Entrevista com Felipe Reino: “Não queria dividir a web em temporadas, mas fui obrigado”
Entrevista realizada por Rodrigo Gomes.
- Recentemente você escreveu a web “A Ilha”, que foi muito bem avaliada pela crítica (aonde ficou com média final de 8,34). Avaliando a web do começo ao fim, e sendo sincero consigo mesmo, você acha que pecou em algum ponto ou tudo saiu como manda o figurino?
Para ser honesto eu fiquei bem surpreso com essa avaliação. Muita coisa não saiu como deveria. Criei “A Ilha” para ser um conto de comedia romântica (coisa que fica bem exposta nos primeiros capítulos), mas depois, enquanto elaborava o roteiro, a história foi crescendo e seguindo para o mistério e aventura. Acho que pequei na parte mais importante da web: o final. Infelizmente o meu tempo não foi favorável para criar o final que eu queria.
- Como os leitores puderam perceber, “A Ilha” é contada em primeira pessoa, e não há separação de cenas. Acha este um método fácil? E sob o ponto de vista do leitor, acha que este tipo de narrativa agrada, ou teria sido este um dos pontos fracos da web?
Como disse na pergunta anterior, criei “A Ilha” para ser um conto e por isso as diferenças. Como a equipe do Portal deu a liberdade de publicar a web no formato que quisesse, resolvi permanecer com os capítulos originais. Mas cheguei a reescrever algumas cenas no estilo tradicional de webs. Dizer se foi ou não um ponto fraco é difícil. Eu sou apaixonado por narrativas em primeira pessoa, mas conheço muita gente que não tem tanto apreço. Acho que vai depender do leitor.
- Ao escrever uma web, sempre há algo que taxamos como inesquecível, aquilo que fará o leitor se lembrar da mesma apenas por aquele acontecimento e/ou personagem. Para você, o que e/ou quem mais marcou em sua web?
Tentei fazer de tudo para que o Savite fosse um personagem emblemático. Cada detalhe deste personagem foi escrito para ser marcante: sua aparição, seus trajes, a máscara, a tribo… Se tenho que eleger algo marcante na web, sem dúvida é o Savite.
- O retorno de Lila no final da web, foi um ótimo gancho para a segunda temporada (que ainda não tem previsão de estreia). O que podemos esperar dessa nova temporada? Já faz ideia do que está por vir?
Na verdade o tempo foi muito cruel comigo e acabei tendo que encerrar a web antes da hora. Não queria dividir a web em temporadas, mas fui obrigado. Ainda não escrevi nenhum capítulo, mas tenho algumas ideias anotadas. O que vocês podem esperar? Agora que a vilã da trama foi oficialmente apresentada, acho que podem esperar muita ação. Não vou prometer uma vilã extremamente má, mas vou tentar.
- Como conheceu o Portal? E por que o escolheu para publicar sua web?
Minha paixão é escrever e cresci com o formato telenovela no meu “currículo”. Para eu querer escrever (também) novelas foi um passo. Comecei a buscar por sites de web novelas e achei o Portal o mais bem estruturado. Li algumas webs, gostei e resolvi tentar.
- Tem admiração por algum autor? O que mais lhe chama atenção no modo de escrever dele?
Na literatura eu tenho paixão por milhares, difícil escolher um favorito. Mas quem me inspirou a escrever histórias de fantasia foi o C.S. Lewis e o Rick Riordan, já quando se trata de mistério/terror o Sthephen King. O que mais gosto em todos eles é a construção do universo em que suas histórias acontecem. É tudo muito bem trabalhado, muito bem pensado. Fica difícil imaginar que aquilo não existe de fato. Os personagens também são carismáticos e bem característicos, aprecio muito isso. Já se tratando de novelas, João Emanuel Carneiro sem pensar duas vezes. Já era fã dele muito antes de “Avenida Brasil” e mal posso esperar por sua próxima novela.
- Para você, o que não deve faltar em uma boa web/novela? Algo que considera primordial para o sucesso da mesma.
Acho que uma boa web/novela precisa de personagens fortes. Muitas vezes uma web/novela não tem uma história muito grandiosa, mas tem personagens que fazem valer a pena acompanhar. Claro que bons personagens não irão salvar uma trama ruim, mas existem certos clichês dentro deste gênero que podem ser aceitos mais facilmente se defendidos por bons personagens.
- De onde surgiu a ideia de escrever “A Ilha”?
Sabe que não sei. Esse projeto já é antigo. Lembro que estava fazendo um desafio de escrever qualquer coisa todos os dias, independente de fazer sentido ou não. A intenção do desafio era treinar a escrita. E foi em um dia, desse desafio, que saiu “A Ilha”. Gostei muito do resultado final e resolvi dar continuidade, incluindo em um livro de contos que eu iria escrever. Mas o projeto não foi pra frente, então resolvi divulgar a história de outras formas.
- Escreve por hobby ou pretende seguir no ramo?
Sem dúvida pretendo seguir no ramo.
- Se defina em uma palavra, e explique o porquê.
Sério? Uma palavra?! Difícil escolher. Mutante, talvez, pelo fato de estar em constante mudança. Mantenho sempre os meus princípios, mas o restante está sempre em renovação.
- O que gosta de fazer no seu tempo livre? Fale mais sobre os seus gostos pessoais.
Gosto de assistir filmes repetidos. Principalmente os clássicos. Hitchcock, Miyazaki, Ingmar Bergman e Walt Disney estão entre meus diretores de sempre. E ainda neste clima “reprise”, gosto muito de ver Family Guy e Os Simpsons.
- Para finalizar, diga o que mais prioriza em uma pessoa.
Honestidade. Aprecio pessoas que vivem com honestidade em todos os sentidos.
Escreva aqui uma frase que goste muito:
“Sempre assuma seus atos. Por pior que sejam as consequências”.