Séries de Web
Eventyr

Eventyr – Capítulo 14

Chegamos em Padja no final da tarde, mas o sol ainda estava forte, apesar do dia não estar mais tão claro.

A cidade de Padja era bem diferente das cidades de Nebro e Cecia. Havia um toque diferente, algo sedutor, um clima mais quente. A cidade parecia emanar um híbrido de mistério e sensualidade.

As casas da cidade eram todas feitas de tijolos de barro, os telhados eram feitos de um tipo estranho de palha, que parecia bem resistente. Algumas paredes haviam desenhos cheios de formas e cores, me fez lembrar desenhos celtas.

A entrada da cidade tinha um grande chão de madeira, que cobria um pouco além dos portões. O resto do chão da cidade era feito de grandes pedras cinza.

As pessoas se vestiam feito ciganos, com roupas largas e cheias de cores. As mulheres vestiam blusas com grandes decotes e calças largas, que às vezes poderiam ser confundidas com grandes saias. Os homens se vestiam com roupas largas. Blusas sem manga com um corte que deixava parte do torso à mostra, calças que batiam no joelho e chinelos de dedo.

Algumas mulheres apareciam carregando jarros d’água na cabeça, enquanto homens carregavam caixas e pedaços de madeira. As crianças brincavam com peões e um tipo de roda que eles empurravam com uma vara. Não havia muitas pessoas de fora, a maioria eram padjianos, notava-se pelas peles avermelhadas e a aparência bruta dos homens. As mulheres eram mais delicadas e a pele era levemente mais clara e se pareciam mais com seres humanos, se não fosse por pequenas rachaduras que tinham no braço, típicas de uma pedra.

– Já está anoitecendo, temos que agiliza as obras da praça! – ouvi um homem que passava por nós junto com outro homem, ambos levavam toras imensas de madeira nas mãos como se fossem pequenos galhos.

– Desculpe… – Nicardo parou um dos homens – A praça está em reformas? Ela já não havia ganhado uma não tem nem dez meses.

– Sim, ela havia sido reformada – um dos homens respondeu – Mas um sujeitinho apareceu aqui e destruiu toda a nossa praça.

– Sujeito? – Nicardo estranhou.

– Sim, há duas semanas! – o outro homem continuou – Você não estava por aqui?

– Não… Eu estava em Nebro! – Nicardo parecia decepcionado com a notícia. – Mas vocês não sabem quem era… O nome desse sujeito?

– Você se lembra Denie? – eles se entreolharam.

– Acho que era Lemonte –Denie coçou a cabeça.

– Que Lemonte nada! – o outro contestou – Era Leoce… Não, não… Leone! Isso mesmo, ele se anunciava como Leone!

– Leone… – Neandro sussurrou. – Mas o que ele estava fazendo aqui?

– Ele dizia querer a nossa ajuda para destruir Nebro. – os homens começaram a explicar – Ele chegou a ter uma reunião com o Rei Sólon e a Rainha Dulce, mas eles se recusaram a ajudar.

– Foi então que ele destruiu a praça, de vingança! – Denie completou.

Fomos até a praça. As únicas estruturas que continuavam de pé eram duas estátuas marrons que pareciam dois ursos, um poste com jarros em cima e bandeirinhas rodeado toda a praça – me fez lembrar festas juninas – e no centro um grande objeto em forma de circulo, com vários traços coloridos.

– Mas o que fizeram… – achei que Nicardo iria chorar.

– O pior é que faltam apenas 10 dias para a Festa do Sol. – Denie juntou as duas mãos como se fizesse uma prece – Não sei se terminaremos a praça a tempo.

– Nossa! – Nicardo deu um pulo – Realmente… Eu quase havia me esquecido!

– O que é a Festa do Sol? – perguntei imaginado que fosse um evento muito importante para Padja. E era.

– A Festa do Sol é o dia mais importante para qualquer padjiano. – Nicardo começou a explicar – Foi há 500 anos, antes de Esileu II tomar posse de Padja após a morte do pai. O nosso reino passava por dias de muita chuva. Foram 10 longos anos de chuva e nada de sol. Foram anos de tristeza. Varias plantações estavam arruinadas, comércios destruídos, padjianos ficaram desabrigados e muitos acabavam morrendo quando não achavam um lugar para se abrigar da chuva.

– Minha nossa! – estava realmente muito surpresa – 10 anos de chuva! Não parava nunca?

– Nunca. – ele baixou a cabeça – Mas então, certo dia, a chuva parou e o sol finalmente apareceu. Os padjianos ficaram tão felizes, que criaram o dia do sol para comemorar o dia em que o sol finalmente apareceu.

– Desde então, somos o único reino do continente sul a ter o clima quente do continente norte. Por isso todo final de verão, fazemos a Festa do Sol, comemorando mais um ano em que o sol apareceu em Padja – Denie terminou de explicar. – Nosso povo vem fazendo essa comemoração há anos, já é uma tradição.

– Não ter a Festa do Sol no fim de verão e quase como não ter a festa de ano novo no fim do ano. – Nicardo deu alguns passos a frente.

Ficamos alguns minutos calados, olhando uns para os outros. Os dois homens então se lembraram do que estavam fazendo e se despediram, levando as grandes toras de madeira para um grupo de carpinteiro que ajeitavam uma barraca.

– Acho melhor irmos andando! – Nicardo quebrou o silêncio – Vamos, eu conheço um ótimo albergue por aqui. São de uns conhecidos meus que me devem uns favores.

Alexis fez uma cara tão estranha quando ouvi a palavra “albergue”, que nem sei se conseguiria descrever direito. Era uma mistura de terror com nojo, ou pavor com indignação ou surpresa com descrença ou ainda tudo isso junto e um pouco mais.

O albergue era uma longa – e bota longa nisso – casa marrom de telhado de madeira. A príncipio parecia um grande tronco de uma árvore gigante caído no chão, depois e que você vai notando as formas.

Ele tinha uma porta enorme e varias janelas. Pelas janelas já víamos que tinha dois andares. Não era bem a imagem que eu tinha de um albergue, mas apesar de todo o exagero do tamanho, tudo parecia bem simples.

Dentro era absolutamente tudo feito de madeira e pedras. Os balcões, as mesas, as cadeiras ou sofás, até as maçanetas eram de madeira ou pedra – esperava que pelo menos os travesseiros fossem feitos de algo fofo e macio.

– Nicardo! – uma voz estridente veio da escada, à esquerda.

Era uma senhora gorda, com um lenço roxo amarrado na cabeça, um avental amarelo na cintura e um pano de prato nas mãos. Seu rosto era cheio de rugas e havia uma pequena pinta do lado direito da boca. Usava um batom vermelho extremamente chamativo e seu pescoço deveria ter no mínimo 5 colares, seus braços estavam repletos de pulseiras e apenas a orelha mantinha um único acessório: um par de longos brincos de argolas.

– Elma. – Nicardo pareceu não muito feliz em ver a tal de “Elma”.

– O que está fazendo aqui? – ela sorriu – Não me diga que veio atrás da Layla?

– Não – Nicardo parecia sem jeito e quase sem paciência – Eu não vim atrás da sua filha. A senhora não desiste?

– Eu só irei sossegar quando ver a minha Layla casada com você Nicardo! – a Elma deu um largo sorriso e pude reparar que seus dentes de trás eram todos de ouro.

– Estou precisando de um lugar para ficar essa noite. – Nicardo parecia estar querendo cortar de vez qualquer tipo de conversa – Eu e os meus amigos aqui. Se puder ser em quartos separados ficaríamos muito felizes!

Ela nos olhou de cima a baixo e fez cara de desdém quando me viu. Talvez ela não gostasse da ideia de outra garota ou lado do seu futuro “genro”. Sorri para parecer simpática, mas acho que ela entendeu errado e virou a cara para mim.

– E… Sim… Acho que posso ter alguma coisa para vocês. – ela disse sem entusiasmo.

– Levinda! – Elma gritou.

– Me chamou senhora? – Levinda atendeu com um largo sorriso. – Leve esses moços para os quartos 1405, 1406, 1407 e essa mocinha… Deixe-a no 1408.

– Assim faltara apenas 8 quartos para lotarmos o albergue e fechar a meta do mês! – Levinda respondeu sorridente.

– Não sua burra! – Elma gritou – Eles estão aqui como convidados. Não são clientes.

– Desculpe senhora. Eu só achei…

– Pois achou errado! – Elma só faltou cuspir na cara da pobre moça. – Agora suba rápido com as… Sem bagagem?

– Isso é uma longa história! – todos nós rimos, mas Elma e Levinda pareceram não entender.

– Que seja – Elma fez um gesto de desdém com a mão – Leve-os até os quartos.

– Sim senhora! – Levinda fez um sinal com a mão para que subissemos – Por favor, por aqui.

Senti-me muito mal por aquela garota. Teria ela feito alguma coisa para essa Elma? Será que ela realmente merecia esse tipo de tratamento?

Cheguei à conclusão de que a Elma é que era uma nojenta. Isso era visível no seu tom de voz, no seu olhar, até mesmo no jeito como enxugou as mãos com o pano de prato.

– Ela sempre foi assim? – perguntei enquanto subíamos as escadas.

– Desculpe? – Levinda pareceu realmente não entender.

– Essa Elma – expliquei – Ela sempre foi assim tão… Nojenta?

Levinda me olhou com uma cara assustada. Olhou para os lados e o dedo indicador na frente da boca, mas não fez o shiiii esperado. Ela respirou fundo e pegou, disfarçadamente, um caderno e uma caneta que estavam no bolso do seu vestido.

– Não fale assim da grande Elma! – Levinda começou a escrever no papel. Fazia o máximo para não emitir barulhos – A senhora Elma é uma excelente pessoa sabia?

Ela me entregou um bloquinho e novamente colocou o dedo indicador na frente da boca, sem emitir barulhos.

Muito cuidado com o que falam!

Essas paredes têm ouvidos (de verdade).

Tudo o que disserem passam pelos ouvidos das paredes e vai direto para os ouvidos de Elma.

Por favor, tomem muito cuidado!

Passei o bloco para Alexis que quase deu um berro, mas se segurou e depois devolvi o bloco para Levinda.

– Os quartos são esses! – ela guardava com muito cuidado o bloco e a caneta no bolso. – Tenham uma boa noite! – ele entregou as chaves dos quartos.

“Vamos tentar não falar sobre o nosso real motivo de estarmos aqui”. Nicardo estava passando uma mensagem por telepatia. “Não vamos falar absolutamente nada sobre os cristais ou sobre a Mallory, combinado?” Todos nós assentimos e cada um entrou em seu quarto.

Definitivamente aquilo não era o que eu esperava de um albergue. O quarto era um 5 estrelas. Era tão incrível quanto o quarto em que estive no castelo de Nebro. Tinha uma imensa cama com um colchão tão macio que poderia me perder dentro dele, um guarda roupa enorme e um espelho tão grande quanto o guarda roupa. Havia um banheiro e uma banheira, estava um verdadeiro quarto dos sonhos.

– Posso entrar? – ouvi a voz de Nicardo.

– Sim! – não queria sair de cima da cama.

– As coisas mudaram muito desde a última vez em que estive por aqui. – Nicardo reparava no quarto – Parece que a senhora Elma está tendo muita sorte nos negócios!

– Quando você disse albergue, juro que esperava uma pequena casa e que iríamos dormir em beliches, todos no mesmo quarto! – sorri.

– Pelo jeito isso aqui não é mais o velho albergue que conheci. – Nicardo abriu uma longa cortina que revelou uma porta para uma varanda – A senhora Elma finalmente realizou o sonho dela e abriu um hotel.

Fomos até a varanda e sentamos nas cadeiras que estavam ali. Eram três, uma ficou de fora. Novamente eu estava vendo as três lindas luas de Monterra. Nunca imaginei um dia ter aquele tipo de visão e se teria uma coisa que eu nunca me esqueceria dessa experiência, com certeza seria essas luas.

– O que você fez? – perguntei.

– Como?

– Você disse que eles lhe deviam uns favores – fitei uma das luas – O que você fez?

– Será que poderíamos deixar esse assunto para depois? – ele ficou triste.

– Por quê? – estava curiosa.

– Não tenho boas recordações dessa época. – ele baixou a cabeça e ficou olhando o chão.

– Hã… Ah, sim… Tudo bem… Arg… – não sabia o que dizer.

– Beatriz? – era a voz de Alexis.

– Pode entrar! – respondi sem sair da varanda.

– Eu estava pensando que… O que ele está fazendo no seu quarto? – Alexis se assustou.

– Acredito que o mesmo que você veio fazer! – sorri.

– E o que exatamente eu vim fazer aqui? – ele estava vermelho.

– Oras, eu que vou saber. Eu apenas espero que seja o mesmo que Nicardo! – brinquei.

– E o que o Nicardo está fazendo aqui? – Alexis deixou a voz um pouco rouca e falou entre os dentes. Estava se segurando.

– Ele veio conversar comigo! – sorri novamente – Não foi isso que você veio fazer aqui?

– Foi! – ele ficou ainda mais vermelho – Mas esperava que você estivesse sozinha!

– E você tinha algum segredo para me dizer? – comecei a implicar.

– Não! – ele falou um pouco alto.

– Então pode dizer! – apontei para a cadeira – A menos que você tivesse segundas intenções embutidas nessa sua “conversa”. Por acaso você iria tentar me atacar?

– Pare com isso! – Alexis estava realmente vermelho. – Eu só não esperava que ele estivesse aqui!

– Alexis… Achei que já tivesse superado esse ciúme bobo! – levantei-me e fui para perto dele.

– Não é ciúmes! – ele gritou.

– Ahã…Sei. – dei dois tapinhas nas costas dele.

– Eu… Sua… Arg, eu desisto! – Ele estava quase saído do quarto quando o parei.

– Espere! – fiquei seria – Desculpe, eu só estava brincando. Sente-se aqui.

Ele se acalmou e sentou. Novamente ele ficou entre eu e Nicardo. Ele poderia até dizer que não era ciúmes, mas qualquer um sabia exatamente o que era. E eu estava muito feliz por isso – mas não demonstrava. Comecei a acreditar que Nicardo tinha razão, Alexis estava apaixonado por mim, só não sabia.

– O que você queria conversar comigo? – perguntei.

– Nada de importante – ele se ajeitou na cadeira – Eu apenas queria conversar. O que vocês estavam conversando?

– Até agora nada! – rimos – Estávamos apenas jogando conversa fora, falando da noite e do albergue/hotel.

– Juro que pensei que encontraria uma pequena casa e que iríamos dormir em beliches, todos no mesmo quarto! – ele entrou na conversa. Eu e Nicardo rimos.

– Como eu estava dizendo… Elma está com muita sorte. – Nicardo sorriu – Gostaria de saber o que ela fez para conseguir tudo isso.

– Acho que deve ter trabalhado duro! – puxei um pouco o saco da bruxa. Já que ela estava ouvindo.

– Talvez… – Nicardo olhou desconfiado.

Ficamos conversando o resto da noite sobre as coisas mais inúteis que pudemos lembrar. Conversamos sobre o albergue/hotel, comparando com o hotel que ficamos em Cecia, conversamos sobre Neandro estar dormindo que nem uma pedra no quarto dele, conversamos sobre como estava caro as coisas em Nebro… Até sobre qual das três luas era mais bonita nós conversamos. Foi uma noite agradável. Pude sentir um pouco mais próxima de Alexis e ele parecia um pouco mais próximo de mim. Isso era muito bom.

Quando fui dormir tive um sonho muito estranho. Um sonho muito estranho e muito apavorante.

Eu estava no meio de um deserto. Para onde eu olhasse só encontrava montanhas e areia. Olhei para o chão, poucos metros de grama estavam ao meu redor, o resto era um chão seco, árido.

Olhei para frente e vi um homem alto. Não consegui ver seu rosto, mas podia sentir algo de muito sombrio nele. Houve uma luta, mas ela correu rápido demais, como se estivessem acelerando o meu sonho e seguindo direto para o final. O aterrorizante final. Um enorme cometa, em chamas alaranjadas, caia sobre o deserto e dissipava fogo por todo o lado.

Acordei aterrorizada, suando e provavelmente branca de pavor. Não conseguia entender exatamente o que havia sido aquele sonho e esperava não ter-lo novamente. Foi um verdadeiro pesadelo, daqueles que te deixam com medo da própria sombra. Mas o pior foi a sensação que ficou depois que acordei, era como se aquilo não fosse apenas um sonho, mas realidade – ou uma possível realidade. Tentei dormi, mas não consegui, o sonho não me saia da cabeça.

“Essa é uma decisão sua!” Uma voz tão forte quanto a de um trovão ecoou em meu quarto. Eu já a ouvira antes. Em outro sonho.

– Quem está falando? – perguntei. Notei que não estava no quarto do albergue/hotel, mas no quarto onde dormia na casa de Neandro e Lifa.

Você será a única responsável pelo destino de Monterra. A voz me amedrontava. Você já tomou a decisão, você irá destruir toda Monterra.

– Por favor, quem está falando? – fiquei apavorada.

– Será que eu posso saber quem está falando? – levantei da cama.

De repente, como da outra vez, o lobo apareceu para mim. O imenso lobo que havia visto na casa de Lifa e que apareceu em meu sonho na mesma noite. O apavorante lobo com chamas nos olhos.

Acordei assustada, mas desta vez eu parecia estar ainda mais apavorada. Abri os olhos e me deparei com um teto cinza e paredes de tijolo roxo. Eu estava em um tipo de sala especial, várias pessoas estavam a minha volta. Pessoas vestidas com longas capas pretas. Não via seus rostos, apenas um buraco negros e grandes orbitais verdes com uma bola branca girando para vários lados.

Levantei-me e vi que havia um espelho. Olhei minha imagem refletida e dei um grito surdo. A imagem que via refletida no espelho era do meu corpo, mas não era a minha imagem que estava lá.

A imagem que via refletida era de uma mulher com longos cabelos loiros, um longo vestido rosa claro, com detalhes em branco. Ela usava o colar de chave igual ao meu e parecia desesperada.

– Salve-me, salve-me! – apenas o reflexo que dizia. – Eu estou morrendo, se não chegarem logo, pode ser tarde demais!

– Quem é você? – perguntei – É Mallory?

– Não! – ela respondeu – Você é a Mallory!

– Então quem é você? – perguntei novamente. – Onde você está?

– Eu… – ela olhou assustada para o lado. Um barulho de porta bateu saiu do espelho – Não posso mais falar!

Acordei novamente. Estava muito, mas muito assustada. Fiquei um pouco receosa de me aliviar por ter acordado e me deparar com outro sonho. Eu estava com muito medo, queria a todo custo esquecer tudo o que havia visto aquela noite, mas tem coisas que nós não podemos esquecer. E eu sentia que aquilo era muito mais que um sonho, era uma premonição, um aviso e que eu realmente tinha o destino de Monterra em minhas mãos. Isso era muito ruim.

Deixe um comentário

Séries de Web