sabe trocar, não sabe?

Papis – Sei.

Canadense – Então por que não troca?

Papis – Até parece que sujarei meu terno novo de veludo italiano.

Canadense – O que faremos agora?

 

Os três se calam pensativos.

Canadense começa a olhar ao seu redor. E após poucos minutos de análises do perímetro, se depara com algo que lhe faz vibrar:

Canadense – Ali!

Papis – Ali aonde, Canadá?

Canadense (apontando para frente) – Alguns quilômetros à nossa frente tem um posto de gasolina.

Mamis – Tá. E daí?

Canadense – E daí que é a solução dos nossos problemas! Pois, podemos arrumar o pneu lá, e repousar no motel que tem ao lado.

Mamis – Até parece que irei expor a minha belíssima imagem nesses moquifos de beira de estrada.

Canadense – É isso ou ficar aqui até o ‘resgate’ chegar?

 

Mamis revira os olhos, não disposta à recitar a afirmação de sua ideia.

Canadense – Ok. Agora é só levarmos o carro até lá.

Mamis – Como vamos levar este peso todo até lá?

Canadense – Empurrando. – responde, demonstrando. Se posiciona atrás do carro, deitando seus braços até suas mãos alcançarem a borda da traseira.

 

Desanimados, cada um se posiciona em uma das partes da traseira do carro também, e com esforço, o veículo começa a descer lentamente pela estrada rumo ao posto de gasolina logo a frente.

 

 Cena 03/ Lanchonete Pague & Coma. Cozinha. Dia.

Griselda retorna ao estabelecimento.

Passou rapidamente pelo refeitório, entrando na cozinha. Assim que as portas se abrem, encontra a imagem dos dois grandalhões: Trabalhador 1 lavando a louça, enquanto o Trabalhador 2 varria o chão:

Griselda – É milagre mesmo ou tô vendo coisas?

 

Os dois trabalhadores se seguraram para não rebater ao seu comentário:

Trabalhador 1 – Tudo culpa da véia da sua mãe.

Trabalhador 2 – É! Se ela não tivesse roubado a gente, não perderíamos toda nossa grana.

Griselda (se sentando) – Ah, meus filhos. Ninguém mandou ter azar, fazer o quê, né? – diz irônica, descascando uma banana da cesta na mesa.

 

Geralda entra na cozinha:

Geralda – O que os três porquinhos estão falando de minha pessoa, posso saber?

Griselda – Ninguém falava absolutamente nada de vossa pessoa, querida mamãezinha linda do coração.

Geralda – Pois que falem o que quiser de mim. Não ligo.

Trabalhador 1 – Posso falar tudo mesmo então?

 

Geralda lhe responde com um olhar devastador.

Trabalhador 1 – Respondido. – disse, se encolhendo, amedrontado.

Geralda (para Griselda) – E aonde está os dois patetas com os pedidos que mandei?

Griselda – Não chegaram ainda, mamãe.

Geralda – Como não chegaram ainda?!

 

Griselda balança os ombros:

Geralda – Só podem estar aprontando alguma coisa.

Griselda – Com certeza!

Geralda – Mas, o quê?

 

 Cena 04/ Rua. Frente do prédio de Eva. Noite.

Imagens descontínuas das ruas da cidade de São Paulo, do dia ao pôr-do-sol, até o cair da noite, quando o carreto-táxi de Zé chegava ao apartamento de Eva. Efeito sonoro de fundo (Me Adora – Pitty).

 

Saindo do prédio, Neto (o porteiro do prédio de Eva) se dirige até o carro, onde Naja e Eva também saiam, ainda murmurando de Adão, e Zé abre o porta-malas:

Naja (para Zé) – Da próxima vez, nos leve sem certas companhias, tudo bem?

Adão (gritando de dentro do carro) – Eu ainda tô ouvindo, hein!

Zé – Pode deixar, Naja.

Eva (para Neto) – Pega as nossas compras por favor, Netinho?

Neto – É pra já, minha querida Eva! – responde, capturando do porta-malas algumas sacolas, levando-as para dentro do prédio em seguida.

Eva (para Zé) – Boa noite, Zé.

Zé (fechando o porta-malas) – Boa noite, dona Eva e dona Naja! Até a próxima. – e entra em seu táxi. Instantes depois, o veículo toma distância, indo embora.

 

Eva e Naja se olham:

Naja – Vamos subir amiga?

Eva – É pra já, bicha! Depois de um dia como hoje, tudo o que eu mais preciso é de um banho.

 

Naja e Eva começam à subir as escadas, até entrarem no prédio.

 

Cena 05/ Lanchonete Pague & Coma. Refeitório. Cozinha. Noite.

Geralda, Griselda e os dois trabalhadores saiam da cozinha para o refeitório vazio:

Griselda (para os trabalhadores) – Espero que tenham aprendido a lição agora.

Trabalhador 1 e 2 (uníssono) – Aprendemos!

Geralda – Já está tarde, vou fechar a lanchonete. – diz, caminhando até a porta.

 

Automaticamente, a porta se abre junto, e Adão Éden e Zé entram no estabelecimento:

Griselda – Até que enfim apareceram as margaridas!

Adão – Não enche o saco não, tá, garota?

Éden – Nós acabamos ficando presos no trânsito. – explica.

Zé – E eu tive de salvar os dois bebezões mais uma vez, fora as outras vezes em que me devem.

Adão – Mas dessa vez foi à trabalho! É diferente, não é?

Geralda – De qualquer forma, obrigada mais uma vez, Zé. Mas eles estão certos. Foram à trabalho. Despesa da lanchonete. Eu pagarei. Quanto que custou a corrida?

Zé – Para você não custa nada, Geraldinha.

Geralda – Agradecida mais ainda. – fala, expandindo um belo sorriso, feliz por se livrar de mais uma despesa.

Zé – Mas terei de ir nessa. O dever, ou melhor, o trabalho me chama. Até mais ver.

Todos (uníssono) – Até!

 

Zé sai. Adão, relaxadamente se senta em uma das cadeiras:

Geralda (para Adão) – O que está fazendo, menino?

Adão – Oras, descansando.

Geralda – Nada disso! Podem os dois pamonhas levar todas essas sacolas para o estoque.

Adão – Mas por que não dá esse trabalho para esses dois fortões ali?

Trabalhador 1 – Pra gente?

Trabalhador 2 – Estamos fora! – completa, entregando o avental para Griselda e saindo do estabelecimento.

Adão (resmungando) – Mas que saco, viu…

 

Os dois pegam as sacolas do chão e as levam para a cozinha.

 

Adão – Eu quero a minha cama. – fala, colocando suas sacolas sobre a mesa.

Éden – Não sinto mais meus braços. Acho que todo esse peso aqui equivaleu o mesmo de um ano de academia. – murmura, fazendo o mesmo, começando a retirar as frutas dos sacos para coloca-las nas prateleiras.

Adão – Você viu só a companhia que tivemos lá no táxi?

Éden – O que é que tem elas? Ou, ela e ele?

Adão – Acho que não tinha coisa pior do que ficar do lado daquela ‘coisinha chata’.

Éden – Tu reclama, mas aposto que no fundo do fundo aí bateu uma emoção, eu sei.

Adão – Nem nos sonhos! Se aquele bicho já ataca logo na primeira vez, imagine depois? Quer saber de uma coisa? Eu vou ligar pra mina de ontem da balada, que eu ganho mais. Tenho que garantir a “janta” da noite, né? – diz, retirando do bolso o seu celular, discando os números para a ligação.

Éden – É! Liga aí! – incentiva, continuando a esvaziar as sacolas. Até que começa a analisar o que pegava, e estranha – Ah não!

Adão (com o celular no ouvido) – O quê? – aguardando.

Éden – Elas trocaram as nossas compras.

Adão – Tem certeza?

 

Como resposta, Éden retira de uma das sacolas uma bolsa.

Éden – Respondido?

Adão – É, respondido. O que vamos fazer agora?

 

De dentro da bolsa, Éden retira algo. Um celular. Ao qual vibrava:

Éden – E pelo visto, ela tá tendo uma ligação.

Adão – Atende logo então.

Éden – Olhe. – pede, estendendo o braço para que ele pegasse.

Adão – Eu tô esperando a mina da balada me atender, não tá vendo? Estou ocupado.

Éden – Olha logo!

 

Assim, Adão pega o celular rapidamente, analisando a tela. Seus olhos se esbugalharam ao ver o número que ligava para o celular dela:

Adão – Pera aí! Esse é o meu número!

Éden – Exatamente.

Adão – Então isso significa que …

Éden – Uma das duas é a sua ‘mina de ontem da balada’.

 

Cena 06/ Apartamento de Eva. Cozinha. Sala. Noite.

Naja mexia em uma das panelas na qual preparava o jantar. Nisso, pega com uma colher um pouco do que tinha lá, experimentando:

Naja – Nada mau.

 

Eva sai de seu quarto, já vestida com trajes mais confortáveis, indo até Naja no fogão:

Eva – Bicha, você viu minha bolsa por aí?

Naja – Não, amiga. Inclusive, deixei o meu celular junto com o seu nela também. Vê se está em uma dessas sacolas.

 

Eva começa a procurar nas sacolas:

Eva – Bicha, essas não são as nossas compras!

Naja – Não? Como não?

Eva – Veja. Não pedimos tudo isso. Acho que o Neto se enganou na hora de pegar no porta-malas.

Naja – O que vamos fazer agora?

 

Nessa hora, a campainha toca.

 

Eva – Atende lá, bicha? Enquanto isso vou ligar do fixo pro Zé para resolver.

Naja – Tá bem.

 

Naja caminha até a porta, e Eva até o criado mudo para pegar o telefone.

Naja abre a porta, mudando sua feição automaticamente:

 

Naja – Não pode ser!

Eva – O que foi, bicha? – fica curiosa, indo até a porta ver o que era.

 

Ao chegar, encontra Adão e Éden parados no corredor:

 

Eva – O que vocês estão fazendo aqui?!

Éden – Se acalme, por favor! Mas, parece que ouve um engano entre nós.

Adão – É! Parece que alguém esqueceu uma coisinha com a gente … – diz, mostrando a bolsa para elas.

Eva – Minha bolsa!

Adão – Pois é.

Eva – Já pode devolvê-la. – diz indiretamente, enquanto Adão continuava segurando a bolsa.

Adão – Não irá nem nos convidar para entrar?

 

Continua …

 

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