Feridas do Passado – Capítulo 10
Cena 1. Salvador / Palácio do Governador / Noite.
Felipe está todo arrumado para sair à noite aproveitando a viagem da esposa.
Felipe: Como estou Conceição? Bonito, gato, gostoso? – diz Felipe sorridente arrumando os cabelos enquanto desce as escadas.
Conceição: Você está lindo seu Felipe, um verdadeiro galã.
Felipe: Obrigado, obrigado. Eu vou dar uma saidinha, aproveitar que a Soraya está bem longe.
Conceição: Aproveita seu Felipe porque aquela ali é pior do que carrapato quando gruda não solta mais, com todo respeito.
Felipe: Não precisa se preocupar com isso eu conheço bem a minha esposa, vou indo Conceição. – Diz Felipe indo em direção a porta, quando ela abre a porta para sair dar de cara com Soraya chegando.
Soraya: SURPRESA! Olha só quem está de volta? – diz Soraya entrando e empurrando Felipe para dentro.
Felipe: Soraya? Você voltou? – diz Felipe assustado com o retorno repentino de sua esposa.
Soraya: Não está me vendo aqui Felipinho? Eu voltei. – diz Soraya sorridente.
Soraya: E para onde você ia todo arrumado e cheiroso deste jeito?
Felipe: Resolvi jantar fora hoje marquei com um colega e estava indo.
Soraya: Ah, mas vai ser um prazer acompanha-lo só espera um pouquinho que irei trocar de roupa e já volto. – Soraya sobe para o quarto para se trocar.
Conceição: Eu não disse seu Felipe essa daí quando gruda não solta mais.
Cena 2. Salvador / Vila de classe média / Rua / Dia.
Maitê sofre preconceito por parte de Lorena.
Maitê, Joseph e Luan se divertem brincando de pega-pega pela rua.
Joseph: Peguei! Agora está com você Luan. – diz Joseph pegando no braço de Luan e correndo.
Luan: Ah, eu te pego. – diz Luan correndo atrás de Joseph e Maitê.
Maitê: Ninguém me pega, lalalalala! – diz Maitê enquanto corre pelas ruas da vila.
Luan corre para tenta pegar Maitê e Joseph mas não consegue.
Luan: Ah, cansei não quero mais brincar disso vamos brincar de outra coisa.
Maitê (Ofegante): Eu também estou cansada.
Joseph: Podemos brincar de banco imobiliário, o que acham?
Maitê: Boa ideia.
Luan: Eu sou o banqueiro!
Lorena aparece para acabar com a alegria das crianças.
Lorena (Irritada): O que você está fazendo aqui com essa menina Joseph?
Joseph: Estávamos brincando de pega-pega e agora vamos jogar banco imobiliário.
Lorena (Grita): Eu já não lhe disse que não quero ver você brincando com essa aidética? Vamos para casa agora.
Joseph: Mas ela é minha amiga.
Lorena: (Grita) Não interessa! – Ela pega Joseph pelo braço e segura fortemente e olha nos seus olhos -. Não quero ver você brincando com uma menina que tem AIDS, ela é contagiosa e eu prefiro ter um filho morto a ter um filho com AIDS. Vamos para casa. – Lorena puxa Joseph para casa.
Lorena: E quanto a você Luan, irei avisar a sua mãe que você anda brincando com essa ai. – Lorena vai para casa com Joseph.
Luan: Tenho que ir Maitê. – Luan corre para casa.
Maitê chora e corre para casa.
Cena 3. Rio de Janeiro / Barra da Tijuca / Mansão de Juraci e Milena / Quarto de Milena e Juraci / Dia.
Caíque conta para Milena que já sabe de tudo.
Caíque entra dentro do quarto de Milena e encontra ela deitada na cama, ela se espanta com a chegada de Caíque.
Milena: O que você quer aqui? Me deixa sozinha com a minha dor.
Caíque: As suas dores ainda estão começando Milena!
Milena: Do que você está falando?
Caíque: Eu já sei de tudo, já sei que o Victor não foi adotado e sim roubado dos braços da mãe após nascer.
Milena: Você está blefando não sabe o que diz. – diz Milena se levantando na cama e ficando frente a frente com Caíque.
Caíque: Acho que não, o meu pai deixou uma carta relevando tudo para o Victor, e quando essa carta chegar nas mãos dele, ele com certeza nunca mais vai olhar na sua casa, ele vai te odiar para sempre.
Milena: Quanto você quer para me dar esta carta e nunca mais falar nesse assunto?
Caíque: Eu quero essa casa, o carro, o dinheiro, suas joias, eu quero tudo.
Milena: Você está louco? Eu não posso ficar sem nenhum centavo.
Caíque: A casa você pode ficar morando, em relação ao dinheiro o Victor não vai lhe desamparar. Essa é minha proposta ou tudo ou nada!
Milena: Assim que for feita a leitura do testamento, eu passo tudo para você mas você terá que me devolver a carta.
Caíque: Assim que eu tiver tudo no meu nome, você terá a carta. (Caíque sorrir).
Cena 4. Rio de Janeiro / Leblon / Apartamento de Maria Clara / Sala / Dia.
Victor e Maria Clara começam a se aproximar.
Victor: Eu não sei como lhe agradecer por me receber na sua casa, eu não podia voltar para casa.
Maria Clara: Não se preocupe depois de tudo que você me contou, lhe entendo e também não voltaria nunca mais para lá.
Victor: Assim que eu me recuperar totalmente da cirurgia, irei recomeçar a minha vida, e abrir um escritório de arquitetura.
Maria Clara: Me mudei para o Rio de Janeiro com esse propósito, já fui até ver uns imóveis para ser a sede do escritório.
Victor: Podemos virar sócios, o que acha?
Maria Clara: É uma ótima ideia, assim podemos dividir custos e não vai ficar tão caro.
Victor: Mal nós conhecemos e já nós dermos muito bem, isso é um bom sinal. (Victor sorrir).
Maria Clara: Verdade. (Sorrir). Vamos assistir um filme? – Maria Clara liga a TV que sincroniza em um noticiário.
Noticiário: No fim da tarde de ontem, foi enterrado no cemitério central o corpo do empresário Juraci Albuquerque que morreu ontem no hospital geral vítima de infarto.
Victor (Espantado): É o meu pai! O meu pai está morto.
Cena 5. Senhor do Bomfim – Interior da Bahia / Casa de Carol e Diego / Dia.
Feliciano fica desconfiado das hematomas de Carol.
Carol: Que bom te ver aqui pai, qual o motivo da sua visita? – Diz Carol servindo um café para seu pai.
Feliciano: Você não tem ido me ver e nem ver a sua mãe, então resolvi te procurar para saber o que estava acontecendo.
Carol: Ando muito atarefada, mas outro dia eu encontrei a mãe na feira e a gente conversou um pouco.
Feliciano: Como está minha neta? E o Diego tem lhe tratado bem?
Carol: A Carol está bem está pensando até em se mudar para Salvador. O Diego tem me tratando bem sim do jeito dele. – Diz Carol se levantando e indo em direção a cozinha.
Feliciano: Que hematomas são esses nas suas costas minha filha?
Carol (Assustada): Hematomas?
Feliciano: Sim suas costas está toda marcada.
Carol: Devo ter me batido em algum lugar, não deve ser nada demais. Quer broa de milho? Fiz ontem à noite. – diz Carol tentando desconversar.
Feliciano (Meio desconfiado): Vou aceitar e se tiver uma goiabada ainda é melhor.
Cena 6: Rio de Janeiro / Cemitério / Dia.
Victor visita o túmulo do pai.
Victor e Maria Clara estão diante do túmulo de Juraci.
Victor (Emocionado): Ele pode não ter sido meu pai verdadeiro mas foi o melhor pai do mundo, ele cuidou de mim, me amou, me deu carinho, e eu o amo muito.
Maria Clara: Você vai superar essa perda, e eu estarei aqui do seu lado.
Victor e Maria Clara se aproximam e olham profundamente um nos olhos do outro.
Victor: Obrigado por está comigo neste momento.
Maria Clara: Não tem o que me agradecer. (Sorrir).
Os dois se aproximam ainda mais e se beijam.
Cena 7: Rio de Janeiro / Porto / Dia.
Alex leva Raul e Glória para um passeio de iate pela baia de Guanabara.
Alex: Hoje nós vamos fazer um delicioso passeio de iate.
Glória: Que maravilha, sabe faz anos que não ando de iate, lembra meu amor quando fazíamos aqueles passeio por Angra dos Reis?
Raul: E como não lembrar destes momentos tão maravilhosos, e tudo era regado com bastante champanhe.
Alex: Pois não se preocupe vovô eu mandei trazer garrafas de champanhe, canapês, patês, tudo que vocês tem direito.
Raul: Ah que ótimo.
Glória: E iremos passear por onde meu neto?
Alex: Pela Baia de Guanabara, ela está um pouco poluída mas ainda é um lugar lindo.
Alex, Glória e Raul entram no iate e fazem um lindo passeio por toda a Baia de Guanabara. Ao som da música “Wave – Tom Jobim”.
Cena 7. Rio de Janeiro / Baía de Guanabara.
Letreiro: DIAS DEPOIS.
Cena 8. Rio de Janeiro / Barra da Tijuca / Mansão de Juraci e Milena / Escritório / Tarde.
O testamento de Juraci é aberto.
Advogado: Eu não posso iniciar a leitura do testamento sem a presença de todos os interessados.
Milena: Só estamos aguardando o meu filho, o Victor mas ele já deve estar chegando.
Victor: Não precisam mais me esperar, já estou aqui. – diz Victor entrando no escritório.
Milena: Meu filho que bom que você veio. – diz Milena indo em direção a Victor para abraça-lo porém ele desvia.
Victor: Não dirija a palavra a mim Milena, eu só estou aqui por causa do meu pai. – diz Victor se sentando para ouvir o advogado.
Milena (Triste): Mas filho…
Caíque: A senhora não percebe que ele não está nem um pouco a fim de ouvir a sua voz, o que importa para ele neste momento é saber o que o papai deixou de herança para ele.
Victor: Engano seu Caíque, diferente de você eu não ligo a mínima se vou ganhar alguma coisa ou não.
Caíque (Debocha): Ah sim, santinho do pau oco.
Advogado: Por favor vamos ouvir o que o escrivão tem a dizer.
Caíque: Exatamente quanto mais rápido começarmos melhor.
O escrivão pega o envelope lacrado que está em cima da mesa e começa abri-lo para realizar a leitura.
Escrivão: Bem, agora faremos a leitura do testamento elaborada pelo Sr. Juraci Castro Olivas.
Escrivão: Aos 25 de julho do recorrente ano, eu Juraci Castro Albuquerque em pleno uso das minhas faculdades mentais deixo aqui registrado o meu último desejo. Nos últimos anos a minha fortuna foi sendo arruinada e acabei corroendo todo o meu patrimônio, ficou a salvo o imóvel da empresa e tudo que nela está que deixarei para o meu filho Victor Albuquerque, todos os meus carros deixo para o meu filho Caíque Albuquerque, a mansão na Barra da Tijuca onde morei com a minha família por todos esses anos deixo para minha esposa Milena Albuquerque, na minha conta bancária deixo um valor estimado em R$ 750.000,00 que deverá ser dividido igualmente entre meus filhos e minha esposa. Que seja feito o meu último desejo.
Advogado: Alguém é contra ao desejos expressos neste testamento?
Caíque: De maneira alguma.
Milena: Não se essa foi a última vontade do meu marido, assim será.
Caíque: O intruso não vai falar nada?
Victor: Não tenho nada a reclamar, na verdade eu nem merecia este imóvel e nem o dinheiro já que sou um adotado.
Milena: Não fala assim filho, você é um Albuquerque.
Victor: NÃO SOU! NÃO SOU UM ALBUQUERQUE! – diz Victor exaltado e saindo do escritório e indo para o seu quarto.
Cena 9. Rio de Janeiro / Barra da Tijuca / Mansão de Juraci e Milena / Quarto de Victor / Tarde.
Milena tenta impedir que Victor vá embora da mansão.
Milena: O que você está fazendo filho?
Victor: Estou arrumando as minhas roupas, irei embora desta casa ainda hoje. – diz Victor colocando as roupas dentro da Mala que está em cima de sua cama.
Milena: Você não pode me deixar neste momento tão difícil, o seu pai não está mais aqui e eu preciso de você, preciso muito de você neste momento.
Victor: O Juraci não era o meu pai e você não é minha mãe, você não entende de como está a minha cabeça neste momento, você mentiu para mim uma vida inteira, eu vivi uma mentira.
Milena: Eu mentir eu sei, eu errei mas eu te amo e isso que é importante, me perdoa meu filho me perdoa. – diz Milena chorando e se ajoelhando aos pés de Victor.
Victor: Me conta toda a minha história antes de eu vim parar aqui, me conta tudo e quem sabe eu posso lhe perdoar.
Milena: Eu não posso lhe contar,
Congelamento no rosto de Victor.
Fim do Capitulo