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Eventyr

Eventyr – Capítulo 23 (Penúltimo Capítulo)

– Como assim presos? – Tales gritou.

– Estão todos presos por crime de sequestro! – um dos homens disse.

– Que sequestro? – Tales ria – Isso é pegadinha?

– Algemem todos! – o homem que estava na frente da porta ordenou.

– Esperem, eles… – Selena tentou falar.

– Desculpe-me princesa… – um dos homens pegava a Selena no colo.

– Princesa? – eu, Alexis, Neandro e Tales dissemos juntos.

– Soltem-me imediatamente! – Selena gritou. – Desculpem-me, mas eu menti para vocês.

– Quem você é? – Alexis perguntou.

– Eu sou Thalisa Rhodes Eemas Celedane de Zoira, princesa e única herdeira do reino de Zoira.

– Você está de brincadeira? – Tales ria um pouco debochado.

– Sinto dizer que não. – Nicardo respondia.

– Você já sabia disto? – Alexis perguntou. Nicardo fechou os olhos e assentiu. – Cretino, não contou nada por quê?

– Eu pedi! – Selena, ou melhor, Thalisa impediu que Nicardo e Alexis começassem uma briga – Eu não queria que vocês me entregassem a minha família.

– Você está fugida? – perguntei.

– Sim. – ela baixou a cabeça – Não dava para ficar naquele castelo.

– Mas você poderia ter contado. – disse.

– Viu? – Tales fitou um dos homens – Nós não sabíamos de nada, ela fugiu por livre e espontânea vontade.

– Mas as ordens são de que levemos a princesa e os sequestradores. – o homem que estava na frente d porta se aproximou – Desculpe, mas teremos que levar-los.

– Que injustiça! – Tales gritou – Sele… Princesa faça alguma coisa!

– Eu… Eu… Eu ordeno que os soltem agora! – Thalisa deu uma de Alexis.

– Desculpe-nos princesa, mas seguimos ordens superiores!

Os homens nos pegaram pelas costas e nos algemaram. Pegaram Selena – que agora era Thalisa – e a colocaram um uma carruagem. Nós fomos jogados em uma carroça, que estava do lado da grande carruagem.

– Não se preocupem – Thalisa gritou de dentro da carruagem – eu irei dar um jeito em tudo!

A carruagem saiu primeiro e nós partimos em seguida. Apesar de acreditar na promessa de Selena que não é mais Selena, eu estava preocupada com o que poderia nos acontecer.

Na carroça, desejei que alguém pudesse nos ajudar e queria que Epona e os outros cavalos pudessem nos seguir. Mas eles estavam presos e talvez nunca mais fossemos ver-los. Justo agora que estava começando a aprender a montar em cavalos.

– O que nos faremos agora? – Alexis perguntou.

– O jeito é esperar Sele… A Princesa Thalisa fazer alguma coisa para nos ajudar. – Neandro olhava as algemas.

– Quem diria? – Tales achava graça – E como o ditado diz: “Um dia da caça e outro do caçador”.

– O que você está falando? – Alexis perguntou.

– Nada. – Tales deu um sorriso torto.

– Que humilhação! – Alexis tentava tirar as algemas – Eu, o príncipe de Nebro, preso?!

– Deixe de bobeira! – Neandro gritou.

– Bobeira? – Alexis se irritou – Você diz isso por que não é mais um príncipe!

– Como assim? – Tales estranhou.

– Ele foi deserdado! – Alexis debochou – Escolheu o amor a família.

– Você faria o mesmo! – Neandro fez careta.

– Eu nuca desapontaria o meu pai! – Alexis ficou serio – Eu nunca deixaria coisas como essas atrapalhar o meu dever como herdeiro do trono.

– Queria ver se ele quisesse que você se casar-se com alguém que não ama. – Neandro deu um chute no pé de Alexis.

– Neandro, me conte essa história melhor! – cheguei um pouco mais perto – Qual é exatamente a história de você e a Lifa?

– Você realmente quer ouvir? – ele perguntou.

– Quero! – respondi fazendo uma careta.

– Foi há 10 anos. Estava tudo pronto para a minha apresentação ao povo de Nebro. – Neandro começou a contar e uma sensação de sonolência me invadiu.

“Não” uma voz ecoou em minha cabeça “Controle-se. Concentre-se”.

Eu sabia exatamente quem era. Eu estava começando a invadir as memórias de Neandro e nem havia percebido. Balancei rapidamente a cabeça e tentei ficar concentrada nas palavras de Neandro.

–… Eu não queria aquela vida – Neandro pareceu não reparar que estive fora de mim por alguns instantes – Eu sempre gostei disto aqui, destas aventuras, nunca gostei de viver aquela vida cheia de regras, costumes e compromissos. Mas foi por causa destas regras e compromissos que eu conheci a Lifa. Depois que eu completei a maior idade comecei a ser treinado para substituir o meu pai e comecei a resolver os problemas de pequenas causas.

– Foi então que ele estragou a vida dele – Alexis interrompeu.

– Nesta época eu já tinha plena consciência que aquilo não era para mim, só não tinha encontrado um motivo forte o suficiente para renunciar aquilo tudo. – Neandro ignorou completamente o que Alexis disse – Eu havia ficado tão impressionado com a beleza e a simpatia da Lifa que acabei convidando ela para voltar mais vezes ao castelo, mesmo com meu pai desaprovando nossa amizade.

– Coisa que eu nunca faria. – Alexis interrompeu e foi ignorado outra vez.

– Acabei me apaixonando pela Lifa e meu pai acabou notando e proibiu que a ela me visitasse. Eu, obviamente, não queria abrir mão dela e acabei fugindo, mas fui encontrado. Meu pai então fez um ultimato, eu deveria escolher entre a Lifa e os direitos como herdeiro do reino. Eu escolhi a Lifa e fui deserdado e rechaçado do castelo por um bom tempo.

– Mas vocês fizeram as pazes? – perguntei.

– Com o tempo acabei me tornando um grande marinheiro e não demorou muito para eu ser escalado para serviços relacionados com a família real. – Neandro achava graça – Minha herança e todos os meus direitos como herdeiro do trono foram passados para Alexis.

– Mas, acredite, eu preferia ser o segundo principal herdeiro a ter um irmão rechaçado da família. – Alexis fitava o chão – Não existe decepção maior.

– Exagerado! – Neandro sorriu.

Neandro parecia não ligar muito para as consequências de suas escolhas. Alexis parecia sentir muito mais remorso e arrependimento do que o próprio irmão e parecia ter medo de falar sobre o amor. Mas qual o motivo do medo?

Chegamos ao castelo de Koram. Poderíamos chamar-lo de “O Grande Castelo Vermelho”, já que o vermelho era a cor predominante ali, mas eles preferiam chamar de “O Castelo de Rubi”.

Era a segunda vez que entrava em um castelo como prisioneira. E o pior é que em ambas às vezes, eu era inocente. Desta vez eu contava com a ajuda de Thalisa – ainda não havia acostumado a chamar-la assim – e acredito que todos ali estavam esperando o mesmo.

Fomos postos em uma cela no subsolo do castelo. Era exatamente como eu imaginava que fosse: velho, sujo e úmido. As paredes eram todas de um cinza meio esverdeado e as barras de ferro – que antes pareciam amarelas – estavam enferrujadas. O piso não se sabia a cor, a sujeira de terra não deixava. O cheiro de esgoto era quase insuportável e as possíveis companhias também não melhoravam o local.

Por sorte, fomos todos postos em uma cela vazia e não precisamos “confraternizar” com os demais presos. Nossas armas e pertences foram levados para uma cabine de vidro e ficamos apenas com as roupas do corpo. Mais uma vez nossas malas ficaram perdidas, Junto com os cavalos e nossa única esperança era a Thalisa aparecer o mais rápido possível.

– Nunca imaginei que um dia estaria em um esgoto como esse. – Alexis sussurrava.

– Eu já estive dentro do estomago de um monstro. Isso aqui não é nada! – Neandro se lembrava deste fatídico episódio.

– Mas você não é o futuro herdeiro do trono de Nebro. – Alexis continuava sussurrando.

– Vocês não vão brigar agora? – tentei acalmar os dois.

– Não diga uma palavra! – Alexis gritou – Se estamos aqui é por sua culpa.

– Seu grosso, só estava tentando ajudar. – disse chateada – Não sei como eu pude pensar em me apaixonar por você um dia. Eu deveria estar muito louca. Deve ser esse mundo maluco que está me deixando assim.

– Então por que veio? – Alexis voltou a gritar.

– Queridinho, eu vim parar aqui contra a minha vontade. – alterei meu tom de voz.

– Mas de qualquer forma a culpa é sua. – Alexis tentou baixar o tom – Você quis ir contra a profecia.

– Não, não, não! – agora eu quem gritava – Você que quis ir atrás dos cristais.

Um silêncio tomou conta do local. Era estranho estar naquele lugar e acho que isso acabou mexendo com os nervos de todos nós. Tentei respirar fundo e me acalmar.

O silêncio continuou por alguns minutos. Estava chegando a ser constrangedor ver todos aqueles presos cochichando sobre a gente, mas não queríamos arrumar confusão. Pelo menos eu não queria.

– O Rei Célio? – me lembrei – Ele não pode fazer nada por nós?

– Ele pode tentar – Neandro começou a explicar – mas se insistirem em nos acusar de sequestro o meu pai estará de mãos atadas. Zoira é um dos reinos aliados, seremos acusados de traição.

Nicardo de repente fez uma expressão de quem havia tido uma grande ideia e fitou Alexis. Eles dois se entreolharam e Alexis fez uma cara estranha e depois olhou para Neandro e Tales, que assentiram alguma coisa – só não sabia o que.

– Vocês dois… – Nicardo tentou falar.

– Cale a sua boca seu ladrão traidor! – Alexis gritou. – Você não devia ter vindo junto conosco.

– Não comece a ser injusto! – Nicardo entrou na briga.

– Não venha me falar de justiça, seu animal! – Alexis socou o rosto de Nicardo.

O barulho do primeiro soco fez os outros presos delirarem. Nicardo balançou a cabeça e retribuiu o soco com um golpe na barriga. Alexis fez uma cara não muito bonita.

– Entendi! – Neandro estalou os dedos. – Ei, pare de bater no meu irmão. – Neandro pegou Nicardo pelas costas.

– Oba, briga! – Tales se levantou e entrou na briga.

Alexis devolveu o soco na barriga. Tales começou ajudar Nicardo. Eu estava assustada. Tales deu um chute em Neandro que caiu no chão. Alexis partiu para cima dele, mas foi parado por Nicardo. Neandro se levantou e atacou Tales, que desviou e o derrubou com uma rasteira.

– Gente, não precisa acabar assim! – tentei acalmar a situação.

– Não Beatriz, tem que acabar assim! – Alexis gritou.

– Ei, ei, ei! – um dos guardas veio em direção a nossa cela – Que baderna é essa?

– Cala a sua boca! – Alexis gritou.

– Falou comigo? – o guarda perguntou.

– Não, com a minha avó! – Alexis debochou da cara do guarda.

– Quero ver repetir isso! – o guarda se irritou.

– C-A-L-A A S-U-A B-O-C-A! – Alexis provocou – Entendeu ou quer que eu desenhe?

– Você está muito abusado. – o guarda gritou.

– Então quero ver você aqui – Alexis provocava – tenta nos separar. Quero ver se você é homem o bastante para isso.

– Só está piorando ainda mais a sua situação. – o guarda parecia não querer entrar na briga.

– Está com medo? – desta vez Nicardo que provocou.

– Moleques! – o guarda pegou a chave.

Assim que o guarda abriu a cela, Alexis e Nicardo deram um chute no rosto de guarda – um de cada lado. Só então percebi que tudo não passava de um plano. Os outros dois guardas que estavam de vigia começaram a atacar. Um partiu para cima de Neandro e o outro para cima de Tales.

Aproveitei que os guardas estavam distraídos e peguei o meu colar de rubi de volta. Agora eu podia fazer alguma coisa. Peguei as espadas de Nicardo e Alexis e joguei para os dois. Os guardas pegaram as espadas deles. Neandro ficou sem sua espada por que não consegui achar o seu colar e nem o seu anel, mas ele estava se dando bem apenas com os punhos.

Fiz duas bolas de água e joguei nos guardas, para poder distraí-los e Alexis e Nicardo entenderam na hora qual era a minha intenção e deram dois chutes nos guardas, fazendo-os baterem as cabeças.

Colocamos os dois guardas dentro da cela, junto com o outro. Todos estavam desacordados e os outros presos faziam festa com o show e gritavam para serem soltos. Saímos de lá antes que as coisas piorassem.

Escapamos por um tipo de “saída de emergência”, aos fundos e esbarramos com uma pessoa de capuz. Era Thalisa.

– Vocês conseguiram fugir? – Thalisa estava feliz.

– Demos o nosso jeito. – Alexis foi um pouco seco.

– Estava indo soltar vocês. – ela mostrava umas chaves – Tome, eles levaram isso para a sala do rei. – ela devolvia os cristais e as anotações – Quase fui pega, mas consegui recuperar os mais importantes.

– Meu colar e meu anel! – Neandro se animou quando os viu.

– Não levaram o colar da Beatriz por que não acreditavam que pudesse ter valor mágico. – Thalisa explicava.

– Sorte a minha então. – sorri.

– É melhor não perdermos tempo e correr para pegar o próximo cristal e dar um jeito de recuperar o cristal que desapareceu. – Neandro pegou os cristais e as anotações.

– Desculpem-me por não ter contado antes. – ela baixava a cabeça – Mas eu não podia me arriscar a voltar para aquele castelo.

– Mas por que estava fugindo? – perguntei.

– Meus pais… Os tão bondosos e generosos rei e rainha de Zoira, na verdade são uma farsa. – ela parecia desapontada – Descobri que ele são cúmplices de Leone. Eles também estão ajudando no golpe contra o Rei de Nebro. Eu não podia viver junto com pessoas assim.

– Que história! – Neandro estava impressionado.

– Quando Nicardo descobriu, ele insistiu muito para que eu contasse a vocês. – ela olhava para Alexis – Eu até pensei em contar, mas acabei deixando para depois e depois e acabou acontecendo isso.

– Mas o importante e que você veio nos ajudar, o que prova que você é realmente nossa aliada! – disse tentando animar-la.

– Todos contra Leone? – Neandro esticou o braço e estendeu a mão.

– Todos! – juntamos as mãos e jogamos para o alto.

– E então, para onde iremos? – perguntei.

– Deixe-me ver. – Neandro pegava as anotações.

– Acho que não será necessário! – Thalisa interrompeu – Eu vi o cristal no templo do castelo.

– E o que estamos esperando? – perguntei.

O templo do castelo era como aqueles templos japoneses. Havia dois incensos e pareciam ter sido acesos poucos minutos antes de chegarmos. Aparentemente não havia ninguém no templo. Assim que chegamos à primeira coisa que vimos foi o cristal.

– Ora, ora, ora! – uma voz grossa nos assustou – Vocês devem ser os encrenqueiros que estão empatando a minha vida.

– Não acredito! – Neandro se assustou.

– Pelo visto não estou errado – não sabíamos de onde a voz vinha – Príncipe Alexis, Ex-príncipe Neandro, o soldadinho e a criatura de Padja cujo nome não me recordo.

– Leone! – Nicardo quase cuspiu quando disse o nome dele. – Apareça covarde!

– Vejam se não é a Princesa Thalisa? – a voz gargalhou – Nem te reconheci. Então essa que restou é a famosa Mallory, a garota da profecia. Que patético. – um homem apareceu na nossa frente.

Era o mesmo homem de aparência sombria que havia visto na entrada do castelo de Zoira e a voz era a mesma voz que ouvi na visão que tive no castelo. Então era isso, agora as coisas começavam a se encaixar.

– Você é o Leone? – gritei.

– Eu acho que já te vi. – ele me fitou – Sim, estou lembrando! Você é a garota que vi em Zoira. Se soubesse naquela época que você era a Mallory… Ai, ai… Teria destruído você naquele mesmo instante.

– Maldito… – Nicardo se irritou.

– Calma garoto-pedra… Não se preocupe, sua irmã está sendo muito bem cuidada. – Leone ria – E você, ex-chefe de tropas, ainda não desistiu de querer me matar?

– Não zombe de mim seu infeliz! – Tales apertou o botão que se transformou em uma espada.

– Opa, opa – Leone continuava rindo – Não vamos partir para agressão. Thalisa, quando o seu pai me avisou que os guardas de Koram havia conseguido recuperar os cristais que vocês roubaram eu havia ficado em uma felicidade plena. Mas quando soube que ele havia convencido o rei de Koram a me dar o último cristal que restava, eu quase fiquei sem palavras. E agora, poder destruir todos vocês, ah… Isso não tem preço!

Leone fez aparecer um cetro e jogou um raio em Neandro. O raio atingiu o ombro de Neandro e o fez cair. Leone mexeu o cetro e fez com que os cristais saíssem flutuando para as suas mãos e depois fez o mesmo com o cristal do templo.

– Obrigado por me devolverem isso! – ele sorria e, do céu, aparecia um cavalo alado. – Agora eu vou indo!

– Você não vai para lugar nenhum! – gritei.

Não sei exatamente como fiz isso, mas um furacão de fogo e água caiu sobre Leone e seu cavalo alado. Ele se assustou, mas antes de ser atingido criou um tipo de barreira, pois o furacão se dissipou assim que bateu nele.

– Esperta! – Leone sorriu – E bem forte! Talvez eu tenha te subestimado, mas ainda é muito pouco para me derrubar. Treine mais, um dia você consegue.

Leone atirou um raio contra o céu e abriu um grande buraco. Ele entrou e o buraco se fechou e sumiu completamente. Sentíamos todos fracassados.

– E agora? – Thalisa estava ajoelhada no chão – O que faremos?

– Ele deve ter ido para o ponto onde devemos juntar os cristais. – Neandro falou.

– E onde seria? – perguntei.

– O único lugar de Monterra que ainda não fomos… – Neandro olhava para os outros – O Deserto de Kaahfes.

– Mas como chegaremos lá? – Nicardo perguntou.

– Vamos nos preocupar em sair daqui primeiro, depois pensamos nestes detalhes! – Tales apontava para guardas que estava chegando ao local.

Nesta hora já deviam ter descoberto que fugimos e já deviam estar vários guardas atrás de todos nós.

Nos escondemos no templo enquanto o guarda passava por nós. Eram exatamente seis guardas. Nicardo deu uma ideia que só havia visto em filmes, mas que parecia ser bem divertida.

De mansinho, saímos do templo e atacamos os guardas. Acho que eles não estavam preparados para combater pessoas como nós, por isso não foi muito difícil vencer-los. Pegamos as armaduras e vestimos. A minha e a da Thalisa ficaram um pouco grandes, mas não dava para perceber se passássemos rápido entre os outros guardas.

Seguimos pelo jardim e tentamos ser o mais natural possível. Se mais guardas se juntasse a briga, talvez fosse mais difícil de derrotar-los e agora não adiantaria forjar outra briga caso fossemos presos outra vez.

– Vocês encontraram algum deles? – um guarda perguntou a Neandro.

– Hã… Não! – Neandro ficou um pouco nervoso, mas o guarda não reparou.

– Vamos continuar a procurar nesta área? – o guarda estava sugerindo um trabalho em grupo?

– Bem… Hã… Acho que não será necessário. – Neandro parecia muito nervoso. Temia que o guarda reparasse – Nós já… Nós já procuramos por toda essa área, acho que poderá seguir sozinho apenas para confirmar.

– Se prefere assim… – o guarda saiu.

Passamos pelo jardim e depois saímos pelo portão principal e tivemos uma agradável surpresa. Epona e os outros cavalos estavam ali, nos esperando – e com as nossas malas de volta.

– Como eles vieram parar aqui? – Alexis perguntou.

– Isso não importa. – Tales tirava a armadura e montava no cavalo – O que importa e que eles estão aqui!

Tiramos as armaduras e seguimos com os cavalos para longe do castelo. Não definimos nenhuma direção, apenas queríamos ficar o mais afastado que nos fosse possível.

– Eu só não entendi uma coisa. – Thalassa chegou Epona para perto do cavalo dele e de Nicardo – Você já foi chefe de tropas, Tales?

– Bem… Isso é uma longa história. – ele suspirou – Eu era chefe das tropas de Monaya. Fiquei vários anos sendo considerado um dos melhores e, modéstia parte, eu realmente fui. Mas então apareceu Leone. – sua voz mudou – Ele disse que os homens de Monaya eram os mais fortes que ele já tinha conhecido e nos ofereceu milhões em crímatos e me prometeu mais poder e prestigio se traíssemos Monaya e o ajudasse no golpe contra Nebro.

– E o que você fez? – Thalisa perguntou.

– Eu recusei! – ele ficou triste – Mas acabei tendo que ceder.

– Como assim? – perguntei.

– Nesta época eu estava noivo. – seu olhar se entristeceu – Iria me casar em 2 meses. Estava tudo perfeito, até que Leone sequestrou a minha noiva e começou a me chantagear. Ele disse… Ele disse… Ele disse que a mataria se não o ajudasse e acabei sendo obrigado a fazer o que ele queria.

– Mas o que aconteceu com a sua noiva? – Thalisa perguntou.

– Depois que cumpri a minha parte no trato, chegou à vez de Leone cumprir a dele. Mas ele não fez o que havia prometido.

– E o que foi que ele fez? – perguntei.

– Ele abriu um redemoinho no mar e a jogou no fundo do oceano. – ele respirou fundo – Procurei durantes meses por ela, mas não adiantava, ela estava morta.

– Não acredito que convivemos com uma pessoa tão monstruosa assim durante tanto tempo. – Neandro parecia horrorizado.

– Desde então jurei a mim mesmo que mataria Leone, mesmo que isso custasse a minha vida. – Tales fechou os olhos.

– Então não devemos mesmo deixar que essa história acabe assim. – eu estava indignada – Vamos para Kaahfes e vamos destruir Leone!

– Mas como chegaremos até lá? – Thalisa perguntou.

– O que é aquilo? – Alexis apontou para um grande campo verde.

– Parece um balão! – Neandro olhava para a direção que Alexis apontou – É um balão!

– Acho que acabei de ter uma ideia! – Tales estava com uma expressão maliciosa no rosto.

Tales correu com o cavalo até o balão. Ele retirou algo que estava escondido atrás de seus cabelos.

O balão estava sendo preparado para subir e havia apenas um homem que parecia estar prestes a sair do balão para conferir algo.

– Ei, você! – Tales desceu do cavalo. – Nos de o seu balão!

– O que? – o homem se assustou.

– É um caso de urgência! – Tales se aproximou do homem. Descemos dos cavalos.

– Mas eu não posso… Ei, o que está fazendo? – o homem se assustou quando viu Tales entrando no balão.

– Venham todos! – Tales ordenava.

– O que você está querendo aprontar? – Neandro perguntou.

– Apenas entrem! – ele gritou.

– Espere o que estão fazendo? – o homem estava completamente perdido. Entramos no balão.

– Desculpe por isso senhor! – Tales parecia constrangido.

Tales deu um soco na cara do homem e o jogou para fora do balão. O homem não ficou desacordado, mas muito nervoso e começou a gritar nos xingando.

– Desculpe! – Tales fez o balão começar a subir e jogou o saquinho que estava escondido em sua camisa para o homem – Devolveremos seu balão. Cuide dos cavalos para nós!

– Você é louco? – Neandro perguntou.

– Neandro, meu amigo. – Tales continuava fazendo o balão subir – Casos de urgência exigem medidas desesperadas!

– Mas isso é loucura! – Neandro gritou.

– Mas é uma loucura que irá nos levar até Kaahfes! – Tales se desequilibrou.

– Cuidado! – Alexis gritou.

– O que era aquilo que você jogou para o pobre homem? – Thalisa perguntou.

– Aquilo?… – ele sorriu.

– O saquinho? – Thalisa perguntou de novo – O que tinha ali dentro?

– Bem… Ali tinha algumas pedras preciosas que encontrei durante a minha busca por Leone. – ele sorriu – Sabia que um dia elas seriam úteis!

– Mas como você conseguiu passar com elas sem que os guardas reparassem? – Neandro estava surpreso.

– Com os anos acabei aprendendo a usar o meu cabelo ao meu favor. – ele sorriu.

– Mas mudando de assunto… – olhei para baixo e quase tive uma vertigem – Esse balão não está subindo demais não?

– Tales?… – Neandro olhou torto para ele.

– O que foi? – Tales perguntou.

– Você sabe como manusear um balão? – Neandro perguntou.

– Não. – ele olhou assustado – Ninguém sabe dirigir um balão?

– E agora? – Alexis perguntou e ele mesmo respondeu. – Estamos perdidos!

3 comentários sobre “Eventyr – Capítulo 23 (Penúltimo Capítulo)

  • Que capítulo maravilhoso! Me sinto lisonjeado em ler algo de tanta proporção dramaturgica como isso. Os diálogos estão em plena sintonia com a entonação da trama e isso é um mérito seu, Felipe Reino. Devo citar que há imperfeições na dinamica da trama, mas nada que impeça o bom desenvolvimento da trama. Erros ortográficos são visivéis e tem que ser corrigidos, pois, incomoda um autor mais exigente e tiram o prestigio da trama. Os ganchos do final de cada capítulo é uma “tacada de mestre´´ ao qual, você soube usar de bom grado. A trama está acabando e espero que haja uma nova temporada, pois, a trama é ótima e se souberes aproveitá-la, arrecadarás muito ainda com essa obra. Fico feliz que tenha escrito a web, sem barriga alguma e com reviravoltas surpreendes e inesperadas, o que fisgou os leitores e trouxe o prestigio. Parabéns à você, querido.

    • Muito obrigado pelos elogios, Samuel. Fico feliz em saber que essa história, que é tão especial para mim, tenha agradado. E pode esperar sim pela segunda temporada (que já está toda escrita).

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