Histórias da Vida – Capítulo 11

Capítulo 11

Continuação do Capítulo anterior…

Cena 1.

Lanchonete do hospital.

Maria: As coisas não são fáceis assim. Principalmente pra ela.

Hélio: Pra mim também não são. Eu cresci vendo ela se importar mais com o Heitor e me deixando de lado. Na adolescência também. Quando adulto que eu achei que as coisas iam mudar ficaram piores. Nem depois de morto ela tem olhos pra mim.

Maria: Hélio…

Helio: Eu nunca disse isso. Mas eu tinha inveja do Heitor. Era tudo pra ele. Toda atenção, toda dedicação. Eu sempre fiquei pra trás.

Maria: Hélio, sua mãe te ama. Só que é diferente a forma que vocês se relacionam. O Heitor sempre foi o filho mais problemático, o irresponsável, o que precisava de ajuda. Já você sempre foi o filho maduro, responsável, que quando queria algo ia lá e fazia não esperava os outros. Só por isso. Mas sua mãe te ama.

Hélio põe a mão por cima da mão de Maria que está sobre a mesa.

Hélio: Obrigado por você me ajudar. Você sempre foi uma grande amiga.

Maria: E sempre vou ser. Vem cá me da um abraço.

Os dois se levantam e se abraçam. Valeria se aproxima dos dois.

Valéria: Eu atrapalho os dois?

Maria e Hélio se soltam e encaram Valeria.

Maria: Valéria não é nada disso que você está pensando.

Valéria: Deixa de ser ridícula, Maria. Olha pra mim. Sou mais jovem e mais bonita. Você acha mesmo que eu estaria pensando besteira sobre um abraço entre cunhados. Ainda mais do sonso do meu marido e a viúva com peso na consciência.

Hélio: Chegou atacada.

Maria: O Hélio não é sonso e eu não tenho peso na consciência de nada.

Valéria: Que bom. Colocar a cabeça no travesseiro à noite sem ter que ficar pensando “se eu tivesse feito diferente, as coisas não teriam sido tão drásticas?” é maravilhoso.

Maria: Acho que nenhum de nós tem esse problema.

Valéria: E a minha sogra, como está? Você já foi vê-la, Maria? Acho que não né?

Maria: Fui sim. Ela está se recuperando bem.

Valéria: Que surpresa. A Gloria odeia a sua presença. Nunca entendi o porquê, Você fez alguma coisa pra ela?

Maria: Pra mim já chega. Eu vou pra casa. Hélio, qualquer noticia você me avisa.

Hélio: Pode deixar. Obrigado mais uma vez.

Maria pega a bolsa e sai.

Hélio: Por que você é assim, tão desprezível?

Valéria: O que você chama de desprezível eu chamo de verdadeira.

Cena 2.

Salão de Janet.

Janet sentada no sofá lixa à unha e Edneia lava o cabelo de uma cliente.

Edneia: Por que eu tenho que trabalhar enquanto você fica aí sentadinha?

Janet: Porque eu vou à dona e você a funcionaria. Simples assim.

Edneia: Você como dona devia dar o exemplo. Vem aqui lavar o cabelo da dona Joana que eu vou ficar olhando.

Janet: Você tá tão engraçadinha hoje. Eu ainda não esqueci que você colocou fogo no cabelo da minha cliente.

Edneia: Eu já disse que me arrependi. Até parei de fumar por causa disso.

Janet: Fez bem. Fuma é horrível.

Janet escuta a voz escandalosa de Lele na porta do salão.

Lele: Cadê a minha amiga linda e poderosa dona do melhor salão da cidade.

Edneia: Melhor salão da cidade? Você errou de lugar moço.

Janet: Lele, meu amigo.

Lele joga a mala em cima de Dirce que está do seu lado. Janet levanta e vai ao encontro de Lele. Os dois se abraçam.

Janet: Que saudades de você.

Lele: Eu também estava com muitas saudades. Mas eu preciso faz o corte dessa moça. Minhas mãos de fada vai salvar esse cabelo.

Lele caminha em direção a Edneia e a cliente.

Lele: Olha como o seu cabelo grita por socorro. Cheio de pontas duplas, ressecado, danificado. Grita por um corte moderno.

Lele põe o braço no ombro de Edneia.

Lele: Eu vou te salvar.

Edneia: Eu trabalho aqui.

Lele: Eu só disse a verdade.

Edneia: Não gostei dele.

Cena 3./Noite.

Casa de Camila.

Camila sentada no sofá olha a foto de Lucas no porta-retratos. Guilherme entra em casa.

Guilherme: Ele já foi?

Camila: Foi. Levou as ultimas malas agora.

Guilherme: A senhora está bem?

Camila: Estou. Já estava decidido assim. Sem brigas, na paz, na amizade.

Guilherme: Tem certeza.

Camila: Tenho sim.

Guilherme: Eu vou tomar um banho que eu vou dar uma volta com a turma. A senhora podia ir comigo.

Camila: Tá doido. O que eu vou fazer no meio dos jovens?

Guilherme: Se divertir como os jovens. A senhora ainda é jovem.

Camila: Outro dia.

Guilherme: Você tem certeza de que está bem?

Camila: Sim. Pode ir tranquilo.

Guilherme beija o rosto de Camila e vai pro quarto. Escorre uma lagrimas dos olhos de Camila, ela enxuga.

Camila: Você vai ser forte agora.

Cena 4.

Apartamento de Renato.

Renato e Nath entram no quarto se beijando.

Nath: Que fogo é esse? Que isso?

Renato: Você viu como você me deixou ontem?

Nath: Eu não tive culpa.

Renato: Ninguém teve.

Renato deita na cama e Nath deita por cima, os dois se beijam e Renato tira a blusa de Nath.

Renato: Eu to louco com você.

Nath: Eu sei onde isso vai parar e você sabe que sem camisinha não vai rolar.

Renato para de beijar Nath e senta na cama.

Renata: Qual é Nath. Você vai falar isso agora toda vez que a gente ficar juntos? Você tá achando que eu sou sujo?

Nath: Claro que não. Eu não disse isso.

Renato: Mas é isso que está parecendo. Todo dia é a mesma história.

Nath: Eu só estou querendo me proteger.

Renato: De mim? Você tá achando que eu fico com homem, é isso?

Nath: Claro que não. De onde você tirou essa ideia ridícula.

Renato: Eu não vejo outra explicação pra esse medo que eu vou te contaminar.

Nath: Eu não disse isso. Só que hoje em dia, não dá pra confiar em transar sem camisinha.

Renato: Não dá pra confiar em mim. Isso que você está querendo dizer.

Nath: Não…

Renato: Tá bom. Acho melhor você ir embora.

Nath: Você esta me mandando embora por causa de uma camisinha? Por que você não pode usar a camisinha?

Renato: Porque eu não tenho aqui. Eu me esqueci de comprar. Só por isso.

Nath: Tem uma farmácia aqui perto. A gente pode ir lá e comprar.

Renato: Acho melhor você ir mesmo.

Nath: Não faz assim. A gente ta ficando tem pouco tempo, mas eu gosto tanto de você.

Renato: Não parece.

Nath está dividida entre se proteger ou lutar pelo sentimento que ela sentia por Renato. Não querendo perder o então futuro namorado, Nath cedeu à pressão.

Nath: Está bem Renato. Vamos transar sem camisinha.

Renato: É serio?

Renato beija Nath.

Cena 5.

Casa de Sandra.

Sandra e Vitória colocam a mesa do jantar.

Sandra: Você não ligou pra ele?

Vitória: Não mãe. Errado foi ele. Eu fiz um jantar romântico em pedido de desculpas, dei meu ultimo dinheiro para aqueles demônios e eles ainda conseguiram estragar meu jantar. Dessa vez ele que vai ter que vim pedir desculpas.

Sandra: Eu estou surpresa com você, sinceramente.

Vitória: Minha vida não gira em torno dele.

Sandra: Assim que se fala.

A campainha toca.

Vitória: Pode deixar que eu atendo.

Vitória vai ate a sala e abre a porta e vê Caio com um buquê de flores.

Caio: Desculpe-me.

Vitória: Claro.

Vitória beija Caio. Sandra chega à sala.

Sandra: E o que você acabou de me dizer?

Vitória: Fica quieta mãe.

Vitoria beija Caio.

Cena 6.

Apartamento de Renato.

Na cama, Nath deitada sobre o peito de Renato. Nath com um olhar fixo para o horizonte fica pensativa. Não sabe ainda o que sentia naquele momento. Um pouco arrependida por ter feito não estando completamente de acordo, ela estava com medo também.

Renato: Ta vendo, não foi tão ruim assim.

Nath meio sem reação: Não foi.

Cena 7.

Casa de Hélio.

Hélio entra no quarto e vê Valeira deitada com o lenço amarrado no pescoço.

Hélio: Até pra dormir você vai usar lenço?

Valéria: Não posso?

Hélio: É ridículo isso. Você está escondendo alguma coisa?

Valéria: Como que é? Você ta desconfiando de mim? Não seja ridículo.

Hélio: Não tem outra explicação. Deve ter alguma marca no seu pescoço e você não quer que ninguém veja.

Valéria: Você me respeite, Helio. Lave sua boca pra me acusar disso. Quem estava agarrado com a Maria no hospital era você. Você quer que eu tire essa porcaria de lenço do meu pescoço pra você ver que não tem nada aqui?

Hélio: Quero.

Valéria fica sem reação. Ela achava que ele iria responder “não”, mas ela pensa rápido.

Valéria: Mas eu não vou tirar. Você me acusa e acha que tem o direito de me pedir isso. Vá para o inferno e boa noite. E nem pense em encostar-se a mim enquanto eu estiver dormindo. Acho melhor até você dormir em outro lugar.

Valéria deita e se vira de costas pra Helio.

 Cena 8.

Casa de Maria.

Maria deitada no sofá lê um livro tranquilamente. Nath entra em casa.

Maria: Boa noite, filha.

Nath: Boa noite. Ainda acordada?

Maria: Eu perdi o sono. Resolvi terminar meu livro.

Nath: Cadê todo mundo?

Maria: O Rafael foi pra boate trabalhar. Ele sabe que eu odeio esse emprego, barman. Tantas profissões que ele podia escolher foi escolher logo essa. O Junior e o Diego estão dormindo.

Nath: Está tarde, eu também já vou.

Maria: Você não está com a carinha boa. Aconteceu alguma coisa?

Nath: Não sei. Eu estou confusa.

Maria: Que conversar?

Nath: Amanhã. Hoje já está tarde. Eu vou dormir. Boa noite.

Nath sobe a escada.

Cena 9./Manhã.

Casa de Carla.

Na mesa do café da manhã.

Carla: Todo domingo a gente se reúne na casa da minha mãe e toda vez você reclama.

Julia: Já está chato já.

Jorge: Olha como fala garota. Eu reclamo porque domingo é meu dia de folga. O dia que eu tenho pra descansar e eu tenho que ir pra casa da sua mãe.

Carla: Você não é obrigado a ir. Minha mãe mora aqui no bairro. Não preciso nem do carro pra ir, você pode ficar em casa se quiser.

Jorge: Não, eu vou.

Julia: Mas o senhor é difícil, hein.

Carla: Julia não provoca.

Jorge: Escuta sua mãe. Não me provoca.

Julia: Eu vou é pegar meu biquíni e to indo na frente pra casa da Vó.

Julia levanta e sai da mesa.

Cena 10.

Quarto de Glória no Hospital.

Glória sentada na cama inquieta e sem paciência conversa com a enfermeira.

Glória: Eu sou quero ir embora.

Enfermeira: Mas as ordens da Doutora Sandra é não deixa à senhora sair sozinha.

Glória: Cadê o Hélio que não veio me busca ainda?

Maria entra no quarto.

Maria: Quem vai levar à senhora sou eu.

Maria e Glória se encaram.