Lágrimas do Céu – Capítulo IX
O dia estava com o céu iluminado por um sol forte, tempo perfeito para ir à praia, mas William se encontrava muito ocupado em uma reunião na empresa. Na sala de reuniões continha vários acionistas e uma lista grande de assuntos a serem debatidos. O empresário vestia um terno cinza, camisa branca e uma gravata azul marinho que lhe caia muito bem, possuía a expressão seria. A sala é ampla, bem iluminada, com uma mesa retangular que cabe até dez pessoas e um aparelho para projetar imagens na parede. A reunião já estava em curso:
– Como podem ver – William apontou para a projeção na parede – Esta empresa cresceu 40% nesses ultimo sete meses, mas necessitamos ampliar nossos investimentos.
– É bom saber que deseja fazer a sua empresa crescer ainda mais. Andei analisando os relatórios que me enviou e verifiquei que está empresa pode fazer uma parceria ainda não firmada. Sei que vocês têm parceria com investidores nos EUA, mas que aqui pela América do Sul não tem ligação fora do Brasil. Então eu proponho uma parceria entre a minha empresa no México com vocês – falou um empresário de gravata vermelha, óculos quadrado e bigode.
– Bom, para isso vou necessitar fazer uma visita a sua empresa, se assim for possível – William falou com firmeza.
– Então podemos marcar essa visita, só um instante me deixa verificar na minha agenda – o empresário de bigode e óculos pegou o celular, depois de alguns cliques escolheu uma data – Podemos a segunda semana do próximo mês, assim dá tempo que você organizar a viagem.
– Ótimo então marcamos para… Deixe-me verificar – William pegou o telefone e falou com sua secretária – Silvia de uma olhada se na segunda semana do próximo mês se tenho algo muito importante – ele ficou um tempo em silêncio – Pode desmarcar, procure para mim uma passagem para Buenos Aires na Argentina para o dia seis do próximo mês, você sabe como proceder – ele fez mais uma pausa – ok, eu espero a confirmação o mais breve possível – ele desligou o telefone e prosseguiu a reunião – Bom, quando eu tiver as passagens em minhas mãos confirmo a viagem.
A reunião foi cansativa, durou mais de uma hora, depois William levou o investidor estrangeiro para conhecer a empresa. No fim do dia o empresário se despediu dos visitantes, se direcionou a sua sala, mas antes a secretária dele o interromper no caminho:
– Sr. William já estou providenciando as passagens, posso confirmar a reunião com os chefes dos setores? – Silvia falou enquanto estava sentada a frente de sua mesa.
– Pode confirmar sim, quero essa reunião o mais cedo possível para não atrapalhar o trabalho de todos – William parecia cansado.
– Mais uma coisa o seu amigo Gustavo ligou, não deixou recado, apenas disse que é para o senhor ligar para ele – ela falou olhando atentamente para o patrão.
– Muito obrigada pelo recado e está dispensada por hoje, vou ficar mais um pouco em minha sala, tenha uma boa noite.
William entrou em sua sala, sentou em uma cadeira de couro marrom, pegou o celular e tratou de ligar para o amigo. Faz muito tempo que os dois não se encontram, a ultima vez foi em uma festa, mas o que ele queria? Não demorou para que a ligação dele fosse atendida.
– Gustavo meu amigo, quanto tempo, o que manda de bom? – William falou em um tom de alegria.
– Amigo, liguei mais cedo, mas a sua secretária disse que você estava em uma reunião, acho que está trabalhando de mais. Venho lhe chamar para sairmos juntos, como velhos amigos.
– Sair hoje? – William estava com uma expressão de cansaço no rosto o que lhe deixava mais velho – Estou cansado, hoje foi um dia muito cheio. Não sei se seria bom sair. Podemos deixar para sábado?
– É bom relaxar um pouco, eu entendo que esteja cansado, mas vai gostar, quero levar você para conhecer um lugar maravilhoso – Gustavo possui um tom de empolgação na voz.
– Tudo bem, eu só vou porque faz tempo que não saímos juntos.
Os amigos se despediram, William desligou o celular, arrumou suas coisas e saiu rumo a seu apartamento. Era noite de lua cheia, o céu estava com poucas estrelas, parecia que ia chover, ele demorou um pouco a chegar ao seu destino, pois encontrou no caminho um engarrafamento. Ao chegar seu apartamento foi direto para quarto, jogou a pasta na cama, retirou a gravata, o paletó, o restante das roupas e logo estava debaixo do chuveiro com uma água quente. Enquanto tomava seu banho o empresário lembrou que tinha que falar com Ângela sobre a transferência da Sra. Margarete, como passou a semana muito ocupado acabou esquecendo. Resolveu ir sem falta no sábado procurá-la na casa dela, mas achou que seria intromissão de mais da parte dele, porém não havia outro meio de encontrar com a moça.
O empresário resolveu sair um pouco mais despojado, pegou em seu armário uma calça jeans preta, um casaco azul marinho que combinava muito bem com o seu sapato, por dentro colocou uma camisa branca. Estava elegante, porém sem a formalidade ao qual usa diariamente. Para deixar o visual um pouco mais leve resolveu deixar o cabelo levemente despenteado o que o deixou com certo charme. Ele se olhou no espelho, observou que estava bonito com o visual que escolheu, porém sua expressão facial lhe pedia cama, então foi até a cozinha e preparou um café para lhe manter acordado.
Enquanto preparava sua bebida pode ver pela pequena janela que caia uma pequena chuva e que o tempo esfriou um pouco. Tomou seu café escutando as notícias que estavam sendo anunciadas no rádio. Não demorou muito para Gustavo tocar o interfone e o William desceu para encontrá-lo em poucos minutos. Não sabia onde estava indo, porém gostou da idéia.
Passaram pela avenida, que no momento estava com poucos carros, então entraram para o subúrbio da cidade. O empresário achou estranho, Gustavo não costuma andar por esse lado da cidade, ou pelo menos não andava. Depois de rodarem enfim chegaram ao destino esperado, Gustavo estacionou o carro e logo estavam a frente de um prédio que possui um designe antigo e paredes pintadas de bege. Ao entrar no local o empresário percebeu que era um bar, mas com um estilho diferente, havia quadros com fotos antigas, em preto e branco, as mesas quadradas espalhadas pelo local e ao fundo um balcão amplo. O local parecia um bar dos anos 20, o que deixava o local com um ar diferenciado, mesmo estando localizado no subúrbio da cidade. Os dois amigos sentaram em um dos bancos no grande balcão e logo pediram suas bebidas.
– Então amigo, gostou do local? – Gustavo falou com um ar de alegria.
– Gostei sim, bem alinhado para ser neste bairro, mas porque é tão escondido? – William franziu a testa.
– Há! Meu amigo, você não viu nada. Vamos beber mais um pouco e curtir a musica, depois eu vou lhe mostrar uma surpresa – Gustavo falou ainda com sorriso no rosto.
A musica era instrumental, tocada ao piano que posteriormente foi substituída por outra cantada por uma foz fina. Os amigos ficaram conversando por um bom tempo quando Gustavo chamou o garçom, falou algo no ouvido dele que William não pode escutar. Os dois terminaram suas bebidas, pagaram a conta e o empresário se levantou fazendo um gesto mostrando que estava saindo do local, porém foi interrompido da ação pelo amigo:
– Aonde você vai? – Gustavo franziu a testa.
– Vou para o carro, você vai me deixar em casa – falou o empresário.
– Não meu amigo, a noite vai começar agora. Lembra que lhe disse que tenho uma surpresa? Pois bem, agora vou lhe mostrá-la, venha comigo – Gustavo chamou o amigo que o acompanhou.
Eles caminharam para os fundos do bar, encontraram uma porta que dava para uma cortina de um belo veludo vermelho, ao entrarem puderam ver um lugar totalmente diferente do anterior. Este também possui mesas, só que estas eram redondas, lustres no teto e um palco mais a diante. Andaram um pouco, encontram uma mesa vazia e logo estavam sentados. Várias mulheres bem vestidas, cada uma com uma cor e todas com mascaras estavam passando pelo local. William olhava atentamente para cada canto do local, estava calado.
– Então meu amigo, não é formidável este lugar, em? – Gustavo falou e logo depois deu uma cutucada no amigo.
– Que lugar é este? Nunca vi nada igual – William não tirava os olhos do palco que estava aos fundos.
– Este é um bordel me amigo, ou cabaré como queira chamar. Encontrei este lugar por a caso, já faz um bom tempo. Quando estou solteiro venho até aqui. Nossa que ruiva bonita – uma bela mulher vestindo um vestido preto e longa madeixa ruiva passou pela mesa deles fazendo Gustavo ter atração pela moça – Ei! Não vá, fique aqui comigo – ele puxou a moça pelo braço – Bom meu amigo vou ter que deixá-lo sozinho, divirta-se – ele se levantou e seguiu a moça.
O local estava cheio de homens que bebiam, alguns estavam acompanhados por uma das moças que estavam passeando pelo local. William se levantou, passou por algumas mesas caminhando até o palco. Este estava iluminado, possuía um belíssimo piano estava sendo tocado por uma morena de vestido longo vermelho e outras duas mulheres de espartilho, meia calça e de mascara dançavam fazendo um pequeno show. As duas estavam em completa harmonia prendendo a atenção dos homens, inclusive a de William. Ele encontrou uma cadeira vazia, se sentou e ficou a admirá-las, não piscava os olhos.
O empresário só retirou sua atenção do palco quando a apresentação acabou então resolveu saber onde estava o amigo, porém uma moça que estava passando por ele lhe chamou atenção. Ela vestia um vestido azul marinho com detalhes em prata, possuía uma pena presa a cabeça e mascara como as demais moças. Sem esperar William levantou de sua cadeira e foi atrás da moça. O empresário pode perceber que ela possuía alem de belas madeixas loiras os olhos azuis combinando com sua vestimenta. A moça parecia querer se distanciar dele, porém William não sabia o porquê, mas se sentiu atraído. Não quis deixá-la ir, andou depressa, conseguiu alcançar á jovem. Ela se virou para ele com uma expressão de um pouco de medo.
Era um dia de muito movimento, boa musica apresentações especiais e muita bebida. William nunca tinha ido a um lugar como aquele. A jovem segurou na mão dele, o levou para um lugar mais reservado, em que havia um belo sofá e o local estava à meia luz. Os dois sentaram juntos, ficaram por segundos olhando um para o outro até que a bela jovem de olhos azuis sentou no colo de William e lhe deu vários beijos. Nesse momento ele se esqueceu do mundo, do amigo e de como o dia foi cansativo. Enquanto a bela moça o beijava ele a segurava pela cintura, deu para sentir que ela estava nervosa.
Ou fim da ação os dois ficaram com os rostos perto um do outro, William fez que ia tirar a mascara da moça, pois queria saber quem era, mas fora interrompido da ação quando ela se levantou. Ele a segurou pelo braço, não queria deixá-la ir sem nem ao menos saber quem ela é.
– Moça não vá, deixe-me saber quem a senhorita é. Mostre seu roto, deve ser muito bonito – William falou segurando a mão da bela moça.
– Não posso tirar a mascara, faz parte do meu figurino, são ordens da minha chefa – disse à moça que possui a voz doce e expressava um pouco de nervosismo.
-Tudo bem, então pode pelo menos me dizer seu nome? – William continuou com o olhar fixo na moça.
– Desculpe, mas também não posso, não podemos criar vínculos. Sinto muito – ela andou até uma janela que havia no local, logo após William soltar sua mão.
O empresário estava muito atraído pela jovem, não queria ficar longe dela, então foi atrás dela. Os dois ficaram perto da janela, soprava um vento gelado, caia uma chuva fina. William olhou nos olhos da moça, passou uma das mãos pela cintura dela, chegou perto do pescoço, deu um belo beijo e pode sentir o perfume dela. A moça não revidou da ação, até porque este é o trabalho dela. William falou baixinho no ouvido da moça:
– A senhorita é muito bonita, cheirosa, não devia estar trabalhando em um lugar como esse – ele deu mais um beijo no pescoço dela.
A moça de belos azuis ficou toda arrepiada com a ação de William, este deu mais uns belos beijos nela. A noite avançava enquanto os dois aproveitavam um ao outro, entre beijos, carinhos e abraços. William parou por um instante, estavam sentados novamente no sofá, então falou:
– Sei que o seu trabalho não se restringe a dar apenas alguns beijos. Mas não quero nada mais com a senhorita, eu não devia ter a beijado – William falou olhando para a moça.
– Mas porque não? O senhor é casado? Se for não se preocupe, o que mais aparece aqui são homens casados – ela falou também olhando para William.
– Não sou casado não, mas – nesse momento William olhou para o seu relógio que estava no pulso – Nossa é tarde, tenho que ir – o empresário fez um gesto que iria se levantar, porém foi interrompido pela moça.
– Fique mais um pouco, a noite é só uma criança – ela deu um pequeno sorriso, chegou seu rosto pero do dele e lhe deu um beijo forte.
– Desculpe moça, mas tenho mesmo que ir. Vou ter que procurar um amigo meu – ele se levantou.
– O seu amigo deve estar se divertindo eu garanto.
– Desculpe-me, mas tenho um compromisso à manhã. Quando posso revê-la? – William deu um pequeno beijo na mão da moça.
– Venha outro dia e me procure.
Ele se despediu da bela moça, saiu à procura do seu amigo, andou perto do palco, entre umas mesas no meio do salão, mas nada de encontrá-lo. Então depois de muito procurar, resolveu ligar para o amigo que demorou a atender:
– Gustavo onde você está? – William falou alto por causa da musica que tocava no local.
– Oi William, me desculpe meu amigo estou… – Gustavo foi interrompido pelo beijo que recebeu – estou um pouco ocupado.
– Onde você está? Que som é esse? – William não estava escutando muito bem a ligação.
– Estou com uma linda mulher, se é que… – ele foi interrompido novamente – não posso falar agora, divirta-se – Gustavo desligou a ligação.
– Alo Gustavo, Gustavo.
William já imaginava onde o amigo estava e o que estava fazendo, sabia que não sairia tão cedo do local, então resolveu pegar um táxi e ir para casa. Mas, resolveu beber alguma coisa, sentou em uma cadeira a frente de um balcão e pediu uma dose de uísque com bastante gelo. Enquanto bebia a imagem da bela moça estava em sua mente, mas logo depois veio o rosto de Ângela com os olhos azuis como o da moça. Ele terminou sua bebida, pagou a conta e logo estava sentado em um táxi indo para seu apartamento, no caminho deixou uma mensagem para o amigo avisando que já estava indo para casa.