a lua que te dei episodio 10
EPISÓDIO 10
ME DEIXE CUIDAR DE VOCÊ
Tudo tinha uma aparência um pouco cinza na delegacia, Kim atentava a cada detalhe daquele local, que para ele nada era agradável. Pela primeira vez Kim estava em uma delegacia e o ambiente não lhe soava nada familiar, tudo era muito bagunçado e a todo momento entravam e saiam pessoas, sem dúvidas era um local muito movimentado. Kim estava muito machucado o seu rosto parecia que iria pegar fogo, seu olho direito latejava de dor e a sua barriga doia bastante também. Agora estava sentado em uma cadeira com uma grande mesa á frente, e ao seu lado estava Tyler, em uma cadeira precisamente igual a dele, ambos estavam esperando o delegado, que acabara de chegar, se tratava de um homem alto que aparentava ter o seus 40 anos, com cabelos grizalhos e uma cara de poucas amigos.
— Então, o que os dois…rapazes fizeram de errado? –falou o delegado aos dois policiais que apresentavam Tyler e Kim.
— Briga de rua, com certeza por drogas… – falou um dos policiais.
— Bom,vou precisar do nome, idade,documentação, depoimento…Vamos começa com você. –falou o delegado se referindo a Kim, que rapidamente
falou.
— Joaquim Salvatore, tenho 18 anos e aqui os meus documentos –falou
Kim entregando os documentos ao delegado que os olhou atentamente.
— Olha só! Quase não reconheci todo machucado assim, você é o garoto
Flowers, votei em você sabia? –falou o delegado reconhecendo Kim pela foto que havia na identidade.
— Que feio! O garoto Flowers brigando na rua.
Kim não aguentava mais ficar naquele ambiente, com aquele delegado que parecia ironiza-lo a todo momento, então pensou em ligar para os seus pais, mesmo sabendo que eles iriam ficar bem irritados ao saber da situação, porém antes que pudesse tirar o celular de seu bolso, escutou a voz de Marta, sua mãe, que adentrava nervosa naquela sala.
— Meu filho o que foi que aconteceu? Seu delegado eu tenho certeza de
que meu filho não fez nada de errado…Solte ele –falou a mãe de Kim completamente desesperada. Calma senhora, por favor sente-se, o seu filho apenas brigou na rua, em breve vai ser liberado, eu só preciso obter o depoimento dele e vou libera-
lo. – disse o delegado tentando acalmar a senhora a sua frente
— Podemos começar Kim?
— Claro – disse Kim,dando um longo suspiro antes de começar a falar
— Na verdade, eu fui apenas perguntar uma coisa importante para o garoto aqui do lado e então ele começou a me agredir, eu tentei reagir,porém o senhor pode ver que ele é bem mais forte que eu.
— Sim,mas o que o senhor foi perguntar ao senhor…Tyler Forbes?
— Na verdade, eu queria saber o por que dele estar rondando a minha namorada, Kathryn Lockwood.
— Sei a ex garota Flowers, para quem o senhor fez aquela declaração no concurso.
— Sim ela mesmo.
— O meu filho já pode ir? –falou a mãe de Kim aflita.
— Pode sim basta assinar o depoimento que acabou de dar.
Kim levantou de sua cadeira e assinou um papel em que havia escrito tudo que acabara de falar.
— Bom como já está tudo resolvido eu acho que eu também já posso ir – falou Tyler levantando de sua cadeira.
— Não. Você senta. Não é a primeira vez que você vem a minha delegacia, e
por ter outras passagens, a conversa é diferente, se é que me entende. – falou o delegado sorrindo para Tyler, que voltou a sentar na cadeira.
— É eu acho que você vai ter que ficar mais um tempo aqui…Até mais Tyler – falou Kim sorrindo ironicamente,para depois se dirigir até a porta de
saída com sua mãe.
No momento Tyler havia ficado na presença do delegado, com quem já havia vivido situações parecidas.
– Tyler…Forbes. Já faz um bom tempo que queria pôr a mão em você, mas você não tinha motivos para voltar aqui, mas acho que você conseguiu, não é mesmo? – disse o delegado observando Tyler
– Só falta você me deixar preso por bater naquele almofadinha.
– É…Por esse motivo você não ficaria muito tempo preso, mas eu creio que tenho algo aqui que pode te complicar. Traz o rapaz – falou o delegado ao seu subordinado.
Um dos policiais trouxe até o encontro de Martin um homem alto forte com algumas tatuagens, e que era um velho amigo de Tyler.
– Então Tyler, esse rapaz foi pego em flagrante, no tráfico de drogas, e digamos que no período que ele está aqui a gente tratou ele de forma…especial e ele nos entregou uma lista de…sócios dele. Adivinha quem estava nessa lista?
– Nunca vi esse cara na minha vida…Se ele diz que me conhece, eu nego.
– Você não o conhece?
– Não, nunca o vi…
– Não é isso que ele diz, e como há uma divergência, acho que você vai ter sim que esclarecer alguns pontos se quiser sair daqui.
OoO…
Já em sua casa Kim teve que ouvir muito de sua mãe que gritava e o xingava a todo momento. Marta estava aparentemente muito brava, a ponto de colocar medo em Kim, que nunca havia visto sua mãe com tanta raiva e por isso apenas escutava tudo em silêncio.
— Kim,me fala como é que você se envolve com esse tipo de gente? E que história é essa de você com a Kathryn?
Kim não respondia a nenhuma das perguntas, apenas ficava em silêncio, sua maior vontade era de tomar banho,e tirar de si toda a sujeira que havia em seu corpo, queria também aliviar a dor física e emocional que a briga comTyler havia lhe causado.
— Já vi que você não vai responder…Tudo bem, sobe para o quarto toma um banho, e cuida desses seus machucados, e descansa um pouco,mas depois desce, pra gente ter uma conversa séria, eu, você e o seu pai. – falou a mãe de Kim em um tom um pouco mais amigável, porém ameaçador. Kim, não esperou nem um segundo e subiu as escadas para o seu quarto, e ao chegar ao cômodo encontrou o seu irmão Anthony que parecia o esperar deitado em sua cama. Ao ver seu irmão, logo Kim entendeu toda a situação.
— Então foi você…Você ligou pra polícia, e também ligou pra nossa mãe. – falou Kim, com um tom bravo.
— É claro que fui eu. Eu não ia deixar você apanhando, eu precisei fazer alguma coisa.
— Ah e precisava chamar a nossa mãe?
— Eu fiquei com medo de você ficar preso.
— Olha eu só não brigo com você, porque além de estar muito dolorido, eu não quero me desentender com você. – disse Kim se aproximando de seu
irmão para lhe dar um abraço –Valeu por ligar pra polícia.
Após seu irmão deixar o quarto, Kim finamente foi tomar seu banho, o que o fez relaxar e diminuir a dor de seus ferimentos, após o longo banho Kim se ateve a passar uma espécie de pomada em seus ferimentos que basicamente estavam em seu rosto, após tais cuidados o garoto trancou a porta de seu quarto e se entregou ao cansaço e adormeceu.
OoO…
23 de Abril de 2015, por volta das 4 horas da tarde.
Querido diário…
Estou escrevendo para que as lágrimas que estão em meus olhos guardadas não caiam…O motivo delas? É Claro que é ele…Kim Salvatore. Não consigo me entender com ele, é impressionante como nós temos a capacidade de nos afastar um do outro, e assim não tivemos nem uma semana juntos sem problemas, mas como posso continuar com um cara que não confia em mim? Está certo eu sei que fica bem difícil de acreditar depois de tudo que aconteceu, mas eu espero que ele entenda, eu preciso que ele entenda, por que parece que sem ele eu não consigo mais sorrir como antes, e tudo o que eu queria agora, era estar com ele, vendo aquele sorriso, beijando aquele sorriso…É eu não posso me enganar, o Kim me encantou, talvez ele seja um feitiçeiro, ou alguma coisa assim, até um tempo atrás eu nem notava ele, porém sempre o conheci. Eu sempre acreditei em amor a primeira vista, com o Martin foi assim desde que eu o vi pela primeira vez me senti apaixonada, ele me tirava o chão, mas com o Kim é diferente, eu o conheço a tempos, e só agora me vejo aqui gastando linhas e linhas falando dele. Eu só tenho uma certeza eu não consigo ficar sem ele…Não mais…
Kathryn parou de escrever e guardou o seu diário, em um gaveta trancada, onde sempre o guardou, na gaveta em que só ela tinha a chave, nem passava por sua cabeça a tragédia que seria se alguém tivesse acesso aquele livro, o seu confidente desde infância, ali estavam os seus segredos.
Assim que terminou de guardar o seu diário, a garota notou que alguém estava lhe ligando, alguém que não tinha em seus contatos, e então rapidamente atendeu.
— Alô, quem está falando?
— Ah…Oi Kathryn, é o Anthony irmão do Kim…
— Ah…Anthony – falou Kathryn sem entender o porque daquela ligação – Tudobem? Aconteceu alguma coisa com o seu irmão?
— Na verdade aconteceu sim, e eu quero entender.
— Então fala.
— O Kim acabou brigando com o Tyler na rua e os dois foram parar na delegacia, e lá o meu irmão falou que brigou por sua causa.
Houve um breve silêncio, o que fez Anthony perguntar se Kathryn
ainda estava na linha, e a garota apenas disse:
– Eu estou indo aí–falou desligando o celular e levantando rapidamente para pegar sua bolsa e seguir para casa de Kim.
OoO…
Em seu quarto Kim já dormia a mais de duas horas, ele havia fechado todas as portas e janelas para que o quarto ficasse escuro, o rapaz havia tirado toda a roupa e havia ficado apenas com uma cueca escura, para que não ficasse com tanto calor, além de para refrescar o seu que corpo ainda estava doendo,porém com todas as dores o garoto ainda assim conseguiu adormecer, até o momento em que teve a terrível sensação de ser observado,e então quando conseguiu abrir seus olhos viu a figura que lhe observava, se tratava de Alex Macedo que estava sentado em uma cadeira ao lado de sua cama.
— Que susto cara, achei que fosse outra pessoa –falou Kim ficando
sentado em sua cama –Ah quanto tempo você está aí?
— Já faz mais de meia hora –falouAlex de forma séria.
— O que você quer?
— Nada, eu vim aqui só pra ficar te observando dormindo com essa cuequinha preta…sabe é a minha preferida, fica muito sex em você.–
falou Alex ainda sério porém com um certo tom de ironia.
— RÁ RÁ RÁ, muito engraçado você.
— Engraçado é você querer comprar briga com o Tyler, você sabe que você sai quebrado…Quantos vezes eu já disse pra você não se meter com esse psicopata nem com aquele falso amigo, o Martin?
— Cara eu precisava saber porque a Kathryn dormiu na casa do Martin.
— Irmão com toda sinceridade, não passa pela sua cabeça que ela dormiu lá porque quis?
Kim ficou em silêncio, silêncio esse que foi interrompido por duas batidas na porta.
— Não se atreva a abrir essa porta, Alex Macedo. –falou Kim em tom de ameaça.
No mesmo instante Alex correu ate a porta para abri-la, e ao fazer isso, Kim pulou de sua cama e se escondeu atrás de uma cortina azul em seu quarto, de onde pode observar Kathryn Lockwood, entrar em seu quarto.
— Alex? O que você faz aqui? Onde está o Kim? O Anthony me falou que ele estava no quarto. –falouKathryn.
— Bem, querida Kathryn, eu estou de saída, vou deixar você aproveitar o meu amigo que está escondido atrás da cortina,e aproveita que ele está só de cueca…e preta. Imagina aquele garoto branco de cueca preta…Ou melhor, não imagina não…olha atrás da cortina –falou Alex saindo do quarto deixando Kathryn confusa.
— Kim você está aí atrás da cortina?–falou a garota se aproximando da cortina, e a levantando, assim expondo Kim, que nomesmo instante correu para sua cama, colocando o seu travesseiro na frente das suas partes intimas.
— Desculpa Kathryn, eu não sabia que você iria entrar. –falou Kim nervoso, com um pouco de dificuldade nas palavras.
Kathryn apenas ria, um pouco constrangida, olhando Kim que parecia mil vezes mais constrangido que a garota.
— Então Kathryn o que você gostariade falar?–indagouKim ainda com o travesseiro em mãos.
— Eu quero saber o por que de você ter ido procurar o Tyler, eu já não falei que ele é perigoso?–falou Kathryn sentando-se na cama, ficando assim
mais próxima de Kim.
— Eu fui perguntar a ele o que você tem haver com essa história doentia dele com o Martin.
— Eu já e falei que isso é umassunto só deles.
— E porque então você sempre está envolvida ? Por que dormiu aquele dia na casa do Martin?–falou Kim se levantando afastando-se da garota
— Hey, confia em mim –falou Kathryn levantando-se, para logo depois olhar nos olhos do garoto – Eu garanto que ainda hoje você vai saber toda a história.
— Eu confio em você, mas… -falou Kim , sendo interrompido por Kathryn.
— SHHI…deixa eu cuidar de você. –falou a garota acariciando os cabelos de Kim para depois beija-lo, bem devagar sentindo aquele sabor que tanto gostava, passeando a sua língua bem devagar por toda a boca de Kim, até aquele beijo ser interrompido, pelo barulho da porta do quarto de Kim se abrindo.
— Kim? O que está acontecendoaqui? –Marta a mãe de Kim falou chocada
com o que via.
— Mãe…a gente só estava conversando.–disse Kim assustado, correndo de volta para sua cama onde se cobriu novamente com o travesseiro, para esconder sinais indesejados.
— Não foi isso que eu vi. Então porque está assim só de cuecas? E o que Kathryn faz aqui em meio a essa situação? Os Lockwood não vão gostar de saber disso. –falou a mãe de Kim.
— Na verdade eu já estava de saída.–falou Kathryn um pouco sem graça.
— Se já está de saída eu lhe acompanho até a porta. –disse Marta a garota.
— Eu levo ela até a porta–disse Kim levantando dacama, sem retirar o travesseiro de sua frente.
— Ah,Kim por favor né, vá colocar uma roupa que é o melhor que você faz –disse Marta a seu filho. –Quanto a você Kathryn, venha comigo.
As duas seguiram para fora do quarto de Kim deixando-o sozinho. O garoto resolveu se divertir, então foi até o seu computador e alternou entre navegar na internet e jogar. Após umas duas horas, Kim viu seu irmão menor entrar em seu quarto, com uma expressão um pouco nervosa.
— Kim tem uma pessoa lá em baixo querendo falar com você…
— Quem é?
— Martin Benett.
— Manda entrar, só espera eu vestir uma roupa.
Kim vestiu uma bermuda de tecido e uma blusa preta de mangas longas e pediu que Anthony chamasse Martin,e em alguns segundos Kim ouviu duas batidas em sua porta, e ao abrir encontrou Martin que parecia calmo porém apreensivo.
— Eu acho que a gente precisa conversar – disse Martin a Kim calmamente.
OoO…
Tudo estava em silêncio absoluto, as coisas estavam quietas e entravam pequenas rajadas de vento pela janela do quarto, que Kim acabara de abrir a fim de tentar deixar o ambiente mais arejado e menos sombrio. Martin havia sentado em uma cadeira que estava em um canto do quarto e agora observava detalhe a detalhe do quarto de Kim e o que pode reparar é que tudo ali lembrava o anfitrião, que agora andava de um lado para outro até sentar na cama, onde conseguia ter uma boa visão de sua visita.
— Então quer beber alguma coisa? Tipo água ou suco, já que não tenho bebida aqui – indagou Kim.
— Não. Eu estou bem, eu só estou aqui por que a Kathryn pediu. Ela acha que você deve saber… – falou Martin com um tom indeciso, levantando da cadeira, e se dirigindo até a janela que estava aberta, a fim de adquirir a maior quantidade de ar possível.
– Você vai logo falar ou vai ficar enrolando? – indagou Kim com certa impaciência.
Martin ficou novamente em silêncio, apenas olhando pela janela do quarto algumas plantas que estavam no jardim. O silêncio do mais velho estava começando a irritar Kim verdadeiramente, porém o garoto decidiu não falar nada apenas deitou em sua cama revirando os olhos em sinal de tédio.
– Você … É o… Irmão que eu deveria ter sido… – falou Martin dando longas pausas entre cada palavra.
– O quê?
– É…O jeito que você protege o Anthony, o jeito que você cuida dele…E o jeito que vocês se gostam mesmo sem demonstrar.
– Você veio aqui falar do Anthony? – disse Kim, sem entender onde Martin queria Chegar com aquela conversa.
– Eu…Matei…o meu irmão. – falou Martin com dificuldade em dizer tais palavras.
Um longo silêncio se instalou naquele ambiente. Kim levantou de sua cama, e agora andava pelo quarto sem olhar para Martin, que continuava a observar o jardim, decidiu continuar a falar :
– Era aniversário da cidade, e eu estava com meu irmão…Ele fazia de tudo pra me proteger, e nesse dia eu estava me drogando com o Tyler – falava Martin enquanto tentava impedir que as lágrimas caíssem. – E ele foi pela milésima vez tentar me parar me levar pra casa…Eu dirigi…E acabei virando o carro e…matei o meu irmão….Essa é a história…Eu perdi o meu irmão.
Kim ouvia tudo ainda em silêncio, sem nenhuma reação, e então Martin, que estava com lágrimas em sua voz decidiu continuar a falar.
– O resto você já sabe…O Tyler me faz reviver essa história constantemente, e a última dele foi colocar a Kathryn nisso. – disse Martin virando em direção a Kim que estava parado ouvindo tudo atentamente.
– Eu realmente nem sei o que dizer. – disse Kim se aproximando de Martin e tocando em seu ombro.
– Não diz nada…amigo. Me dá um abraço…só isso.
Kim fixava seu olhar no rosto de Martin, e o que via era um homem que sofria, um homem que não sabia lidar com uma grande perda e que acabava errando, como um garoto que ainda não sabe diferenciar o certo do errado, ou talvez apenas como um humano, que erra e que precisa de apoio como qualquer outro.
Após alguns segundos olhando as lágrimas cairem sobre o rosto de Martin, Kim foi até ele e o abraçou forte assim como na noite em que o salvou da briga com Tyler, e nesse abraço Martin pode sentir o apoio, a vontade de ajudar que vinha de Kim.
– Você pode contar comigo pra tudo sim, meu amigo – falou Kim ainda no abraço.
– Você tem a mesma energia do meu irmão…ele se parecia muito com você – disse Martin deixando aquele abraço – Não fisicamente, mas o seu jeito protetor com o Anthony, essa mania de fazer tudo certinho, e até esse amor ao extremo que você tem pela Kath…
– O quê? O seu irmão também gostava da Kathryn?
– Não! Ele amou outra garota por uma noite apenas e…eu estraguei tudo. – disse Martin perdendo mais uma lágrima, lembrando de Megan.
– Martin foi um acidente – falou Kim sentado em sua cama e fazendo com que Martin fizesse o mesmo.
– Todas as pessoas do mundo podem dizer que foi um acidente, mas eu nunca vou pensar assim.
– Martin… – tentou argumentar Kim, sendo interrompido por Martin
– Chega de falar disso. Vamos falar da pessoa que nos uniu aqui.
– Kathryn – disse Kim parecendo não querer conversar sobre a garota.
– Sim… Você me desculpa por aquele dia que eu acabei te agredindo? – falou Martin com certa timidez.
– Eu acho…que eu mereci aquele soco. Afinal de contas eu não contei sobre mim e a Kathryn, e quando contei foi…daquela forma.
– Então estamos bem, já que todos cometemos nossos erros, mas…
– Mas…O que? – indagou Kim com curiosidade.
– Mas, eu quero te dizer que o que eu sinto pela Kathryn eu não vou deixar de sentir…nunca.
– Martin a gente não precisa…
– Sim a gente precisa Kim…Eu amo a Kathryn, e por mais que doa eu te dizer isso eu sinto que ela ainda sente algo por mim.
Kim ouvia tais palavras como se fossem balas perfurando seu coração, nem um soco que tinha levado de Tyler ou Martin, o machucou tanto como aquelas palavras. Kim ao ouvir tudo aquilo voltou a olhar a janela numa tentativa falha de não encarar Martin, porém o garoto tocou o ombro de Kim dizendo :
– Eu sei, eu tenho comigo a certeza de que a Kathryn ficaria bem melhor e segura ao seu lado, por que você é o melhor pra ela, você é o tipo de cara que eu deveria ser, o tipo de cara que o meu irmão sonhava que eu me tornasse, o tipo de cara que merece a Kathryn, mas com tudo isso eu não vou desistir do amor da minha vida…nem de ser amigo do cara…Mais fantasticamente certinho que já conheci. – falou Martin entre longas pausas.
– Bom desses seus dois desejos eu posso te garantir um…A minha amizade – falou Kim, puxando novamente Martin para um longo abraço, para depois continuar falando – Já o amor de Kathryn só ela pode dizer se ainda é seu, e mesmo que seja eu digo, eu também nunca vou desistir de Kathryn.
– Bom então estamos acertados. Amigos? – falou Martin estendendo sua mão até Kim.
– Com certeza amigos. – disse Kim apertando a mão de Martin.
– Bom então eu já vou indo. – falou Martin se dirigindo a porta de saída do quarto.
– Espera… – disse Kim – E seus pais? Onde eles estão?
– Eles me deram aquela casa para não terem que olhar pra minha cara depois do acidente – falou Martin com tristeza.
– Procura eles, quem sabe se eles te perdoarem, você se perdoa.
– Quem sabe… – falou Martin fechando a porta deixando Kim sozinho novamente em seu quarto.
OoO…
O céu parecia preparar uma chuva, as nuvens pareciam que iriam desabar, porém mesmo que chovesse canivetes Alex não iria deixar a praça de Flowers, não antes que Mari chegasse. O casal havia combinado de ver um filme na casa do garoto, depois de horas de pesquisa e brigas Alex e Mari haviam decidido o filme que veriam, a indecisão dava-se pelo fato da garota preferir filmes românticos e com final feliz, e Alex gostar de um pouco mais de ação e sangue. Alex então sugeriu ” Jogos Vorazes”, que de certa forma agradaria os dois pois tinha um bom romance sem deixar de ser sangrento.
Alex começava a sentir as primeiras gotas de chuva lhe moralhem, e não parava de olhar em seu relógio que já marcava 3 horas da tarde, exatamente a hora em que tinham marcado para se encontrarem na praça.
” Ai meu Deus, será que a Mari ficou com medo da chuva e não vem… Eu vou esperar mais 5 minutos e vou…”
Pensava Alex, enquanto começava a ficar bem molhado. Após se passarem os tais 5 minutos o garoto decidiu ir embora, começou a andar rapidamente para não se molhar, enquanto praticamente corria o garoto ouviu uma voz distante, que parecia gritar seu nome, foi então que o garoto virou-se para trás e viu a sua adorada namorada que corria em sua direção, aos olhos de Alex a garota parecia tão frágil que poderia ser levada pela ventania que regia aquela chuva. O garoto então correu em direção a loirinha que parecia tremer. Alex a abraçou e os dois deram um longo beijo ali mesmo debaixo da chuva. Depois não perderam tempo e iniciaram uma verdadeira corrida em direção a casa de Alex, após alguns quarteirões finalmente chegaram a casa de do garoto, que correu até a porta tentando abri-la, descobrindo assim que estava fechada, o garoto então tocou desesperadamente a campainha, e após alguma insistência a porta se abriu revelando a expressão de susto da mãe de Alex.
– Oi dona Jenna. – falou Mari tentando ser gentil.
A mulher não respondeu apenas começou a gritar com Alex.
– Alex você ficou maluco? O que você foi fazer nessa chuva? Você pode ficar doente, sabia?
– Ah mãe por favor sai da frente que a gente precisa ir para o quarto, a gente vai ver um filme. -falou o garoto puxando sua namorada em direção ao quarto.
– Alex… – gritou Jenna, vendo o casal subindo as escadas em direção ao quarto do garoto.
Alex não deu atenção a gritaria de sua mãe e em poucos instantes já estava em seu quarto com Mari.
– Bom meu amor, esse é o meu quarto! – falou Alex com entusiasmo.
Mari observava tudo enquanto o garoto parecia procurar algo em seu enorme guarda-roupa, em poucos segundos o garoto mostrava a Mari duas peças de roupa.
– Então amor, essas são as minhas duas blusas maiores, qual você prefere ? -perguntou Alex mostrando uma blusa azul e outra lilás.
– Ah pode ser essa Lilás.
– Ah então pode vestir – falou o garoto tirando sua camisa e depois a bermuda que vestia ficando apenas em trajes íntimos.
– Alex! – falou a garota tentando não olhar para o garoto.
– Que foi amor? Nunca viu ninguém de cueca? Se não, finge que a gente está na praia e isso é uma sunga.
– Você não tem jeito mesmo…- falou Mari timidamente vendo seu namorado colocar outra roupa.
– E você não vai colocar a blusa lilás?
– Não na sua frente.
– Ah…finge que você está na praia de biquíni.
– Sem chance. ..vira de costas. Agora Alex, eu não tenho essa falta de vergonha que você tem.
– Ai tá bom, eu viro de costas – falou o garoto revirando os olhos enquanto virava de costas para Mari – Já posso olhar?
– Não
– Vamos Mari a gente precisa ver logo o filme.
– Pronto.
– Nossa ficou mesmo um vestido em você – falou Alex observando sua blusa em Mari.
– Ah vamos logo ver esse filme – disse Mari com certa impaciência sentando na cama de Alex, enquando o garoto ligava a TV pra ver o filme.
Após tudo certo Alex sentou na cama para depois deitar abraçado tentando beijar Mari que falou :
– Alex já vai começar o filme vamos prestar atenção.
OoO…
Martin já estava tentando dormir há pelo menos uma hora, a claridade da janela, o barulho do ar condicionado tudo estava lhe incomodando, mas não era nada disso que o mantinha acordado. As palavras de Kim era que não saiam de sua cabeça, o garoto refletia se realmente o que lhe faltava era os seus pais, o perdão pelo qual ele tanto necessitava, e vagamente a resposta que lhe vinha a cabeça era SIM. Era inegável a falta que o garoto sentia de sua família, desde que mora sozinho, as únicas pessoas a quem se apegou foram Kathryn e Kim, e é claro que ele sentia falta de toda a sua família reunida, apesar de já ter a plena certeza de que isso nunca iria acontecer novamente depois da morte de seu irmão.
Martin levantou de sua cama e procurou as chaves de seu carro, que estavam em cima do sofá na sala, e então seguiu em seu automóvel por um caminho bem conhecido, o caminho pelo qual seguiu durante toda sua infância e adolescência, era o caminho de sua casa, não a casa onde mora sozinho, mas sim o seu lar, onde pode viver com sua família, onde brincou com seu irmão e o viu crescer se tornando de fato um homem responsável, diferente dele mesmo, que agora tocava aflito a campainha de sua enorme casa, até a porta se abrir e revelar a figura sofrida de sua mãe, que aparentava ter 50 anos e tinha longos cabelos loiros e um olhar acolhedor.
– Filho que surpresa você aqui! – disse Meredith Bennet, a mãe de Martin, abraçada ao filho.
– Digamos que eu estava com muita vontade de lhe ver hoje mãe. – disse Martin deixando o abraço acolhedor de sua mãe. – Será que eu posso entrar?
– Claro meu amor, venha eu fiz aquele bolo de abacaxi que você adora. – disse Meredith puxando o filho para a cozinha.
A conversa fluia naturalmente, Meredith queria saber sobre toda a vida de Martin, que contava tudo com riqueza de detalhes, omitindo algumas partes desnecessárias, porém satisfazendo a curiosidade de sua mãe.
– Meu filho e aquela sua namorada, a filha dos Lockwoods, vocês se acertaram?
– Não…mas eu tenho esperanças, eu a amo demais.
– Mas eu vim até aqui pra falar de outro assunto, sobre. .. – falou Martin que logo foi interrompido por sua mãe que tentou mudar de assunto.
– Filho você está mais alto e forte, um homem feito…
– Mãe não vamos fugir do assunto, eu vim aqui pra falar da morte do Ed.
– Filho…Você sabe que ainda me doi falar sobre esse assunto…O seu pai não. ..
– Sempre o meu pai…Por favor mãe esquece ele. Eu vim pedir o seu perdão – falou o garoto tocando a mão áspera de sua mãe.
As lágrimas caiam sobre o rosto de Meredith que ficou um pouco em silêncio, sem saber bem o que dizer até que a campainha anunciava a chegada de mais uma pessoa na casa. Meredith levantou da mesa limpando suas lágrimas e disse:
– Espera um pouco filho eu vou ver quem chegou.
Martin ficou aflito sentado na mesa, pois ele tinha quase certeza de que era seu pai, e que provavelmente iriam discutir. As dúvidas se confirmaram quando Martin viu atravessar a porta um homem alto forte que tinha uma aparência severa, era Mayc, o pai de Martin.
– O que esse garoto faz aqui na minha casa? Eu já falei pra você não vir aqui. – falou o senhor que acabara de chegar.
– Por favor Mayc não trate nosso filho assim – pediu Meredith ao seu marido.
– Está tudo bem mãe…Eu já sabia que não era bem vindo aqui…Eu vou embora.
– Não, não vai…Já que já veio aqui você vai me escutar. – falou Mayc alterado.
– Filho é melhor você ir, depois eu te visito na sua casa.
– Você vai visitar um assassino? Por que é isso que esse garoto é. – falou o pai de Martin
– Eu vou embora.
– Antes você precisa saber…Que todas as noites eu vou no quarto do seu irmão, e…Só encontro uma cama vazia…Você sabe o que isso significa pra um pai?
Martin tentou falar, mas logo foi interrompido por seu pai que continuou a falar:
– Você sabe o que é para um pai saber que nunca mais vai poder ouvir a voz do seu próprio filho? Ou nunca mais vai poder abraçar seu filho? E sabe o que é pior é não ter mais o seu filho, e quando chegar em casa encontrar o assassino desse seu filho…Você matou o meu filho! – falou Mayc em um grito entre lágrimas.
Martin ao ouvir aquelas palavras, correu em direção a porta, ignorando o chamado de sua mãe. O garoto deixou a sua casa, e correu para a rua onde acabou deitando- se no chão.
OoO…
When I was a kid the things I did were hidden under the gridYoung and naive I never believed that love could be so well hidWith regret I’m willing to bet and say the older you getIt gets harder to forgive and harder to forgetIt gets under your shirt like a dagger at work The first cut is the deepest but the rest still flipping hurt You build your heart of plastic Get cynical and sarcastic And end up in the corner on your own ”
” Quando eu era criança, as coisas que fizeram escondidas sob a grade.
Jovem e ingênuo eu nunca acreditei que o amor poderia ser tão bem escondido
Com tristeza, estou disposto a apostar e dizer que quanto mais você envelhece Mais difícil fica de perdoar e esquecer
Isso fica sob sua camisa como uma adaga a cortar
O primeiro corte é o mais profundo, mas o resto continuará a machucar
Você constrói seu coração de plástico Se torna cínico e sarcástico
E acaba sozinho em um canto ”
“The Wrong Direction – Passenger”
e gente mas pra ele dificil saber que Martin “provocoou a morte” do outro filho, na cabeça ressentida dele e e isso
Que homem cruel… ele sente a falta de cumprir filho morto, mas não vê que tem um vivo e está desperdiçando o tempo deles, e depois? O tempo não volta, e ele tá perdendo mais um filho! Eu adorei o laço de amizade e sinceridade criado por Martin e Kim. ..
Não canso de elogiar. .. TÁ DE PARABÉNS!♡
Que pai mais cruel, será que ele não percebe que Martin sofre tanto quanto. Muito bom ansioso pela reta final !
Obrigado por acompanhar amigo