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Eventyr

Eventyr – Último Capítulo (Parte 2)

Minha cabeça doía demais. Meu corpo parecia estar entorpecido e sentia que não me mexia por por semanas. Não estava muito errada.

– Vejam! – uma voz feminina estava emocionada. Parecia a voz da minha mãe – Ela parece estar acordando!

– É mesmo! – era a voz de Camila – Ela está abrindo os olhos.

A primeira coisa que vi quando abri os olhos foram – um pouco embaçado – as imagens de minha mãe e Camila, olhando para mim emocionadas. Eu estava deitada em uma cama que definitivamente não era a minha – era uma cama nada confortável.

– O que aconteceu? – perguntei ainda sem conseguir identificar o local onde estava.

– Você não se lembra? – minha mãe perguntava me dando um abraço.

– Você caiu feio! – Camila sorria.

– Onde é que eu estou? – perguntei.

– Você está em um hospital. – minha mãe respondia. – Você sofreu um acidente.

– Acidente? Ai, minha cabeça está doendo. – reclamei enquanto passava a mão na cabeça.

– Depois daquela queda… Tinha mais é que estar doendo. – Camila estava radiante.

– O que aconteceu comigo? – ainda estava meio grogue.

– Você levou uma queda feia. – Camila explicou – Estávamos indo para a escola e você tropeçou e machucou os joelhos.

– Eu… Ai minha cabeça… Acho que eu… – estava me lembrando – Eu acho que eu me lembro disso.

– Mas você se lembra do que aconteceu depois? – Camila estava muito feliz.

– O que? – perguntei.

– Não sei como, mas enquanto eu pedia ajuda você caiu e rolou estrada a baixo. – um rápido desespero tomou conta do rosto de Camila – Você se ralou toda e ainda bateu com a cabeça em um poste, saiu sangue e tudo.

– Poste? – estranhei, mas se tratando de mim, isso é realmente a minha cara.

– Você ficou quase duas semanas em coma depois disso. – ela parecia não gostar de lembrar – Fiquei muito preocupada, de certa forma eu era responsável por você.

– Responsável por mim? Você? – achei graça.

– Pode zoar o quanto quiser, hoje nada tira a minha felicidade! – ela me abraçou.

– Eu vou chamar uma enfermeira! – minha mãe parecia ainda não acreditar.

Assim que minha mãe saiu, Camila abriu um grande sorriso e me abraçou com mais força que o habitual.

– Assim você vai me quebrar toda! – disse sorrindo.

– Você tem certeza que foi só isso? – parecia que estava faltando algo.

Tentei força minha memória, mas não consegui. Forcei mais um pouco e minha cabeça começou a latejar. Não conseguia explicar, mas sabia que algo de muito importante precisava ser lembrado.

– O que foi? – Camila me olhou preocupada – Está sentindo alguma coisa?

– Não é nada! – sorri e tentei parecer bem.

A enfermeira chegou, me examinou e fez uma cara agradável de se olhar. Aparentemente estava tudo bem comigo, mas precisei ficar mais uma semana em observação.

Alguns amigos de escola me visitaram durante a semana, acompanhados dos meus professores. Antes de uma semana eu já estava fora daquele hospital. Havia recebido alta com três dias de observação, mas minha licença medica da escola ainda valia para mais quatro dias, o que para mim já era mais do que minha sorte costumava oferecer.

As minhas “férias” acabaram me custando um pouco caro quando descobri que havia perdido todas as provas do segundo semestre. Teria que refazer-las e ainda teria que me matar para estudar sobre coisas que eu ainda não havia aprendido. Sabia que meu azar não iria me deixar na mão.

Durante os dias em que estive em casa me senti em um livro que havia lido. Sempre que olhava pela janela do meu quarto me deparava com um rapaz me observando da janela. Não conseguia identificar seu rosto, mas não parecia com ninguém que eu conhecesse. Sempre que saia para ver, ele já havia sumido e isso me irritava de uma forma inexplicável.

No último dia das minhas férias particulares, encontrei um estranho livro debaixo do meu colchão. Era um livro grande, com umas letras estranhas e havia uma fechadura, como um diário, mas sem a chave para fecha-lo.

Na semana seguinte eu já estava de volta à escola. Pela primeira vez fui tratada com um pouco de respeito – confesso que exagerado – por toda a sala. Assim que entrei, todos da sala me receberam de pé e com aplausos exagerados. Será que eles sentiram tanto a minha falta?

No quadro negro estava escrito a seguinte frase “Beatriz, sua azarada mais sortuda do mundo!”. Contive o riso, mas no fundo havia achado tudo aquilo muito fofo.

– Obrigado a todos vocês! – sorri. – Sei que nem todos me amam tanto assim, mas estou emocionada de ver que, aparentemente, estavam torcendo por minha recuperação.

– Aparentemente não. Estávamos todos realmente torcendo por você! – meu professor de inglês me dava um abraço.

– Chegou a tempo de conhecer o aluno novo! – Camila gritou.

– Claro! – o professor de inglês dava um tapa na testa – Como pude me esquecer. Faz uma semana que chegou um novo aluno na escola. Ele já deve estar chegando. Perguntava muito por você, acho que já se conhecem!

– Desculpe a atraso. – uma voz masculina veio da porta. Eu sentia que já a conhecia, mas não sabia de onde.

– Ele chegou! – o professor de inglês o fez entrar.

Passei todas as aulas fitando aquele garoto. Era tão ruim saber que você conhece uma pessoa, mas não se lembrar da onde. Quanto mais eu o observava, mas eu sentia que deveria lembrar-me daquele garoto, ainda mais depois, quando um grande afeto surgiu em meu peito, como se algo além da amizade pudesse ter acontecido entre nós.

Tive uma rápida dúvida se não haveria acontecido comigo o mesmo que aconteceu com uma protagonista de um romance que assisti uma vez. Será que durante meu coma eu sai do meu corpo e encontrei aquele rapaz, que fez de tudo para eu voltar do coma, mas agora que voltei tudo o que vivi com ele havia sido esquecido? Ignorei esta idéia no ato. Era absurda demais.

A aula acabou e ainda não sabia de onde eu conhecia aquele garoto e nem o que poderia ter acontecido com nós dois. Eu já estava ficando de saco cheio de ter a sensação de que parte da minha vida foi apagada de minha memória.

Tive poucas oportunidades de conversar a sós com esse misterioso garoto, por isso assim que o vi saindo, fiz questão de correr atrás dele e descobrir de onde eu o conheço – isso é, se eu já o conhecia antes.

– Desculpe… – pus a mão em seu ombro.

– Sim? – ele se virou.

– Será que poderíamos conversar?

Fomos para o parque municipal. O parque era um jardim bem grande e havia muitos lugares que ficavam deserto por horas. Ficamos perto de um grande amontoado de árvores, que acabava dando a impressão de que era apenas uma grande árvore. Entramos no meio, escondendo-nos atrás dos troncos e – por algum motivo – isso me fez lembrar algo.

– O que você quer conversar comigo em um lugar tão isolado? – ele disse – Vão pensar que estamos fazendo coisas erradas!

– Tem algo em você que me intriga! – fui direta – Nós já nos conhecíamos?

– Você não está lembrada? – ele sorriu.

– Porcaria, nós já nos conheçamos! – comecei a andar de um lado para o outro.

– Calma, não fique nervosa! – ele segurava meus ombros.

– Por acaso nós… – estava com vergonha de dizer – Fomos namorados?

– O destino não quis assim. – ele olhou triste para o alto.

– Mas você quis… Namorar comigo, não quis? – perguntei ainda com vergonha.

– E ainda quero muito, se me fosse permitido! – ele segurou minha mão.

– Vamos com calma. – soltei minha mão. – Eu sinto que eu devo lembrar-me de você e de mais alguém…

– Não! – ele gritou – Lembre-se apenas de mim! Vamos deixar ele para trás, pelo menos enquanto eu estiver aqui.

– Então realmente há outra pessoa? – dizia para mim mesma – Mas eu deveria me lembrar. Beatriz, Beatriz… O que você andou aprontando menina?

– Você não precisa lembrar! – ele tornou a segurar minha mão – Podemos começar tudo de novo!

– Tudo… De… Novo?…

– Sim, vamos começar tudo de novo! – ele sorriu – Olá, meu nome é Nicardo e o seu?

2 comentários sobre “Eventyr – Último Capítulo (Parte 2)

  • O que dizer dessa segunda parte? Foi intragável. O autor economizou demais em reviravoltas e em coisas surpreendentes e isso é um fato. Não é porque, a trama terá uma segunda temporada que precisava enrolar tanto assim, né. Me decepcionei, o conteúdo foi muito vazio e raso. Houve alguns erros ortográficos e incomodou. Os diálogos continuaram bem elaborados e até melhores do que o da primeira parte, a entonação estava em perfeita sintonia com o texto. Esperando a segunda temporada para ver o que o autor fará para não deixar a peteca cair e nem a sinopse se desgastar, pois, aqui comprova que a trama já se desgastou demais. Felipe, espero mais na próxima hein, bjus. <3

    • Como eu já cheguei a comentar com outra pessoa no primeiro capítulo, Eventyr é uma trilogia de livros que escrevi em 2011 e essa segunda parte na realidade foi um epílogo. Não era intenção fazer algo grande, foi mais para explicação mesmo e dar o tom do próximo livro (ou segunda temporada).

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