Diva – Capítulo 15
(Naquela Noite, no Bar Frenesi…)
“Dora, Pascualita, Beto, Charlote e Ricky acabam de chegar ao bar, onde o jovem Bob Castelle tocava o saxofone. O som de seu jazz era inebriante, e atenuava do ambiente sua superfície densa e mórbida que as paredes negras e a ausência de janelas transmitiam ali. Apesar de sombrio, o local era muito requintado. Os cinco haviam reservado uma das melhores mesas, a que ficava bem diante do palco onde os cantores se apresentavam. A noite estava super tranquila, quando Dora empunhando uma taça de vinho frisante propôs um brinde.”
DORA : Um brinde a vida, que não pode parar!
TODOS JUNTOS : (brindam) Viva!
“Minutos depois a comida é servida. Grandes porções de batata frita, acompanhadas de cheeses bacons e camarão. Após terminarem de comer, Beto e Ricky vão juntos ao banheiro. Beto lavava o seu rosto enquanto Ricky apertava sua bunda com o prazer estampado no rosto.”
BETO : Tá pensando que a minha bunda é o que? Pia de água benta, querido?! (ri)
RICKY : Eu desconfio sim que muitos rapazes já passaram a mão aí e tudo mais.
BETO : É mesmo? Sabe de nada!
RICKY : Nunca levou uma mãozinha boba? Nem mesmo assim de leve?
BETO : Quer o que? Que eu conte a história da minha vida num banheiro de botequim?
“Beto prensa o corpo de Ricky contra a parede e o agarra.”
RICKY : A gente poderia lançar um tutorial! Tudo sobre a vida e a carreira de Beto Novaes. Primeiro tópico, sua vida sexual. (ri)
BETO : Tipo um “Beto Novaes, proibido pra menores”!
“Beto e Ricky se riem diante de tal hipótese, e já sob o efeito das bebidas alcoólicas os dois se beijam enlouquecidamente. Sem perceber que outros homens entravam e saiam daquele banheiro, alguns nem notando a presença dos dois, outros constrangindo-se com o beijos e os agarros dos casal gay.”
(Voltando a Mesa…)
PASCUALITA : Recuerde Charlote, sin exageros!
CHARLOTE : Pode deixar, Pás! Tudo pelo bem da minha carreira! Ser atriz exige seus sacrifícios!
DORA : (pensa) Não vai ser atriz coisa nenhuma! Sua mercenária! Sua putinha interesseira. Iluminatti do caralho.
“Eis que Dora sentiu que naquele instante alguém tocara seu ombro. E ao curvar-se pra trás sente seu coração palpitar de alegria ao se ver diante de Humberto Agostini, seu grande amigo e parceiro de televisão.”
DORA : Humberto!
“Dora e Humberto dão um abraço.”
HUMBERTO : Andava sumida em!
DORA : Quem é vivo sempre aparece. Por que não senta conosco?
HUMBERTO : Mas é claro, sem dúvida alguma! Será um prazer.
“Humberto pucha uma cadeira e se senta ao lado de Dora.”
HUMBERTO : Uau! Eu pensei que fosse estar abatida depois de tudo pelo que passou nesses últimos meses, mas vejo que estava enganado! Está divina Dora, divina!
DORA : Ah, não vamos discutir o óbvio. Não é mesmo? (ri) Mas me conta, como é que vão as coisas la na “NY”? Muito trabalho com a nova novela?
HUMBERTO : Nem te conto. Está muito difícil de encontrar uma protagonista que se encaixe perfeitamente nos moldes que a Mônica tanto deseja. E…
“Humberto cruza o olhar com o de Charlote.”
HUMBERTO : …e essa moça quem é? Eu não sabia que você tinha uma irmã Dora!
CHARLOTE : Que isso, imagina. Eu sou sobrinha dela. Meu nome é Charlote!
HUMBERTO : Prazer em conhece-la!
“Humberto e Charlote dão um aperto de mãos, e nisso ele se lembra de como Mônica havia descrito sua protagonista – loira, alta, rosto longo de feições clássicas, olhos cor de mel, cabelos compridos e cacheados – Não podia acreditar no quanto o destino tinha a capacidade de ser assim, tão imprevisível. Estava bem diante da tal ali naquela mesa.”
CHARLOTE : Ocê trabalha na televisão, não é mesmo?
DORA : Sim, Charlote! Ele trabalha. Mas não é pro teu bico. Fica quietinha ai!
CHARLOTE : Mas, tia Dora…
DORA : (nervosa) Você ainda não está preparada! Por favor não me faça passar vergonha!
HUMBERTO : Ei, ei, ei! Não estou entendendo. Que raios está acontecendo aqui?
(Enquanto Isso…)
“Ginástica já estava perfeitamente instalada na casa da mãe. Já havia deixado suas malas no quarto de visitas, e agora estava do lado do fogão a lenha da cozinha junto com a mãe tomando uma xícara de chocolate quente.”
MARIA IVONE : Você ainda não me disse o porque de ter vindo me procurar aqui em Brasília. Algum problema, minha filha?
GINÁSTICA : Há muito tempo que venho tentando encontrar você! Precisamos ter uma conversa!
MARIA IVONE : O que houve? Algum problema no seu trabalho? Você ainda está trabalhando como personal, não está?
GINÁSTICA : Sim mamãe! Aliás já encontrei emprego numa academia aqui perto, vou ficar em Brasília por algum tempo, mas isso não vem ao caso! O que eu quero falar com você, diz respeito a promessa que você fez antes do meu nascimento!
MARIA IVONE : Ah, não! Não me diga que você veio lá de São Paulo até aqui, apenas pra voltar a atormentar meu juízo com essas suas lamúrias! Ah, poupe-me Ginástica!
GINÁSTICA : Mãe, por favor! Eu quero falar.
MARIA IVONE : Não! Nada disso. Não quero mais ouvir nada. Que São João Tanquinho perdoe essa sua boca profana. Você devia era agradecer pela benção que ele te concedeu. Você não sabe que tamanha a honra, é carregar consigo a mesma missão que se encarregou esse santo!
GINÁTICA : Eu estou cansada, mãe! Pro seu governo o que eu carrego comigo é sim um fardo e não uma benção! E dói. Dói aqui dentro.
MARIA IVONE : Cale-se!
GINÁSTICA : Mas mãe…
MARIA IVONE : Meu Deus, onde está sua fé minha filha?
GINÁSTICA : (nervosa) Tu quer saber mesmo?! Pois bem mãe, a minha fé morreu a partir do dia em que eu comecei a sofrer as consequências que essa maldita promessa trouxe pra minha vida! Eu fui humilhada, torturada, linchada pela sociedade. E o pior, fui obrigada a seguir uma profissão que eu ODEIO!!! Que eu repudio! É isso mesmo mãe! Eu amaldiçoo aqui e agora o fitness!
MARIA IVONE : (grita) Cale a boca!!!
“Maria Ivone dá um tapa na cara da própria filha que é jogada para o chão onde se põe a chorar. Maria, também chora.”
MARIA IVONE : Olha só o que você me fez fazer!
GINÁSTICA : Você é mesquinha! Desde a minha infância. Você nunca me amou!
MARIA IVONE : É mentira!
GINÁSTICA : Sempre que eu voltava da escola, os meus amigos zombavam de mim, você nunca fez nada pra me ajudar! E foi por isso que com um tempo um buraco enorme se abriu no meu peito! Eu cheguei a cogitar a hipótese de cometer suicídio! E a única coisa que me fez mudar de ideia, foi o amor! Eu me apaixonei, mãe! E não pude seguir em frente por sua causa!
(Voltando ao Bar Frenesi…)
“Humberto, Dora e Charlote discutem na mesa.”
DORA : É que Charlote quer muito ser atriz. Mas ainda não está preparada. E…
HUMBERTO : Pois eu acho que seria uma boa ela vir fazer os testes na próxima terça lá no teatro!
CHARLOTE : Será?
HUMBERTO : Sim, mais tarde eu te passo o endereço! E daqui a alguns dias, enfim veremos se a arte da atuação está mesmo no sangue. Não é mesmo, Dora? (ri)
“Dora sente seu sangue ferver. Charlote ia ver só. Não deixaria que ela conseguisse realizar seu sonho. Nunca! Não passava de uma garota roceira, uma chantagista. Nesse momento, Beto e Ricky acabavam de voltar do banheiro. Beto estava ansioso. O romance dele com Ricky já durava um mês, e agora finalmente criara coragem de oficializar tudo. Comprara um par de alianças que estavam no porta-luvas de seu carro. Iria pedir Ricky em namoro.”
BETO : Dora, pode me dar as chaves do carro?
DORA : Chaves, que chaves?
BETO : Ué, as chaves do meu carro! Lembra que eu pedi pra você vir dirigindo para que eu e o Ricky ficássemos mais a vontade no banco de trás?
PASCUALITA : É, deu pra perceber mesmo! Tenia que ver todo lo filme pornô ali do lado de vocês dos!
BETO : Enfim, as chaves ficaram com você!
DORA : Putz, eu deixei as chaves na ignição!
“Dora, Ricky e Beto correm até o estacionamento, onde têm uma grande surpresa.”
BETO : Roubaram meu carro!