Feridas do Passado – Capítulo 21
Cena 1. Salvador / Sede do Governo / Sala de Felipe / Dia.
Felipe é avisado sobre o atual estado de Soraya.
Arlete: Você conversou com a sua filha sobre nós?
Felipe: Conversei, mas não citei que a mulher que estou apaixonado é você.
Arlete: E como ela reagiu?
Felipe: Totalmente diferente do que eu esperava, ela não me apoio, disse que na situação que a Soraya está, eu não podia abandona-la.
Arlete: A sua filha está certa, você não deve fazer isso, eu sou uma pessoa terrível e estou causando tudo isso.
Felipe: Você não é uma pessoa terrível e não está causando nada, essa é uma decisão minha, e em breve a Soraya irá acordar e irei pedir o divórcio.
Arlete: Até lá eu acho melhor não ficarmos juntos, por favor respeita essa minha decisão, pois o que estamos fazendo não é certo.
Felipe: Arlete eu te amo e você me ama, não a nada de errado no nosso amor. – Felipe beija Arlete.
O telefone da sala toca e Arlete atende.
Arlete: Escritório do Governador, quem gostaria?
Arlete: Obrigado por avisar, ele já está indo.– Arlete desliga o telefone.
Felipe: O que houve?
Arlete: A Soraya acordou estão esperando você no hospital.
Cena 2. Salvador / Hospital Geral / Quarto Nº 1002 / Dia.
Soraya finge estar invalida.
Felipe: Como ela está doutor?
Médico: Nos demos um remédio para que ela descansasse um pouco mas daqui a pouco ela irá acordar. Vocês precisam ser fortes, eu a examinei antes de dar o remédio, e infelizmente a Soraya está invalida.
Maria Clara (Assustada): Invalida?
Médico: Sim, ela não consegue movimentar do pescoço para baixo, a fala dela tem um pouco de dificuldade e ela não se lembra de exatamente nada.
Felipe: Como isso foi possível de acontecer?
Médico: Ela teve um traumatismo craniano, era esperado que coisas do tipo acontecesse, o cérebro é um lugar de mistérios, talvez ela consiga voltar a se movimentar e falar direito, ou talvez não, isso só o tempo dirá, mas agora vocês vão ter que aceitar a atual condição dela.
Maria Clara (Chora); Oh meu Deus, ela não merecia isso, ela não merecia.
Victor: Fica calma meu amor, vai ficar tudo bem, a sua mãe tem a você e a seu pai para dar todo o apoio que ela precisa.
Maria Clara: Será mesmo que ela tem o apoio do papai? E agora pai você vai abandonar a mamãe no estado que ela se encontra?
Felipe: Não vamos falar sobre isso agora, mas a minha decisão já está tomada.
Victor: Quando ela vai poder voltar para casa doutor?
Médico: Todos os exames já foram realizados e ela já pode voltar para casa, irei lhe dar alta e assim que ela acordar vocês podem leva-la para casa.
Maria Clara: Não irei voltar para o Rio de Janeiro esses dias, irei ficar aqui com a minha mãe.
Victor: Você está certa meu amor, a sua mãe em primeiro lugar.
Cena 3. Rio de Janeiro / Av. das Américas / Escritório de Arquitetura / Sala de Alex / Dia.
Alex acerta o contrato de trabalho de Milena.
Alex: A Maria Clara já me ligou e me passou todas as informações sobre o seu trabalho, fiquei encarregado de lhe passar as suas funções. Você é formada em administração certo?
Milena: Sim sou formada, mas nunca exerci a profissão pois me casei.
Alex: Então vamos fazer uma experiência, você vai ficar encarregada de administrar os gastos do escritório, contabilizar tudo que entra e tudo que sai, qualquer gasto é você que vai cuidar, é um cargo de bastante confiança e é preciso competência para mantê-lo, você é capaz?
Milena (Sorrir): Claro que sim, vou dar o meu melhor.
Alex: O Victor exigiu que você tivesse uma sala e que você ficasse o expediente inteiro lá, ele não está nem um pouco a fim de lhe ver pelo escritório, o motivo você já sabe. Bom, são 9 horas de trabalho de segunda a sexta já incluído o horário de almoço, você entra as 09 horas da manhã e sai as 18 horas, salário de R$ 1.800,00, Vale-transporte, Vale-alimentação.
Milena: Ótimo, e quando eu começo?
Alex: Amanhã as 09 horas lhe espero aqui.
Milena: Obrigado, muito obrigado pela oportunidade.
Cena 4. Rio de Janeiro / Barra da Tijuca / Mansão de Caíque / Sala de Estar / Tarde.
Caíque conta seu plano a Milena.
Milena: Eu não disse que ia ser mais fácil que tirar doce de criança.
Caíque: Conseguiu?
Milena: Você está falando com a mais nova administradora de gastos daquele escritório, o salário é uma merreca mas vai dar para sobreviver sem luxos aqui nessa casa, pego as 09 horas da manhã e saio as 18 horas.
Caíque: Tá de bom tamanho, esse seu salário vai triplicar, quadriplicar se você seguir o meu plano.
Milena: Mais planos? Conta.
Caíque: Eles te deram um cargo de confiança, você vai cuidar da administração da empresa, é nossa chance de tirar um bom dinheiro do Victor, o básico que você tem que fazer é superfaturar tudo.
Milena: Isso é fácil, amanhã mesmo vou conhecer como funciona a contabilidade daquela empresa e onde eu puder tirar algum dinheiro, eu vou tirar.
Caíque: Vai com calma, não pode ir pegando fortunas, tem que ir pegando aos poucos, e não se esquece de ficar de ouvidos bem abertos, precisamos saber tudo que está acontecendo com o Victor, a Maria Clara, tudo é bem importante.
Milena: Pode deixar, vai ser um prazer.
Cena 5. Salvador / Sede do Governo / Sala do Vice-governador / Tarde.
Victor conversa com o vice-governador sobre os futuros projetos.
Victor: Boa Tarde, é um prazer te conhecer.
Renato: O prazer é todo meu, você é o Victor genro do Felipe e dono do escritório de arquitetura que vai cuidar de todas as obras do governo, sente-se por favor.
Victor: Sou eu mesmo, Victor Albuquerque ao seu dispor. – diz Victor se sentando.
Renato: Você já está por dentro de como funcionam as coisas por aqui, certo?
Victor: Sim, sim, o Felipe já me deixou por dentro de tudo, agora passo a acertar os detalhes da obra com você.
Renato: Corretamente, o Felipe prefere não se envolver nos detalhes pois é a parte mais perigosa, e ele é o governador a imagem dele tem que está impecável.
Victor: E você como o vice sendo como uma imagem meramente decorativa pode se envolver na parte mais perigosa pois a sua imagem pode ser destruída e a dele tem que se manter impecável.
Renato: Desculpa não estou entendendo.
Victor: O que eu quis dizer é que você é usado pelo Felipe como figura decorativa e como escudo para as jogadas dele, na hora que a casa cair, cai somente por cima de você, porque ele não se envolve com esses assuntos, ele deixa tudo nas suas mãos.
Renato: As coisas sempre funcionaram assim, não acredito que o Felipe tenha essa imagem de mim, eu sou seu braço direito e não uma figura decorativa, e além disso o Felipe não é muito bom nessas negociações, eu sou bem melhor que ele nesses assuntos.
Victor: Mas quem fica com a maior parte é o Felipe.
Renato: Isso é verdade, mas ele é o governador e eu sou o vice, nada mais certo que ele fique com a maior parte.
Victor: Renato acorda pra vida. – diz Victor se levantando.
Renato: O que está acontecendo rapaz?
Victor: O Felipe te usa para as artimanhas dele, lhe faz de figura decorativa, você é o responsável pela parte podre do governo dele e no final das contas quem ganha a maior parte dos lucros é ele e não você, se um dia descobrirem as falhas, toda a culpa vai recai sobre você e ele vai sair como inocente na história. Se eu fosse você eu abriria os olhos.
Renato: Você está sabendo de alguma coisa que eu não sei?
Victor: Não posso trair o meu sogro mas estou lhe abrindo os olhos. – diz Victor indo em direção a saída.
Renato: Você não pode sair assim, você plantou a semente da dúvida e agora vai saindo assim.
Victor: Tenho que manter minha lealdade com o Felipe, não posso sair contando os planos futuros dele, a menos que…
Renato: Diga!
Victor: A menos que você me ajude.
Renato: Ajudar em que?
Victor: O Felipe está sendo investigado, todos os podres do governo de vocês será descoberto, e ele já sabe disso. O Felipe está armando um plano para que toda a culpa da corrupção desses quase 8 anos de governo recaia sobre você, e sabe o que vai acontecer? Você parar na cadeia por corrupção e ainda vai ter que devolver todo o dinheiro que vocês roubaram.
Renato: Você tem certeza do que você está falando?
Victor: Você acha que eu viria até aqui para mentir? O Felipe está armando tudo contra você e além disso vai acabar sujando a imagem do meu escritório por também está se envolvendo nisso, por isso eu quero a sua ajuda para bolarmos um plano para a culpa de toda a roubalheira cair sobre o Felipe.
Renato: Se ele pensa que eu vou cair ele está muito enganado! Você vai ter a minha ajuda, vamos nos unir e ver quem coloca quem na cadeia.
Victor (Sorrir): É assim que se fala Renato!
Cena 6. Salvador / Palácio do Governo / Sala de Estar / Tarde.
Soraya retorna para casa.
Conceição: Que bom que a dona Soraya voltou para casa, eu já arrumei o quarto do andar de baixo.
Maria Clara: Conceição por favor leve a mamãe até o quarto, já irei até lá, antes preciso falar com o papai.
Conceição: Sim senhora. – diz Conceição levando Soraya na cadeira de rodas até o quarto.
Maria Clara: Irei passar essa semana aqui ao lado da minha mãe, até que eu contrate alguém para cuidar dela, a minha mãe sempre amou esta casa e ela morou aqui por muitos anos, desde de que meu avô era governador, e eu não vou permitir que ela saia daqui, e volto a repeti que sou totalmente contra esse divórcio.
Felipe: Você não me entende filha, eu quero uma chance de ser feliz, não irei ser feliz se passar o resto da minha vida ao lado de sua mãe.
Maria Clara: Ela precisa de você pai! Ela está invalida, não anda, não fale e não se lembra de nada, você imagina o que é passar por isso?
Felipe: Eu sei, eu sei! Mas eu quero viver o meu grande amor.
Maria Clara: Não seja egoísta! Você é sempre egoísta! Só pensa em si, talvez esses erros que o senhor falar que cometeu no passado, se deva ao seu egoísmo.
Cena 7. Salvador / Palácio do Governo / Quarto de Soraya / Tarde.
Soraya rir da situação em que está.
Conceição: Pronto dona Soraya, seja bem vinda de volta. – diz Conceição deixando Soraya dentro do quarto e saindo.
Soraya (Sorrir): A ideia do Victor foi maravilhosa, todos caíram como patinhos, quero ver se o Felipe vai ter coragem de abandonar uma invalida.
Soraya: Uma coisa é certa, o Victor não gosta do Felipe, se gostasse não daria essa ideia, eu preciso descobrir quais são as intenções dele.
Soraya: Mas por enquanto, quero me divertir enganando a todos. – Soraya sorrir.
Cena 8. Salvador / Noite.
Cena 9. Salvador / Palácio do Governo / Quarto de hóspedes / Noite.
Maria Clara e Victor conversam sobre a atuação situação de Soraya.
Victor: Como foi a volta da Soraya para casa?
Maria Clara: Por parte dela me pareceu tudo bem, ela esteve calma em todo momento, eu achei que ela voltando para casa a memória dela retornaria mas não, ela continua sem se lembrar de nada.
Victor: Essas coisas não são tão simples assim, existem casos em que a pessoa recupera a memória em pouco tempo, outros que se demora muito e alguns que não recuperam nunca, vamos ter que ter paciência com ela.
Maria Clara: O meu pai quer se divorciar e abandona-la, não posso permitir que isso aconteça.
Victor: E o que você pode fazer para impedir?
Maria Clara: Não vou voltar para o Rio de Janeiro enquanto ela estiver nesse estado.
Victor: Mas e o escritório?
Maria Clara: Meu amor você vai ter que cuidar de tudo, você e o Alex, pelo menos por um tempo, caso o papai insista em continuar o divórcio, volto para o Rio com a mamãe.
Victor: Tudo bem meu amor, você está certa, não podemos permitir que seu pai abandone a Soraya no momento que ela mais precisa, ele prometeu ama-la na saúde e na doença.
Maria Clara: Que bom que você também pensa assim, é nesses momentos que a gente sabe quem realmente nos ama.
Victor: Eu nunca lhe abandonaria doente. – diz Victor abraçando Maria Clara e beijando-a.
Cena 10. Salvador / Vila de classe média / Fim da rua / Noite.
Joseph e Maitê se encontram para fugir.
Joseph: Você demorou Maitê achei que não vinha mais.
Maitê: Eu estava escrevendo uma carta para o meu papai, não queria ir embora sem falar nada.
Joseph: Vamos até o ponto, vamos pegar um ônibus até o terminal do Ferry Boat e passar a noite lá, pegamos o primeiro Fery Boat para Itaparica e de lá seguimos para o interior do estado.
Maitê: Você acha que é uma boa ideia?
Joseph: Claro que sim, a menos que você não queira ficar comigo.
Maitê: Claro que eu quero.
Joseph: Então essa é a nossa única chance, se ficarmos aqui eles nunca mais iram deixar a gente se encontrar.
Maitê: Vamos então, vamos embora antes que eles percebam que não estamos em casa.
Joseph: Vamos. – Joseph pega na mão de Maitê e os dois seguem até o ponto de ônibus.
Cena 11. Salvador / Palácio do Governo / Quarto de Soraya / Noite.
Victor interroga Soraya sobre o passado.
Victor: Você se saiu muito bem na sua atuação, todos realmente acreditam que você é uma invalida.
Soraya: Sempre fui muito boa em tudo que diz respeito aos meus interesses.
Victor: Disso não tenho a menor dúvida, o Felipe já contou que você foi a responsável por ele ter deixado de viver um grande amor, não entendi muito essa história.
Soraya: Fui responsável sim, mas não sozinha, o Felipe tinha a ambição dele e isso também contribuiu para ele ter abandonado a secretária.
Victor: Secretária?
Soraya: Sim, não me lembro muito o nome dela, os dois tiveram uma historinha de amor, mas eu acabei destruindo o relacionamento dos dois, não foi difícil pois o Felipe era muito ambicioso, ele tinha sede de poder e só eu podia lhe dar isso, foi assim que ele preferiu a mim.
Victor: Você sempre consegue o que quer.
Soraya (Sorrir): Sim, tudo.
Victor: Tenha uma boa noite. – diz Victor saindo do quarto.
Cena 12. Salvador / Palácio do Governo / Sala de Estar / Noite.
Victor pensa nos próximos passos da sua vingança.
Victor: Amanhã será um dia importante para o fim da carreira do Felipe.
Victor: O Renato vai denuncia-lo para o conselho de ética, dando início a cassação do mandato dele. – diz Victor se encaminhando até o mini bar da sala.
Victor: Tenho que dar um jeito de gravar um vídeo com o Felipe negociando com algum dos seus fornecedores, divulgando esse vídeo e aquele áudio na internet vai causar uma revolta popular, assim o processo de cassação vai acontecer mais rápido. – diz Victor se servindo de Whisky.
Victor: Está chegando a sua hora Felipe, a tão chegada hora.
Congelamento no rosto de Victor.
Fim do Capítulo