Diva – Capítulo 13
(Naquela Noite, na Casa de Dora…)
DORA : Geny, o que raios você está fazendo aqui?
“Geny levanta-se da poltrona e vai em direção à Dora.”
GENY : Nada demais! Vim apenas fazer uma entrega especial!
“Geny dá um tapa na cara de Dora.”
GENY : Tá entregue.
DORA : Hum, que bom. Porque eu já sei exatamente onde assinar!
“Dora parte pra cima de Geny, puxando-lhe os cabelos com força. Geny arranha os braços de Dora, e as duas caem no chão se engalfinhando como duas tigresas enfurecidas.”
RICKY : (grita) Pelo amor de Deus, parem com essa barbárie! Por acaso pensam que estão aonde, no período neolítico? Na caverna?! Em, suas duas australopiteccas desvairadas?!
“Ricky separa Dora de Geny.”
RICKY : (nervoso) Se larguem!…Vou buscar uma água pra vocês duas.
“Ricky vai até a cozinha, enche dois copos com água, sobrepõe a uma bandeja e leva até a sala de estar. Após beberem a água e se recomporem, Dora e Geny decidem por tudo em pratos limpos para então por fim naquele desentendimento.”
GENY : Por que você fez isso, Dora? Como pôde jogar tão baixo?! Você…você arruinou o meu negócio!
DORA : E você a minha reputação! Sinceramente, se tem alguém aqui que jogou baixo nessa história, esse alguém foi você! Cuspiu no prato em que comeu, me traiu! Se você ao menos tivesse, sei lá, cortado meu cabelo no estilo Demi Lovatto eu ainda levaria na brincadeira, mas abrir aquela cavidade, você foi longe demais.
GENY : Mas não foi a minha intenção! A goma de mascar caiu da minha boca no seu cabelo, e grudou pra caramba. E eu não tive escolha.
DORA : Mas então por que não me disse?
GENY : Eu fiquei com medo!! Eu temia pela sua reação. Tanto é que eu fiz o possível para disfarçar o seu cabelo ao máximo, de modo que você não encontrasse a falha na sua cabeça. Mas quando eu me dei por mim, a imprensa já havia começado com as especulações a respeito do câncer, e não havia mais como voltar atrás.
DORA : Nós éramos amigas, Geny! E teríamos continuado a ser amigas, se você não houvesse mentido pra mim. Claro, talvez eu nunca mais tivesse botado os pés no seu salão de cabeleireiro. Mas nunca, jamais eu teria boicotado o seu negócio. Você sabe muito bem disso! Com isso, você agora talvez estivesse de boa. E eu ao menos teria fugido de todo esse escândalo, talvez até eu nem teria sido processada pela Amanda Valdêz! Sério, se tem algo que eu não tolero é mentira! Você me decepcionou e muito.
GENY : Dora, eu não imaginava que as coisas chegariam a esse ponto! Por causa de uma mentirinha, você acabou tendo que prestar serviço comunitário. Isso nem me passou pela cabeça.
DORA : Mentira é que nem uma bola de neve rolando montanha abaixo! Ninguém nunca te disse isso?
GENY : Mas…
DORA : Vai embora! Estou cansada.
GENY : Dora, pelo amor de Deus, eu te imploro. Seu cabelo já voltou ao normal, não é mesmo? Então traga minhas clientes de volta! Por favor! Pela nossa velha amizade.
DORA : Não quero mais falar com você. Já basta!
GENY : Mas Dora…
DORA : (grita) Já basta!!!
(Enquanto Isso…)
“Charlote finalmente havia conseguido comprar os medicamentos que Ginástica lhe indicara. Agora, Pascualita poderia vir com cintos anti caloria, com gritos, sermões, um esquadrão de choque, porções cada vez mais limitadas de comida, a presidente, o escambal, que já estaria precavida contra tudo isso. Já havia tomado um comprimido antes da janta, e sentia como se houvesse comido um elefante. Aquilo realmente fazia efeito. Foi quando tomava a segunda dose naquela noite que ouviu alguém a bater a porta.”
CHARLOTE : Quem é?
PASCUALITA : Su abuelita! … ¿Quién más poderia cer estrupício, soy yo Pascualita. Abre la puerta! (A sua Vovozinha!…Quem mais poderia ser estrupício, sou eu Pascualita. Abre essa porta!)
“Charlote esconde rapidamente a cartela de comprimidos em baixo de seu travesseiro, e destranca a porta do quarto. Pascualita entra portando um controle remoto em mãos.”
PASCUALITA : Según lo acordado, voy a quitar la correa para que pueda bañarse o cambiarse de ropa! (Como foi o combinado, irei retirar o cinto para que você possa tomar banho ou trocar de roupa!)
“Pascualita aperta um botão do controle desativando o dispositivo elétrico do cinto. Charlote desafivela o cinto, retira-o do cós de sua calça e o entrega a Pascualita.”
PASCUALITA : Mañana, te quiero ahí abajo las seis de la mañana en puntos para tomar un café y sustituir la correa contra calorías. (Amanhã, quero você lá em baixo as seis da manhã em ponto, para tomar café e recolocar o cinto anti caloria.)
CHARLOTE : Sim senhora!
“Pascualita sai do quarto.”
CHARLOTE : Boa Noite pra você também, Pás!
(No Apartamento de Galdéria Pedrosa…)
“Galdéria havia acabado de chegar de seu último dia de trabalho na Rede Redação, que antecederia o início de suas férias. Mas sua cabeça não pensava em mais nada que não o beijo que Guto lhe dera. Estava muito confusa. Será que fora por sua culpa? Será que em meio a toda essa amizade dera tantas brechas quando deveria ter sido mais firme, que no final acabara sendo a responsável por essa paixão repentina de seu assessor? Só de pensar nessa possibilidade sentia-se culpada. Guto era muito jovem, e ela tinha idade suficiente para ser a mãe dele. Não queria se envolver com ele, mas não apenas por essa divergência de idades, também porque sentiu que aquele beijo a tocara profundamente e temia se arriscar nesse relacionamento. Chorava incessantemente no sofá da sala quando a campainha tocou. E quando foi atender, a surpresa, era Guto Parson que estava bem diante de seus olhos com um enorme buquê de flores.”
GALDÉRIA : Guto, o que é isso?
GUTO : Eu comprei pra você!
“Guto entrega as flores a Galdéria.”
GALDÉRIA : São lindas, mas eu não posso aceitar!
“Galdéria tenta devolver as flores, mas Guto as recusa.”
GUTO : Pera aí, mas por quê?
GALDÉRIA : Não posso permitir que você se iluda dessa maneira! Nós dois nunca haverá de dar certo.
GUTO : E como você pode ter tanta certeza? Ãh?
“Guto rouba outro beijo de Galdéria, que desta vez não resiste e se deixa entregar.”
GUTO : Onde fica o seu quarto?
GALDÉRIA : Venha comigo. Eu desisto. Eu me rendo.
(Enquanto Isso, em São João Tanquinho…)
“Depois de tanto tempo a procura de notícias da mãe, Ginástica finalmente descobrira que ela se mudara pra Brasília há exatamente dois anos após a morte de seu pai. Já havia feito suas malas, e partiria para o Distrito Federal no dia seguinte.”
GINÁSTICA : (pensa) Eu não desistirei tão facilmente dessa missão. Eu vou reencontrar minha mãe, e farei de tudo para convencê-la a anular esta maldita promessa. Eu vou viver esse grande amor em São Paulo, nem que isso me custe à vida!
(Voltando à Casa de Dora…no Quarto de Ricky…)
“O coração de Ricky batia descompassado só de lembrar-se de tudo que acontecera naquela tarde, na matinê de cinema.”
FLASHBACK…
“O Filme seguia agradavelmente, e era estrelado por Grazi Massafera e Paola Oliveira. Dora estava completamente estupefata. A cinematografia lhe era como uma magia que lhe rendia muitas boas vibrações. Por essa razão, aquele filme estava desempenhando um papel reestruturador e purificador para sua alma. Dessa maneira também não tirava os olhos da tela, estando completamente vidrada em cada fala, cada movimento, cada olhar, cada sentimento ali depositado. Ricky tentava demonstrar tanto interesse no filme quanto a patroa, mas a cada minuto sua atenção era desviada diretamente para as coxas de Beto. O ator percebendo os constantes olhares do mordomo começa a passar-lhe a mão sobre suas pernas, e beijando-lhe o pescoço e lhe afagando com uma voluptuosidade quase brutal. Ricky já estava completamente entregue aos carinhos daquele belo e musculoso homem quando numa atitude surpreendente ele se levantou e disse.”
BETO : Vamos até o banheiro? Ou prefere que eu te pegue aqui mesmo?
“Ricky nada falou, apenas seguiu Beto até o banheiro do cinema. Lá se trancaram dentro de um Box e passaram horas lá dentro sem despertar sequer as desconfianças de Dora que inebriada com o filme, nem notou a ausência dos dois. Beijavam-se com ardor e seus corpos estavam sedentos um pelo outro. Em pouco tempo estavam completamente despidos.”
FIM DO FLASHBACK…
“Ricky sorria ao sabor de seus pensamentos, quando seu telefone tocou. Era uma mensagem de Beto lhe convidando para jantar no dia seguinte.”
(Naquela Manhã…)
“Dora havia acabado de acordar de seu longo sono de beleza. Já eram em torno de nove e meia da manhã quando puxou o telefone do gancho e discou o número de uma amiga.”
DORA : (por telefone) Oi Bianca, aqui é Dora!…Liguei pra te contar um negócio, amiga. A Geny, ela acaba de voltar do Acre…