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Em nome do filho

“Em Nome do Filho” – Capítulo 20

Roteiro de Telenovela Brasileira                 Capítulo 020

 

 

Uma novela de:

Wesley Alcântara

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Corta para:

Cena 18. Mansão Amadeu/ Quarto de Vitória/ Int./ Dia.

Vitória abre o envelope e retira um embrulho de presente e um DVD. Close no DVD com os dizeres: “Que a felicidade vire rotina. Mas não para você”.

Vitória coloca o DVD em seu aparelho, que começa na parte em que Vitória arrasta Antero para linha do trem.

Desesperada, Vitória retira o DVD e o quebra em vários pedaços.

Vitória (com fúria) – Quem fez essa merda?

Vitória olha para o embrulho de presente, o pega e abre. No embrulho contém uma pequena boneca, usando um vestido feito com uma parte da blusa de Vitória que respingou de sangue.

Vitória (assustada) – Meu Deus, não pode ser!

Vitória, muito nervosa, pega o celular e disca.

Vitória (cel.) – Alô, Meg? Vem aqui agora, preciso da sua ajuda. É rápido.

Vitória desliga o celular e guarda rapidamente a boneca em seu guarda-roupa. Close em Vitória assustada.

Corta para:

Cena 02. Livraria Dom Casmurro/ Sala da Gerência/ Int./ Dia.

Tamara está lendo alguns contratos, quando Eneida entra, sem bater a porta.

Tamara (rude) – O que você quer aqui?

Eneida – Filha, a gente precisa conversar.

Tamara (gritando) – Você não é a minha mãe.

Eneida – Para com essa face de vítima. A única pessoa inocente nessa história é o Lucído. Eu vim aqui para tentar manter um relacionamento civilizado com você. Para que você me respeite.

Tamara – Não tenho como respeitar alguém que não me deu respeito.

Eneida – Você foi muito bem criada pela mãe do Téo.

Tamara – Mas ela era mãe do Téo, não a minha mãe. Faltou aquele olhar carinhoso, faltou àquela coisa de sangue, que liga a gente, entende?

Eneida fica cabisbaixa.

Tamara – O nosso tempo já passou Eneida. Eu até quero digerir essa história e tentar manter, de forma amigável, alguma relação com o Lucído. Mas com você não. Quero que vá para o inferno, que suma e que morra se necessário.

Eneida se ajoelha e agarra nas pernas de Tamara.

Eneida (ajoelhada/chorando) – Por favor, não me deixe Tamara. Eu preciso do seu perdão, por favor.

Tamara (séria) – Se você tem o mínimo de decência, levante-se daí e suma da minha frente pelo resto da vida. Não me faça usar a força ou ter que humilhá-la mais uma vez.

Eneida seca as lágrimas, se levanta.

Eneida – Posso te dizer uma última coisa?

Tamara – Fala.

Eneida – Eu sou rica e queria passar tudo para o seu nome.

Tamara – Diferentemente de você e daquela sua família de lobos, eu não quero nada. Vai ser com o suor do meu trabalho que conseguirei tudo. Agora suma.

Eneida sai da sala.

Tamara (pra si) – Se bem que uns milhões a mais na minha conta seriam bem-vindos.

Corta para:

Cena 03. Rio de Janeiro/ Praia de Copacabana/ Ext./ Dia.

(Música “Águas de Março” – Tom Jobim). Imagens da praia, com rapazes jogando futevôlei, mulheres de biquíni tomando sol, e no calçadão, pessoas caminhando, andando de bicicleta e correndo. Close final no calçadão, com Fabrício E Ana Rosa descendo de um táxi e encontrando Yvete.

(Fad out trilha “Águas de Março).

Ana Rosa – Dona Yvete, que bom que aceitou nosso convite para uma água de coco.

Yvete – Eu estava ficando louca já naquele lugar.

Fabrício – A senhora precisava mesmo vir até aqui, passear, ver o sol, o mar.

Yvete – Precisava mesmo Fabrício. Mas eu aceitei esse convite, porque eu tenho uma coisa muito importante a revelar a vocês. Vocês são as únicas pessoas que podem me ajudar.

Fabrício e Ana Rosa se olham intrigados.

Corta para:

Cena 04. Praia de Copacabana/ Quiosque/ Int./ Dia.

Quiosque com pouco movimento, ao fundo de um enorme varandão, estão Yvete, Ana Rosa e Fabrício, sentados, tomando água de coco.

Yvete (feliz) – Quanto tempo eu não tomava uma água de coco, tinha até me esquecido do sabor.

Fabrício (sério) – Dona Yvete, desculpa estragar o momento de hobby da senhora, mas fiquei muito intrigado e gostaria de saber o que tem a nos dizer.

Yvete – Eu confio em vocês, mas vocês também precisam confiar em mim.

Ana Rosa – Fala dona Yvete, nós confiamos na senhora.

Yvete (a Fabrício) – É uma história relacionada ao seu irmão.

Fabrício (surpreso) – O que o Miguel tem haver com isso?

Yvete – Há alguns dias atrás, eu ouvi a Ellen falar, escondida, ao telefone com ele. Eu não sei o que vão fazer, mas sei que vai rolar muita grana, porque ele vai dar a Ellen 300 mil reais, para que ela coloque alguém que ele queira no sanatório.

Fabrício (assustado) – Sanatório? 300 mil? Meu Deus, essa história não casa.

Yvete – Pelo jeito é peixe grande, eu tenho certeza de que seu irmão de alguma forma quer tirar essa pessoa do caminho.

Ana Rosa (pensativa) – Será a Milena?

Fabrício – Você tem certeza de que ouviu a conversa certa Yvete?

Yvete – Tão certa quanto dois e dois são quatro. Eu sei que a Ellen passa uma imagem de boa pessoa, mas ela não é, acredite em mim, a Ellen é ambiciosa e está cercada de pensamentos ruins.

Fabrício – E quando essa pessoa vem?

Yvete – Daqui 7 meses.

Ana Rosa e Fabrício se olham.

Fabrício – Deve ter haver com a nossa herança. Infelizmente dona Yvete, teremos que esperar por sete meses, mas até lá, ficaremos nós três de olho nos passos que a Ellen der.

Yvete – Só não deem bandeira, ou tudo pode ir por água abaixo.

Ana Rosa – Temos que tomar cuidado e nos unir para saber que rede de ambições une o Miguel e a Ellen.

Yvete – Isso mesmo.

CAM vai se distanciando.

Corta para:

Cena 05. Casa de Fernanda/ Sala/ Int./ Dia.

Eva está sentada no sofá assistindo TV, quando a campainha toca.

Eva se levanta e vai atender.

Eva (surpresa) – César?

César entra na sala com uma enorme mala nas mãos.

César – Eva será que você poderia me chamar a sua tia?

Eva – César o que você quer?

César – Chame a sua tia, por favor.

Eva sai da sala e vai em direção ao quarto de Fernanda. César então arria a mala no chão, olha para as fotos de Fernanda nos porta-retratos e por fim senta-se no sofá. Pouco tempo depois Fernanda aparece visivelmente triste.

César (se levantando) – Meu amor, o que aconteceu?

Fernanda – Nada César.

César – Como nada? Você tá com essa cara de enterro, com os olhos marejados, parece que chorou um dia inteiro.

Fernanda – É que descobri que a minha tia faleceu. Uma tia lá de Itaperuna, zona norte do estado do Rio. Eu até pensei em ir ao velório, mas o desgaste seria maior.

César – Meus sentimentos.

Fernanda – Obrigada! Mas o que te trouxe aqui?

César – Eu criei coragem e saí de casa, pedi o divórcio a Julieta.

Fernanda – E ela?

César – Reagiu da pior forma possível, mas isso já era previsível né.

Fernanda (desanimada) – Boa sorte pra você nessa nova fase.

César – Boa sorte pra gente Fernanda. Nós ficaremos juntinhos.

Fernanda – Como assim?

César – Eu já trouxe minhas coisas, pensei em vir morar com você, nós nos amamos e acho que isso é o que importa. Não quero perder mais nenhum momento.

Fernanda – César, não se precipite, nós não vamos ter nada.

César (surpreso) – Como assim?

Fernanda – Eu não te amo, acho que tudo não passou de uma ilusão César. E também não acho certo que você da noite para o dia se separe da Julieta, deixando-a sozinha, sem um porto seguro. O que você fez é papel de moleque.

César – Eu não tô te entendendo Fernanda. Você tá com um discurso feito o da Julieta.

Fernanda – Vai ver eu sou igual a ela. Vai ver, se eu te aceitasse mais tarde você também me abandonaria assim, sem mais nem menos.

César (frustrado) – É uma pegadinha?

Fernanda – Reate esse casamento. Você tem filho, tem uma família a zelar. Prometeu no altar amá-la e respeitá-la até a morte. Não é justo que agora você a troque, como quem troca um fogão usado na época de natal.

César – É isso mesmo que você quer.

Fernanda respira fundo.

Fernanda (triste) – É isso que qualquer homem de verdade faria. E eu também não posso ficar com alguém que eu não ame, seria egoísmo demais.

César – Você me ama sim Fernanda. Eu sei que me ama.

Fernanda – Desculpa, mas eu não te amo. Pegue sua mala e saia da minha casa. Volte para sua casa.

César começa a chorar.

Fernanda – Vá chorar na sua cama que é lugar quente.

César – Pro seu governo, eu não vou voltar com a Julieta, nunca mais. Estou indo passar dois meses na casa da minha tia em Governador Valadares, voltarei no dia da audiência do divórcio.

Fernanda – Pouco me interessa pra onde você vai.

César – Hoje você me decepcionou.

César pega sua mala e sai. Fernanda fecha a porta com força e começa a chorar descontroladamente. Eva aparece e tenta acudi-la.

Eva – Tia, o que houve?

Fernanda (chorando) – Acabei de perder o grande amor da minha vida.

Eva – Calma essa história ainda vai se resolver.

Fernanda – A Julieta amarrou muito bem as cercas desse jogo. Ela perdeu, mas eu também não ganhei.

Eva abraça Fernanda com muito carinho.

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Cena 06. Mansão Amadeu/ Escritório/ Int./ Dia.

Vitória está sentada, impaciente olhando para o relógio. Segundos depois, Meg aparece.

Vitória – Ainda bem que você chegou.

Meg – O que aconteceu?

Vitória – Alguém sabe que eu matei o Antero.

Meg – Quem?

Vitória – Só pode ter sido aquela vadiazinha da Regininha.

Meg – Menos Vitória, a Regininha foi embora já há muitos dias. E também seria impossível ela ter te seguido até lá.

Vitória – Alguém filmou eu matando o Antero, e pior, me mandaram por DVD.

Meg fica assustada.

Vitória – E a blusa que eu estava vestindo, toda suja de sangue, veio pra mim também, numa boneca, em alusão a mim.

Meg – É alguém querendo te amedrontar.

Vitória – Se essa era a intenção, conseguiram.

Meg – Calma. Se quisessem te ferrar, já teriam entregado essas provas a polícia. Quem te mandou isso quer te extorquir dinheiro, quer te deixar em pânico.

Vitória – Mas o que eu faço? Eu sempre sei tomar as rédeas da situação, mas dessa vez tá difícil.

Meg – Só tem uma forma de você conseguir dar a volta por cima.

Vitória – Qual?

Meg – Finge não dar a mínima pra esses presentes de grego, que tenho certeza, que você voltará a receber. A pessoa quer te atingir, e não conseguindo, ela vai tentar uma aproximação. Isso tá me cheirando a dinheiro. Se for a Regininha, daqui a pouco ela aparece.

Vitória – Eu não tenho saída, é esperar as cenas dos próximos capítulos.

Vitória e Meg ficam se olhando preocupadas. Close final na boneca.

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Cena 07. Pontos Turísticos/ Ext./ Dia-Noite.

(Música “Uma história de Amor” – Fanzine.) Vista aérea, plano aberto. CAM aérea faz um clipe dos principais pontos turísticos da fictícia cidade de Flores. Clipe com suaves emendas das imagens, a fim de mostrar toda a beleza da cidade, na seguinte ordem: 1º: Pórtico de entrada da cidade, feito de madeira envernizada e coberto por telha colonial portuguesa, com o letreiro “Bem vindo à Flores”. 2º: Praça Central, com um lindo chafariz no meio, cercada por bancos com pessoas e animais domésticos, além de alguns vendedores de pipocas e brinquedos. 3º: Cruzeiro Municipal, localizado no morro mais alto da cidade, com uma cruz imensa branca, feita em concreto e com iluminação interna, cercado por um grande gramado que é delimitado por canteiro de diversas flores campestres.

Transposição do dia para a noite várias vezes.

LETREIRO: “Dois meses depois…”

Corta para:

Cena 08. Cruzeiro Municipal/ Ext./ Noite.

Cruzeiro todo iluminado e deserto. Um carro para em frente, descem Miguel e Eva, com barriga de cinco meses de gestação.

Eva (encantada) – Que lugar lindo, acredita que eu nunca tinha vindo aqui?

Miguel – Uma primeira vez nossa.

Eva – É tão bom estar aqui com você. Estar aqui com você e o nosso bebê. Meus dois amores.

Miguel abraça Eva e juntos contemplam a vista.

Miguel – A nossa cidade é linda.

Eva – São esses raros momentos da vida, esses que chamamos de observação, que revelam a beleza de cada pessoa, cada ser.

Miguel – Eu tenho uma surpresa para você.

Eva (curiosa) – Qual?

Miguel – Fecha os olhos.

Eva (fechando os olhos) – Tá bem.

Miguel corre até o carro e trás consigo um lindíssimo vestido de noiva.

Miguel – Pode abrir.

Eva abre os olhos e se depara com o lindíssimo vestido.

Eva (surpresa/feliz) – Nossa meu amor, é lindo.

Miguel – Eva Magalhães, você aceita casar-se comigo?

Eva – Só se for agora. Aceito, aceito e aceito.

Eva e Miguel se beijam com paixão.

Corta para:

Cena 09. Mansão Amadeu/ Quarto de Vitória/ Int./ Noite.

Vitória está sentada de frente para o espelho, passando alguns cremes em seu rosto, quando alguém bate a porta.

Vitória (tom alto) – Entra.

A porta se abre e Teresa entra com um embrulho em mãos.

Teresa – Com licença, mandaram entregar à senhora.

Vitória (surpresa) – Pra mim?

Teresa – Sim, foi um motoboy.

Vitória – Me dá aqui e pode sair.

Teresa entrega o embrulho e sai.

Vitória abre o embrulho e acha uma corda e um cartão.

Vitória (lendo o cartão) – “Estou te dando essa corda, para que você se enforque em suas próprias armadilhas. Não pense que me esqueci de você e dos seus crimes”.

Vitória fica muito assustada.

Corta para:

Cena 10. Mansão Amadeu/ Quarto de Milena/ Int./ Noite.

Eneida entra no quarto devagar e começa a fuçar no guarda-roupa de Milena, até que encontra uma sacola cheia de barrigas falsas.

Eneida (vitoriosa) – Eu sabia que essa gravidez era de fachada.

Eneida guarda a sacola no lugar e sai do quarto.

Corta para:

Cena 11. Cruzeiro Municipal/ Ext./ Noite.

Eva está vestida com o vestido de noiva, admirando a paisagem ao lado de Miguel.

Miguel – Quero me casar com você.

Eva – Só se você me pegar.

Miguel – Então vai ser agora.

Eva começa a correr, Miguel corre atrás dela. Eva se enrosca na cauda do vestido e cai no chão.

Eva (desesperada) – Me ajuda Miguel, tô sentindo muitas dores.

Miguel levanta Eva do chão, e vê uma enorme poça de sangue no chão. Close no desespero de Miguel.

Fim do Capítulo!

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