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Lágrimas do Céu

Lágrimas do Céu – Capítulo VI

 

A semana estava sendo de muito sol e trabalho para a jovem Ângela que resolveu não visitar a Sra. Margarete como fazia toda semana. Ficou lembrando-se do sonho que teve com o empresário grisalho e da reportagem que assistira. Outra coisa que permaneceu martelando em sua cabeça pequena e loira é que necessitava de um trabalho extra para poder pagar o aumento em suas despesas. Pensou em deixar currículo em alguns lugares, mas onde? A única experiência que possuía é no trabalho que realiza para a Sra. Lurdes.

Ângela passou as manhãs e as dardes daquela semana solitária em seu pequeno, não menos aconchegante, quarto que chamava de casa. Foram os dias mais monótonos de sua vida, a não ser pelo trabalho a noite que lhe deixava ocupada, pelo menos por um tempo. Ela estava pensando em ir ao local em que o Sr. Willian realizará a palestra, mas apenas para ver se o encontrava, mesmo que de longe. Isso ficou apenas em sua mente, não possuía o intuito de por em prática. A jovem estava na cozinha lavando sua pequena pilha de louça, com o rádio ligado e cantarolando uma musica do James Blunt, quando de repente seu telefone toca. Ela desliga o rádio e logo atende:

– Alo quem deseja falar comigo? – houve uma pequena pausa – Rita! Oi, que bom você ligar para mim, há quanto tempo… Desde que você saiu do antigo emprego não a vejo mais… Entendo – houve uma pausa maior – tudo bem, mas me conta as novas… Como? Trabalhar no evento sobre empreendedorismo? Seria maravilhoso, mas você sabe que eu tenho a noite ocupada… Ok. Vou pensar no seu caso e te ligo ainda essa semana. Beijo – a jovem desligou e ficou com uma expressão de surpresa no rosto.

Ela desejava um novo emprego, mesmo que temporariamente, mas ajudaria muito nas despesas. Sabia que nunca trabalhou em um evento como este e em nenhum outro, porém o dinheiro compensaria. Então parou um pouco e lembrou que o homem grisalho estaria neste evento, era mais um motivo para aceitar o trabalho, afinal sentia vontade de se encontrar com ele, porém não entedia por que.

Voltou à cozinha, ligou novamente o rádio e terminou de lavar sua louça, era apenas a única distração que tinha durante todo o dia em que passa dentro de casa. Após o termino de sua atividade doméstica, sentou-se na cama, ligou a tv e ficou assistindo qualquer coisa que passasse nela. Sem esperar o seu telefone voltou a tocar, mas dessa vez ela resolveu olhar para o visor e não reconheceu o número, mas atendeu:

– Alo – disse com calma.

– Por favor, eu gostaria de falar com a Sra. Ângela – disse uma voz feminina e forte.

– Está falando com ela, em que posso ser útil – Ângela sempre fora educada.

– Que bom, estou ligando para informar que o médico da Sr. Margarete pode conversar com a senhora na próxima quinta-feira as 10:00 horas da manhã.

– Ah! Que bom, então pode confirmar estarei lá no horário informado – disse a jovem aliviada.

– O médico vai esperar a senhora no consultório dele, precisa que eu lhe informe o endereço? – falou a mulher do outro lado do telefone.

– Não é preciso, ainda me lembro do endereço. Muito obrigada – a jovem desligou o telefone, pegou sua pequena agenda e anotou o compromisso.

Ângela queria saber o real motivo de as despesas com a Sra. Margarete ter aumentando daquele modo e porque não a informaram no dia em que realizara a ultima visita. Ela guardou a agenda e resolveu dormir um pouco na cama, dessa vez não precisou tomar nenhum calmante, pois adormeceu rapidamente. O sonho que tivera outro dia voltou a aparecer em sua mente, do mesmo modo que da outra vez. Só que agora foi mais rápido, com menos riquezas de detalhes, mas acabou da mesma forma que o outro, ela segurando o cartão do empresário.

Ângela acordou, se levantou de sua cama, olhou pela janela e pode ver o sol que estava se pondo mais a diante. Pegou sua bolsa, arrumou o cabelo com as próprias mãos, calçou suas sandálias e saio para esperar o ônibus e ir ao trabalho. Fez tudo como sempre fez na ida e trabalhou até tarde, mas não ficara tão cansada como em outros dias, pois não tinha tantos clientes.

A quinta-feira chegou mais rápido que o esperado, a jovem loira estava no ônibus saindo do trabalho e indo em direção ao consultório médico. No caminho resolveu ligar para sua amiga Rita e informar que deseja trabalhar no evento. Não demorou muito para a amiga atender e passaram o caminho quase todo conversando, o que foi bom, pois fez Ângela sorrir um pouco.

O ônibus parou quase na esquina da rua ao qual estava um prédio branco, com janelas verdes, é o que tem o consultório ao qual precisa ir. Ângela desceu do coletivo, andou um pouco até chegar ao referido prédio que possuí no letreiro escrito: “Associação dos Médicos do RC”. Ela entrou e foi logo indo em direção a recepção e disse que foi marcada uma consulta, deu o nome do médico e não demorou muito e já estava sentada em uma cadeira a frente da mesa do médico.

Ângela parecia preocupada, mas tentou não demonstrar em seu rosto. O médico parecia estar com a agenda cheia, ele estava falando ao telefone então demorou um pouco para atender a jovem.

– Como está Ângela? Não esperava vê-la aqui tão cedo – disse o médico com um leve sorriso no rosto.

– Estou bem obrigada. Então porque me chamou aqui?

– Bom, andei realizando alguns exames na a Sra. Margarete, apenas de rotina e observei algo estranho, então realizei outros mais detalhados que estão aqui, caso queira dar uma olhada – o médico entregou um envelope branco a jovem. Ela abriu, mas não conseguiu compreender o que tinha ali escrito – bom, vou ser bem direto. A senhora bem sabe que a idosa possui alzheimer e que necessita realizar consultas periódicas. Pois neles fora diagnosticado um avanço da doença, mais do que o esperado, se continuar dessa forma a idosa precisará ser internada. Preciso saber se ela possui plano de saúde? – o médico franziu a testa nessa hora.

– Infelizmente ela não possui plano de saúde, mas farei o que for preciso pela saúde dela – Ângela nesse momento colocou a mão sobre a cabeça com um ar de preocupação.

– Eu posso tentar conseguir algum auxílio médico com o município ou com o estado, mas não será nada fácil. Farei tudo que estiver em meu alcance – o medico tentou deixar a jovem calma, porém não deu muito certo – devido às circunstâncias do agravamento da situação de saúde, foram incluídos dois novos remédios na lista dela. Aqui está a requisição. Bom, um eu consegui de graça, o mais barato, porém o outro precisará ser comprado. Verifiquei se a idosa tem condições financeiras, falei com a assistente social da instituição para verificar isso para mim, entretanto descobri que ela já tem gastos de mais. Então a senhorita terá que arcar com esta despesa. Se desejar pode pedir auxílio à enfermeira encarregada dos cuidados com a idosa, quanto à aquisição das medicações – o médico foi interrompido pela jovem.

– Eu sei como funciona doutor. Tudo bem vou pensar no que me disse e informarei ao senhor de minha decisão e agradeço sua gentileza. Esses exames ficam aqui ou posso levá-los comigo? – ela continuou com uma expressão de preocupação.

– Não se preocupe esses são apenas copias dos exames, pode ficar de posse deles. Se precisar posso pedir uma cópia do prontuário dela para anexar aos exames – disse o doutor com calma na voz.

– Não será necessário, muito obrigada mais uma vez pela gentileza.

Ângela se despediu do profissional e saiu do prédio, estava com a feição pálida de preocupação. Ela não sabia como conseguiria ir ao trabalho naquele dia, então pensou em ligar para a Sra. Lurdes, pedir esse dia de folga para descansar e esfriar um pouco a cabeça, porém desistiu da ideia, até porque necessita muito de dinheiro. Andou devagar pela rua até chegar ao ponto de ônibus, nele tinha algumas pessoas. Os olhos da jovem estavam marejados, o coração apertado, estava segurando o choro e evitava olhar para as pessoas que estavam ali.

Ao entrar no ônibus procurou a cadeira dos fundos, perto da janela e ficou olhando o caminho, que parecia mais longo que o normal. A vontade dela era de correr para casa e enfiar seu rosto no travesseiro. Ela não gostava de ficar sozinha em casa, mas de acordo com a circunstância do que soube preferia ficar só. Assim que chegou em casa, fechou imediatamente a porta, jogou sua bolsa em um canto e desabou a chorar, em pé no meio do local. As lágrimas caiam sobre seu rosto delicado e seus olhos avermelhados deixaram o azul mais intenso. Ela andou pela casa até chegar ao seu quarto e se jogou sobre a cama. Amava mais do que tudo na vida a Sra. Margarete, era a única responsável por ela e saber que está dessa forma lhe deixava muito aflita.

Neste dia não conseguiu colocar comida alguma me sua boca e não hesitou em deixar de ir ao trabalho, fez tudo como de costume e resolveu guardar essa dor para si mesma. As suas colegas de trabalho estavam desconfiadas que algo havia ocorrido, mas Ângela disfarçou.

Não demorou muito para o dia de o evento chegar e a jovem estava em sua casa arrumando um belo coque no cabelo. Havia vestido um belo vestido preto social que a amiga tinha lhe emprestado. Estava muito bonita, com uma maquiagem delicada. Seria muito bom para ela trabalhar, preencher sua mente a faria esquecer-se dos problemas. Logo chegou ao local indicado pela amiga. O prédio parecia com o de uma universidade, com janelas grandes e com paredes pintadas de bege. O prédio era denominado de Convenção de Eventos. Ângela não tendeu o que aquele prédio significava, mas isso pouco importava.

Ela entrou e pode observar o quanto era grande, logo mais a diante estava uma recepção e resolveu falar com uma mulher de blusa social azul onde seria realizado o evento. Fora informado que seria no primeiro andar, no auditório e deu todas as instruções para chegar lá. A jovem subiu por uma grande escadaria que deva acesso ao primeiro andar e passou por alguns corredores, longos por sinal até chegar ao auditório. Antes de tomar o seu posto recebeu algumas instruções, escutou atentamente tudo.

Pegou uma bandeja com copos, uma jarra e tratou de levá-la até o auditório. Distribuiu os copos na mesa de acordo com a quantidade de cadeiras dispostas no local. O lugar era bastante amplo, com cadeiras dispostas em fileiras como se estivessem em um teatro, todas bem acolchoadas e alinhadas. Este auditório possua caixas de som e um telão atrás da mesa de palestras. Tinha bastante trabalho e não demorou muito para as pessoas chegarem, cada uma a seu modo, com trajes formais e ajudou a entregar um kit preparado para os escritos no evento.

As palestras começaram no horário esperado e ocorreram como combinado. Ângela pode ouvir um pouco do que os palestrantes diziam, porém não entendeu nada. Não conhecia ninguém que trabalhava ou estava assistindo o evento, apenas sua amiga que lhe ajudou durante todo o trabalho. O primeiro dia passou rápido e da forma ao qual havia sido planejado, o que deixou todos os envolvidos no evento gratos.

No outro dia do evento, o ultimo, Ângela estava cansada, pois trabalhou a noite e a madrugada e teve dificuldade para acordar tão cedo, porém chegou na hora marcada para o trabalho. Durante o dia transcorreu tudo bem, com as pessoas pelo corredor ao termino do primeiro momento falando muito bem. A tarde começou agitada, com as pessoas andando pelo local e Ângela fora solicitada para pegar uma encomenda que seria deixada na recepção do prédio. Ela desceu como combinado e ficou a espera da encomenda, que demorou um pouco para chegar, era uma caixa pequena que continha alguns livros para serem sorteados. Subiu com cuidado e entregou-a a coordenadora do evento, que abriu a caixa e pediu para deixá-la em uma das cadeiras da ponta da mesa dos palestrantes, assim ela fez.

Ao sair do auditório viu que mais pessoas estavam chegando e ficou fazendo seu trabalho. O barulho era intenso, mas normal para o que estava acontecendo naquele dia. As pessoas pareciam estar animadas, encontravam conhecidos, ficavam conversando e nem ligavam para as pessoas que estavam trabalhando lá, mas isso já era de se esperar. Já estava quase na hora de começar e apenas um dos palestrantes havia chegado. Ângela olhou na lista e viu que quem faltava era o Sr. Willian Burk, justamente quem ela queria encontrar. Enquanto esperavam pelo profissional, a jovem loira pegou a garrafa de café, desceu as escadas e se dirigiu a copa. Na volta sentiu uma mão tocar em seu braço, quando se virou pode perceber que era o Sr. Willian, que falou:

– Desculpe senhorita, mas poderia me ajudar? Preciso ir até o auditório, pois está havendo um evento, sou um dos palestrantes e acho que estou atrasado – ele falou um pouco de pressa.

– Posso sim senhor, venha comigo vou lhe ajudar. Eu estou trabalhando neste evento – disse a jovem de forma calma.

Eles andaram até o local desejado sem falarem nada um com o outro, como se nem ao menos tivessem se visto na vida. Ao chegarem ele agradeceu e entrou no auditório. A palestra dele demorou bastante para acabar, pois os ouvintes estavam adorando e fazendo muitas perguntas. Ângela ficou perto da porta, com isso pode escutar um pouco o que diziam e percebeu que o Sr. Willian falava muito bem, possuía uma foz firme, forte e tinha domínio de conteúdo.

O evento terminou, a jovem foi liberada antes do esperado, pegou suas coisas e foi para o ponto de ônibus. Assim que chegou à saída do prédio o telefone dela tocou, ao observar o número logo ficou assustada:

– Alo, sim é ela mesma… Como?… Onde ela está? Qual o nome do hospital – ela deu uma pausa – conheço sim, pode deixar vou para lá imediatamente, muito obrigada por me informar – Ângela ficou aflita, desligou o telefone, jogou-o em sua bolsa, olhou para um lado e para o outro. Estava tão agoniada que resolveu andar o mais depressa possível e procurar um taxi para ir para o hospital, porém parou na esquina e começou a chorar encostada na parede. Sem esperar uma pessoa chegou perto dela, era o Sr. Willian que olhou para ela preocupado.

– Moça o que houve? Será que eu posso lhe ajudar? – ele abraçou a moça, mesmo não tendo intimidade com ela.

– Ha senhor, eu… – ela estava chorando tanto que soluçou e mal conseguia falar – eu recebi uma ligação… Agora a… Pouco do hospital – ela colocou as mãos sobre o roto.

– Do hospital? Algum parente seu foi internado? – o homem parecia muito preocupado.

– Uma pessoa que amo muito foi internada, eu preciso procurar um taxi – ela enxugou as lagrimas com as mãos e saiu andando pela rua até que o senhor pegou no braço dela.

– Moça espere, eu posso levá-la ao hospital. Venha comigo, se acalme, não precisa se preocupar vai ver nada de grave aconteceu – ele estava com uma expressão seria no rosto.

– Não precisa se preocupar… Eu posso pegar um táxi sem problema algum – ela estava com o rosto vermelho por ter chorado.

– Não precisa ter medo, eu levo à senhorita, faço questão. No caminho pode me contar realmente o que se passa. Tudo bem? – ele ainda estava serio.

A jovem consentiu com a cabeça e o gentil homem a conduziu para o automóvel ao qual havia ido para o evento. Ela se acomodou no banco da frente, ele deu um lenço para que pudesse enxugar as lágrimas. Com a expressão mais calma a jovem disse o nome do hospital e o senhor pode dirigir pela cidade até o local, porém no caminho ela contou o que havia de fato acontecido.

– Bem eu estava saindo do prédio em que estava quando recebi uma ligação, a moça dizia que a Sra. Margarete tinha levado uma queda e ficou desacordada, com isso foi levada para o hospital, o que eu lhe disse. Eu fiquei muito preocupada, ela tem 62 anos, como isso pode ter acontecido? – ela colocou as mãos no rosto.

– Essas coisas acontecem, onde ela estava no momento da queda? Tinha alguém com ela?

– Ela mora em uma instituição para idosos, um dos cuidadores estava com ela no momento.

– Entendi, então não deve ter sido nada de grave não. Fique calma, quando chegarmos ao hospital saberemos, enquanto isso vamos conversando. Ela é o que sua? Desculpe eu perguntar – ele falou enquanto prestava atenção no transito, quando o telefone dele tocou. Isso fez o empresário esquecer o que havia perguntado.

– Ela é uma pessoa que amo muito, não tem ninguém na vida a não ser a mim para tomar conta dela – falou a jovem logo após o senhor ter finalizado a ligação.

– Entendi, parece ter muito carinho por ela – ele dobrou na rua e logo chegaram ao hospital.

– Tenho sim.

O Sr. Willian desceu do carro e abriu a porta para Ângela descer, andaram em direção a um grande prédio branco. Não parecia ser um hospital dos mais famosos, mas parecia ser bom. Assim que entraram foram à recepção e perguntaram a atendente em qual quarto estava a Sra. Margarete, a moça estava ao telefone, porém disse o quarto desejado. Eles foram logo para o andar ao qual a idosa estava e puderam perceber que o local estava muito movimentado, com macas passando de um lado para o outro, ouviram o choro de uma criança e muito barulho. Subiram umas escadas e logo encontraram o quarto.

A porta estava entre aberta, à jovem bateu na porta e encontrou no quarto juntamente com o Sr. Willian. Logo viram que a Sra. Margarete estava deitada em uma cama e uma enfermeira colocava soro nela. Ângela chegou perto da profissional e falou:

– Há quanto tempo ela está aqui? – a jovem parecia muito preocupada, porém falou baixo.

– Ela está aqui a mais ou menos uma hora. Quando chegou foi logo atendida pelo médico geriatra, agora ela está estável. A senhorita é parente dela? – a enfermeira falou enquanto terminava de colocar o soro na idosa.

– Eu sou a responsável por ela. Sou Ângela, acho que um dos funcionários já deve ter informado ao hospital que sou a responsável pela idosa.

– Tudo bem. Vou informar ao médico que a senhorita está aqui. Ele possui mais detalhes sobre o caso da paciente. Podem ficar com ela – a enfermeira falou e logo saiu do quarto.

A Sra. Margarete parecia cansada e estava com um machucado na testa, porém não parecia profundo. A idosa observou que a jovem havia chegado, olhou atentamente para ela e falou:

– Onde estou? Porque colocaram isso em mim? – ela pegou com uma das mãos o fio ao qual estava passando o soro.

– Margarete a senhora está no hospital, mas não precisa se preocupar está tudo bem. Isso que colocaram é um remédio, vai lhe fazer bem – Ângela falou com calma, sem apresentar preocupação.

– Onde está a sua roupa branca que estava hoje de manhã? E quem é esse ai com você, não pedi visita – disse a idosa com um tom ríspido.

– Margarete eu não trabalho para você e me chamo Ângela, não se lembra? Eu sempre faço visita a você – a jovem falou com delicadeza – esse senhor que está aqui comigo apenas me acompanha, ele me trouxe até aqui para que pudesse vê-la. Como à senhora… Perdão você está.

– Cheguei aqui e não me deixaram falar nada, foram logo me espetando, nem sei para que. Eu estou bem tirando uma pequena dor na cabeça, mas vai passar me deram um comprimido – a idosa falou um pouco zangada.

Ângela e William ficaram no hospital por um bom tempo, até que o médico que estava acompanhando o caso da idosa apareceu no quarto em que estavam e esclareceu sobre a situação.

– A Sra. Margarete chegou ao hospital e estava tonta por causa da queda que sofrera. Primeiramente observei se ela havia quebrado algum osso, mas por sorte apenas possui umas escoriações, como pode ver na testa dela. Ela precisará ficar para observação, foi colhido o sangue dela para outros exames e deixaremos à senhorita informada de tudo – o médico falou para Ângela, eles estavam fora do quarto para que a idosa não ouvisse a conversa e ficasse preocupada – estou sabendo que ela possui alzheimer. Entrarei em contato com o médico que a acompanha para saber em que estágio está à doença para poder proceder corretamente. Mas não se preocupe a Sra. Margarete está estável e temos ótimos profissionais aqui.

– Muito obrigada doutor, vou me despedir dela. Caso aconteça algo é só me informar – a jovem falou e voltou para o quarto.

William estava conversando com a idosa, eles pareciam ter se dado muito bem, pois estavam sorrindo. Ângela se despediu da idosa dando um pequeno beijo na mão dela. William também se despediu e logo saíram do hospital. O empresário se ofereceu para levar a jovem em casa, mas ela disse que não precisava se incomodar, porém depois dele insistir ela aceitou a gentileza. A noite já estava chegando quando o carro parou enfrente ao prédio em que Ângela mora, ela agradeceu e tratou logo de entrar. Estava tão cansada e abalada pelo ocorrido que resolveu não ir ao trabalho. Então ligou para a Sra. Lurdes e se justificou pedindo desculpas por faltar, mas se justificou. Como estava cansada de mais e sem fome, apenas jogou suas coisas em uma mesa, tirou os sapatos e deitou na cama. Ela tentou dormir, porém teve dificuldade, pois estava com dor de cabeça. Com isso tomou um remédio para dormir e logo caiu como uma pedra em sua cama.

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