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Lágrimas do Céu

Lágrimas do Céu – Capítulo XI

 

Vários dias haviam se passado, William estava em seu apartamento com a mala sobre a cama, roupas espalhadas e o som ligado tocando uma musica instrumental no piano. Era sábado e diferente dos outros o empresário não saiu para sua corrida de final de semana, pois estava arrumando sua bagagem para realizar uma viaje importante. Estava distraído, com isso demorou a ouvir que seu telefone havia tocado, quando ele percebeu já era tarde. No visor estava à foto de sua irmã, William desligou o som e retornou a ligação.

– Alo! Oi irmã como você está? – William mostrou alegria.

– Eu estou bem, espero que você também esteja – ela falou também com alegria.

– Me desculpa não ter atendido sua ligação, estava com o som ligado e não ouvi – William falou enquanto terminava de arrumar sua mala.

– Tudo bem irmão, estou ligando porque a mamãe está com saudades de você. Hoje realizaremos um almoço em família, mas não se preocupe nosso irmão não estará presente. Seremos apenas eu, você e nossa mãe, o que acha? – ela deu uma pausa esperando a resposta do irmão.

– Logo hoje? Eu vou viajar às duas horas da tarde, não sei se dá para ir – ele fechou sua mala e sentou na cama.

– Dá sim, é só um almoço. Podemos fazer assim, ainda é cedo, você arruma suas coisas, eu passo ai às onze e meia te pego e vamos para a casa da mamãe. Então almoçamos e depois te deixo no aeroporto, o que acha? – ela sempre conseguia achar um jeito do irmão visitar a mãe.

– Sendo assim eu vou, estou terminando de me arrumar – o empresário continuou sentado na cama.

– Ótimo, mas para onde você vai? Não me diga que resolveu tira férias – ela deu uma risada.

– Não minha irmã – ele riu junto a ela – Eu tenho uma viajem de negócios, mas eu conto melhor quando nos encontrarmos.

– Tudo bem, até mais irmão.

– Até logo.

William desligou o telefone, colocou-o sobre um pequeno móvel ao lado de sua cama e se levantou. Olhou para a cama, coçou a cabeça pensativo, achou que estava esquecendo-se de alguma coisa, então correu para a cozinha. Chegando nela desligou a torradeira verificando que sua torrada havia queimado, mas para sua sorte seu café estava pronto, pois a eficiente cafeteira se desliga sozinha. Frustrado tomou apenas o café com algumas bolachas.

Depois de um tempo o empresário já estava pronto e ficou apenas a espera de sua irmã, estava sentado na sala assistindo o canal de notícias só para passar o tempo. Porém, não estava prestando muita atenção, pois sua mente estava em Ângela e como estava a Sra. Margarete. Ele não havia tido tempo para visitar a idosa novamente e nem encontrar com a jovem. Decidiu que depois que voltar de viagem vai procurá-la imediatamente.

Não demorou muito para a irmã de o empresário chegar e logo saíram em direção ao apartamento da mãe deles. Assim que chegaram ao apartamento foram recebidos pela empregada que abriu a porta e posteriormente puderam ver que sua mãe estava sentada na sala lendo um livro. Os dois filhos sentaram juntos a mãe e a cumprimentaram:

– Meu filho que bom que veio como você está? – a idosa falou com um sorriso no rosto.

– Estou bem e a senhora como está? – William deu um abraço na mãe.

– Eu estava com muita saudade de você, mas ando cansada, não posso andar muito. Não se preocupe estou tomando uma medicação que meu médico receitou e estou me cuidando – a idosa falou olhando para o filho.

– A senhora tem que tomar cuidado e ir regularmente ao médico – William falou com um ar serio.

– Não se preocupe irmão eu estou levando ela para o médico. Você precisa visitar mais a nossa mãe e se sente preocupado pode ir conosco na próxima consulta – a irmã de William falou também com ar serio.

– Quando eu voltar de viagem vou colocar isso na minha agenda – William falou olhando para a mãe.

– Você vai viajar meu filho? Para onde? – a idosa franziu a testa.

– Vou sim, mas é a trabalho. Estarei indo hoje mesmo para Buenos Aires na Argentina, tenho que visitar uma fábrica e pode ser que a nossa empresa faça uma parceria com um empresário de lá – William falou com calma.

– Que bom meu filho, mas você não acha que está trabalhando de mais não? Você deveria aproveitar que vai viajar e poderia tirar umas férias depois de resolver essa parceria – a idosa se preocupa muito com o filho.

– Não posso tirar férias, mas vou pensar nisso. Bom, podemos almoçar, tenho que viajar às duas horas da tarde, não posso perder o voo – William falou e posteriormente se levantou.

Todos saíram da sala, foram para a sala de jantar e logo estavam comendo e conversando. A irmã de William falou sobre a filha Shofia, como está crescendo e do talento dela para dança. Depois falou um pouco sobre o marido e a relação dela com ele. William também falou um pouco sobre sua vida, a empresa, mas não mencionou sobre sua relação com Ângela.

Mais tarde William estava no avião sentado na janela, a aeromoça lhe trouxe um pequeno travesseiro para colocar atrás da cabeça deixando-o mais acomodado. Não demorou para o empresário adormecer e acabou sonhando. Nele William estava no hospital andando pelos corredores quando encontra Ângela chorando, ela foi ao encontro dele dando um abraço. O empresário resolveu falar com ela:

– Ângela o que aconteceu? É alguma coisa com a Sra. Margarete? – William se mostrou preocupado.

– William fica comigo… – a jovem deu uma pausa e enxugou o rosto – a Sra. Margarete foi internada agora mais cedo, foi submetida a uma cirurgia de emergência e acabou… – ela retornou a chorar e teve dificuldade em falar.

– Acabou o que? Calma Ângela eu estou com você – ele falou olhando nos olhos da jovem e enxugando as lágrimas que caiam sobre o rosto dela.

– Ela não resistiu e morreu – ela continuou chorando e abraçou novamente William.

O empresário deixou duas lágrimas caírem sobre seu rosto, continuou abraçado à jovem e deu um beijo na cabeça dela. Nesse momento ele acordou um pouco assustado com o pesadelo que acabara de ter, mas a pessoa que estava sentada ao lado dele não percebeu nada, pois estava dormindo. A viajem seguiu tranquila e no tempo esperado.

William chegou ao hotel, foi à recepção, se apresentou e logo estava em seu quarto. Como chegou tarde resolveu apenas descer para comer algo e depois descansar. Seu quarto era amplo, com uma televisão, um armário para guardar suas roupas, uma cama macia e um banheiro com um grande espelho com moldura em prata. O empresário desceu para o restaurante do hotel que se localiza no térreo, sentou em uma pequena mesa para quatro pessoas, escolheu uma espécie de sopa e café. Enquanto saboreava sua comida ele pode assistir ao noticiário que passava, por sorte entendeu o que o jornalista estava dizendo, pois sabe falar espanhol. No restaurante possuía poucas pessoas, algumas crianças estavam correndo pelo local, mas William estava tranquilo. Ao terminar sua refeição subiu para o quarto, retirou suas roupas e tomou um banho antes de cair na cama e dormir. Precisava descansar, pois no outro dia irá realizar uma visita a empresa ao qual fará uma parceria.

O dia amanheceu frio, William acordou cedo, se arrumou rapidamente, comeu algo no restaurante do hotel, pegou um táxi e passou o endereço da fábrica ao qual ira ter uma reunião para o motorista. No caminho pode observar um pouco a cidade, ele passou por um bairro com arquitetura que mais parecia que estava em outro país, os prédios possuem um estilo arquitetônico Frances. O empresário ficou fascinado pela beleza da cidade, o estilho bem desenhado e detalhista de cada prédio lhe prendia a atenção.

Em alguns minutos o empresário estava à frente da fábrica, desceu, pagou ao motorista e entrou pelo grande portão de metal. Um dos funcionários acompanhou William até a entrada da fábrica o levando para a recepção do prédio principal. Nela estava sentada uma mulher vestida com um blazer azul escuro e rabo de cavalo que o atendeu.

– Em que posso ajudar – falou a recepcionista.

– Eu sou William Burk e tenho uma reunião aqui com o dono da fábrica – o empresário falou com a feição seria.

– Hoje acontecerá sim uma reunião, espere um pouco vou verificar se já começou e anunciá-lo – disse a recepcionista pegando o telefone – o Sr. Ramom Martinez está à espera do senhor, me acompanhe que mostrarei a sala dele.

– Muito obrigado – William seguiu a gentil recepcionista.

Eles entraram no prédio, pegaram um elevador e logo estavam em um corredor com grandes janelas de vidro que dava para ver um pedaço da cidade. Eles pararam em frente a uma grande porta de madeira com uma placa presa com os dizeres “Director General”, que significa “Diretor Geral”. William bateu na porta e o Sr. Martinez apareceu o saudando com um aperto de mão.

– Sr. Burk seja bem vindo a minha fábrica, chegou cedo, a reunião só vai começar daqui a uns dez minutos, mas entre – Ramom pronunciava muito bem o português.

– Muito obrigado – Wiliam entrou e logo sentou em uma cadeira a frente da mesa de Ramom.

– Julieta traga dois cafés para a minha sala e verifique se arrumaram a sala de reuniões – Ramom falou no telefone com a sua secretária – William como foi de viagem?

– Foi cansativa mais correu tudo bem, cheguei ontem muito tarde a cidade e apenas comi, logo fui descansar – William falou olhando para Ramom.

– Então não andou pela cidade? – Ramom se endireitou em sua cadeira.

– Não tive tempo, mas vou ficar alguns dias aqui, acho que dá para conhecer um pouco a cidade. Ouvi falar que tem lugares muito bons para sair à noite – William falou olhando para Ramom.

– Sim claro você tem que conhecer um restaurante que tem dançarinas de tango. Acho que você ia gostar muito, eu vou anotar o endereço dele – Ramom escreveu em um pequeno pedaço de papel – Aqui está se tiver tempo vá a ele, garanto que não vai se arrepender.

– Obrigado, acho que vou sim. Você ficou pouco tempo no Brasil, deveria ter permanecido mais tempo para conhecer alguns pontos turísticos – nesse momento uma mulher entrou na sala com uma bandeja, entregou uma xícara de café a William e outra a Ramom.

– Não faltará oportunidade, quando eu estiver de férias voltarei ao Brasil e poderei conhecer melhor o país. Minha esposa quer muito conhecer as praias brasileiras – Ramom tomou um pouco do seu café depois que terminou de falar.

– Não sou muito de ir à praia não, mas o Brasil tem praias deslumbrantes – William também tomou seu café após terminar de falar.

Os dois ficaram conversando por um tempo curto na sala de Ramom, depois se dirigiram a sala de reunião. Nela ficaram para a reunião William, Ramom e mais dois funcionários da fábrica. A sala é bem ampla, com uma mesa retangular que cabe doze pessoas, mais a diante um móvel e no centro dele uma abertura em que estava uma bandeja com duas garrafas térmicas, um pote com bolachas, além de um açucareiro e alguns pequenos pacotes de adoçante. O local era bem iluminado, não só pelas lâmpadas redondas no teto e pelas grandes janelas de vidro. Mais ao fundo podia-se ver um aparelho projetor de imagens e um computador.

A reunião correu como esperado, o Sr. Ramom mostrou o desempenho da fábrica, o grande potencial de mercado, isso tudo através de tabelas e gráficos. Mostrou também os pontos positivos em firmar parceria com a empresa de William, mostrou em números o quanto as duas empresas juntas poderão faturar. Isso deixou William muito animado, ele fez algumas perguntas e gostou muito das respostas.

Antes de William assinar o contrato de parceria com a fábrica ao qual participou da reunião, ele resolveu conhecê-la primeiro. Ramom teve o prazer de mostra suas instalações, visitaram alguns setores e pode-se observar o quanto é organizada e possui máquinas modernas. William gostou bastante, mas resolveu pegar uma cópia do contrato, levar com ele para o hotel e analisar linha por linha com calma. Ramom achou a atitude boa, entregou a William uma cópia e se despediram.

O empresário passou muito tempo na fábrica argentina que se esqueceu do tempo, quando saiu observou que já era hora do almoço. Então resolveu pegar um táxi e pediu ao motorista uma indicação de algum bom restaurante da cidade com comida típica argentina. O taxista indicou um modesto restaurante, com preço bom, bem aconchegante e com comida típica e saborosa. Ao chegar ao local desejado William agradeceu, entrou no restaurante e sentou em uma mesa para quatro pessoas.

Assim que se acomodou um garçom lhe entregou um cardápio, William conhecia pouco da culinária Argentina, mas se lembrou que algumas vezes foi a um restaurante no Brasil com esse tipo de comida. Procurou no cardápio se havia algum parto conhecido, resolveu pedir locro e vinho branco para acompanhar. Enquanto esperava ficou a escutar um pouco de musica argentina que estava tocando no local.

O restaurante não é muito grande, mas aconchegante assim como taxista havia dito. No local tinha alguns quadros pendurados na parede que mostrava alguns lugares históricos de Buenos Aires. Um dos quadros lhe chamou atenção, o prédio parecia ser uma igreja com um estilo italiano, já outro possuía uma bela paisagem que parecia ser um parque. Sua comida logo chegou, era uma espécie de guisado feito com milho, feijão e abóbora. William saboreou com prazer, pois já conhecia o prato e achou este muito bem feito. Gostou muito de estar no local, terminou sua refeição e foi para o hotel, entrou no quarto, resolveu tomar um banho e descansar um pouco, ele ainda não havia se acostumado com o fuso horário.

A cama macia fez William dormir rapidamente, o empresário não se preocupou com o horário, adormeceu assim mesmo. Acabou tendo um sonho em que estava a beira de uma ponte observando a lua refletida na água. Era uma noite calma, dava para ouvir o vento que batia nas arvores frondosa. Andou um pouco pelo local, observou que uma jovem estava sentada sozinha em um dos bancos. Então resolveu ir ao encontro dela, para sua surpresa era Ângela. Ela vestia um vestido de mangas curta azul marinho, estava muito bonita, apesar dos seus trajes serem simples. William sentou ao lado dela, segurou sua mão, ela deu um pequeno sorriso.

– O que a senhorita está fazendo aqui há essa hora? – William falou olhando atentamente para os olhos azuis de Ângela.

– Eu costumo vir de vez em quando aqui para esquecer-se dos problemas, ficar apenas admirando o local – a jovem falou com a voz doce.

– Mas não deveria ficar aqui sozinha, é perigoso. Posso lhe fazer companhia? – Ele continuou olhando para os olhos da jovem.

– Será um prazer ter sua companhia aqui – ela deu um belo sorriso no canto dos lábios.

Os dois ficaram ali sentados apenas curtindo a noite e em silêncio por um tempo, mas depois William se virou para Ângela e disse:

– Eu não consigo parar de pensar na senhorita, desde que a conheci sinto um apreço imenso por ti – William pegou novamente na mão da jovem que ficou corada.

– Eu também gosto da presença do senhor – ela abaixou a cabeça com um pouco de vergonha.

– Pode me chamar de você – ele levantou o rosto dela com uma das mãos com delicadeza – a senhorita tem olhos lindos e… – ele parou de falar, pois estava com seu rosto bem perto do dela, os lábios quase se encostando aos dela. Mas ela se afastou de William ficando de costas – Me desculpe, acho que estou indo longe de mais.

– É que eu sinto algo por você que não sei explicar o que é – ela continuou de costas a ele.

– Então não precisa se preocupar, pois não pretendo fazer mal a você. Sei que é muito jovem, mas eu sinto o mesmo que sentes… – William foi interrompido por Ângela que se virou rapidamente e deu um beijo.

Nesse momento o empresário acordou, já havia escurecido e não tinha noção da hora. William havia sonhado bastante com Ângela ultimamente, mas eles são diferentes um dos outros, alguns alegres e outros tristes. A jovem de belos olhos azuis não saia da cabeça dele. Sentiu muito em ter viajado sabendo que a Sra. Margarete não estava nada bem de saúde. Mas a primeira coisa que fará ao chegar ao Brasil, dependendo da hora, é ir ao encontro de Ângela seja onde esteja. O empresário se levantou da cama, foi para o banheiro, lavou o rosto e viu que tinha deixado o relógio em um canto da pia, observou nele que eram nove horas da noite. Nesse momento sentiu sua barriga roncar, com isso foi em direção ao telefone que se localizava em cima de um criado mudo e tratou de pedir algo para comer. Não estava com vontade de sair naquela noite, pois lembrou que tinha que analisar um contrato. Não demorou muito para sua refeição chegar a seu quarto, ele a saboreou assistindo um pouco de um filme que passava na televisão, era mexicano e parecia ser uma comédia. Depois que terminou seu jantar William pegou o contrato, ficou a noite e a madrugada analisando linha por linha, fez isso nesse horário porque estava sem sono.

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