Histórias da Vida – Capítulo 40 (ÚLTIMO CAPÍTULO)

Capítulo 40

Continuação do capítulo anterior…

Cena 1.

Na rua do hospital, Valéria dentro do quarto se lembra do tapa de Maria e de tudo que ela disse.

Valéria: Eu vou acabar com você, Maria. Eu venci não você. Você não vai ser feliz. Não vai. Não aceito. Você vai se arrepender de ter encostado o dedo em mim.

Em frente o hospital, Hélio para o carro no acostamento. Glória, Patty e ele descem do carro. Maria sai do hospital.

Patty: A Maria já está saindo.

Glória: Será que aconteceu alguma coisa?

Hélio: Ela está vindo pra cá. Vamos saber agora.

Maria começa a atravessar a rua. Ao ver que Maria está no meio da rua. Valéria arranca com o carro e vai em direção a Maria, com a maior velocidade que ela conseguiu fazer naquela distancia de 30 metros. Maria percebe o carro e se assusta, mas já era tarde demais. Valéria atropela Maria que cai no asfalto desmaiada com o rosto sujo de sangue.

Hélio: Maria.

Hélio, Glória e Patty vão ate o corpo de Maria. Hélio tenta mexer em Maria.

Glória: Não mexe nela. Não pode. Patty vai lá dentro e chama um enfermeiro.

Patty: Tá bom.

Glória: Aquele carro era o carro da Valéria, não era?

Hélio: Era sim, mãe.

Glória: Eu vou ligar pra policia agora.

Patty volta pra rua com 2 enfermeiros e uma maca.

Cena 2.

Hospital.

A recepção, Nath abraçada com Guilherme.

Nath: Esse dia eu quero esquecer da minha vida.

Guilherme: Calma, amor. Vai ficar tudo bem.

Os enfermeiros entram com Maria na maca. Glória, Hélio e Patty entram em seguida.

Nath: Minha mãe. O que aconteceu gente?

Patty: Calma. A sua mãe foi atropelada.

Hélio: Eu acho que foi a Valéria, mas já ligamos pra policia.

Nath: Ela tá viva não ta? Guilherme faz alguma coisa.

Guilherme: Eles vão levar ela lá pra dentro. Assim que eu tiver noticias eu volto.

Cena 3.

Apartamento de Caio.

No quarto de Caio. Bia e Felipe entram e interrompem Caio que estava lendo.

Bia: Precisamos falar com você.

Felipe: E é sobre a Vitória.

Caio: O que aconteceu dessa vez?

Bia: Você está infeliz. Isso que aconteceu.

Felipe: Eu e a Bia conversamos muito esses dias.

Bia: E principalmente hoje. Depois do que a Vitória fez por mim. Ela conseguiu fazer meu professor me dar outra chance no trabalho. Não que isso não seja obrigação dela, já que foi por culpa dela que eu fiquei prejudicada. Mas eu no lugar dela não fria isso.

Felipe: Nós pensamos e repensamos e achamos que você deve tentar de novo com a Vitória.

Bia: Vocês se gostam. Isso é nítido, está na cara dos dois. E a maioria das vezes, vocês brigavam por nossa culpa.

Felipe: Mais da Bia.

Bia: O que nós estamos querendo dizer é que se você quiser tentar de novo com a Vitória, nem eu nem o Felipe vamos fazer nada pra impedir ou atrapalhar.

Felipe: Vamos tentar ser amigos dela, Por você.

Caio: Eu agradeço vocês dois por terem tentado, mas eu acho que já é tarde demais. Brigamos muito já. Eu disse algumas coisas que eu não devia pra ela. Eu acho que dessa vez é ela que não vai me querer.

Bia: Eu duvido disso. Ela te ama. Muito.

Cena 4.

Apartamento de Lucas.

Na sala, Lucas abre a porta e Camila entra.

Camila: Você precisa ter uma conversa séria com seu filho. Eu sozinho não dou conta.

Lucas: Você está falando da namorada dele?

Camila: Claro. É um absurdo que ele sabendo de todos os riscos que ela apresenta, ele queira continuar essa loucura.

Lucas: Eles se gostam. E não a loucura nenhuma nisso.

Camila: Ela tem AIDS.

Lucas: Pessoas com AIDS podem tem vidas normais. Você está sendo injusta e preconceituosa com a Nath.

Camila: Todo mundo contra mim. Sempre foi assim.

Lucas: Se você não fosse assim do jeito que você é, nos provavelmente estaríamos juntos.

Camila: Eu sou assim. Desculpe, mas esse é meu jeito. Não sei por que meu jeito está te incomodando tanto. Preocupe-se com o jeito da sua namorada. Nós assinamos o divorcio você esqueceu?

Lucas: Não, eu não esqueci. Eu nunca me esqueço de nada em relação à você.

Camila: Comece a esquecer. Porque eu já estou te esquecendo.

Camila sai do apartamento.

Cena 5

Hospital.

Na sala de espera, Guilherme chega.

Nath: Notícias boas, por favor.

Guilherme: A Maria também vai ser operada. Mas a situação dela é mais critica.

Carla: Como assim critica? Ela tá correndo risco de vida?

Guilherme: Infelizmente corre sim.

Junior: Mas ela vai ficar bem. Fala pra mim que ela vai ficar bem.

Guilherme: A doutora Sandra é muito competente eu tenho certeza de que ela não conseguir fazer essa operação sem risco nenhum.

Diego: Vamos orar gente.

Julia: Vamos sim. Vem deem as mãos.

Hélio fica em choque com a notícia e sai da sala de espera e vai para o corredor, glória se levanta do sofá e vai atrás de Hélio.

Cena 6.

Casa de Valéria.

No quarto, Valéria desesperada tira as roupas da do guarda roupas e joga dentro da mala que está em cima da cama.

Valéria: Você passou dos limites agora. Devia ter se controlado. Não dava pra deixar ela a Maria ser feliz. Ela sempre tirou as coisas de mim. Eu não ia deixar. Era minha felicidade ou a dela. Claro que a minha vem primeiro. Agora eu preciso sair daqui. Eu preciso fugir antes que alguém me encontre. Ninguém pode me encontrar e se a Maria morrer foi um favor a humanidade.

Na sala, Valéria puxa a mala até a porta e abre. Valéria vê o capitão e mais 3 policias.

Valéria: Eu posso ajudar?

Capitão: Valéria, você está presa.

Valéria: Como assim presa? Eu não fiz nada. Como vocês vão me prender?

Capitão: Você tentou matar a Maria. Você a atropelou em frente ao hospital.

Valéria: Claro que não. Que loucura. Eu estava em casa o tempo todo. Vocês me confundiram com outra pessoa.

Capitão: Valéria, o hospital tem câmeras de segurança. Filmou seu carro, sua placa e até você no volante do carro. Acho você não tentar nenhu…

Valéria fecha a porta e corre pra porta da cozinha tentando fugir e da de cara com outros 2 policias.

Valéria: Que merda. Prender bandido que é bom vocês não prendem. Agora pessoas honestas você prendem.

O policial algema Valéria.

Capitão: Você tem o direito de permanecer calada e tudo que você disser será usado contra você.

Cena 7.

Casa de Sandra.

Na sala, Vitória abre a porta e vê Caio.

Caio: Posso entrar?

Vitória: Claro que sim.

Caio entra.

Caio: Eu nem sei como começar o que eu vim te dizer.

Vitória: Pelo começo. Que tal.

Caio: Bom. Eu sempre coloquei meus irmãos em primeiro lugar na minha vida. Depois que meus pais morreram e eu percebi que eu era a única pessoa que eles tinham eu me sentir no dever de cuidar deles da melhor maneira possível.

Vitória: Você cuidou da melhor maneira. Não precisa ter nenhum remoço com isso.

Caio: Obrigado. Mas eu cuidei bem deles e esqueci de mim. Eu também preciso cuidar de mim. E tentar ser feliz. Eu sei que eu não tenho esse direito. Mas queria muito que você me perdoasse e que nós possamos recomeçar nosso noivado.

Vitória: Alguma vez eu consegui dizer não pra você.

Caio beija Vitória.

Caio: Eu te amo.

Vitória: Eu também te amo.

Cena 8.

Hospital.

No corredor, Glória vai até Hélio.

Glória: Você está bem?

Hélio: Não. Eu não estou bem. Eu to péssimo. Eu não consigo ver a Maria nesse estado por minha culpa.

Glória: Não é culpa sua filho.

Hélio: Claro que é mãe. A Maria sempre deixou claro esse nosso relacionamento seria loucura e eu sempre insistindo e indo atrás. Até que a Valéria viu tudo e a confusão aconteceu. Talvez o Rafael começou a se drogar por minha culpa e se ele não tivesse feito aquele sequestro no ônibus ninguém estaria aqui.

Glória: Você não pode se culpar assim. As coisas acontecem e você não teve culpa das loucuras da Valéria e nem mesmo das besteiras que o Rafael fez.

Hélio: Eu não consigo parar de pensar na Maria e não me culpar por tudo. Ela está agora entre a vida e a morte. Eu demorei mais da metade da minha vida pra perceber que a Maria é a mulher que eu amo. Que é do lado dela que eu quero passar o resto da minha vida. E eu não posso ter isso. Ela pode morrer e eu não vou nem conseguir dizer que ela é o amor da minha vida.

Glória: Eu acredito em milagres, o Rafael não voltou dos mortos praticamente.  E acredito que Deus não permitir que ela morra. E se vocês tiverem que ficar juntos, vocês vão ficar. Mas é preciso confiar. Vem orar comigo.

Os dois dão as mãos.

Glória e Hélio: Pai nosso que estais no céu. Santificado seja o vosso novo…

Cena 9.

Hospital.

Sala de espera, a família de Maria fica apreensiva. Todos espalhados pela sala, aflitos e nervosos, esperando notícias.

André: Essa espera é de matar.

Todos olham pra ele.

André: Desculpe, eu não quis dizer…

Sandra chega à sala.

Carla: Graças a Deus. Fala como está  minha mãe.

Diego: Ela está bem? Fala Doutora.

Junior: Não fique com essa cara seria. Não tire nossas esperanças.

Julia: Gente, deixem ela falar. Vocês querem notícias, mas ninguém a deixa falar.

Sandra: A operação foi um sucesso. A Maria está fora de risco. Ela está indo pro quarto daqui a pouco.

Nath: Graças a Deus.

Todos se abraçam. Guilherme vai até Sandra.

Guilherme: Você realmente é uma mulher muito forte. Duas cirurgias demoradas e em seguida. Você deve estar exausta.

Sandra: Sim. Muito cansada. Eu to indo pra casa já.

Guilherme: Eu liguei pro meu pai e ele me contou. Sinto muito.

Sandra: Obrigada. Eu não ia deixar seu pai estragar o meu dom de salvar as pessoas. Eu me amo e amo meu trabalho. Isso é o que os médicos fazem. Vai aprendendo.

Patty vai até o corredor.

Patty: A operação acabou. A Maria está são e saúva.

Glória: Viu. Acreditar.

Hélio abraça Glória.

Cenas da paisagem do Rio de Janeiro. A praia, o Cristo. As pessoas se divertindo nos parques. Nos bares. Cenas de Niterói e suas casas.

 DIAS DEPOIS

Cena 10./Tarde

Casa de Maria.

No quarto de Maria, ela se ajeita na frente do espelho e Carla sentada na cama.

Carla: Eu ainda acho que você não devia sair assim, mãe.

Maria: A Valéria está presa e não tem nada que ela possa fazer comigo mais.

Carla: Mesmo assim. Você ainda está se recuperando de uma cirurgia.

Maria: Que nada. Já estou ótima. Não se preocupa com isso. Mas me fala, o você acha mesmo que o André mudou?

Carla: Eu não sei mãe. Ele demonstra mudança. Ele não parece ser o mesmo homem agressivo que ele era. A Julia mesma que sempre teve o pé atrás com ele disse que ele mudou. O que a senhora acha?

Maria: Eu acredito muito no ser humano. Que erramos e aprendemos com nossos erros. Eu acho que ele percebeu todo o mal que ele causou a você, a Julia e a ele mesmo. Ele até me visitou aqui em casa. Trouxe flores. Meu clichê, mas o André nunca teve criatividade pra cavalheirismo.

Carla: Eu não sei o que fazer.

Maria: Você o ama. Você tem que fazer o que seu coração manda. E pode ter certeza que as portas da minha casa estarão sempre abertas pra você. Porque essa casa é sua. Você já sabe, o André aprontou. Você volta pra cá.

Cena 11.

Casa de Carla.

Carla destranca a porta e entra. Carla se surpreende com a casa limpa. Não estava a casa mais arrumada do mundo, André nunca teve jeito com limpeza e organização. Mas a casa estava arrumada na medida do possível. André chega a sala vestindo o uniforme do trabalho.

André: Carla.

Carla: André.

André: Eu não sei o que falar.

Carla: Não precisa falar nada. Acho que está na hora de voltar pra casa.

André: Sua casa.

Carla: Nossa casa.

André beija Carla.

André: Eu quero muito que você me perdoe e veja que eu mudei e…

Carla: Você não precisa falar isso. Você precisa continuar mostrando isso. Que você mudou. Que é outro homem. Você precisa mostra isso pra mim e pra Julia. Que me apoio sempre, principalmente pra voltar pra você.

André: Eu vou te provar sim. Você não se arrepender.

Carla beija André.

Carla: Então vai para o serviço que você está atrasado.

Cena 12.

Parque.

No jardim do parque, Camila e Nath sentadas no banco conversam.

Nath: Eu só aceitei essa conversa em consideração ao Guilherme, porque depois que a senhora fez…

Camila: Me chame de bruxa. Pode falar. Eu sei que eu fui uma bruxa. Desumana, cruel e pior de tudo. Preconceituosa e ignorante. Eu com meu achismo achei que sabia tudo sobre soropositivos e te julguei como uma bomba relógio que ia explodir e levar meu filho junto. Eu tenho vergonha de mim mesma só de lembrar as coisas terríveis que eu te disse.

Nath: A senhora não tem noção do quanto me deixou mal aquele dia.

Camila: Eu sei que eu fui cruel. Sua mãe foi lá em casa e disse muitas coisas na minha cara que eu precisava ouvir.

Nath: Típico da minha mãe.

Camila: Típico de mãe. Eu conversei bastante com Gui, li bastante sobre o assunto. Eu li que soropositivos devem tomar bastante liquido. Eu trouxe essa garrafa d’água pra você.

Nath: Obrigada. Eu acho.

Camila: Nath eu não sei fazer isso de uma maneira fofa. Eu não sou fofa. Mas eu queria que você perdoasse de ter sido uma bruxa com você. Eu quero e faço muito gosto do meu filho namorar você.

Nath: Eu perdoo sim. Só de buscar entender o assunto eu já acho que você se tornou uma pessoa melhor.

Camila: Posso te dar um abraço?

Nath: Deve.

Camila e Nath se abraçam.

Cena 14

Presídio.

Na sala de visitas, Maria e Rafael conversam sentados à mesa, um de frente pro outro de mãos dadas.

Rafael: O que eu fiz da minha vida hein mãe?!

Maria: É horrível te ver nessa situação. Você comendo direito? Estão te tratando bem?

Rafael: É um presídio mãe. Não vão me tratar bem.

Maria: Eu sinto como se eu tivesse falhado como mãe. Não era pra você estar aqui se eu tivesse…

Rafael: Para com isso mãe. Você a melhor mãe do mundo. Ninguém tem nada que reclamar de você. Eu to aqui porque eu fui burro. Eu me envolvi com pessoas erradas. Usei coisas erradas. Eu me viciei nas drogas. Quando eu percebi que não tinha mais como parar eu resolvi sequestras um ônibus. A coisa mais idiota que eu fiz na vida.

Maria: Eu pudesse trocar de lugar com você eu trocaria.

Rafael: Eu não ia deixar. Esse lugar é horrível. Não é lugar pra você.

Maria: Eu quero muito que você saia daqui o mais rápido. O advogado já está arrumando tudo.

Rafael: Eu sei. Obrigado por tudo. E me perdoa por te fazer sofrer desse jeito. Eu te amo.

Policial: O tempo acabou.

Os dois se levantam e se abraçam.

Maria: Eu te amo.

Cena 13.

Aeroporto.

No saguão, Sandra se despede de Vitória e Caio.

Sandra: Já chamaram meu voo. Eu preciso ir.

Caio abraça Sandra.

Caio: Juízo em Londres.

Sandra: Juízo é você com minha filha.

Vitória: Viu, tenho quem me defenda.

Vitória abraça Sandra.

Vitória: Eu vou sentir sua falta mãe.

Sandra: Eu vou ficar pouco mais de um mês fora. É um congresso de medicina e férias emendadas.

Vitória: Mesmo assim. Eu queria guardar surpresa, mas não consigo. Eu to grávida.

Sandra e Caio: O que?

Sandra: Isso é hora de você me contar isso.

Sandra abraça Vitória.

Sandra: Eu to tão feliz por você filha. Mas eu tenho que ir, se não eu perco o voo.

Vitória: Boa viagem mãe.

Sandra vai pra fila do embarque.

Caio: É serio? Você está grávida?

Vitória: Sim. Gêmeos.

Caio: Misericórdia.

Vitória: To brincando. Não sei se são gêmeos. Vou ao medico semana que vem.

Cena 14.

Cemitério.

Em frente tumulo de Heitor, Maria com flores observa o tumulo, Glória chega ao tumulo.

Glória: 11 anos.

Maria: Eu já estou terminado. Vou deixar você sozinha.

Maria coloca as flores sobre o tumulo.

Glória: Não precisa sair. Na verdade eu queria mesmo falar com você. O Heitor morreu bem na noite do meu aniversário. Mas como ele sempre dizia que queria ver a gente feliz, eu resolvi fazer uma reunião na minha casa pra comemorar meu aniversario e relembrarmos meu filho. Eu queria que você fosse também.

Maria: Eu ir não sua festa?

Glória: Sim. Nós nos unimos pelo amor ao Junior e agora eu quero me unir a você pelo amor ao Hélio.

Maria: Eu não entendi.

Glória: No hospital, quando tivemos a noticia que você iria passar pro uma cirurgia de risco eu vi o Hélio sofrer de uma maneira que eu nunca o vi sofrer na vida. Ele é completamente apaixonado por você Maria. E todo mundo sabe que você está envolvida por ele.

Maria: Eu confesso que o tempo fez todo o sentimento de amizade, companheirismo que eu sentia pro ele mudar. E mudou por um sentimento louco, que me deixa sem ar perto dele. Eu não consigo descrever o que eu sinto de tão surreal que se tornou.

Glória: Isso é amor. Isso é amor e você não quer aceitar.

Maria: Eu não posso aceitar. A verdade é essa. Ele filha, eu tenho filhos. Nós somos cunhados. Isso não está certo. Eu tenho que pensar nos meus filhos.

Glória: Maria, a sua vida inteira foi cuidar dos seus filhos. Começou com a Carla, quando você tinha 16 e continua até hoje. Você cuidava dos seus filhos e do seu marido, porque mesmo depois de velho o Heitor precisou ser cuidado. Sua vida inteira foi essa cuidar e se importar com os outros. Mas agora você tem que parar de cuidar de todo mundo e cuidar de você, se importar com você. E quanto a vocês serem cunhados, o Heitor está morto. Mas onde ele estiver eu tenho certeza de que ele quer te ver feliz.

Cena 15/Noite.

Apartamento de Camila.

De roupão, Camila caminha do quarto até a sala e vê Lucas ajoelhado.

Camila: Que susto. O que você está fazendo ai?

Lucas: Eu vim fazer o que você disse que eu faria. E realmente você estava certa. Eu ia voltar aqui, no seu apartamento de joelhos e te pedindo perdão e querendo voltar com você.

Camila: Eu não estou acreditando no que você disse.

Lucas: Eu sei que você disse que não ia me querer mais e que já me esqueceu. Mas eu tinha que tentar.

Camila ajoelha em frente a Lucas.

Camila: Você acha mesmo que eu louca por você do jeito que eu sou ia ter te esquecido? Eu tava tentando ser forte. Fazer você sentir tudo o que eu senti quando você me deixou. Mas eu não consigo negar que eu penso em você todos os dias antes de dormir.

Lucas: Você tentar mais uma vez ter um relacionamento complicado comigo?

Camila: É essa complicação que dá sentido ao nosso amor.

Camila e Lucas se beijam.

Cena 16.

Salão de Janet.

Dentro do salão. Lele, Janet e Dirce se arrumam em frente ao espelho.

Janet: Que demora da Edneia. Cadê ela?

Lele: Nós vamos chegar atrasadas.

Dirce: Vou mandar mensagem pra ela agora.

Edneia entra no salão.

Edneia: Não precisa. Já cheguei.

Dirce: Que demora hein.

Edneia: Mas eu to gata. Estou ou não estou?

Lele: Está bonitinha.

Janet: Minha estadia nesses aplicativos de pegação não deu certo. Eu cansei disso. Vou usar meu bom e velho forrozão da Lapa. Sempre me dei melhor lá que em qualquer lugar.

Dirce: Eu espero que seja também porque eu preciso arrumar alguém. Já tem um tempo que eu não pego nada.

Edneia: Vocês são velhas e feias. Já eu sou bonita e jovem. E mesmo assim não to arrumando nada.

Lele: Será que o problema está na gente?

Lele, Janet, Edneia, Dirce: Não.

Os quatros saem do salão, uma cliente se aproxima.

Cliente: Eu queria cortar meu cabelo.

Janet: Sem chance gata. Só amanhã agora.

Dirce: Estamos indo para o forro e só saímos de lá com machos.

Edneia: E com aliança no dedo.

Janet: Não exagera.

Lele: E com esse cabelo parecendo o Rei Leão você não precisa de um corte, precisa de uma tosa.

Cliente: Vocês precisam de macho mesmo. Povo mal humorado, sem educação.

Cena 17

Mansão de Glória.

Na mansão acontece a festa de aniversário de Glória. Vários convidados, alguns conversam no jardim, outros sentados à mesa. Alguns na pista de dança.

Sentados à mesa, André e Carla se mostram românticos um com o outro. Em pé um pouco à frente Patty e Julia conversam.

Julia: E sua mãe?

Patty: Presa. Eu fui ver ela, mas a prisão parece que só piorou ela. Está impossível de conversar com ela. Ela se fechou lá. Meu medo é que com aquele jeito dela, ela arrume confusão com as outras presas.

Julia: Sua mãe é esperta. É capaz de ter virado a chefona lá dentro.

As duas riem.

Patty: Não pode duvidar da dona Valéria mesmo não. Mas e seus pais. Realmente estão bem?

Julia: Sim. Parecem que estão em nova lua de mel. Uma coisa cafona e chata.

Carla: Estamos ouvindo isso.

André: Você devia estar feliz por nós.

Julia: Eu estou, mas vocês exageram.

Patty: Vamos dançar.

Na área da piscina, Diego e Thiago conversam.

Diego: A Flávia te procurou?

Thiago: Na verdade ela mandou mensagem.

Diego: Sério?

Thiago: Sim. Ela pediu desculpas pelo que ela me disse que entendia o seu lado. Mas que ela tinha vergonha de olhar na minha cara.

Diego: Vamos fazer uma visitar pra ela amanha?

Thiago: Claro. Eu to com saudades dela

Os dois se beijam.

Na pista de dançam, Guilherme e Nath dançam felizes.

Nath: Você me faz sentir viva. Você é meu maior remédio.

Guilherme: É uma honra ser seu remédio. E pelo que eu me lembro está na hora de outra dose.

Guilherme beija Camila.

Na varanda da casa, Junior e Maria sentados no banco.

Junior: Obrigado por não ter desistido de mim quando você soube que eu era filha de uma traição.

Maria: Jamais desistiria de você. Principalmente com esse rostinho tão fofinho.

Junior: Para de falar assim mãe. Tem gatinhas na festa. Se elas escutam vai ser um micão.

Maria: Você sempre vai ser o filhinho da mamãe.

Maria o abraça.

Junior: Eu te amo.

No palco, Glória sobe e pega o microfone.

Glória: Com licença. Um minuto a todos. Bom, Todos sabem que hoje é uma mistura de emoções pra mim. Meu aniversario, o dia em que meu filho morreu. Não está sendo fácil pra mim hoje. Na verdade não esta sendo fáceis esses 11 anos, mas eu estou conseguindo seguir em frente. Como dizia o Heitor, temos que ser felizes diante das dificuldades. Então vamos tentar. Meu filho Heitor sempre foi muito especial pra mim. Meu xodozinho. O caçula. Mas eu tenho o meu primogênito. Vem Hélio.

Hélio sobe no palco.

Glória: Eu acho que eu nunca parei pra falar assim olhando nos seus olhos o quanto eu sou grata por ter um filho como você. Um responsável de bom caráter. Amoroso, e que respeita a família. Eu não fui a melhor mãe pra você e eu quero que você me desculpe por isso. Mas você foi melhor filho pra mim. Eu te amo.

Hélio: Também te amo, dona Glória.

Glória: Eu já falei demais. Vamos continuar a festa que nos viemos pra comemorar. Mas antes eu quero um brinde. A mim. Que é meu aniversario. Ao Heitor meu filho no céu. E ao Hélio meu filho na terra.  Um brinde.

Todos brindam.

Cena 18.

Mansão de Glória.

No jardim, Maria observa a noite com uma taça de champanhe na mão. Hélio chega ao jardim.

Hélio: Você vai fugir de mim a noite toda?

Maria: Na verdade eu estava fazendo charme.

Hélio: E fica linda fazendo charme.

Maria: Obrigada. Você está muito lindo também. Elegante. Como se sente ouvindo as palavras da sua mãe que você sempre quis ouvir.

Hélio: Maravilhado. Em êxtase. Pra minha felicidade estar completa só falta você.

Maria: Sua mãe me disse que eu devia parar de cuidar das pessoas e cuidar de mim. E não é que ela estava certa. Meus filhos já estão cuidados. Grandes. Tirando o Rafa que não está aqui comigo. Mas eu sempre vou estar lá visitando ele. Dando apoio.

Hélio: Você tentou falar de você e acabou indo pro seus filhos.

Maria: Acho que é mania. Automático.  Deixa eu tentar de novo.

Maria vai caminhando em direção a Hélio e falando ao mesmo tempo.

Maria: Quando eu percebi que sua filha nos apoiava, que meus filhos nos apoiavam. Que até mesmo a sua mãe, que eu nunca imaginei que iria nos apoiar, estava nos apoiando. Eu percebi que eu estava sendo burra. Burra em desperdiçar a chance de ser feliz. Se as pessoas que mais importam estão do nosso lado. Porque eu vou sabotar a minha própria felicidade?

Hélio: Porque faz parte do seu charme.

Maria: Chega de fazer charme.

Os dois brindam as taças e se beijam apaixonadamente, sobre a luz do luar. Os fogos de artifício que Glória mandou soltar para comemorar seu aniversario iluminava e enfeitava aquela linda cena de um beijo de amor sincero e verdadeiro.

 

Off: Voz de Maria. Com imagens aleatórias de toda a trama.

A vida é como um livro. Muitas histórias, vários capítulos alguns personagens…

Algumas histórias são emocionantes, outras engraçadas…

A cada dia uma nova página é escrita… Muitas surpresas a cada parágrafo. Durante toda a história cada frase é uma surpresa.

Amor, ódio. Inveja, brigas, descobertas, redescobertas. A vida é um eterno livro.

Às vezes algumas histórias são maiores, outras são menores. Mas todos são importantes porque contam historias da nossa vida…

FIM.