Feridas do Passado – Capítulo 8
Cena 1. Rio de Janeiro / Leblon / Apartamento de Maria Clara / Dia.
Maria Clara começa a arrumação do seu novo apartamento.
Soraya: Que luxo! – Diz Soraya abrindo as cortinas da Varanda do apartamento que tem uma linda vista para praia.
Soraya: Desta vez seu pai se superou, este apartamento é maravilhoso.
Maria Clara: Achei um pouco exagerado, irei morar sozinha não precisava de um apartamento tão grande, tão luxuoso e tão caro.
Soraya: Deixa disso bobinha, seu pai é governador da Bahia tem muito dinheiro, esse apartamento aqui não é nada.
Maria Clara: Dinheiro esse que deveria ser usado para resolve os problemas do povo e não para uso pessoal.
Soraya: Ai deixa de ser careta minha filha, neste país honestidade não leva ninguém a lugar nenhum só a extrema pobreza. – Diz Soraya ironicamente.
Maria Clara: Esse seu pensamento é tão terrível mãe, mas não vamos falar sobre isso cabe a sua consciência repensar melhor.
Maria Clara: Já que esse apartamento é meu irei arruma-lo da minha forma e para começar vou tirar esse vaso enorme pois não gosto dele. – Maria Clara tira o vaso da mesa.
Soraya: Mas esse vaso foi caríssimo, um assalariado demoraria três vidas para comprar um vaso deste porte. – Soraya tira o vaso da mão de Maria Clara e coloca novamente na mesa.
Maria Clara: Mãe quando você pretende ir embora?
Soraya: Mas eu mal cheguei e você já que me despachar de volta? Ai como eu sofro! O que eu fiz para merecer uma filha desnaturada como essa?
Maria Clara: Mãe não é isso. – Diz Maria Clara tentando se explicar.
Soraya: É isso sim, eu lhe carreguei 9 meses na barriga e você não tem paciência para ficar comigo uns dias? Que filha ingrata!
Maria Clara: 9? Mas eu não nasci de 7?
Soraya: Ah é mesmo 7 meses, é muita coisa na minha cabeça e me confundo as vezes.
Maria Clara: Tudo bem fique o tempo que achar necessário.
Soraya: Eu sabia que você ia compreender, irei ficar só mais algumas semanas. (Soraya sorrir).
Maria Clara: É bom que você lembre que o papai é um verdadeiro mulherengo, e se você deixar ele muito tempo sozinho ele coloca uma nova primeira dama no seu lugar.
Soraya: No meu Felipinho ninguém toca! Volto amanhã mesmo para Bahia, meu lugar de primeira dama ninguém tira ou eu não me chamo Soraya Silveira Lontra.
Cena 2. Salvador / Sede do Governo / Sala de Felipe / Dia.
Felipe está sentado na sua mesa bastante pensativo enquanto segura uma fotografia de Vanessa. O momento de pensamento de Felipe é interrompido com a entrada de sua secretária Arlete.
Arlete: Com licença senhor Governador.
Felipe: Pode entrar Arlete. – Diz Felipe enquanto guarda a fotografia de Vanessa dentro da gaveta de sua mesa.
Arlete: Trouxe alguns propostas de investidores para serem avaliadas, documentos para serem assinados sobre liberação de verbas para o início de obras. – Diz Arlete colocando os papeis sobre a mesa.
Felipe: Obrigado Arlete, você é muito eficiente e dedicada.
Arlete: É apenas o meu trabalho, com licença. – Arlete vai em direção a porta mas se lembra de algo e retorna.
Arlete: Senhor governador, sei que pode ser inconveniente da minha parte mas o senhor me autorizar a deixar o serviço mais cedo, há ameaças de greve de rodoviários na cidade e preciso me deslocar até a rodoviária pois moro no interior do estado.
Felipe: Claro que você pode sair mais cedo. Mas por que motivo você mora no interior do estado?
Arlete: Nasci e fui criada no interior, minha família mora lá mas tenho planos de mudanças para capital mas não é fácil achar um imóvel.
Felipe: Irei te ajudar com esse assunto, vou lhe passar o contato de um grande amigo meu que é imobiliário ele vai te ajudar a encontrar um imóvel.
Arlete: Fico muito grata. – Diz Arlete sorrindo.
Cena 3. Rio de Janeiro / Hospital Geral / Sala de espera / Tarde.
Milena chega ao hospital.
Milena: Cadê o meu marido? Onde ele está?
Caíque: Ele está dentro da sala de cirurgia, nenhum médico saiu ainda para dar alguma notícia.
Milena: O que aconteceu? Por que ele veio parar no hospital?
Caíque: Você sabe muito bem o motivo e tem toda a culpa.
Milena: Do que você está falando? Seja mais claro!
Caíque: Ele teve um infarto enquanto revelava que o Victor era adotado. – diz Caíque de maneira rígida.
Milena: O Juraci contou isso para o Victor? – diz Milena espantada.
Caíque: Não ele não contou, ele contou a mim. – diz Caíque sorrindo.
Milena: Ainda bem. – Diz ela aliviada.
Milena: Você não pode contar isso ao Victor nunca, não sei como ele pode reagir, ele vai ficar desnorteado pode acabar fazendo uma loucura.
Caíque: Infelizmente mamãezinha você me avisou muito tarde, a essa altura o Victor pode estar prestando contas a Deus no Céu ou ao diabo no inferno. – diz Caíque em tom de deboche.
Cena 4. Senhor do Bonfim – Interior da Bahia / Feira / Tarde.
Carol e Raimunda fazem a feira juntas enquanto conversam.
Carol: A Arlete está pensando em se mudar para Salvador.
Raimunda: Que ótima notícia vai ficar perto do trabalho dela, coitadinha acorda todo dia tão cedo para ir trabalhar.
Carol: Ela queria me convencer a ir embora com ela e deixar o Diego.
Raimunda: E você aceitou?
Carol: Não tenho coragem de abandonar o Diego e além disso deixar você e o pai aqui sozinhos.
Raimunda: Minha filha eu e seu pai já estamos velhos no final da vida, você ainda é jovem pode recomeçar tudo de novo longe do maldito do Diego.
Carol: Olha pra mim mãe, tenho 46 anos mas olha minha pele, meus cabelos, deixa eu aqui do lado do meu marido que mesmo sofrendo é o único que eu tenho, desse jeito que me encontro não acho outro mais nunca.
Cena 5. Rio de Janeiro / Ruas do Leblon / Noite.
Maria Clara caminha pelas ruas do bairro em direção a seu apartamento quando é abordada por um marginal.
Marginal: Passa a bolsa madame! – diz o Marginal com uma arma na mão.
Maria Clara: (Assustada) Eu estou sem bolsa, mas pode levar meu celular. – Maria Clara entrega o celular para o marginal.
Victor de longe ver a situação que está acontecendo e corre para tentar impedir o assalto.
Victor: Devolve o celular da moça!
Marginal: Não se mete não playboyzinho que te meto bala.
Victor: Leva o meu mas devolve o da moça. – diz Victor entregando seu celular ao marginal.
Marginal: Que dar uma de herói playboy? Pois vai ser herói no inferno. (O bandido dispara vários tiros contra Victor e corre com os dois celulares).
Maria Clara: Socorro, Socorro! (Grita Maria Clara desesperada ao ver um homem que ela mal conhece caído no chão após levar vários tiros).
Cena 6: Rio de Janeiro / Hospital Geral / Noite.
A ambulância que traz Victor gravemente ferido chega ao hospital.
(A equipe médica rapidamente retira ele da ambulância, coloca em uma maca e o leva para dentro do hospital. Maria Clara o acompanha)
Maria Clara: Vai ficar tudo bem com ele? Ele salvou a minha vida. (Maria Clara corre junto com a equipe médica que leva o paciente para sala de cirurgia).
Médico: Vamos fazer o possível para salvar a vida deste homem.
Maria Clara: Ele não pode morrer, não pode.
Médico: Sinto muito mas você não pode passar daqui, irei te deixar informada. (Os médicos entram com Victor para sala de cirurgia).
Cena 7. Rio de Janeiro / Aeroporto Galeão / Desembarque / Noite.
Alex volta ao Brasil e é recepcionado por seus pais.
Alex: Mãe! Pai! – Diz Alex sorridente enquanto levando o carrinho com as malas em direção a seus pais.
Marília: Meu filho que saudades. – Marília abraça Alex.
Wolf: Depois de uma temporada de cinco anos nos Estados Unidos, finalmente de volta para o seu país. – Wolf abraça Alex.
Alex: Voltei com ideias incríveis pais, voltei para revolucionar este país.
Wolf: É assim que se fala. – Diz Wolf sorridente.
Marília: Agora vamos para casa porque o aeroporto não é o lugar mais propicio para matar as saudades.
Alex: Antes de ir para casa, gostaria de passar na casa do Raul e da Glorinha.
Wolf: Aproveita e tenta botar um pouco de juízo na cabeça dos seus avôs eles estão gastando como se ainda fossem Conde e Condessa.
Cena 8. Rio de Janeiro / Hospital Geral / Quarto Nº 307 / Noite.
Juraci sai da sala de cirurgia estável e vai para o quarto.
Enfermeira Jaci: Está tudo bem agora o senhor já está no quarto, irei avisar a seus familiares.
Juraci: Espera não chame ninguém ainda, preciso que você me faça um enorme favor e ninguém pode saber o que eu vou lhe pedir.
Enfermeira Jaci: Tudo bem se essa é a sua vontade, o que deseja?
Juraci: Preciso que escreva uma carta para meu filho Victor, ele precisa saber tudo que aconteceu.
Enfermeira Jaci: Mas eu posso chama-lo aqui.
Juraci: Não vai dar tempo, por favor faça o que lhe peço pegue um papel e escreva o que irei lhe dizer.
Cena 9: Rio de Janeiro / Hospital Geral / Sala de Espera / Noite.
Os médicos dão notícias sobre o estado de saúde de Victor.
Médico: O paciente levou muitos tiros que acabou perfurando alguns órgãos, conseguimos salvar todos menos uma parte do fígado, ele precisa de um transplante de fígado urgente.
Maria Clara: Este homem salvou a minha vida e o mínimo que eu posso fazer é doar uma parte do meu fígado.
Médico: Qual o seu tipo sanguíneo?
Maria Clara: O.
Médico: É um milagre, pois o sangue do paciente também é O e só pode receber de pessoas com sangue O, o que é muito difícil.
Cena 10. Rio de Janeiro / Hospital / Quarto Nº 307 / Tarde.
A enfermeira termina de escrever a carta.
Juraci: Espero que um dia você possa me perdoar e saiba que se guardei este segredo até hoje foi porque eu não queria te perder mas eu não podia partir sem lhe contar a verdade, te amo muito e espero que me perdoe
Enfermeira Jaci: Pronto está escrito, a quem eu devo entregar?
Juraci: Caso aconteça alguma coisa comigo você entrega esta carta nas mãos do meu filho Victor, por favor não esqueça, é muito importante que ele saiba do conteúdo desta carta.
Enfermeira Jaci: Não irei esquecer, prometo. – Diz a Enfermeira dobrando a carta e guardando.
Congelamento na enfermeira guardando a carta.
Fim do Capitulo