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Eu e Ana

Eu e Ana – Capítulo 04

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Link da abertura: https://www.youtube.com/watch?v=NTL_OnIFtqY

Ana: Dona Hortênsia! Entre! Ainda não pude começar seu vestido, pois estou meio doente e, sabe,  talvez eu esteja…

Hortênsia: E nem vai fazer…

Ana: Como?

Hortênsia: Nunca mais vou encomendar nada com você, sua ladra. Então achou que não seria descoberta, não é mesmo?

Ana: Eu não sei do que está falando!

Hortênsia: Pois eu sei muito bem. Não só eu, como a cidade toda. E tenha a certeza, que ninguém mais vai encomendar seus serviços, Ana Fernandes. Ninguém, sua Larápia!

(Hortênsia sai e fecha a porta. O telefone toca. Ana atende.)

Ana: Alô.

Adelia: Sou eu de novo.

Ana: Será que não cansa de me prejudicar?

Adelia: Então a Hortênsia já foi aí!

Ana: O que você quer?

Adelia: Sabe muito bem: ser mãe.

Ana: Minhas filhas não são mercadoria.

Adelia: Você tem três filhos e eu não tenho nenhum. Um a menos a você não faria falta.

Ana: Faria sim. Por que, ao contrário de você, eu sou mãe.

Adelia: Não esqueça, eu tenho poder pra destruir a sua vida se não me entregar a criança. Poupe-se esse sofrimento.

Ana: Não me importa o que fará comigo, mas nas minhas filhas você não vai tocar.

(Ana desliga o telefone)

Adelia: Veremos se não.

(Casa de Ana. Joaquim e o padre chegam.)

Ana (desanimada): E aí, alguma novidade?

Joaquim: Sim, amor. O sr. Filipe Souto Maior, amigo do padre vai me dar um emprego em Lunada.

Ana (indiferente): Que bom.

Joaquim: Ei, Ana, o que aconteceu?

Ana: Nada. Eu vou pro meu quarto.

Joaquim: Você não quer que eu vá, é isso?

Ana: Você tem que trabalhar e eu não posso impedir. Faça o que tem que fazer e terá o meu apoio.

(Ana vai para o quarto)

Joaquim: O que deu nela, padre?

Padre José Maria: Deixa. Ela tem que ficar sozinha.

(No quarto, Ana lembra das ameaças de Adelia:)

Adelia: Lembre-se bem: posso fazer coisa muito pior se você não for boazinha comigo. O seu marido não vai encontrar emprego em lugar algum, a menos que você me entregue a menina. Tenho poder pra destruir a sua vida se não me entregar a criança. Poupe-se esse sofrimento. Escolha, Ana Fernandes: este assunto está agora em suas mãos. Escolha, Escolha!

(Ana desperta)

Ana: Ela quer nos fazer mal. Meu Deus, o que eu faço?

(Na casa de Adelia:)

Adelia: Então isso foi tudo que você descobriu, Silas?

Silas: Sim, senhora.

Adelia: É suficiente. E lembre-se: sua recompensa será alta.

Silas: Agradeço. Com licença.

(Silas sai, Adelia pensa:)

Adelia: De maneira que o maridinho vai para Lunada. Vou providenciar para que nunca volte.

(Dias depois, na rodoviária, Ana se despede do marido)

Ana: Se cuida.

Joaquim: Cuida bem das princesas, e não esquece: eu vou vir pegar vocês pra morarmos juntos em Lunada.

Ana: Eu vou ficar esperando.

(Os dois se beijam. Joaquim sobe no ônibus e vai embora. Ana se vira e atrás dela está Adélia)

Adelia: Eu me atrasei?

Ana: O que faz aqui?

Adelia: Vim me despedir pessoalmente do Joaquim. Mas, que pena, ele já foi. O pai da minha filhinha já foi embora para Lunada, não foi, Ana?

Augusto Freire

Em uma palavra: Um sonhador. Aqueles que querem saber mais de mim, leiam minhas webs. Muito dos meus personagens é baseado em mim mesmo, em cada face que eu sei que tenho neste teatro que é a vida e que temos por missão de explorar e trabalhá-los pouco a pouco.

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