“Em Nome do Filho” Capítulo 24
Roteiro de Telenovela Brasileira Capítulo 024
Uma novela de:
Wesley Alcântara
Cena 01. Sanatório/ Quarto/ Int./ Dia.
Continuação imediata do capítulo anterior.
Eva está gritando, até que Yvete aparece.
Eva (desesperada) – Por favor, me ajuda.
Yvete – Calma, eu vou te ajudar, só um minuto.
Yvete se esconde atrás da porta. Segundos depois, Ellen entra no quarto com uma seringa imensa.
Ellen (a Eva) – Tá na hora do remedinho, baby!
Close no olhar amedrontado de Eva.
Ellen se aproxima com a seringa, até que Yvete sai de trás da porta.
Yvete (séria) – Você não deveria fazer isso, Ellen.
Ellen se assusta e volta seu olhar para Yvete.
Ellen – O que faz aqui sua velha?
Yvete – Você não pode aplicar remédios na nova paciente daqui. Ela ainda não passou por avaliação do psiquiatra e de um neurologista.
Ellen – Ela já veio com um laudo.
Yvete – Se veio, onde ele está?
Ellen – Não me amola.
Yvete – Se você tentar aplicar essa injeção nela, eu conto tudo para o Fabrício e para a Ana Rosa, aí a sua dor de cabeça vai ser bem maior, assim como, explicar a origem dessa paciente.
Ellen – Por hoje você ganhou, mas me aguarde Yvete. Rapidamente eu vou te colocar para fora desse lugar.
Ellen olha Yvete com um olhar mortal e sai do quarto.
Eva (aliviada) – Obrigada por me salvar.
Yvete – Eu já estava te esperando há meses.
Eva (confusa) – Como assim?
Yvete – Um tal de Miguel, planejou há uns sete ou oito meses atrás te trazer para cá, com a ajuda dessa demônia da Ellen, ele colocou o plano em prática.
Eva – Eu fui uma idiota, ele me enganou. Disse ser solteiro, separado, mas na verdade, quis me engravidar e roubar o meu filho, para dar a esposa dele.
Yvete – Eu sei por que ele fez isto com você.
Eva – E o que de fato ele quer? Eu não entendi o objetivo.
Yvete – Vou te desamarrar, mas se prepare, o plano dele é macabro.
Corta para:
Cena 02. Praia de Copacabana/ Ext./ Dia.
Vitória está sentada em uma cadeira de praia tomando água de coco. Ao lado, está Miguel, sentado na areia.
Vitória – Enfim, libertos. Agora sim, somos milionários.
Miguel – É mãe, agora a nossa vida vai ser perfeita.
Vitória – Mais que perfeita. Eu vou aprontar minhas malas, quero viajar ainda essa semana.
Miguel – Os tramites vão demorar um pouco mãe, já liguei hoje cedo para o Álvaro e tratei tudo com ele, creio que a senhora só consiga viajar semana que vem.
Vitória – Quero passar um mês no Leste Europeu. Sem pensar em Milena, em bebê chorando. Mas tem um, porém.
Miguel – Diga.
Vitória – Aquela tia dela, a Fernanda, vai querer saber onde a sobrinha está enfiada.
Miguel – A história é a seguinte: “A Eva descobriu que vou ter um bebê com a Milena e do Rio de Janeiro, decidiu voltar para as origens em Itaperuna e me deixou. Eu tentei ligar, argumentar, mas foi em vão.”.
Vitória sorri.
Miguel – Diz que a história não é perfeita? Me livrei da mala da Eva e ainda por cima, livrei a tia dela também.
Vitória – Você é sempre um arraso.
Miguel – Agora, eu vou esfriar minha cabeça no mar. Deixar toda essa negatividade lá.
Miguel se levanta e sai em direção ao mar.
Corta para:
Cena 03. Sanatório/ Jardim/ Dia.
Yvete e Eva estão sentadas em um banco, conversando.
Yvete – E essa é toda a história.
Eva (chocada) – Então quer dizer que o Miguel tinha uma herança pra receber e dependia de um filho legítimo?
Yvete – Exatamente.
Eva – Mas tem uma coisinha que não bate nessa história. Se o Miguel queria um filho, se ele ainda é casado com a Milena, por que cargas d’água, ele não teve filho com ela? Seria muito mais fácil. Esse seria o desenrolar natural das coisas.
Yvete – Seria tudo fácil demais né, mas há um, porém. Eu também fiquei meses pensando nisso. A Milena só pode ser estéril, só isso explicaria eles terem arquitetado esse plano.
Eva – Então eu acho que vou ligar para a polícia.
Yvete – E vai contar toda essa obra fantasiosa?
Eva – É a minha única saída.
Yvete – E vai provar como?
Eva – Com um teste de DNA. Eu conto tudo a polícia, eles pegam a criança, a gente faz o teste e prova que de fato o filho é meu.
Yvete – Tudo seria lindo demais, se estivéssemos numa novela, mas isso daqui é vida real, baby. O Miguel pode sumir com essa criança e além do mais, depois que ganhar essa herança, ele pode acabar com a vida do seu filho.
Eva (triste) – Nem fale uma coisa dessas. Eu morro se perder meu filho.
Yvete – Eu sei um jeito de você se aproximar dele.
Eva – Como?
Yvete – Casando-se com o irmão dele.
Eva – Você tá maluca né?
Yvete – Então esqueça de uma vez que um dia você teve um filho e deixe o Miguel ficar rico e poderoso, enquanto você mofa aqui dentro.
Yvete se levanta e sai. Eva continua pensativa.
Corta para:
Cena 04. Hotel Copacabana Palace/ Quarto/ Int./ Dia.
Milena está segurando o bebê, tentando niná-lo, mas ele não para de chorar.
Milena (ao bebê) – Para de chorar meu filho, por favor! Mamãe está até com uma dor de cabeça horrível.
Milena continua ninando o bebê, que prossegue com um choro bem alto e agudo. Pouco depois, Vitória e Miguel chegam ao quarto.
Vitória (gritando) – Faz esse bebê para de chorar gazela do asfalto.
Milena – Tô tentando, mas tá complicado.
Miguel – Eu odeio choro de criança. Vou nessa.
Milena – Vai pra onde?
Miguel – Qualquer lugar, onde essa criança não me infernize.
Vitória se encaminha ao banheiro.
Milena – Mas é seu filho.
Miguel – Só tive, porque fui obrigado. Por mim, depois que a grana saísse, a gente jogava numa caçamba de lixou, ou colocava pra estudar na Europa…melhor, mandava pro Tibet.
Miguel sai.
Milena (ao bebê) – Não liga não filho, mamãe te ama muito e vai te dar um nome bem lindo. Só espere a gente chegar a Flores.
Milena continua ninando o bebê, que vai diminuindo a frequência do choro.
Corta para:
Cena 05. Apto. de Ana Rosa e Fabrício/ Quarto/ Int./ Dia.
Ana Rosa está deitada na cama, pensativa.
***INSERT do flashback a ser gravado***
Mansão Amadeu/ jardim/ ext./ dia.
LETREIRO: 2012.
Jardim todo enfeitado para um casamento, no altar: o padre, Vitória e Ângelo, já do outro lado está Ana Rosa, Fabrício e mais um casal. Todos vestidos socialmente.
Um grande número de convidados de pé, olhando Milena, que está vestida de noiva, caminhar por um tapete vermelho até chegar a Miguel.
Ocorre uma passagem de tempo, Miguel e Milena se beijam no altar, sob o olhar triste de Ana Rosa.
Corta para:
Mansão Amadeu/ Banheiro/ Int./ Dia.
Ana Rosa está retocando a maquiagem, quando Miguel entra no banheiro.
Ana Rosa – Banheiro errado.
Miguel chega por trás dela e a agarra.
Ana Rosa (tentando se desvencilhar) – Sai daqui, me larga. Vai dar atenção a sua noivinha. Hoje o dia é de vocês.
Miguel – Mas é você que eu quero.
Ana Rosa vira-se para Miguel.
Ana Rosa (séria) – Eu não vou continuar sendo a outra na sua vida, não vou enganar novamente a minha melhor amiga. Aliás, estou me enganando. Tudo que você quer, é roubar a minha juventude Miguel. Chega.
Miguel (charme) – Você fala demais. Chegou a hora de agir.
Miguel e Ana Rosa dão um beijo avassalador.
***FIM do INSERT do flashback***
Ana Rosa continua pensativa, e nem percebe a presença de Fabrício no quarto, que está trocando de roupa.
Ana Rosa (pra si/ pensativa) – Não, isso não pode acontecer mais uma vez.
Fabrício – Isso o que? Tô aqui falando há minutos com você, que não me responde.
Ana Rosa desperta de seus pensamentos.
Ana Rosa – Nem te vi aí.
Fabrício – Eu percebi, mas diga-me, o que é que não pode acontecer mais uma vez?
Ana Rosa (sem jeito) – Nada…nada mesmo. Nem sei do que estava falando.
Fabrício – Hoje não irei para o Sanatório. Amanhã eu dou uma passada por lá.
Ana Rosa – Eu vou hoje, preciso conversar um pouco com a Yvete.
Fabrício continua se arrumando e Ana Rosa, volta para seus pensamentos.
Corta para:
Cena 06. Sanatório/ Fachada/ Ext./ Dia.
CAM mostra as imagens do local. Diálogo da cena seguinte.
Eva (off) – Posso entrar?
Yvete (off) – Mas é claro.
Eva (off) – Eu pensei no que você me falou agora a pouco.
Corta para:
Cena 07. Sanatório/ Quarto de Yvete/ Int./ Dia.
Yvete está sentada em uma cadeira de balanço, olhando pela janela e Eva está de pé na porta.
Yvete – E qual foi a sua decisão?
Eva – Eu vou montar o plano que você me sugeriu.
Yvete olha para Eva.
Yvete – Entra, fecha a porta e sente-se.
Eva entra, fecha a porta e se senta na cama de Yvete, de frente para ela.
Eva – Eu quero ter o meu filho de volta, mas mais que isso, eu quero acabar com a vida do Miguel, da Milena, e principalmente, daquela mãe dele, a Vitória Amadeu.
Yvete – Então está falando com a pessoa certa. Eu posso te indicar isso tudo, desde que você me ajude numa coisa.
Eva – No que você quiser.
Yvete – Que me leve para Flores junto com você e que me infiltre num lugar aí.
Eva – E posso saber que lugar é esse?
Yvete – Na hora certa.
Eva – Sendo assim, eu aceito. Agora, como faremos para que eu me case com o irmão daquele demônio?
Yvete – Eu vou puxar a ponta mais fraca dessa história, que é a atual mulher dele, a Ana Rosa. Eles não se amam, e ela é apaixonada pelo Miguel, acho que no passado tiveram um caso. Eu vou fazer ela aflorar ainda mais esse sentimento que ela sente por ele, enquanto você, vai dar ao Miguel, o que ele não tem em casa: amor, dedicação e companheirismo.
Eva – Mas isso vai me tomar muito tempo, e nada garante que ele casará comigo.
Yvete – Não. Mas te prometo ser ligeira. Ana Rosa me prometeu vir aqui hoje, e com isso, a farei esquecer esse Fabrício. O caminho ficará livre pra você.
Eva – Assim que eu quero. Só com um homem com dinheiro, eu poderei espezinhar naquela família.
Yvete – Então te prepara.
Close em Eva Convicta.
Corta para:
Cena 08. Cidade Flores/ Pontos Turísticos/ Ext./ Dia-Noite.
(Música “Sou Dela” – Nando Reis.) Vista aérea, plano aberto. CAM aérea faz um clipe dos principais pontos turísticos da fictícia cidade de Flores. Clipe com suaves emendas das imagens, a fim de mostrar toda a beleza da cidade, na seguinte ordem: 1º: Pórtico de entrada da cidade, feito de madeira envernizada e coberto por telha colonial portuguesa, com o letreiro “Bem vindo a Flores”. 2º: Praça Central, com um lindo chafariz no meio, cercada por bancos com pessoas e animais domésticos, além de alguns vendedores de pipocas e brinquedos. 3º: Cruzeiro Municipal, localizado no morro mais alto da cidade, com uma cruz imensa branca, feita em concreto e com iluminação interna, cercado por um grande gramado que é delimitado por canteiro de diversas flores campestres. 4º: Fachada da Prefeitura de Flores.
Corta para:
Cena 09. Prefeitura/ Gabinete da Prefeita/ Int./ Noite.
Meg está sentada, pensativa. Lui entra na sala sem bater.
Lui – Dona Méguiiiii, tô indo nessa, tá querida?
Meg (triste) – Você tem dois minutinhos?
Lui – Vou ganhar como hora extra? Porque tô na necessidade de reformar o meu banheiro. O bebê já até disse que faria isso, mas…/
Meg (corta) – É como amiga. Eu preciso desabafar ou desabar, se for o caso. Preciso que alguém me escute e me aconselhe, e acho que nessa vida, eu só posso contar com você.
Lui (emocionado) – Adoro! Essa foi a mais linda declaração de amor feita pra mim. Não posso chorar, esse mês meu dinheiro tava curto e, acabei comprando um rímel que não é a prova d’água. Sabe como é, né, tava na promoção.
Meg – Senta aí, preciso muito que você me escute e depois me aconselhe.
Lui se senta.
Meg – Eu já fiz muita coisa errada nessa vida, Lui. Eu realmente não sou quem parece ser. Sei que a maioria das pessoas me acha uma fútil deslumbrada, que quis ser prefeita, apenas por capricho.
Lui – Desculpa dona Meg, mas não foi?
Meg – Essa coisa de ser dondoca, é uma máscara, sabe, uma segunda pele, algo que eu precisa para acobertar um passado ruim e uma alma podre.
Lui – Mas qual o objetivo de fazer isso?
Meg – Eu realmente necessitava. O que vou dizer aqui e agora, espero que fique só entre a gente. É pesado demais e compromete, não só a minha vida, mas a de outras tantas.
Lui (beijando os dedos) – Juro, juro, juro, de pé junto e dedinho cruzado que não conto. Agora, faça que nem dragão e solte o bafo.
Meg respira fundo.
Meg – Eu não sei por onde começar Lui, mas eu tô perdendo meu casamento. Álvaro e eu não nos amamos mais, disso tenho certeza, mas eu queria que ele saísse desse casamento com uma imagem verdadeira de mim, de quem realmente sou.
Lui – Não tô entendendo bem.
Meg – No passado, eu me distanciei aqui da cidade, fui pra capital junto com a Vitória e a Eneida, lá nós nos tornamos garotas de programa.
Lui fica chocado.
Meg – A Mafalda nunca descobriu, mas eu por muito tempo fui uma das pombinhas da Madame Catalina.
Lui – Eu já ouvi falar nessa tal madame. Ela foi uma cafetina muito conhecida.
Meg – O problema não é contar isso, mas o problema é que isso envolve a Vitória, que obviamente, tem vergonha da origem, assim, como eu. Mas por causa desse segredo, a Vitória já matou muita gente e eu sei de todos esses crimes.
Lui (surpreso) – Isso pode te levar para a cadeia.
Meg – Eu sei, por isso estou hesitante, não sei se falo ou não para o Álvaro, o que acha?
Lui – Dizer a verdade, mesmo que pareça ser doido, é a única saída correta. Essa história vira bola de neve, e antes que essa Vitória acabe com a sua vida, ou te coloque em outra furada, alguém necessita saber.
Meg (preocupada) – Mas e se ele me denunciar pra polícia?
Lui – Infelizmente, é o risco que tem que correr. Também será o preço a ser pago.
Meg fica pensativa.
Corta para:
Cena 10. Sanatório/ Corredor/ Int./ Noite.
Ana Rosa está caminhando pelo longo corredor, quando dá de cara com Ellen.
Ana Rosa – Boa noite Ellen.
Ellen (surpresa) – O que faz aqui?
Ana Rosa – Vim conversar com a Yvete.
Ellen – Aquela velha tá cada vez mais louca. Se eu fosse você…/
Ana Rosa (corta/séria) – Como você não é eu dá licença, tenho muito que conversar com a minha amiga.
Ana Rosa continua andando e Ellen fica intrigada.
Corta para:
Cena 11. Sanatório/ Quarto de Yvete/ Int./ Noite.
Yvete está deitada em sua cama, quando alguém bate a porta.
Yvete (tom alto) – Pode entrar!
A porta se abre e Ana Rosa entra. Yvete se levanta.
Ana Rosa – Com licença.
Yvete – Pensei que fosse a Caxias da Ellen.
Ana Rosa – Eu precisava falar muito com você.
Yvete abraça Ana Rosa.
Yvete (abraçada) – Já sei, é a dúvida que paira na sua cabeça?
Ana Rosa – É sim dona Yvete. Eu acho o Fabrício legal, tenho um carinho por ele, mas eu amo o Miguel. Tentei reprimir esse sentimento de todas as formas, mas não tá dando.
Yvete – Só tem um jeito: separa do Fabrício o quanto antes e corra atrás da sua felicidade.
Ana Rosa – Não dá. O Miguel tá casado, e a Milena, a esta altura do jogo, deve ter parido o filho deles.
Yvete – Quer o conselho de uma velha que já viveu muito e tem experiência?
Ana Rosa – Eu não quero, eu preciso!
Yvete – Vai atrás dele. Larga o Fabrício e embarca nessa. Se der errado, paciência! Ao menos você tentou, ao menos você apostou as fichas no cavalo que você quer. Não adianta se lamentar com as moedas na mão, ou pior, apostar no cavalo errado e ficar frustrada por uma vida toda. O tempo voa, tudo passa tão depressa, que você nem percebe. Não perde mais tempo não, deixa de desperdiçar.
Ana Rosa fica pensativa.
Corta para:
Cena 12. Sanatório/ Quarto de Eva/ Int./ Noite.
Eva está de pé, olhando a janela, com pensamento longe.
***INSERT do flashback Capítulo 03, cena 22***.
Capela Mortuária/ Sala de Velório/ Interior/ Dia.
Miguel está de pé, próximo ao caixão.
Miguel (chorando) – ô pai, por que você foi embora?
Nesse instante uma sombra por trás de Miguel vai se aproximando. É Eva.
Miguel (surpreso) – Você aqui?
Eva o abraça fortemente.
Miguel (abraçado) – Como eu precisava desse abraço. Você está sendo fundamental nesse momento. Obrigado.
Eva (meiga) – Não precisa dizer nada. Você pode me abraçar o quanto quiser.
Miguel – Na correria, eu nem perguntei o seu nome.
Eva – Me registraram como Eva.
Miguel dá um sorriso.
Miguel – Eva, nome da primeira mulher a viver nesse mundo. É um nome lindo. Eu sou Miguel.
Eva – Nome de anjo. Anjo Miguel, enviado de Deus, com a missão de nos trazer paz e amor.
Miguel – Posso te pedir mais um abraço?
Eva – Pode pedir até dois. Eu vim aqui porque não parei de pensar em você um único minuto. O quão frágil você está, e o quanto precisa de carinho.
Miguel abraça Eva com ternura, os dois se olham por um bom tempo.
***Fim do INSERT do flashback***
Eva deixa escorrer algumas lágrimas.
Eva (pra si) – Maldita foi a hora que eu te conheci. Eu te odeio Miguel Queirós, e prometo por mim, por Deus e pelo meu filho, que você vai pagar caro.
Eva sai da janela e deita-se na cama.
Corta para:
Cena 13. Livraria Dom Casmurro/ Fachada/ Ext./ Dia.
Fluxo normal de pessoas passando pelo local. Livraria já em funcionamento.
Corta para:
Cena 14. Livraria Dom Casmurro/ Sala de Lucas/ Int./ Dia.
Lucas está sentado em sua mesa, analisando alguns papeis, quando alguém bate a porta.
Tamara (entrando) – Madrugou aí?
Lucas (sério) – Madruguei. Agora senta aí, precisamos ter uma conversa muito séria.
Tamara se senta, aflita.
Tamara – Fala Lucas, assim você me deixa nervosa. O que está acontecendo de errado?
Lucas – Como que você sabe que é algo errado?
Tamara – Ninguém fica com uma cara dessas para dar notícias boas.
Lucas – Então eu vou ser direto, nós estamos falindo.
Tamara (assustada) – O que?
Corta para:
Cena 15. Casa de Fernanda/ Quarto de Malu/ Int./ Dia.
O quarto está escuro e Malu está dormindo. Fernanda entra desesperada, abre as cortinas, dando passagem a uma imensa claridade. Malu começa a acordar.
Fernanda (tensa) – Malu acorda, anda, acorda minha!
Malu (sonolenta) – Mãe, deixa eu dormir… que horas tem?
Fernanda – Hora de levantar. Malu eu tô nervosa, acho que vou ter um treco.
Malu senta na cama rapidamente.
Malu – O que é mãe? A senhora tá sentindo alguma coisa?
Fernanda – A sua prima, ela não mandou uma única notícia sequer. Não ligou, não mandou e-mail, nada. Tento ligar pra ela e só dá caixa de mensagens. Tô ficando preocupada.
Malu – Eu também tô.
Fernanda – Pelas minhas contas, ela chegaria hoje de manhã.
Malu – Então vamos aguardar.
Fernanda – Aguardar é uma ova. Vou até a mansão da Vitória, ela deve ter notícias. Não posso ficar de braços cruzados. Fui.
Fernanda sai nervosa. Malu se deita novamente.
Corta para:
Cena 16. Livraria Dom Casmurro/ / Sala de Lucas/ Int./ Dia.
Continuação da cena 14.
Tamara (desesperada) – Não pode ser, como assim faliu?
Lucas – Faliu, faliu como qualquer outra empresa. Deve ser a crise financeira, apostas erradas. Também, qualquer estabelecimento comercial que venda cultura pra essa sociedade tupiniquim, vai falir mesmo. Perto do centenário da Dom Casmurro, fecharemos as portas.
Tamara – Deve ter algum jeito, alguma forma de salvar a livraria.
Lucas – Já tentei de tudo.
Tamara – Empréstimo?
Lucas – Fiz três.
Tamara – Vender ações?
Lucas – Todo mundo sabe da real situação financeira da empresa, e ninguém quis.
Tamara – Vai fechar assim do nada?
Lucas – Eu tô vendendo toda a livraria, com funcionários, livros e contratos em vigência. Se algum empresário comprar, vocês terão emprego por pelo menos mais um ano. Coloquei este anúncio em todos os principais jornais do Rio de janeiro.
Corta rápido para:
Cena 17. Sanatório/ Jardim/ Ext./ Dia.
Eva está sentada em um banco, quando Ellen aparece com um jornal e se senta ao seu lado.
Ellen – Você tem dado sorte aqui, tá tendo proteção daquela velha caquética, que é protegida de pessoas influentes, mas essa sua sorte não vai durar tanto tempo assim não. Eu chamei o doutor Vitor Abou, um grande amigo meu e médico neurologista. Tenho certeza que ele vai te receitar muitos sedativos e bem em breve, você vai estar mais louca que a rainha de Portugal, D. Maria I.
Eva (assustada) – Você não pode fazer isso. Esse médico deve ter conchavo com você e com o Miguel.
Ellen – Tão bonitinha você, quem sabe o Dr. Abou não te leva para Niterói junto com ele, aí você se livra desse inferno.
Eva – Eu vou ter o meu filho de volta, custe o que custar. Além do mais, isso daqui é uma prisão provisória. Em no máximo, poucos dias, estarei retornando a Flores e aí sim, vocês verão que é Eva Magalhães.
Ellen começa a gargalhar.
Ellen – Nem preciso chamar médico nenhum, eu mesma te diagnostico, a essa hora da manhã, só pode ser demência e das bravas. (SÉRIA) Acorda pra vida garota, isso daqui não é novela mexicana, onde a pobrezinha vai tentar se vingar do vilão que a enganou. Estamos falando de vida real, e pra você o jogo já acabou e o Miguel te destruiu. Fica boazinha e em poucos meses você sai daqui e recomeça a sua vida longe.
Eva – Some da minha frente, ou eu te dou uma coça aqui mesmo. Não ligo se vão me deixar eternamente presa, mas eu acabo com isso que você chama de cara, sua pistoleira de quinta.
Ellen se levanta.
Ellen – Pra não dizer que sou ruim, toma pra você, é de hoje. Aproveite e desfrute das regalias do meu bom humor matinal, pois ele é mais raro que água em São Paulo.
Ellen joga o jornal no banco e sai. Eva pega e começa a ler. Pouco depois, Eva fica com semblante de surpresa.
Eva – Eu sabia que esse clone do Paraguai iria acabar com a empresa. Então quer dizer que a livraria está a venda? Vou me casar com o milionário do tal Fabrício, comprar a livraria e de quebra me vingo da vadiazinha da Tamara. Melhor que isso, só nascendo Madonna.
Eva sorri gananciosamente.