“Em Nome do Filho” – Capítulo 25
Roteiro de Telenovela Brasileira Capítulo 025
Uma novela de:
Wesley Alcântara
Cena 01. Mansão Amadeu/ Jardim/ Ext./ Dia.
Um táxi chega ao local, Fernanda desce e fica olhando tudo ao redor.
Fernanda (pra si/ convicta) – Alguém vai ter que me dar uma ótima explicação.
Corta para:
Cena 02. Mansão Amadeu/ Sala de Jantar/ Int./ Dia.
Eneida e Tia Pombinha estão tomando café da manhã.
Tia Pombinha – Quando a Vitória volta do Rio?
Eneida – Pelo que ela disse, hoje, antes do almoço até.
Tia Pombinha – Tô ansiosa pra chegada dela.
Eneida – Posso saber o por quê?
Tia Pombinha – Na hora certa, gaivotas posarão sobre essa casa e todos saberão.
Nesse instante Teresa entra.
Teresa – Dona Eneida, desculpa interromper seu café, mas tem uma moça lá na sala.
Eneida – Ela disse quem é?
Teresa – Não. Só disse que está atrás da dona Vitória, ou de alguém que esclareça uma história pra ela.
Eneida (se levantando) – Eu vou lá resolver isso.
Eneida se levanta e sai.
Tia Pombinha (a Teresa) – E você acha que eu vou ficar aqui fazendo meu desjejum sabendo que tem babado, confusão e gritaria lá fora? É ruim hein. Bota a cara no sol mona.
Tia Pombinha se levanta e sai rapidamente.
Corta para:
Cena 03. Mansão Amadeu/ Sala de Estar/ Int./ Dia.
Fernanda está de pé, impaciente, quando Eneida adentra a sala.
Eneida (surpresa) – Fernanda?
Fernanda – Eneida, eu vim saber notícias da viagem.
Eneida – Mas que viagem?
Fernanda – A viagem que a minha sobrinha fez com o seu sobrinho.
Eneida – Eu continuo sem entender. As únicas pessoas que viajaram nessa casa foram a Vitória, o Miguel e a Milena, mais ninguém.
Fernanda – A minha sobrinha, Eva, foi viajar com o Miguel. Eles foram para o Rio de Janeiro.
Nesse instante Tia Pombinha aparece.
Tia Pombinha (a Fernanda) – Deve haver um erro, a sua tal sobrinha não foi viajar com nenhum integrante dessa família.
Fernanda (séria) – Quem é a senhora?
Tia Pombinha – Eu sou a Tia Pombinha, amiga e moradora dessa residência.
Eneida – Temporariamente.
Fernanda (a Tia Pombinha) – Escuta aqui Andorinha.
Tia Pombinha – É Pombinha. POM-BI-NHA!
Fernanda – Pombinha, Rolinha, Andorinha ou Jacu, é tudo ave mesmo. O que eu quero dizer, é para não se meter na conversa em que não foi chamada, senão…/
Tia Pombinha (corta) – Senão o que?
Fernanda – Senão eu esqueço a quantidade de janeiros que a senhora já viu e rimo a palavra jacu, mandando à senhora ir parar naquele lugar.
Tia Pombinha – Eu só quis auxiliar.
Fernanda – Então vai auxiliar o jardineiro, pois aquele jardim está cheio de ervas daninhas e com certeza, deve ter cobras, vá lá ajuda-lo me meta-se com sua vida.
Tia Pombinha – Você é muito da deselegante. Eu vou subir e tomar meu remédio de pressão.
Fernanda – Aproveita e toma um formicida, ninguém precisa de uma velha intrometida aqui na Terra.
Tia Pombinha sobe as escadas com raiva.
Eneida – Eu sei que a Pombinha é fuxiqueira, mas você pegou pesado hein. Não precisava disso Fernanda.
Fernanda – Tá, eu sei que me descontrolei, mas é que tô nervosa, tô querendo notícias da Eva.
Eneida – Mas eu não estava sabendo que a Eva iria fazer viagem com eles não.
Fernanda – Ela foi com o Miguel, um dia à noite, fiquei até com medo dessas estradas.
Eneida – Tem razão, o Miguel foi um dia à noite sim, antes da Milena e da Vitória, mas eu não sabia que era acompanhado da sua sobrinha.
Fernanda – Eles estão noivos. A Eva está grávida.
Eneida – Tem razão, lembro-me dela nesse jantar aqui em casa. Mas a Vitória não deu notícias até agora, sinto muito Fernanda, mas não há nada que eu poça fazer por você nesse momento.
Fernanda – Obrigada Eneida, então vou indo nessa. Mas hoje ainda, mais tarde, eu volto.
Eneida – Tá bem.
Fernanda se encaminha a saída e Eneida a acompanha até a porta.
Eneida (fechando a porta) – Tchau!
Eneida se encaminha até o sofá, se senta e respira fundo.
Eneida – Tô começando a sacar qual é o plano desses três pilantras. Coitadinha da Fernanda e dessa sobrinha dela.
Corta para:
Cena 04. Casa de Edu/ Sala/ Int./ Dia.
Edu está sentado no sofá falando ao telefone.
Edu (tel.) – Tá bem então. Eu vou olhar os horários na internet e te falo. (pausa) Tá ok, vou falar aqui com a mamãe.
Nesse instante Julieta entra na sala.
Edu (tel.) – Sim. Bênção e beijo.
Edu desliga o telefone.
Julieta – Já sei até com quem você estava falando.
Edu – Com o meu pai mesmo.
Julieta – E ele? Como está?
Edu – Quer saber a boa da verdade? Meu pai tá namorando e muito feliz.
Julieta (surpresa) – O que? Como ele ousa?
Edu – Ele tá mais que certo mãe. A vida ao seu lado não deu certo, vocês divorciaram e ele encontrou novas possibilidades, acho que isso é o que a senhora deveria fazer, ao invés de se trancar em mágoas e ressentimentos. Vá viver sua vida, vá ser feliz, procurar outra pessoa.
Julieta (séria) – A única pessoa que me interessa é seu pai.
Edu – Meu pai é página virada, acabou pra vocês.
Julieta – As esperanças só vão terminar, quando um de nós estiver comendo grama pela raiz.
Edu (tenso) – Vira essa boca pra lá. Cruz credo.
Julieta – Eu sou realista. Enquanto há vida, há esperança. E as minhas esperanças em reatar com o imprestável do César, continuam em 100%.
Edu – Mãe, esse assunto me desagrada muito e, aliás, nem era dele que eu queria tratar, tem outra coisa que anda me incomodando e que quero dar uma virada.
Julieta – Diga o que é.
Edu – Eu quero esquecer a Malu.
Julieta sorri.
Julieta (feliz) – Mas essa é a notícia mais animadora dos últimos tempos. Fico muito feliz por você. Enfim tomou atitude e viu que aquela garota não é pra você.
Edu – E pra esquecer a Malu, eu vou pro Rio de Janeiro passar uma temporada com o meu pai.
Julieta – Sabe que eu não gosto da ideia, mas colocando os pós e os contras na balança, prefiro você longe daqui, a estar de namoro com aquela filha da Fernanda.
Edu – Então eu vou dentro de dias.
Edu respira fundo.
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Cena 05. Apto. de Fabrício/ Sala / Int./ Dia.
Regininha está tirando pó dos móveis, quando Ana Rosa entra em casa com roupa de ginástica e um pouco suada.
Regininha – Nossa Ana Rosa, hoje você foi cedo pra academia.
Ana Rosa – Pra te ser sincera, eu nem fui. Eu fui dar uma corrida boa na orla, pra poder espairecer a mente, poder pensar. Eu preciso muito resolver alguns assuntos.
Regininha – Falando assim você me deixa preocupada. Tem algo que eu possa ajudar?
Ana Rosa se senta, cabisbaixa.
Ana Rosa – Não. São coisas de destino, sei lá.
Regininha – Pela sua cara isso é amor.
Ana Rosa – Só que esse amor é mais complicado do que ensinar algoritmo em chinês para cego.
Regininha – Nada que é do coração, é fácil. Mas resolva, optando sempre por aquilo que você gosta.
Ana Rosa – Mas o que eu gosto é difícil.
Regininha – É essa dificuldade que o torna precioso. Eu mesma aprendi com a vida, que o que vem fácil, vai mais fácil ainda.
Ana Rosa – Mas e se eu tiver que disputar esse amor com alguém?
Regininha – Disputas, perdas, escolhas, todos esses ingredientes fazem parte da nossa vida. Cabe a cada um de nós, sentar e esperar os restos, como se fossemos porcos, ou então, ir a luta e batalhar pelo que a gente quer. Até porque, o que torna o brilho de um diamante mais bonito, é a sua raridade, é a dificuldade em encontrá-lo.
Ana Rosa – Você tem razão. Eu vou lá dentro agora pra abrir o jogo com o Fabrício.
Ana Rosa se levanta e começa a se encaminhar para o quarto.
Regininha – Fabrício saiu.
Ana Rosa para e vira-se para Regininha.
Ana Rosa – E disse para onde iria?
Regininha – Praquela casa de maluco.
Ana Rosa – Eu posso te pedir um favor?
Regininha – Até dois.
Ana Rosa – Você levaria o almoço do Fabrício para mim?
Regininha – Mas é claro. Mas ele disse que viria almoçar em casa.
Ana Rosa – É que eu quero encontrar com ele só à noite. A gente precisa conversar muito sério.
Regininha – Eu vou apressar esse almoço. Mas que ônibus eu tomo para chegar ao Jardim Botânico?
Ana Rosa – Eu vou pagar um táxi pra você. O que eu preciso é de sossego, pra poder pensar bem em tudo.
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Cena 06. Sanatório/ Quarto de Eva/ Int./ Dia.
Eva está lendo o jornal, quando Yvete entra no quarto, totalmente afobada.
Yvete – Eva, ele tá aí.
Eva larga o jornal e se levanta, muito tensa.
Yvete – Acho que chegou a nossa hora.
Eva – Você acha que eu vou conseguir?
Yvete – O caminho tá livre. Pela conversa que eu tive com a Ana Rosa, com certeza eles vão se separar.
Eva – Mas tô com essa roupa horrorosa.
Yvete – Venha até o meu quarto, eu separei algumas coisas de doações. Não é nada de grife e nem tão novo, mas é melhor que essa sua roupa aí.
Yvete e Eva saem do quarto.
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Cena 07. Mansão Amadeu/ Sala de Estar/ Int./ Dia.
A sala está totalmente vazia quando Vitória, Miguel e Milena, como o bebê no colo, adentram a casa.
Miguel – Enfim, lar doce lar. Que viagem cansativa.
Vitória – Cansativa, mas muito lucrativa.
O bebê começa a chorar.
Miguel (irritado) – Cala a boca dessa criança Milena, eu não aguento mais ouvir choro. Chega a ser irritante.
Milena – E você quer que eu faça o que?
Miguel – Coloca meia, ou até, batata quente na boca dessa criatura, mas a faça ficar quieta, senão eu mesmo, dou meu jeito de sumir com esse estrupício.
Milena – Para de falar assim do nosso filho.
Miguel – Nosso filho uma ova. Seu filho. Eu quero distância dessa criatura.
Milena sobe as escadas com o bebê.
Vitória – Tem que ter calma rapaz. Criança recém-nascida é assim mesmo.
Miguel – Ah mãe, poupe-me né. Eu não tô nem aí pra essa criança, tô pensando em coloca-la para adoção assim que puder.
Vitória – E o que a sociedade vai falar?
Miguel – Com aqueles milhões na minha mão e a presidência da La Salud, eu quero que a sociedade, a elite e todos os moradores de Flores se danem.
Vitória – Dinheiro não é tudo.
Miguel – Dinheiro não é tudo, mas é noventa e nove por cento do que eu preciso. O restante eu ando comprar.
Vitória – Eu não quero saber de nada. Tô pensando em comprar uma casa na Escócia para mim e me isolar lá. Longe de tudo e de todos.
Miguel – Faz muito bem.
Vitória – Agora vou tomar um banho e descansar um pouco.
Vitória sobe as escadas em direção ao quarto. Miguel vai até a cristaleira e se serve de uísque.
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Cena 08. Sanatório/ Quarto de Yvete/ Int./ Dia.
Yvete está admirando Eva, que está muito bem vestida e se olhando no espelho. Eva respira fundo.
Eva – Chegou a hora.
Yvete – Se quiser ganhar essa partida, jogue sempre no ataque.
Eva (convicta) – Eu já conquistei o Fabrício, espia só.
Corta para:
Cena 09. Sanatório/ Jardim/ Ext./ Dia.
Fabrício está rodeado por pessoas, todos sentados na grama, enquanto um rapaz está com um violão e tocando “All Star – Nando Reis”. Eva aparece e começa a caminhar graciosamente na direção de Fabrício, que percebe a moça e começa a admirá-la.
Eva (chegando/ doce) – Será que posso me juntar a vocês?
Fabrício (encantado) – Sente-se e venha ouvir boa música.
Eva se senta e começa a trocar olhares românticos com Fabrício.
Corta para:
Cena 10. Mansão Trajano/ Quarto de Álvaro e Meg/ Int./ Dia.
Eva está sentada na cama, quando Álvaro aparece.
Álvaro – Ainda na cama?
Meg – Álvaro, eu queria muito conversar com você.
Álvaro – Tem que ser agora?
Meg – Não dá pra adiar mais.
Álvaro – Se for viagem não poderei agora.
Meg – Não é viagem.
Álvaro – Então, se for comprar alguma coisa, já lhe adianto que esse mês estou no vermelho.
Meg – Álvaro, você me vê apenas como uma mulher fútil que vive para compras, viagens e para passar uma imagem nobre a sociedade, não é?
Álvaro – Por que a pergunta?
Meg – É justamente sobre isso que eu queria falar. O assunto é bastante sério e acho que você precisa se sentar, o que vou dizer é muito, mas muito pesado.
Álvaro – Tô sem tempo pra essas suas crises existenciais. Outra hora falamos disso, ou melhor, marca com o Dr. Cury.
Álvaro se encaminha para sair do quarto.
Meg (gritando) – Eu sou cúmplice de alguns assassinatos.
Álvaro para, assustado.
Corta para:
Cena 11. Sanatório/ Varanda/ Ext./ Dia.
Eva está sentada em uma cadeira de balanço, quando Fabrício se aproxima.
Fabrício – Oi. Tudo bem?
Eva – Bem, e você?
Fabrício – Tô muito bem também.
Eva – Quer balançar um pouco?
Fabrício – Não a incomodo?
Eva – Muito pelo contrário, faço muito gosto.
Fabrício se senta ao lado de Eva e os dois começam a balançar juntos.
Fabrício – Eu nunca tinha te visto aqui antes.
Eva – Cheguei a pouco tempo, e antes que pense, não sou maluca e muito menos neurótica, eu vim para poder respira novos ares, para poder relaxar. Além de conviver um tempinho com a minha amiga Yvete.
Fabrício – Yvete é sua amiga?
Eva – É sim, uma grande amiga.
Fabrício – Eu adoro a Yvete e acho que ela está aqui pelo mesmo propósito que o seu.
Eva – É sim. Às vezes a gente precisa disso pra ser feliz né.
Fabrício – Mas uma moça tão linda dessas, é infeliz?
Eva – Eu nunca encontrei um homem que me amasse, que me respeitasse. Os homens só se aproximam para se aproveitarem. Eu queria alguém pra poder dividir as alegrias, sabe?
Fabrício – Mas você é nova, é linda. Rapidamente vai encontrar alguém que te desperte esse amor.
Eva – Talvez eu já tenha encontrado. Sabe quando a gente bate o olho e tem certeza de que é aquela pessoa que você quer para passar o resto da vida?
Fabrício – Sei sim.
Eva – Então, o meu aconteceu hoje.
Fabrício sorri, meio sem graça.
Eva – Você pode brigar comigo, pode sumir, mas eu vou fazer o que estou com vontade, desde o primeiro instante em que te vi.
Eva puxa Fabrício e lhe dá um beijaço, quando Regininha aparece com uma sacola térmica nas mãos e se aproxima dos dois, que continuam o beijo.
Regininha (surpresa) – Fabrício?
Fabrício e Eva levam um susto e param de se beijar. Regininha olha surpresa para Eva, que fica muito assustada. Close no desespero de Eva.
Corta para:
FIM