Lágrimas do Céu – Capítulo VIII
A lua estava reluzente brilhando sobre a cidade serena, caia uma chuva fininha apenas para deixar o ar frio. Ângela estava deitada em sua cama debaixo das cobertas, havia tomado dois comprimidos para dormir, pois tivera um dia muito agitado. Enquanto descansava seu corpo, sonhava que estava andando sem rumo por uma pequena avenida, era noite, a lua brilhava juntamente com as luzes dos postes de um canto a outro. Não se via nenhuma pessoa, mas deu para escutar ao longe o som de uma coruja. Era uma noite fria, solitária e escura. Ângela estava vestindo um sobretudo cinza, meia calça preta e calçava sapato preto com detalhes vermelhos. Ela parou na esquina de uma rua qualquer, sentou na calçada e olhou de um lado para o outro como se esperasse que alguém a encontrasse.
Percebera que estava completamente sozinha em meio à escuridão, porém não sentia medo algum. De repente ela escuta um som bem longe, este vai chegando mais próximo dela, então avista um carro cor prata, reluzente. Ela se levanta ao perceber que o automóvel parou a sua frente, um homem de óculos escuros, camisa preta sai e a agarra pelo braço com força. A jovem tenta impedir a ação, mas não teve sucesso, foi amarrada e encapuzada.
Minutos depois estava em um quarto acorrentada a cama, com uma mordaça em sua boca. Ela olhava o local, não o reconheceu, estava sozinha e pode perceber que não possuía roupa alguma no corpo. Nesse momento ficou assustada e tentou se soltar, mas estava bem amarrada por cordas em seus pulsos, apenas suas pernas estavam livres. Não demorou muito para um homem entrar no local, ele estava vestindo com uma calça social preta, camisa longa também social e seu rosto estava coberto por uma mascara do super homem. Ele chegou perto da cama, subiu encima de Ângela e bem no ouvido dela disse:
– Você é minha esta noite, apenas minha. Darei-lhe prazer até não aguentar mais – Ele começou a beijar o pescoço da jovem, depois retirou a mordaça e a beijou segurando com uma das mãos o seu rosto.
Depois colocou novamente a mordaça, ficou a frente dela ainda na cama, retirou a camisa e começou a fazer carinho em si mesmo. Ângela fechou os olhos, porém foi forçada a deixá-los abertos. O homem não estava querendo boa coisa, tratou logo de ficar apenas de cueca e começou a acariciar o corpo branco e delicado da jovem. Com as mãos habilidosas foi acariciando os seios dela deixando-a maluca, depois com sua boca os beijou. Foi descendo pela barriga dela bem devagar, passeando, beijando cada centímetro do corpo da jovem, até chegar à virilha. Nesse momento a jovem forçou para se soltar, mas não conseguiu, pois o homem segurou em suas pernas e continuou fazendo o que desejava sem ligar para o que ela queria.
Nesse momento ela acordou estava sentada na cama, o suor escorria pela sua testa, estava ofegante e com o coração acelerado. A jovem se levantou, estava apenas com sua lingerie rosa escuro e se dirigiu até a cozinha. Bebeu um pouco de água, olhou para o relógio que estava na parede e nele marcava duas horas da manhã. Voltou para o quarto para dormir, porém não conseguiu o pesadelo que teve a perturbou de mais naquela noite. A imagem do homem em sua mente não saia de forma alguma, o que a deixava nervosa. Então ela foi até a caixa de remédios, pegou um para dormir e tratou de tomá-lo imediatamente. Deitou na cama e minutos depois conseguiu finalmente adormecer, porém desta vez não retornará a ter o pesadelo.
Ângela acordou, estava com uma dor de cabeça terrível, olhou para o relógio que marcava meio-dia, havia dormido muito. Ela pegou a toalha, se dirigiu ao banheiro, retirou sua roupa de vagar, logo a água fria estava caindo sobre sua cabeça e pelo corpo branco. Enquanto tomava seu banho a jovem ficou lembrando-se do momento em que deu o beijo no empresário, ela não esquecia já mais. Ainda sentia o gosto em seus lábios, essa imagem lhe fazia muito bem, até a fez esquecer-se do pesadelo que teve a noite.
Após o termino de seu banho a jovem se lembrou que não foi ao trabalho no dia anterior, então vestiu rapidamente suas roupas e pegou o celular que estava encima de um cômodo. Discou o número e não demorou muito para uma mulher atender sua ligação:
– Alo quem deseja falar comigo? – a voz da mulher era forte.
– Sra. Lurdes é Ângela. Espero que a senhora não tenha ficado chateada comigo por eu ter faltado ao trabalho ontem – a jovem possuía a voz cansada.
– Achei estranho você não ter aparecido e nem ter ligado, sempre avisa quando vai faltar – a senhora falou com calma.
– Ontem fui visitar a Sra. Margarete, fiquei muito tempo com ela e tive uma notícia péssima – a jovem deu uma pequena pausa – Então não me senti muito bem para trabalhar, chequei em casa a noite, péssima, eu tomei dois comprimidos e cai na cama. Mil desculpas, isso não ira mais acontecer.
– Tudo bem Ângela, não se preocupe você é uma ótima empregada. Entendo que esteja passando um momento difícil, mas que isso não aconteça novamente, se vier a faltar o serviço me avise – Lurdes falou com gentileza.
– Pode deixa isso não acontecerá novamente. Vou precisar trabalhar mais do que nunca, hoje irei mais cedo e falarei melhor com a senhora. Tenha uma boa tarde.
Ângela desligou o telefone, colocou-o perto da televisão e sentou em sua cama. Virou-se, pode ver o seu reflexo no espelho, os olhos pareciam cansados e sua expressão não era a das melhores. Ela precisava estar bem para o trabalho mais tarde, então foi até a cozinha, abriu a geladeira, encontrou um resto de maçarão, carne e tratou de se alimentar. Duas imagens estavam a sua cabeça, uma do pesadelo que tivera e a outra do empresário. O local possuía apenas o som do relógio que estava preso na parede e o som dos carros que vinham de fora acabava com o silencia que a jovem tratou de manter.
Por um momento achou que deveria ficar em casa, não ligar a televisão, nem som, não fazer absolutamente nada, permanecer apenas a espera do tempo passar. Porém, pensou melhor, preferiu sair um pouco, arejar a mente, mesmo que fosse com vento no rosto. Lembrou que perto de onde mora tem uma praça, não era a das melhores da cidade, mas lhe servia. Pegou suas chaves, colocou um relógio em seu pulso e seguiu seu rumo.
O dia estava nublado, mas não cai sequer uma gota de chuva e o chão da rua não estava molhado, o que afirmava que não chovera mais cedo. Ela caminhou calmamente pela calçada, estava de short jeans azul desbotado, uma camiseta branca com estampa de flores laranja, seu cabelo estava molhado e desalinhado. Não estava em um dia ao qual se poderia dizer que estava bonita, mas isso pouco importava no momento.
Ela logo chegou à praça, encontrou o balanço vazio e resolveu sentar. Não fazia isso há muito tempo, estava parecendo uma criança. O local estava apenas duas crianças sorridentes que brincavam no escorregador e uma mulher as olhando. A jovem fixou seu olhar em um banco de pedra que possuía alguns rabiscos vermelhos, imaginou o momento que teve com William na praça perto do hospital, os dois sentados um ao lado do outro. Ela se levantou, andou até o banco, sentou e na sua mente estava o momento em que a chuva tomou o seu corpo e do empresário, nunca havia imaginado que daria um beijo nele e muito menos daquela maneira. Lembrar desse momento a fazia se sentir feliz em meio ao turbilhão de problemas ao qual passa atualmente.
A jovem ficou naquele lugar por um bom tempo até perceber que à hora havia avançado rapidamente, voltou para casa, pegou uma bolsa, colocou o necessário dentro e tratou de ir para o trabalho. Ao entrar no ônibus perceber o quanto ruim era não possuir um automóvel, o local estava fedendo, isso há deixou um pouco enjoada, mas logo passou. Era fim de tarde, o transito estava um pouco congestionado, não como todos os dias. Desejou sair logo do coletivo, porém demorou a chegar ao seu destino.
Subiu a rua como de costume, nada a impedira da ação e logo estava no prédio em que trabalha. Entrou pelos fundos, se dirigiu a sala da Sra. Lurdes, dona do local bem devagar. A senhora de cabelo curto liso estava sentada de costa para a porta, dava para perceber que fumava, pois o local possuía cheiro de nicotina. Não demorou muito para a administradora perceber a presença de Ângela. Lurdes se levantou, andou um pouco pela sala, fez sinal para que a jovem pudesse se sentar em uma cadeira e sentou em outra a frente desta. Ângela sentou, colocou sua bolsa no colo e ficou observando à senhora fumando cigarro, depois de uma bela baforada falou:
– O que a traz tão cedo aqui? – Lurdes não estava olhando para Ângela atentamente, parecia mais preocupada em fumar.
– Vim aqui me desculpar pessoal mente.. – Ângela fora interrompida.
– Espero que não tenha vindo só para isso, pois já fizeste isso pelo telefone, não vi necessidade de fazer isso pessoalmente.
– Mas achei que deveria fazer isso, mas não vim só por esse motivo. Como à senhora sabe eu tomo conta de uma senhora idosa, ela foi internada em um hospital e não está muito bem de saúde – Ângela ficou com a expressão de tristeza e deu uma pequena pausa – Prefiro não entrar em detalhes, espero que entenda. Bom preciso muito de dinheiro para poder custear o tratamento dela e o que ganho não dá. Com isso não venho pedir aumento, mas sim se a senhora tem algum outro trabalho ou atividade que eu possa desempenhar alem da que já faço, eu posso fazer hora extra sem problema – a Sra. Lurdes voltou seu olhar para a jovem, deu uma ultima tragada, se levantou e jogou o cigarro em um cinzeiro de vidro que estava encima de sua mesa.
– Sei que é uma das melhores trabalhadoras desse estabelecimento, já recebi muitos elogios a seu respeito, você é jovem de boa aparência. Sabe que os clientes adoram mulheres assim e em um dia desses pude ver você dançando, pelo que percebi tem jeito. Pensando bem acho que tenho mais um trabalhinho para a senhorita, pode participar dos shows no palco junto com as outras garotas – Lurdes andou pela sala, passou por Ângela e ficou atrás dela que permanecia sentada.
– Será um prazer participar dos shows, posso ensaiar todos os dias se for preciso – Ângela se virou para ver Lurdes.
– Muito bem, vai ganhar um aumento, se me agradar e ao publico claro. Venha comigo, as meninas estão lá embaixo ensaiando.
Ângela se levantou, pegou sua bolsa e seguiu a Sra. Lurdes, desceram a escada e foram para o salão principal. Mais a diante estavam sobre o palco três moças dançando ao som de um piano, vestiam espartilhos uma de cada cor, meia calça e sapato alto. Estavam dançando entre rebolados, caras e bocas, subidas de pernas e sorrisos. Ao termino da musica a Sra. Lurdes aplaudiu a atuação das moças que viraram sua atenção para ela.
– Formidáveis lindas como sempre, impecáveis. Número novo? – Lurdes falou com um sorriso no rosto. As moças agradeceram com acenos de cabeça – Vocês conhecem Ângela, ela fará parte dos shows. Quero que a ensine toda a coreografia, coloquem-na integrada ao grupo.
– Pode deixa senhora, será um prazer tê-la conosco – Rute falou e estendeu a mão para que a jovem pudesse subir no palco – Venha, suba aqui, deixa eu te ajudar. Vamos dançar um pouco? – Rute falou sorrindo para a jovem.
Ângela colocou sua bolsa em um canto do palco, se juntou as demais dançarinas e começou a seguir os passos que elas faziam. Como não conhecia a coreografia errou alguns passos, mas soube bem improvisar o que deixou as suas colegas de trabalho surpresas. O palco não era muito grande, mas cabia um pequeno piano de parede e espaço suficiente para as quatro moças se divertirem ao som do instrumento que estava sendo tocado por uma bela moça de cabelos curtos ruiva. As musicas que a ruiva tocava faziam com que as moças dançassem de uma forma sexy e era justamente dessa forma que deveriam fazer logo mais a noite.
O tempo passou tão rápido que as moças mal perceberam que tinham que se arrumar para trabalhar. Ângela pegou sua bolsa, acompanhou as moças até um quarto em que se arrumaram. Luisa a mais velha do grupo, experiente ajudou Ângela a ajeitar o cabelo colocando um acessório que continha uma pena vermelha que combinou perfeitamente com os detalhes do vestido preto. A jovem pegou um batom que estava encima de uma penteadeira, passou delicadamente pelos lábios deixando-a ainda mais bonita.
As moças não demoraram a ficarem prontas, desceram uma a uma para o grande salão, cada qual com uma cor de roupa, mas todas possuíam um acessório no cabelo. Ângela trabalho como de costume atendendo alguns clientes, agradando e recebendo boas gorjetas, o que a deixou feliz. Nessa noite não tivera a oportunidade de subir ao palco para mostrar o talento que possui para a dança, mas realizar tão trabalho seria apenas questão de tempo. O salão estava cheio, apesar de ser uma quarta-feira, mas é feriado na cidade, isso deixou Ângela bem ocupada. Mal percebeu que seu expediente havia terminado Ângela estava em um quarto com uma colega de trabalho conversando enquanto colocava sua roupa de dormir.
– Amiga que cara chato o da mesa cinco, não parava de me cutucar – as amigas deram uma pequena gargalhada.
– Porque você não deu a ele Luiza o que desejava? – Ângela falou enquanto retirava sua meia calça preta, deixando a mostra suas pernas brancas.
– Ele não estava apenas de olho em mim não, a Camila também era o foco dele. Mas, como outro homem foi mais rápido e muito mais atraente deixou-o para lá – Luiza deu, mas uma risada.
– Fala baixo ou vamos acordar as nossas amigas, elas sim tiveram uma bela noite – Ângela deu um ar de sorriso.
– Tem razão, mas será que alguma delas conseguiu fisgar algum partidão? – Luiza falou com firmeza.
– Não sei, só descobriremos mais tarde. Agora tratemos de nos arrumar e dormir, porque mais tarde vamos ter muito trabalho.
Elas terminaram de se arrumar, guardaram seus pertences e deitaram na mesma cama, que era de casal, o que deixavam as duas bem à vontade. Luiza preferiu dormir apenas de calcinha e sutiã, mas Ângela preferiu vestir uma camisola fina rosa claro com detalhes em renda. Estavam bem acomodadas, cansadas o que fez com que dormissem rápido e profundamente.