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Gira Mundão

Gira Mundão | Cap 01 | Nojo de negro


Capítulo 1:
Cena 1 – Cidade Matrênia – Nigéria – África – Dia – 1840

Taú, Zaila, Amara, Xoloni e Gaxambu estão à caminho dos navios negreiros junto aos outros negros. 

Zaila: Para onde estão nos levando, Xoloni?
Xoloni: E sou eu que vou saber?
Taú: Devem estar nos levando para esses grandes barcos..
Carvalho: Sentem aqui, e esperem até a segunda ordem.
Todos os cinco se sentam. Eles eram alimentados e engordados para que pudessem atravessar o Atlântico. Depois disso, eram levados aos navios. 

Cena 2 – Navios Negreiros – Dia 
A história da escravidão no Brasil começou quando Martim Afonso chegou aqui para colonizar o país. Trouxe vários portugueses para morar aqui, eles escravizaram os índios, e viram que aquele ramo não deu certo. O fim da escravidão indígena foi oficializada pelo Marquês de Pombal. Então no século dezessete, começaram a escravizar os negros que moravam lá na África. Eles eram trazidos para cá por meio dos navios negreiros, muitos morriam e passavam mal durante a viagem, seja por doença ou por fome. 
Gaxambu: Mãe, quando é que isso irá passar?
Zaila: Não sei filho, alguns dias…
Gaxambu(assustado): Mas mãe.. alguns dias? Não sei se vou ficar vivo até lá!
Como alimento, recebiam punhado de farinha. As viagens duravam em torno quarenta e cinco dias, e muitos se jogavam no mar com seus bebês, para que eles não sofram quando crescerem.
                                   Amara(gritando): Kênia, não se jogue!
Kênia: Eu não aguento mais querida, eu tenho que ir.
Ela se jogou no mar com seu bebê. Os corpos mortos dentro dos navios, eram jogados nas águas. Quando chegaram aqui, eram analisados pelos portugueses.
                                   Xoloni: O que será que irão fazer agora?
Taú: Eles estão dando banho nos outros negros, mas com nojo!
Zaila: Esse povo branco tem nojo de nós. Nós não temos nojo deles. Nem sei o porque disso… não é necessário!
Os brancos davam banho nos negros com uma bucha, e bem forte esfregavam sobre a pele deles, achando que poderia ficar mais clara.
 

Cena 3 – Praia – Brasil – Tarde 

Os negros eram analisados pelos portugueses, olhavam os dentes e o físico e viam para que trabalho ele servia.

Carvalho: Abra a boca agora!

Eles pediam para olhar os dentes agressivamente, e pegavam na cabeça deles apertando, machucava. As vezes os escravos recusavam abrir a boca ou mostrar o físico, estes eram castigados. Os portugueses até(as vezes) mandavam-os tirar a roupa.

Carvalho: Muito bem, agora tire a roupa.

As famílias eram afastadas, a força. Depois de analisados eles eram vendidos para as fazendas, onde trabalhavam duro, e quem não andava na linha apanhava no tronco para servir de exemplo.
Zaila: Devolve meu menino! Gaxambu, volta!
Gaxambu: Me ajuda mãe!

Cena 4 – Fazenda Coro Velho – Dia 

Taú, Zaila, Xoloni, Amara e Gaxambu foram vendidos para a Fazenda Coro Velho onde quem mandava naquelas terras era Jorge. A fazenda Coro Velho não era uma ‘fazenda comum’. Era uma fazenda de luxo. Todos os escravos negociavam com o coronel. 

Taú: Nós trabalhamos com cana de açúcar e o que recebemos em troca?

Jorge: Veremos.. Continue trabalhando que pensaremos em que você merece. Mas saiba que se desobedecer, o tronco lhe espera.
Taú: Fiquei sabendo das terras vizinhas, pelo que andam me dizendo eles são melhores que vocês.
Jorge: Você vai me agradecer muito, se continuar trabalhando aqui Taú. Lá, você realmente vai ser tratado muito pior. Agora pare de reclamar e vá trabalhar, já!

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Cena 5 – Fazenda Coro Velho – Brasil – Noite
Amara: Acabou nosso trabalho?
Xoloni: Acho que sim Amara, são apenas doze horas por dia.
Taú: O único jeito de tirar a dúvida é perguntar para eles.
Amara: Não, acho melhor esperar para ver. Se vermos os outros saindo daqui a alguns minutos, também sairemos.
Zaila: Então tudo bem.
Gaxambu, filho de Zaila e Xoloni, estava fora. Enquanto os pais trabalhavam, quem cuidava supervisionava ele era Aparecida. Só no final do trabalho os pais poderiam ver os filhos. Quando ele a vê, ele corre para os braços dela.
Aparecida: Jorge mandou eu entregar o menino.
Zaila: Obrigada!
Enquanto Zaila agradecia, Aparecida olhava fixamente nos olhos dela, estranhamente, com uma cara de nojo. Logo depois de entregar o menino, ela vai embora. Zaila preocupada, pergunta:
Zaila: Meu filho, fizeram algum mal para você? Onde estava? Comeu o que?
Gaxambu: Calma mãe. Não fizeram nada comigo, muito pelo contrário. Trabalhei com as outras crianças que foram trazidas para cá, costurando tecidos.
Zaila: Ah que bom! Mas trabalharam aonde? comeu alguma coisa filho?
Gaxambu: Trabalhamos lá atrás daquele casarão. E só comi frutas.

Cena 6 – Fazenda Coro Velho – Dia
Francisco ensina Taú como funciona a fazenda Coro Velho. Eles amanheceram às seis da manhã. 
Taú: Nossa, eles batem para valer. Quais escravos já morreram aqui com isso?
Francisco: Já se foram vários amigos nossos. Alguns morreram fugindo, outros morreram apanhando.. Morre de tudo que é jeito. Um exemplo que eu posso citar é o Gabriel, ele fugiu para as terras vizinhas. Morreu no caminho pelos homens mandados por Jorge.
Taú: Quem são esses homens?
Francisco: Os homens são como chamamos, homem grandes que vestem azul e um grande chapéu amarelo, é uma característica exclusiva da fazenda Coro Velho. Só de aparecer um, todos derretem de medo.
Taú: Bem sábio você em..
Francisco: Fiz anos estudando com os meus próprios olhos, obrigado pelo elogio. Você ainda não tem noção de nada né?
Táu: Sou novo neste paradeiro, cheguei aqui ontem mesmo.
Francisco: Tem muito que aprender ainda rapaz, quantos anos?
Taú: Tenho 20 e você?
Francisco: Tenho 78 anos. Trabalho aqui há 43 anos.
Taú: Nossa é muito tempo! Quando você vai embora?
Francisco levanta
Francisco: Não há nenhuma previsão de quando eu irei sair deste presídio… As vezes eu penso que nem vou fugir daqui. Porque, o Antônio tem 92 anos, está de pé e não foi embora.
Taú: Affs, impossível! Com 92 anos só estarei babando, como eles podem obrigar um senhor de idade a trabalhar intensamente assim?
Francisco: É a vida Taú. Não nascemos negros porque quisemos. Nascemos com essa cor e agora temos que superar todas a diferenças.
Taú: Gostei de você. Bastante sábio, parece um amigo meu… Ele é um grande gênio.
Francisco: Haha! Obrigado, você é bastante gentil.

 

Cena 7 – Mansão – Quarto – Dia
Aparecida está conversando com sua amiga de jardim, Jamili.
Jamili: Aparecida, já arrumei os preparativos para a festa
Aparecida: Ótimo, agora precisamos de pessoas para cuidar da decoração, comida, vestimentas. Estou muito ansiosa!
Jamili: Esse trabalho é mole, deixa tudo para os escravos de seu pai.
Aparecida: Não sei não em Jamili, eu pedir uma coisa pro meu pai atualmente não é nada fácil, ele está bastante estressado com os escravos e comigo também.
Jamili: Então, já aproveitando que ele está estressado manda esse trabalho para os negros, assim eles trabalham mais. Porque eles não fazem mais nada nesta fazenda a não ser catar cana de açúcar, agora eles podem também cuidar da festa.
Aparecida: Tá Jamili, você me convenceu. Vou falar com Jorge para ver se ele deixa, e calma, paciência!

Cena 8 – Fazenda de Jopretino – Tarde
As mulheres e crianças foram postas para trabalhar em uma fazenda diferente, a fazenda de Jopretino. Nessa fazenda, quem manda é José. Zaila, Amara e Gaxambu trabalharam lavando roupas, tecidos, coletando frutas entre outros. Todos foram divididos. Zaila trabalha coletando frutas. Ela está coletando mangas direto do pé.

Zaila(conferindo as mangas e falando alto): Manga podre, manga vermelha, espada… E agora, que tipo de manga eles gostam? Ela pergunta para Amara que está no chão à cerca de dois metros longe dela. Amara responde:
Amara: Você deveria ter perguntando antes de começar né Zaila. Agora vai lá perguntar porque estou ocupada, estas roupas estão encardidas!
Zaila: Estou com muito medo de perguntar Mara.. Em falar em roupas encardidas, Gaxambu ficou com os tecidos. Como é que está se saindo?
* Do outro lado da fazenda*
Zarina: Ei menino! Quantos anos você tem?
Gaxambu: Tenho oito anos e você?
Zarina: Nossa e você não tem medo de mexer com agulha de ferro não? Tenho seis anos
Gaxambu: Estou acostumado já, é costume de fazer isso. Minha família trabalha com tecidos há anos..
*Voltando ao outro lado*
Uma das escravas está caminhando na plantação olhando o trabalho dos escravos à mando de José.
Amara: Olha pergunta para esta mulher ai..
Zaila: Moça, você trabalha aqui a quanto tempo?
Janaina: Trabalho aqui há 9 anos, por quê?
Zaila: Ótimo! é que você pode me dar uma informação?
Janaina: Claro!
Zaila: Você sabe os tipos de mangas que eles gostam de comer? Para não pegar errado….
Janaina: Olha moça, desde quando eu comecei a trabalhar aqui na lavoura, eles não tem essa de escolher manga assim deste jeito não.. Você pega qualquer uma manga aí e entrega pra eles, se eles não gostarem do que você trazer é dó. Agora desculpa aí qualquer coisa, vou indo!
Zaila: Obrigada moça
* Ela se retira, depois Zaila vira, olha para Amara e diz*
Zaila: E agora, Amara?
Amara: Segue as dicas que ela lhe deu.

Cena 9 – Fazenda Coro Velho – Tarde
Jorge está sentando em uma cadeira, olhando o trabalho dos escravos e conversando com Lopes. 
Jorge: Lopes, se você mandasse em algo, qual desses escravos você compraria para a sua fazenda?
Lopes: Olha senhor, pra falar a verdade o único que vale ainda a pena, é o Gonçalves…
Jorge: Você ainda vive insistindo no Gonçalves.. esse aí já é pedir pra morrer, está muito velho..
*Aparecida chega correndo e rindo com Jamili*
Aparecida: Ei pai! Jamili e eu andamos pensando, sobre a festa… Temos muito trabalho para frente, e decidimos que..
Jorge: Que?!
Jamili: Que nós déssemos todo o trabalho para os escravos.. eles não fazem nada além de plantar cana…
Jorge: O que você acha, Lopes?
Lopes: Numa boa cara
Jorge: Então tudo bem, os preparativos começam quando?
Aparecida: Ihh
Jorge: O que houve agora Maria Aparecida?
Jamili: Ainda não marcamos o dia..
Jorge: Como vocês querem algo sem ainda nem começar? O tempo não volta. Só mencionem essa festa para mim, quando pelo menos o dia estiver marcado.
Aparecida: Tudo bem
*Aparecida e Jamili saem* 
Após as duas amigas saírem, Lopes diz:
Lopes: Linda sua filha em?
Jorge: Ah, essa boca moleque! Ela é uma moça direita, de família, não irá namorar nem casar com você.
Lopes: Posso dar uma palavrinha com sua filha na mansão?
Jorge: Vai vai, mas qualquer coisa além do comum, você vai ver.

Não percam o próximo capítulo de GIRA MUNDÃO! 

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